CRIME E SILÊNCIO
Li a notícia na madrugada passada e, confesso, mesmo esperando o pior dessa estranha gente que está no poder, fiquei um tanto chocado. Expedito Veloso, aquele funcionário do Banco do Brasil que integrava o comitê da reeleição de Lula e se meteu na tramóia do dossiê fajuto, foi promovido no banco. Segundo informa o Estadão, “Veloso administrará 42 planos de previdência complementar de empresas ou entidades privadas, com ativos totais de R$ 1,37 bilhão” O inquérito dos aloprados está parado. Não deu em nada. O homem deixou o tal comitê, ficou seis meses afastado do banco, voltou, foi promovido. Uma auditoria interna concluiu que ele não prejudicou o banco. Entendo.
Pensei na madrugada de ontem: “Escrevo a respeito?” Por qualquer tola razão, achei que alguém pudesse fazê-lo. Afinal, eu sou aquele cara de O País dos Petralhas, não é? Vocês sabem: essa crítica sistemática, radical, com algumas raízes ideológicas, turva o ambiente. Deixei, por 24 horas, a indignação para os neutros, para os isentos, para os que não fazem uma crítica passadista como a minha. Disse cá para os nove buracos da minha cabeça: “Sosseguem. É tão escandaloso que um sujeito metido naquela safadeza seja promovido, que algum outro comprometido com uma crítica ao petismo mais justa e iluminada do que a minha há de evocar as forças da ética ao menos, já que as da lei, até agora, falharam miseravelmente”. Mas nada!
Nem uma linha! E olhem que Expedito Veloso não é um homem, mas um método. Este senhor é funcionário de uma estatal, é um militante partidário deslocado para o núcleo de inteligência de uma campanha política, é o homem que se meteu com criminosos para tentar criar um fato que fraudasse a vontade das urnas em São Paulo. Ele e o bando foram pegos em flagrante. Pela via policial, não se chegou a lugar nenhum. Pela via administrativa, ele encontra agora o reconhecimento por serviços prestados.
“Isso sempre houve no Brasil”. Mentira! Não houve, não. A promoção de Veloso é uma forma de exercício de poder. A exemplo dele, centenas, talvez milhares, de pessoas estão hoje em postos do estado de posse de informações sigilosas ou estratégicas que dizem respeito à vida de todos os brasileiros.
Acham a minha crítica radical, agressiva, dura, com os olhos voltados para o passado? Então por que não escrevem ao menos a crítica sensata, amena que seja, com os olhos voltados para o futuro? Sim, eu digo aqui, em O País dos Petralhas e em qualquer lugar: essa forma de o PT exercer o poder frauda a essência da democracia, embora mimetize, na aparência, os seus pressupostos. Nunca tratei o petismo como um partideco stalinista vulgar; nunca considerei que petistas estão dispostos a dar um golpe (talvez disposição até haja, mas sabem que não podem); nunca lhes atribuí a intenção de extinguir as formalidades (sic) democráticas.
Mas serão essas as únicas formas de tornar a democracia irrelevante, de solapá-la? O “x” da questão é este: o melhor, mais eficaz e mais sofisticado modo de fazê-lo é justamente exacerbando o caráter externo, superficial e popularesco da consulta democrática. E a essência está de tal sorte corrompida, que a questão é pouco mais do que uma nota de jornal, lida sob o silêncio cúmplice de muitos que se querem donos de uma crítica, então, mais moderada e justa do que a minha.
Sim, O País dos Petralhas está vendendo bastante, muito mesmo, nesta primeira semana. Vai se sustentar? Não sei. Quantos há dispostos à batalha? Qual batalha? A do estado de direito, humilhado, submetido ao vexame por um governo que parece acreditar que a popularidade substitui a necessidade de seguir as leis e o decoro. Petralhotários furiosos, como já noticiei, aparelham até site de livraria para alertar outros leitores: “Cuidado com esse cara!” — no caso, eu. Outros ainda escarnecem: “O Reinaldo publicou um livro justo agora com críticas aos petistas, mas o Lula está no auge da popularidade”. Pois é, se não fosse numa hora como esta, seria quando? Eu quero é agora. Gosto da idéia de que o livro sirva como uma senha de indetificação, a exemplo dos primeiros cristãos, que desenhavam peixes na areia .
Não! Não vou condescender com o crime, com a impunidade e com o cinismo. O país dos petralhas tem de ser exorcizado.
Pensei na madrugada de ontem: “Escrevo a respeito?” Por qualquer tola razão, achei que alguém pudesse fazê-lo. Afinal, eu sou aquele cara de O País dos Petralhas, não é? Vocês sabem: essa crítica sistemática, radical, com algumas raízes ideológicas, turva o ambiente. Deixei, por 24 horas, a indignação para os neutros, para os isentos, para os que não fazem uma crítica passadista como a minha. Disse cá para os nove buracos da minha cabeça: “Sosseguem. É tão escandaloso que um sujeito metido naquela safadeza seja promovido, que algum outro comprometido com uma crítica ao petismo mais justa e iluminada do que a minha há de evocar as forças da ética ao menos, já que as da lei, até agora, falharam miseravelmente”. Mas nada!
Nem uma linha! E olhem que Expedito Veloso não é um homem, mas um método. Este senhor é funcionário de uma estatal, é um militante partidário deslocado para o núcleo de inteligência de uma campanha política, é o homem que se meteu com criminosos para tentar criar um fato que fraudasse a vontade das urnas em São Paulo. Ele e o bando foram pegos em flagrante. Pela via policial, não se chegou a lugar nenhum. Pela via administrativa, ele encontra agora o reconhecimento por serviços prestados.
“Isso sempre houve no Brasil”. Mentira! Não houve, não. A promoção de Veloso é uma forma de exercício de poder. A exemplo dele, centenas, talvez milhares, de pessoas estão hoje em postos do estado de posse de informações sigilosas ou estratégicas que dizem respeito à vida de todos os brasileiros.
Acham a minha crítica radical, agressiva, dura, com os olhos voltados para o passado? Então por que não escrevem ao menos a crítica sensata, amena que seja, com os olhos voltados para o futuro? Sim, eu digo aqui, em O País dos Petralhas e em qualquer lugar: essa forma de o PT exercer o poder frauda a essência da democracia, embora mimetize, na aparência, os seus pressupostos. Nunca tratei o petismo como um partideco stalinista vulgar; nunca considerei que petistas estão dispostos a dar um golpe (talvez disposição até haja, mas sabem que não podem); nunca lhes atribuí a intenção de extinguir as formalidades (sic) democráticas.
Mas serão essas as únicas formas de tornar a democracia irrelevante, de solapá-la? O “x” da questão é este: o melhor, mais eficaz e mais sofisticado modo de fazê-lo é justamente exacerbando o caráter externo, superficial e popularesco da consulta democrática. E a essência está de tal sorte corrompida, que a questão é pouco mais do que uma nota de jornal, lida sob o silêncio cúmplice de muitos que se querem donos de uma crítica, então, mais moderada e justa do que a minha.
Sim, O País dos Petralhas está vendendo bastante, muito mesmo, nesta primeira semana. Vai se sustentar? Não sei. Quantos há dispostos à batalha? Qual batalha? A do estado de direito, humilhado, submetido ao vexame por um governo que parece acreditar que a popularidade substitui a necessidade de seguir as leis e o decoro. Petralhotários furiosos, como já noticiei, aparelham até site de livraria para alertar outros leitores: “Cuidado com esse cara!” — no caso, eu. Outros ainda escarnecem: “O Reinaldo publicou um livro justo agora com críticas aos petistas, mas o Lula está no auge da popularidade”. Pois é, se não fosse numa hora como esta, seria quando? Eu quero é agora. Gosto da idéia de que o livro sirva como uma senha de indetificação, a exemplo dos primeiros cristãos, que desenhavam peixes na areia .
Não! Não vou condescender com o crime, com a impunidade e com o cinismo. O país dos petralhas tem de ser exorcizado.
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