Quem somos

Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil
Olá! Somos um grupo de amigos preocupados com os rumos tomados pela nossa insólita Nação que, após anos de alienação intelectual e política que tolheu de muitos a visão do perigo, caminha a passos largos rumo a um socialismo rastaquera, nos moldes da ilha caribenha de Fidel, ou ainda pior. Deus nos ajude e ilumine nesta singela tentativa de, através deste espaço, divulgar a verdade e alertar os que estão a dormir sem sequer sonhar com o perigo que os rodeia. Sejam bem vindos! Amigos da Verdade

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

PT: Partido ou Religião? Eis a questão!

por Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

Quando um cidadão encontra o Partido dos Trabalhadores, encontra um tesouro. Vale a pena vender tudo para comprar o campo onde o tesouro está enterrado. O PT não é o melhor dos partidos políticos. É o único partido verdadeiro. Os outros são simulacros de partido.A alegria de ter encontrado a verdade, faz com que o cidadão, para filiar-se ao PT, renuncie a tudo. Uma vez filiado, ele não terá mais direito de escolher seus candidatos. Seu dever será "votar nos candidatos indicados" pelo Partido. (Estatuto do Partido dos Trabalhadores, aprovado em 11/03/2001, art. 14, inciso VI). Se for candidato a um mandato parlamentar, deverá reconhecer expressamente que o mandato não é seu, mas que "pertence ao partido" (art. 69, inciso I). A obediência ao Partido é sagrada. Está acima de tudo: de suas opiniões pessoais, de suas convicções, das reivindicações dos eleitores. Só em casos extremamente excepcionais, o parlamentar poderá ser dispensado de cumprir as ordens do alto, para seguir sua consciência ou o clamor dos que nele votaram (art. 67 § 2º).Com alegria o filiado pagará anualmente uma contribuição proporcional ao seu rendimento (art. 170). Se ocupar um cargo executivo ou legislativo, a contribuição não será anual, mas mensal, obedecendo a uma tabela progressiva (art. 171 e 173). Mas a alegria de ser filho do verdadeiro Partido faz com que todas essas imposições pareçam leves. Dentro do Partido, zela-se não só pela unidade ("que todos sejam um"), mas pela uniformidade. Frações, públicas ou internas ao Partido são expressamente proibidas (art. 233 §4º). No entanto, os filiados podem organizar-se em "tendências" (art. 233). Estas, porém, estão submissas às decisões partidárias e ao encaminhamento prático do Partido (art. 238). Nenhum filiado poderia, por exemplo, organizar uma tendência para combater o "casamento" de homossexuais ou a legalização do aborto, que são bandeiras do Partido. As tendências não podem ter sedes próprias (art. 235 "caput"), não podem reunir-se com não-filiados (art. 235 §3º) e não podem difundir suas posições fora do Partido (art. 236 §1º). Mesmo que uma tendência deseje publicar documentos seus contendo posições oficiais do Partido, está proibida de fazê-lo (art. 236 §2º). O petista submete-se a todo este mecanismo de controle, ciente de que o Partido sabe o que faz. Se sou vereador e o Partido me proíbe de propor um projeto de lei pró-vida, não tenho motivo para reclamar. O Partido deve ter suas razões. Se sou senador e cabe a mim a tarefa de emitir um relatório sobre um projeto de aborto, eu, por fidelidade ao PT, não posso manifestar-me contra a proposta. Devo agradecer ao Partido por ele, benignamente, permitir que eu passe o encargo de relator a um colega abortista. Se sou deputado federal e o Partido manda que eu me ausente de uma sessão deliberativa, onde meu voto, contrário ao aborto, atrapalhará a aprovação de um projeto, a resignação será minha melhor atitude.Tudo isso e muito mais vale a pena. Pois todos os outros partidos são comprometidos com as oligarquias, com o neoliberalismo, com a classe dos opressores, e não dão importância aos pobres, aos excluídos, aos marginalizados, aos explorados, aos sem voz e sem vez. Pertencer ao PT é uma glória tão grande que justifica qualquer custo. Se sou petista, pouco me importa que Lula e Fidel Castro tenham fundado em 1990 o Foro de São Paulo para fortalecer a ditadura cubana. Não me interessa que, em dezembro de 2001, Lula tenha elogiado o regime comunista de Cuba durante sua viagem a Havana, nem que lá estivessem presentes chefes narco-guerrilheiros colombianos. Se sou petista, não quero saber por que entre os oitos projetos de lei abortistas em tramitação no Congresso Nacional, seis são de autoria do PT. Não me interessa explicar por que nenhum parlamentar petista, desde a mais humilde Câmara Municipal até o Senado Federal, tenha ousado propor um projeto de lei antiabortista. Aliás, o bom petista jamais chegaria até esta linha do artigo. Muito antes já teria parado a leitura por considerá-la perigosa à fé que ele tem no Partido. Fora dessa fé não pode haver salvação. Agora, uma pergunta final, com vistas as eleições de 27 de outubro: pode um cristão votar no PT? Pode. Mas antes ele precisa trocar sua Certidão de Batismo pela Certidão de Petismo. Duas religiões antagônicas não podem coexistir num mesmo fiel.

sábado, 1 de agosto de 2009

A Guerrilha do Araguaia, por um participante de bem.

Já que a imprensa colocou o assunto em pauta, é interessante ler (e divulgar) o depoimento abaixo de quem participou das operações. Nele, constata-se como eram "bonzinhos" os "escoteiros" que o PCdoB levou para "acampar" no Araguaia e que hoje recebem polpudas indenizações do Governo...

25/06 - O incrível depoimento do Lício feito na Câmara, em 2005
(Lício é coronel reformado)
O SR. LÍCIO AUGUSTO - Sr. Presidente, Srs. Congressistas, demais autoridades presentes, minhas senhoras, meus senhores, não é preciso dizer da minha emoção por ter encontrado aqui velhos companheiros de luta, que ainda a estão levando à frente.
Como participante dos acontecimentos que passo a relatar, fiz um resumo dos itens mais perguntados; apenas como itens porque a dissertação será a rememoração dos fatos. Para isso, tirei os óculos, a fim de que aqueles que vou citar me olhem bem no fundo dos olhos e tenham suficiente coragem de afirmar, se for preciso, que tudo o que foi dito aqui é a pura verdade. Se bem que não há necessidade, porque eles mesmos já confirmaram em outras ocasiões.
O primeiro item selecionado se refere à razão da minha escolha para a missão de descobrir o local da guerrilha, que hoje se diz Guerrilha do Araguaia.
Em 1969, após a morte do terrorista Mariguella, em São Paulo, em seus documentos foram feitas várias citações sobre o local da grande área: grande área de treinamento de guerrilha.
Eu estava chegando a Brasília em 1968, já pela segunda vez. No meu passado, em 1954, fiz o curso de pára-quedista e, em seguida, o curso de Forças Especiais da Divisão de Pára-Quedistas, e especializei-me na modalidade guerra na selva. Posteriormente, o curso de operações especiais foi desenvolvido com outras modalidades e, em seguida, foi criado o Centro de Instrução de Guerra na Selva, CIGS.
Detentor do curso de Forças Especiais e considerado, à época, o elemento com credenciais para desenvolver as operações de selva, percorri milhares de vezes a rodovia Belém-Brasília, de Brasília a Belém, estrada pioneira de barro. Eu e minha equipe, de 3 ou 4 homens, chegamos à conclusão, por indícios, de que a Guerrilha do Araguaia estava naquela área, entre o Bico do Papagaio, Xambioá, Marabá, Tocantinópolis e Porto Franco.
O fato, porém, que nos permitiu chegar à área foi a prisão, em Fortaleza, do guerrilheiro Pedro Albuquerque. Naturalmente, ele está olhando para mim, e eu estou olhando para a câmera, para que olhe no fundo dos meus olhos e confirme que o que eu estou dizendo é verdade. Pedro Albuquerque foi preso quando tentava tirar documentos em Fortaleza. Recolhido ao xadrez, ele tentou suicídio cortando os pulsos. A sentinela, por acaso, passou, viu, deu o alarme e ele foi levado para um hospital da guarnição.
Recuperado o documento de que ele falou, o documento resultante das declarações de Pedro Albuquerque foi enviado diretamente de Fortaleza para Brasília e chegou às mãos do General Bandeira, que imediatamente mandou buscar o preso. Enquanto eu preparava a equipe, o preso chegou, foi incluído na minha equipe, e partimos, junto com Pedro, para o local onde ele dizia que era o inicial: Xambioá.
Chegamos ao Rio Araguaia, pegamos uma canoa grande, com motor de popa, fomos até ao local de Pará da Lama. Pedro deve lembrar muito dele: era uma picada ao longo da floresta no sentido do Xingu. Andamos o dia inteiro. Chegamos ao anoitecer na casa do último morador, com o Pedro sendo levado por nós, livre. Não estava algemado, amarrado ou coisa assim. Ele foi acompanhando nossa equipe. Há várias testemunhas desse episódio aqui presentes, as quais não vou citar, que fizeram parte da minha equipe.
Chegamos à casa de Antônio Pereira, pernoitamos no campo, nos telheiros e, no dia seguinte, às 4h, prosseguimos em direção ao local onde Pedro Albuquerque indicou. Ao chegarmos lá, avistamos três homens, isto é, três elementos, sendo uma mulher, descansando para almoço, presumo.
Aproximamo-nos do local só para conversar com eles, para saber o que eles estavam fazendo lá. Eram três e, no nosso grupo, havia seis; então, não tinha problema. Eles fugiram. Chegamos ao local. Fiquei inteiramente abismado com o estoque de comida, de material cirúrgico; havia até oficina de rádio; 60 mochilas de lona, costuradas no local em máquina industrial grande, que tive o prazer de jogar no meio do açude. Tocamos fogo em tudo e voltei sem fazer prisioneiro.
Ora, em qualquer situação, teríamos atirado naqueles homens. Estávamos a 80 metros, um tiro de fuzil os atingiria facilmente. Eles estavam sentados. Mas nosso objetivo não era matar, não era trucidar. Nosso objetivo era saber o que eles estavam fazendo lá. De acordo com Pedro Albuquerque, eram guerrilheiros. Estavam na área indicada por Pedro Albuquerque, que viu toda a operação.
Como disse, destruímos todos os seus aparelhos; metralhamos uma grande quantidade de frutas - melancia, jerimum e muitas outras coisas. Ficamos inteiramente impressionados com a quantidade de comida que havia lá, várias sacas de arroz; havia até oficina de rádio com equipamentos sofisticados. Era uma oficina rústica, não era como bancada de laboratório da cidade, mas funcionava. O gerador, lá atrás, também funcionava.
Voltamos. Deixamos o pessoal fugir, claro. E o Pedro Albuquerque retornou com dois companheiros nossos e foi recolhido ao xadrez de Xambioá.
Continuamos nossa missão. Como os três elementos fugitivos avisaram para o resto do grupo do Destacamento C, mais ao sul, em frente a São Geraldo do Araguaia, que estávamos indo para lá, ao chegar lá nós os vimos fugindo com muita carga, até violão levavam. Eles estavam se retirando do Destacamento C, do Antônio da Dina e do Pedro Albuquerque.
Pedro Albuquerque nos levou até o Destacamento C, onde havia estado. Ele fugiu porque os bandidos exigiram que ele fizesse um aborto em sua mulher, que estava grávida. Eles não se conformaram com a ordem, principalmente porque outra guerrilheira grávida tinha sido mandada para São Paulo para ter o filho nas mordomias daquela cidade. Ela era casada com o filho do chefe militar da guerrilha, Maurício Grabois.
Pedro, você está me escutando? Você deve-se lembrar de que declarou isso: que você fugiu porque obrigaram sua mulher a fazer um aborto.
Nós estávamos perseguindo esse grupo e estávamos avançando. Embora chovesse bastante, estávamos nos aproximando. Eles resolveram soltar a carga que estavam levando, e o guia, morador da área, me disse: "Agora, nós não vamos pegar eles porque estão fugindo para a gameleira".
E demos uma meia parada, nessa destruição do equipamento deles, quando pressentimos a vinda de alguém na trilha. Nós estávamos andando no meio da mata e esse elemento vinha pela trilha. Nós nos agachamos e, nisso, veio aquele elemento forte, com chapéu de couro, mochila nas costas e facão na cintura. Então, quando ele chegou no meio do nosso grupo, eu dei a ordem: Prendam esse cara!
Não sei, não posso me lembrar, se foi o Cid ou se foi o Cabo Marra que pegou o Genoino. Esse elemento era o Geraldo, posteriormente identificado como Genoino - que naturalmente está me olhando agora. E eu tirei os óculos justamente para ele me reconhecer, porque da minha cara ninguém esquece, principalmente com aquela cara que eu estava na mata, depois de vários dias passando fome e sede, sujo, cheio de barba. Mas é a mesma cara. É o mesmo olhar da hora em que eu encarei ele e disse:
"Seu mentiroso! Confesse! Você não tem mais alternativa".
Por que eu descobri que o Genoino era guerrilheiro? Ele se dizia Geraldo e se dizia morador da área. Claro: elemento na área, suspeito, eu mandei deter. Mesmo algemado e com tudo nas costas, uma mochila pesada e grande, ele fugiu. O Cabo Marra deu três tiros de advertência, e ele parou. Mas não parou por causa da advertência, parou porque se emaranhou no cipoal, e o pessoal foi pegá-lo.
Eu perguntei:
Por que você está fugindo? Nós apenas estamos querendo conversar com você. Para você não fugir, vamos ter de algemá-lo.
"Eu sou morador" - disse ele.
Eu deixei o pessoal especializado em inquirição conversando com o Genoino, até então Geraldo.
O pessoal - inclusive está presente um desses companheiros, o Cid - conversou bastante tempo com o Genoino, quando o Cid veio a mim e disse: "Comandante, não tem nada, não".
Está bom - respondi. Como eu já estava há muito tempo no mato, já tinha resolvido, intimamente, levar o Genoino preso para Xambioá, mas não disse que essa era minha determinação. Peguei a mochila dele.
Havia um elemento na minha equipe que era especialista em falar com o pessoal da área - já falecido -, um elemento excepcionalmente bom. Rendo minhas homenagens a João Pedro do Rêgo. (Palmas.) O João Pedro, apelidado por nós de Jota Peter ou Javali Solitário, onde estiver estará escutando. João Pedro era um homem que falava com o matuto, com o pessoal da área, porque eu, na minha linguagem urbana, não era entendido nem entendia o que eles falavam. O Javali veio a mim e disse:
"Ele não tem nada. É morador da área". E disse-me o que tinha lhe dito.
Eu, como homem de selva, peguei a mochila do Geraldo e comecei a abri-la. Tirei pulôver, rede e um bocado de bagulho da mochila do Geraldo, quando encontrei um tubo de remédio no fundo da mochila. Ao pegar aquele tubo e olhar para o Genoino, vi que ele estava lívido, pálido. Eu ainda lhe disse:
Companheiro, fique tranqüilo porque nós não vamos fazer nada com você, você é morador da área. E abri o tubo. Lá encontrei material típico de sobrevivência - linha de pesca fina, anzóis. Era material típico de sobrevivência. Como eu havia feito um curso e só sabia teoricamente sobre o assunto, interessei-me por aquele exemplo prático, em um local de difícil acesso na selva amazônica. À medida que eu ia puxando aquelas linhas, o Genoíno - aliás, o Geraldo - ia ficando mais desesperado. E quando eu tirei o tubo, olhei para ele, e ele estava branco como papel. E lá no fundo eu vi um papel pautado, de caderneta, dessas que todo dono de bodega na área anotava as suas vendas. Cortei uma talisca do meu lado, puxei o papel e lá estava a mensagem do Comandante do Grupamento B da Gameleira, o Osvaldão, para o Comandante do Grupamento C, Antônio da Dina. Estava lá a mensagem que o Genoino transportava para o Antônio da Dina. Era uma mensagem tão curta que ele, como bom escoteiro que era, poderia ter decorado, porque até hoje, mais de 30 anos passados, eu me lembro do que dizia essa mensagem, mas eu quero que ele mesmo diga o que constava nessa mensagem. Era uma dúzia de palavras em linguajar militar, de próprio punho do Osvaldão, que era o Comandante do Grupamento B da Gameleira, o grupamento mais perigoso da guerrilha, como constatamos no desenrolar das lutas. Foi o grupo que matou o primeiro militar na área. Antes de qualquer pessoa morrer, o grupo do Osvaldão matou o Cabo Rosa, Odílio Cruz Rosa. Depois de esse Odílio Cruz Rosa ser morto, eles mataram mais 2 sargentos e fizeram muito mal aos militares que nada sabiam até então. Só quem sabia era o pessoal de informações. E eu era da área de informações, embora eu operasse à paisana.
Então, o Genoino foi mandado para Xambioá preso. A essa altura ele já deixou de ser detido para ser preso, e disse tudo sobre a área. Quando eu olhei para ele e disse:
Você não tem mais alternativa porque aqui está a mensagem.
Ele disse: "Eu falo".
Eu disse:
É bom você falar. Genoino, olhe no meu olho, você está me vendo. Eu prendi você na mata e não toquei num fio de cabelo seu. Não lhe demos uma facãozada, não lhe demos uma bolacha - coisa de que me arrependo hoje. (Palmas.)
Um elemento da minha equipe, fumador inveterado, abriu um pacote de cigarro, aproveitou aquele papel branco do verso, pegou um toco de lápis não sei de onde, e o João Pedro começou a anotar o que o Genoino falava fluentemente - nervoso como estava, começou a falar.
Eu me levantei do chão, fui até um córrego próximo beber um pouco d'água. Voltei, o papel estava cheio, com toda a composição da Guerrilha - nomes, locais, Grupo C, ao sul; Grupo B, da Gameleira, perto de Santa Isabel; e Grupo A, perto de Marabá. Eram esses os 3 grupos efetivos, em que se presumiam 30 homens por grupamento, além de um grupo militar comandado por Maurício Grabois.
Peguei aquele papel e ainda comentei com ele:
Pô, meu amigo, tu és um cara importante desse negócio aí, hein?
E mandei o Geraldo para Xambioá. Ele foi recolhido ao xadrez, posteriormente enviado a Brasília; em seguida, 3 ou 4 dias depois, não me lembro, veio o veredicto da identificação: o guerrilheiro Geraldo era o José Genoino Neto, presente em frente ao vídeo, olhando para os meus olhos - eu sempre tive olhos arregalados; não foi só lá na mata, não. Os meus olhos sempre foram arregalados, principalmente em combate.
Triste notícia veio depois. O grupo do Genoino prendeu um filho do Antônio Pereira, aquele senhor humilde, que morava nos confins da picada de Pará da Lama, a 100 quilômetros de São Geraldo. O filho dele era um garoto de 17 anos, que eu não queria levar como guia, porque ao olhar para ele me lembrei do meu filho que tinha a mesma idade. Então, eu disse ao João: Não quero levar o seu filho. Eu sabia das implicações, ou já desconfiava.
O pobre coitado do rapaz nos seguiu durante uma manhã, das 5h até o meio-dia, quando encontramos os três nos aguardando para almoçar. Pois bem. Depois que nos retiramos, os companheiros do José Genoino pegaram o rapaz e o esquartejaram.
Genoino, aquele rapaz foi esquartejado! Toda a Xambioá sabe disso, todos os moradores de Xambioá sabem da vida do pobre coitado do Antônio Pereira, pai do João Pereira, e vocês nunca tiveram a coragem de pedir pelo menos uma desculpa por terem esquartejado o rapaz! Cortaram primeiro uma orelha, na frente da família, no pátio da casa do Antônio Pereira; cortaram a segunda orelha; o rapaz urrava de dor; a mãe desmaiou. Eles continuaram, cortaram os dedos, as mãos, e no final deram a facada que matou João Pereira.
Esse relatório está no Centro de Instrução Especializada - CIE, porque foi escrito por mim, e eles não abrem para os historiadores com medo de que o relato apareça.
Pois bem. Eles fizeram isso porque o rapaz nos acompanhou durante 6 horas, para servir de exemplo aos outros moradores, de forma que não tivessem contato com o pessoal do Exército, das Forças Armadas.
Foi o crime mais hediondo de que eu soube. Nem na Guerra da Coréia e na do Vietnã fizeram isso. Algo parecido só encontrei quando trucidaram o Tenente Alberto Mendes Júnior. O Tenente se apresentou voluntariamente para substituir dois companheiros que estavam feridos. A turma do Lamarca pegou o rapaz, trucidou-o, castrou-o e o obrigou a engolir os órgãos genitais. O crime contra o João Pereira foi muito mais grave, muito mais horrendo. E eles sabem disso.Peçam desculpas ao Antônio Pereira, se ele estiver vivo! Tenham a coragem de reconhecer que toda a Xambioá sabe disso!
Genoino preso e identificado, a Guerrilha prossegue. Depois de matar o João Pereira, eles mataram o Cabo Odílio Cruz Rosa; depois do Rosa, eles mataram dois sargentos; depois dos dois sargentos, eles atiraram no Tenente Álvaro, que deve contar a história. Como estou contando a história aqui, Álvaro, conte a sua história.
Na minha versão, o Álvaro deu voz de prisão ao bandido, eles atiram. Outro que estava atrás atirou nas costas do Álvaro, arrancando-lhe a omoplata. Depois desse ferido, houve vários feridos, e finalmente eu fui ferido e tive que sair da área.
Porém, antes, as tropas do Exército saíram da área, vendo que aquele era um movimento mais grave, mais planejado - planejado em Cuba, com as mentes que todos estamos vendo. Sabemos como funciona a mente de um comunista. Um comunista tranqüilo, sem arma na mão, tudo bem. Aquilo é o que ele pensa, e a nossa democracia permite isso. Mas aquele que pega em arma tem de ser trucidado.
Um homem que entra numa mata para combater em nome de um regime de Fidel Castro, esse cara tem que ser morto! (Palmas.)
A Operação Sucuri fez um levantamento de informações: de que se tratava, qual o valor do inimigo, onde ele estava, enfim, todos os itens necessários para que fosse elaborada uma ordem de operações para o combate da Guerrilha. Isso durou 5 ou 6 meses. Já existe literatura muito boa a respeito.
Elementos militares descaracterizados, à paisana, foram postos dentro da mata, desarmados, com identidade falsa, ao lado dos bandidos. Qualquer um de nós, em sã consciência, reconhece que esses homens são uns heróis. Se me derem uma arma eu vou lá caçá-los de novo hoje. Mas, naquela época, se me tirassem as armas e me botassem na mata, não sei não. No ímpeto da juventude, talvez eu fosse, como eles foram. Eram capitães, tenentes e sargentos.
Terminada a Operação Sucuri, já sabíamos de que se tratava, confirmadas todas ou quase todas as informações que o Genoino tinha dado. Três grupos, comando militar e a chefia em São Paulo, sob o comando de João Amazonas - que fugiu da área ao primeiro tiro. Grande valentia! Herói, João Amazonas! João Amazonas fugiu da área ao primeiro tiro, junto com Elza Monnerat. Deixou lá garotos, estudantes e os fanáticos comunistas, tipo Maurício Grabois, que influenciou seu filho, André Grabois, o personagem central do evento que vou relatar agora.
O combate contra o grupo militar da Guerrilha foi comandado por André Grabois. E a esposa dele, a Criméia, que talvez esteja me olhando, diz que houve uma emboscada. Não houve emboscada. Como o Exército saiu da área para fazer operação de informações, a Operação Sucuri, eles cantaram vitória: "Seu Exército é de fritar bolinho". Muito bem, fritamos bolinho.
Já estava na área e recebi a seguinte ordem: "Vá à região de São Domingos a pé, porque de viatura não se chega lá. Eles destruíram uma ponte na Transamazônica."
Eu peguei a minha equipe e fui para São Domingos. Atravessei o rio. A ponte estava destruída, mas atravessei a vau. Cheguei a São Domingos, o quartel estava incendiado. Ao alvorecer daquele dia - se não me engano, 10 de outubro de 1973 -, eles destruíram e incendiaram o quartel. Deixaram todos os militares nus, inclusive o tenente comandante do destacamento, e pegaram todo o armamento, toda a munição, todo o fardamento. Entraram na mata e deixaram um recado: "Não ousem nos seguir, porque o pau vai quebrar".
Infelizmente, Criméia, seu marido morreu por isso.
Pude ver as suas pegadas bem nítidas, porque eles estavam carregados com cunhetes de munição, fuzis da PM, revólveres, e foi fácil seguir o grupo.
No terceiro dia, para resumir, houve um encontro. Eles estavam tão certos de que o Exército não iria lá que estavam caçando porcos. Às 6 da manhã, eu escutei o primeiro tiro e o grito dos porcos. Às 15 horas houve o combate. Vejam bem o espaço de tempo: de 6 da manhã às 15 horas.
Eu estava a menos de 10 metros do primeiro homem, que era o comandante do grupo, André Grabois, filho de Maurício Grabois. Ele estava sentado, com o gorro da PM que tomou do tenente na cabeça, e vi que tinha a arma na mão. Olhei para os meus companheiros, que vinham rastejando, e perguntei: Será que vamos encontrar um bando de PMs aí? Olhei, eles entraram em posição, e eu me levantei. Quase encostei o cano da minha arma em André Grabois: Solte a arma. Ele deu aquele pulo, e a arma já estava na minha direção. Não deu outra. Os meus companheiros, que chegavam, acertariam o André, caso eu tivesse errado, o que era muito difícil, pois estava a um metro e meio, dois metros dele.
Foi destruído o grupo militar da Guerrilha. Todos eram formados na China, em Pequim, em Cuba. Não me lembro do nome de todos, mas citarei alguns: André Grabois; o pai, Maurício Grabois, que mandou o filho fazer curso em Cuba; o Calatroni, o Nunes. O João Araguaia se entrincheirou atrás de um tronco de árvore e não se mexeu, depois do tiroteio, saiu correndo, sem arma. Ninguém atirou no João Araguaia porque ele estava sem arma. O Nunes estava gravemente ferido, mal falava e, quando o fazia, o sangue corria pela boca, mas ele conseguiu dizer a importância do grupo e citou os nomes - não sei se nome ou codinome - de todos eles: o Zequinha, ele disse: esse é o André Grabois. Estava morto.
Esse foi o primeiro combate de valor contra os guerrilheiros, mas foram desmoralizados. Eles diziam para os soldados não entrarem na mata porque os oficiais não entravam. Ora, o próprio acampamento dos militares ficava no meio da selva.
Em seguida, ocorreu o incidente do dia 23 de outubro, 10 dias depois.
Continuando na perseguição ao bando, encontramos pegadas nítidas no chão de um grupo numeroso. Esse grupo do Zé Carlos era do Grupamento A. Fomos encontrar as batidas, depois, soubemos que era do Grupamento B, do Osvaldão. Então, eu já estava a menos de 100 metros do grupo. O guia já estava saindo para a retaguarda. O guia era morador. Ele não tinha nada com a guerra. Ele estava lá auxiliando o Exército a pegar os "paulistas", que era como eles chamavam os guerrilheiros. Quando o guia começou a retrair, vi que a coisa estava feia, e continuei. Nisso, um dos guerrilheiros retorna, volta inesperadamente, e deu de cara comigo. Eu agachado e ele olhando para mim. Foi quando dei ordem de prisão para ele: Mãos na cabeça. Ele levantou uma mão, e foi quando vi que era uma mulher. Ela levantou uma mão fazendo sinal de... para eu ficar olhando para a mão enquanto ela desamarrava o coldre. Dei 3 ordens de prisão, mas ela não obedeceu. Quando eu vi que ela estava desamarrando o coldre ainda dei 3 ordens para ela - Não faça isso - gritando, pois sempre falei alto, meu tom de voz é esse. Quando ela sacou a arma vi que não tinha jeito e atirei. Acertei a perna dela e ela caiu, caiu feio. Ela não caiu, desmoronou. Ela deu um salto como se tivesse recebido uma patada de elefante. Ela caiu uns 3 metros depois, tal o impacto. Eu corri, ela não estava mais com a arma, estava nos estertores da dor, chorando e gritando. Eu disse: Fica calma que vamos te salvar. Olhei a arma, a selva muito cheia de folhas, não achei a arma. Meu erro: não deixei um sentinela com ela. Éramos poucos, eles eram vinte, eu precisava de gente.
Continuamos a perseguição do grupo, e eles atravessaram o córrego. Resolvi voltar, já estava escurecendo. Quando me agachei ela me atirou à queima roupa. Ela me deu um tiro na mão e acertou na face, que atravessou o véu palatino e se encaixou atrás da coluna, e eu caí. O outro tiro que ela deu acertou o braço do Capitão Curió, Subcomandante da minha equipe. O restante da minha equipe revidou, claro, encerrada a carreira de bandido da Sônia, nome da guerrilheira. Fui carregado em uma rede e transportado na mata.
Altas horas da noite, os soldados que estavam me carregando passaram os seus fuzis para o outro do lado. E o que ia levando 2 fuzis, um fuzil batendo no outro, fazia muito barulho na mata. E era um barulho que se propagava muito a longa distância. Eles armaram uma emboscada, teria sido o fim. Mas, aquele companheiro, com o qual eu brigava tanto pedindo que deixasse de fumar, nos salvou. Ele, que assumiu o comando da equipe, pediu para parar para dar uma pitada. Isso, a uns 50 metros da emboscada. Paramos e ficou aquele silêncio. Eu fui estendido no chão, dentro da rede, sangrava muito, quase desacordado.
Eles, então, achando que havíamos pressentido a emboscada, aqueles valentes guerrilheiros, fugiram. Claro que eles teriam matado todos nós. Não tenham dúvida. Nós estávamos completamente sem atenção. A minha equipe estava levando o seu comandante quase morto para o primeiro local onde a ambulância poderia alcançar. Na localidade de São José, eles pediram uma ambulância para levar um ferido. De São José, a ambulância me levou para Bacaba, de lá para Marabá e de Marabá para Belém, onde passei uns dias para me restabelecer e ter condições de viajar. Depois fui levado para Brasília onde fui operado. A operação se revestia de cuidados especiais, porque, do contrário, eu ficaria paraplégico para o resto de minha vida. Graças a Deus, as seqüelas foram muito menores e hoje eu estou falando aos senhores aqui, com muita honra.
É muito difícil falarmos em conclusões de uma luta de 4 anos. Citarei apenas 2 itens das conclusões. Permitam-me que os leia. Por isso, coloquei os óculos. Não há mais necessidade de os bandidos me olharem no fundo dos olhos. Estou à disposição deles, a qualquer momento. Quem quiser confirmar comigo o que disse, o meu endereço está na Internet. Terei muita satisfação em olhar no fundo dos olhos deles e repetir tudo o que acabei de dizer aos senhores: nada temos a esconder.
Primeira conclusão: tenho imenso orgulho de ter participado dessa luta, por ter agido positivamente para evitar que os guerrilheiros do PCdoB implantassem no País um regime comunista igual ao de Cuba, com paredão e tudo - e esse risco não acabou.
Segunda conclusão: além de prestar homenagem às bravas esposas dos militares, tanto daquela época quanto da atual, estendo aos membros da minha valorosa equipe a honra de que estou sendo alvo presentemente. Muito obrigado (Palmas.)

sábado, 6 de junho de 2009

Duas ou três coisas que é bom saber sobre Cuba

Este texto anônimo, de origem venezuelana, está circulando pela internet. - O. de C.

Você sabia que em Cuba o talão de racionamento está calculado para 1.800 calorias por pessoa e que muitos produtos mencionados no talão só existem em fantasia, enquanto outros aparecem e desaparecem conforme as colheitas?
Você sabia que quatro anos atrás o talão de racionamento era de 1.600 calorias, que houve uma epidemia de doenças mentais e de crianças nascidas defeituosas, que Fidel lançou a culpa disso sobre uma suposta guerra biológica empreendida pela CIA, que a Organização Mundial da Saúde descobriu que era um problema de avitaminose causada pelo racionamento de vitaminas e proteínas, que a OMS então enviou pastilhas multivitamínicas para socorrer a população cubana e obrigou o governo a subir a ração para 1.800 calorias?
Você sabia que em Cuba não se consegue obter, porque não constam do talão de racionamento, nem papel higiênico, nem sabonete, nem toalhas sanitárias, nem leite para adultos, entre outras coisas?
Você sabia que em Cuba está proibido o acesso dos cidadãos à internet, que dá cadeia ler coisas proibidas pelo regime, ouvir rádios e ver estações de TV estrangeiras, que é delito opinar contra o regime, que os Comitês de Defesa da Revolução, que funcionam em cada quarteirão, mantêm um registro das atividades de todos os moradores e que quem conste como suspeito de não apoiar o regime está encrencado?
Você sabia que em Cuba os encanamentos estão obsoletos e estragados e mais de 50 por cento das casas não recebem água diretamente? Que a água, onde chega, é somente por algumas horas, e que, onde não chega, os caminhões-pipa só vêm uma vez por semana?
Você sabia que em Cuba a eletricidade só funciona algumas horas por dia, que os apagões são diários, estragando os poucos equipamentos elétricos que restam na ilha?
Você sabia que Fidel justifica sua revolução por seus supostos êxitos na saúde e na educação, mas que em matéria de saúde Cuba está no quinto lugar na escala latino americana segundo as estatísticas mais recentes da OMS (abaixo, por exemplo, do Chile, da Argentina e do Uruguai)? Você sabia que em educação Cuba está abaixo do Chile, da Argentina, do Uruguai e da Costa Rica, segundo a Unesco?
Você sabia que no convênio Cuba-EUA, firmado por causa da multiplicação de balseiros fugitivos, os EUA recebem anualmente 22 mil cubanos, só em imigração legal, enquanto na lista da Seção de Interessados, em Havana, constam mais de 700 mil aspirantes a ir embora para Miami, embora todos os fichados como emigrantes virtuais sofram as piores represálias, sejam condenados a trabalhos forçados e seus filhos sejam obrigados a freqüentar escolas especiais de “reeducação revolucionária”? Você sabia que, apesar de todos os riscos, quem tenha acesso a uma embarcação e a uma bússola se lança ao “mar da felicidade”, fugindo daquele inferno?
Você sabia que Fidel usa como desculpa de seu tremendo fracasso o suposto bloqueio do imperialismo internacional, ao mesmo tempo que seu chanceler Perez Roque se gaba de que Cuba tem relações comerciais com 115 países e de que recebe créditos preferenciais do Banco da União Européia?
Você sabia que o que realmente se passa é que Cuba não tem nada para vender, nem com que pagar o que compra, que suas indústrias são muito atrasadas em tecnologia, improdutivas e sem competivividade, com uma burocracia excessiva e um enorme desemprego, dirigidas por líderes políticos e personagens fiéis à revolução e não por uma gerência profissional?
Você sabia que as jineteras, prostitutas cubanas, são o mais moderno exemplo da mais nova moral revolucionária?
Por último:
Você sabia que Cuba é o último reduto de um sistema que foi expulso a pontapés pelos povos da Europa Oriental, que os habitantes desses países consideram que aquilo foi um pesadelo que não querem recordar, e que os Partidos Comunistas, envergonhados e desprezados, mudaram de nome para enganar com nova máscara?

Golpe de estado no mundo

Olavo de Carvalho

Nota do M.E.: mudando o que tem de ser mudado, esse texto publicado em maio de 2003 por Olavo de Carvalho continua atualizadíssimo. Solicitamos redobrada atenção dos leitores para o preciso diagnóstico sobre a completa ignorância do povo brasileiro sobre a entrega da soberania do país para organismos internacionais, como a Unasul, e as informações sobre os planos da ONU para implantar um Governo Mundial.

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Golpe de estado no mundo

Que existe um neoglobalismo em ação, um novo Império cuja expansão coloca em risco as soberanias nacionais, ninguém no Brasil duvida. Todos os nossos líderes políticos, intelectuais e militares se dizem conscientes e alertas quanto a esse ponto. Mas, quando perguntamos de onde vem o perigo, as respostas provam que estamos conversando com sonâmbulos e teleguiados, prontos a deixar-se usar como instrumentos pelo próprio inimigo que alegam combater.
Não sabem, por exemplo, o que o Império está fazendo, com discreta e espantosa facilidade, contra um país bem mais forte que o Brasil: a Grã-Bretanha.A Grã-Bretanha como nação independente está para acabar nos próximos dias, quando Tony Blair oficializar sua anuência à nova Constituição da União Européia, que cria os Estados Unidos da Europa e transfere para a sede do Império em Bruxelas o poder de decisão do governo de Londres sobre orçamento, comércio, transportes, defesa nacional, relações internacionais, imigração, justiça e direitos humanos, reduzindo o Parlamento à condição de assembléia local subordinada.
Há quem diga que Blair deveria submeter o assunto a um referendo, mas ele não quer. Alega que a questão é complicada demais para ser julgada pelo povo. É assim que se fazem hoje os golpes de Estado: por meio de passes de mágica incompreensíveis à multidão. Uma pesquisa do jornal “The Sun” mostrou que, de fato, 84 por cento dos eleitores britânicos ignoravam a iminente transferência de soberania.
Mas, deste lado do oceano, a ignorância é maior ainda. Aqui, até as elites desconhecem tudo do novo quadro internacional. Imaginam que o neoglobalismo é uma extensão do bom e velho “imperialismo ianque” e, infladas de antiamericanismo, se preparam para combater os marines na selva amazônica.
O governo global que se forma ante os nossos olhos não é americano: é uma aliança das velhas potências européias com a revolução islâmica e o movimento esquerdista mundial. Suas centrais de comando são os organismos internacionais, e a única força de resistência que se opõe à mais ambiciosa fórmula imperialista que já se viu no mundo é o nacionalismo americano.
Os planos do governo mundial estão expostos desde 1995 no documento “Our Global Neighborhood,” publicado por uma “Comissão de Governança Global”, que prega abertamente “a subordinação da soberania nacional ao transnacionalismo democrático”. Esses planos incluem: 1. Imposto mundial. 2. Exército mundial sob o comando do secretário-geral da ONU. 3. Legislações uniformes sobre direitos humanos, imigração, armas, drogas etc. (sendo previsível a proibição dos cigarros e a liberação da maconha). 4. Tribunal Penal Internacional, com jurisdição sobre os governos de todos os países. 5. Assembléia mundial, eleita por voto direto, passando por cima de todos os Estados Nacionais. 6. Código penal cultural, punindo as culturas nacionais que não se enquadrem na uniformidade planetária “politicamente correta”. [Nota do M.E.: (7) Um novo órgão parlamentar de representantes da "sociedade civil", organizações não governamentais (ONGs). (8) Ampliação da autoridade do Secretário-Geral. (9) Desarmamento dos civis em todo o mundo.]
É o Estado policial global, a total liquidação das soberanias nacionais. E não são meros “planos”: com os Estados Unidos da Europa, tudo isso entra em vigor imediatamente no Velho Continente, da noite para o dia, sem consulta popular, sem debates, sem oposição, anunciando para prazo brevíssimo a extensão das mesmas medidas para o globo terrestre inteiro pelo mesmo método rápido da transição hipnótica.
A Inglaterra, que parecia resistir, cedeu. Hoje está claro que o apoio de Blair aos EUA no Iraque se destinou somente a amortecer o choque da traição que viria em seguida. Só num país o assunto é discutido abertamente, e a opinião pública se volta em massa contra os planos da Governança Global: os EUA.
A guerra entre os EUA e o governo mundial já começou. Se a soberania americana cair, cairão todas. E o Brasil, burro como ele só, acredita defender a sua armando-se de prevenções contra os EUA e abrindo-se gostosamente aos detonadores explícitos de toda soberania.
Uma das causas desse trágico engano é a incultura pura e simples. Mas a desinformação ativa também pesa nisso. Uma de suas inumeráveis fontes é o sr. Lyndon La Rouche, que se faz de herói antiglobalista vendendo receitas de antiamericanismo no Terceiro Mundo e é muito lido no Brasil. Num panfleto recente, ele chegou ao cúmulo de associar a política externa de Bush aos planos de governo mundial traçados por Herbert George Wells num livro de 1928, “The Open Conspiracy”.
Isso é a exata inversão da realidade. As idéias de Wells germinaram na Fabian Society de Londres, entidade socialista sob orientação da chancelaria soviética, e são a origem direta dos planos de “Governança Global” da ONU, contra os quais, precisamente, se volta a política externa de George W. Bush.
Lendas e mentiras sobre a Amazônia também ajudam a enganar todo mundo, criando a ilusão de que precisamos defendê-la contra as ambições americanas. Quem quer que investigue um pouco a presença estrangeira na Amazônia verificará que ela se constitui maciçamente de ONGs européias. Há algumas americanas, sim, mas são as mesmas que subsidiam as campanhas “pacifistas” anti-Bush, o esquerdismo internacional e, em última análise, o terrorismo.
Ignorantes e semiloucos, vemos a realidade às avessas, pedimos socorro ao bandido e colocamos nossos sentimentos nacionalistas a serviço do neo-imperialismo global, que vai nos subjugar e humilhar até um ponto que nem todos os imperialistas americanos, somados, chegaram jamais a ambicionar em sonhos.
O projeto “New American Century”, de William Kristol, mal esboçado e instantaneamente bombardeado na mídia brasileira como prova dos objetivos expansionistas do governo Bush, é apenas uma proposta, tardia e parcial, de reação possível a um esquema imperialista já implantado na Europa e em pleno processo de extensão ao resto do planeta. A guerra pelo domínio do mundo já começou. E o Brasil já entrou do lado errado.

Fonte: http://www.endireitar.org/site/artigos/60-nova-ordem-mundial/355-golpe-de-estado-no-mundo

OBAMA FAZ MAIS UM DISCURSO HISTÓRICO PRÉ-HISTÓRIA. E SOBRARAM SIMPLIFICAÇÃO E BOBAGEM

Reinaldo Azevedo


É, meus caros, eis um daqueles textos longos, longuíssimos, do tipo, dizem, que não se deve escrever em blogs. Ok. Eles ficam com os blogs deles, com textos curtinhos. Eu fico com o meu. Cada um no seu quadrado. Vamos lá.

Barack Obama é mesmo um fenômeno. Ninguém faz “discursos históricos” como ele. É você se distrair um pouco, e tome “discurso histórico”. E é também fascinante porque a fala se torna “histórica” ante de a história acontecer. Não foi diferente com o, bem…, “histórico” discurso feito no Cairo, Egito, em que propôs um “novo começo” nas relações entre os EUA e mundo islâmico. Mais um pouco, e suas falas e realizações já nascerão como ruínas… (leia INTEGRA DO DISCURSO na seção “Documentos” do blog).

Depois do ovacionado “assalaamu alaykum”, o presidente americano lembrou que o momento é de tensão entre os EUA e o mundo islâmico, observando:
“As relações entre o Ocidente e o Islã incluem séculos de co-existência e cooperação, mas também de conflitos e guerras religiosas. Mais recentemente, a tensão foi alimentada pelo colonialismo, que negou direitos e oportunidades a muitos muçulmanos, e pela Guerra Fria, que tratou os países de maioria muçulmana como meros figurantes. Ademais, as mudanças trazidas pela modernidade e pela globalização levaram muitos muçulmanos a ver o Ocidente como hostil às tradições do Islã.”

Olhem, só o trecho acima poderia render um tratado. É claro, sei disto, que parece haver algo de ridículo em criticar o discurso de ninguém menos do que o presidente dos Estados Unidos, não é? Isso só fazia sentido quando o homem era Jorjibúxi, o bestalhão, o sanguinário, o invasor. Com Obama, a única coisa legítima a fazer é classificar a fala de “histórica”. Pouco me importa quem tenha escrito ou lido o discurso. O fato é que algumas coisas acima precisam ser esmiuçadas. Com efeito, aconteceu aquela tal cooperação de que ele fala. Terminou mais ou menos com as… Cruzadas!!! Adiante.

Obama tangeu uma corda que é a mãe de todos os equívocos mesmo do islamismo moderado: os países islâmicos são vistos sempre como vítimas e entes meramente reativos. No caso das “guerras religiosas”, não fica claro se ele considera os islâmicos agredidos ou agressores — mas posso imaginar… Será que ele se lembra que os discípulos de Maomé chegaram, em nome de sua particular noção de paz, até a Península Ibérica? Será que alguém arrumaria para ele uma versão em inglês do romance Eurico, O Presbítero, de Alexandre Herculano? Vejam lá: no colonialismo do século 19 — um tempo que ele classifica de “recente” —, os islâmicos são vítimas. Na Guerra Fria, foram ignorados. Agora, é a globalização que os leva, coitadinhos!, a ver o Ocidente como inimigo. Pergunta besta: por que os países islâmicos veriam essa “modernidade” como inimiga? Bem, o judaísmo se reformou; o cristianismo vive em permanente reforma; o hinduísmo, à sua maneira, mudou. Onde estão os reformadores do Islâ? A única forma de dialogar com aquele mundo é o Ocidente declarar a sua culpa?

A questão é meramente intelectual? Não é. Esse tipo de conversa não tem futuro. Obama encerrou a sua fala citando palavras de tolerância do Corâo, do Talmud e da Bíblia. Bacana. As três religiões, de fato, trazem senhas para a paz e para a guerra. Mas é preciso ver se todas elas podem conviver, por exemplo, com alguns direitos que, no chamado mundo ocidental, consideramos inegociáveis. O Islã pode?

Depois daquele trecho que destaco, Obama condenou o extremismo islâmico e os atentados de 11 de Setembro, mas pronunciou uma só vez a palavra “terrorismo” (na verdade, “terroristas”), como se ela ofendesse os ouvidos da audiência. O que não deixa de ser um sinal de rendição. Ou bem aquelas pessoas que ouviam também repudiam o “mau Islã” — e, pois, não há óbice em dizer a palavra — ou bem não repudiam tanto assim, e aquela conversa é absolutamente inútil. Mais adiante, mandou ver nas glórias do Islã — não sem antes lembrar do pai islâmico e de sua infância na Indonésia:

“Como estudante de história, reconheço a dívida que a civilização tem com o Islâ. Foi o Islã, em lugares como a Universidade Al-Azhar, que levou a luz do conhecimento ao longo de muitos séculos, pavimentando o caminho do Renascimento e do Iluminismo na Europa. Foi a inovação nas comunidades islâmicas que desenvolveu a álgebra, a bússola e outras ferramentas de navegação; nosso domínio da escrita e a imprensa; a compreensão de como se desenvolvem as doenças e como podem ser combatidas. A cultura islâmica nos deu arcos majestosos e torres elevadas; poesia atemporal e música inesquecível; caligrafia elegante e lugares para pacífica contemplação. E, ao longo da história, o Islã demonstrou, por meio de palavras e atos, as possibilidades da tolerância religiosa e da igualdade racial”.

Muito bem! Obama, ou quem quer que tenha feito o discurso, estudou direitinho a Enciclopédia Britânica. Qual é o problema de um discurso como esse? Ele assimila como verdadeira a crítica falaciosa que se faz ao Ocidente — “é contra o Islã” — e jura de pés juntos que não é. Para tanto, presta o seu tributo: vejam lá, a religião foi vital, lembra Obama, para o… Renascimento!!! Logo ali, como se sabe. O ponto definitivamente não é esse. Afirmar que o Islã é isso ou aquilo seria como afirmar as virtudes do Cristianismo, o que, diga-se, nenhum líder árabe — ou, mais amplamente, islâmico — faria em terras ocidentais (sem contar o fato de que o cristianismo é ILEGAL em boa parte os países que seguem o Corão…). Ora, é óbvio que ninguém está em guerra com o Islã. O que parece, às vezes, é que o Islã é que está em guerra consigo mesmo, contra aquelas “modernidades” da globalização. E o Ocidente não pode responder por isso, não.

“Tolerância religiosa e igualdade racial”? Pois é… De que Islã Obama está falando? Os nazistas — e não estou fazendo comparação entre nazis e islâmicos; apelo ao extremo para evidenciar o erro — se diziam cristãos. E era inútil demonstrar que sua prática não correspondia ao, vá lá, livro-texto. O Islã da bússola é o de Osama Bin Laden ou, se quiserem, o de qualquer outro país islâmico, Egito incluído? Tenham paciência, né? Por que os países árabes se negam, por exemplo, a conceder cidadania aos palestinos, ainda que eles a queiram, tratando-os como refugiados e praticamente confinando-os nos campos? Ora, o Islã da álgebra e da filosofia não está em questão. Infelizmente, ele não serve de referência hoje a nenhum dos países islâmicos. Não será o Ocidente — ou um líder ocidental — a ensinar àqueles países qual é a vertente virtuosa de sua religião.

Esse é um discurso histórico, claro, como todos os de Obama, mas já nasce como ruína. Não tem futuro.

Questões contemporâneas
E daria, sinceramente, para esmiuçar suas incongruências e erros trecho a trecho. Mas levaria mais de uma noite. Por isso, opero aqui uma mudança na trajetória para tratar, no fim das contas, do que interessa: a questão israelo-palestina. Afinal, a grande mudança em relação a seu antecessor, o Jorjibúxi, estaria justamente aí. Antes e chegar a essa questão, Obama justificou a guerra no Afeganistão, afirmando que seu país não teve escolha, e relativizou os motivos da guerra no Iraque — nesse caso, sim, disse, uma escolha. Mas lembrou que os iraquianos estão melhores sem a tirania de Saddam Hussein. Então truco.

Agora a questão central. Obama estava lá para pôr um peso em cada prato da balança. Vamos ver:
“Os fortes laços da América com Israel são bastante conhecidos. Esse elo é inquebrável. Está baseado em laços culturais e históricos e no reconhecimento de que a aspiração por uma pátria judia está fundada numa história trágica, que não pode ser negada.
O povo judeu foi perseguido em todo o mundo por séculos, e o anti-semitismo na Europa culminou num Holocausto inédito. Amanhã, vou visitar Buchenwald, um dos campos onde judeus eram escravizados, torturados, fuzilados e mortos com gás pelo Terceiro Reich. Seis milhões de judeus foram mortos, mais do que toda a população judia de Israel hoje. Negar aqueles fatos não faz sentido, é ignorante e odioso. Ameaçar Israel com a destruição ou repetir estereótipos vis sobre os judeus é profundamente errado e serve apenas para evocar nos israelenses a mais dolorosa das memórias, criando obstáculos à paz que merece a população dessa região”.

Como se vê, Obama exalta os judeus que sofreram. No passado.
E era a hora de pôr peso no outro prato. E ele lembrou também o sofrimento do povo palestino, espalhado nos campos de Gaza, Cisjordânia e terras vizinhas. Criticou os que atacam Israel, mas também censurou a expansão das colônias na Cisjordânia. E, bem, aí fez o que me parece realmente do arco da velha: abriu uma espécie de diálogo, retórico ao menos, com o… Hamas! Hamas que os próprios EUA consideram terroristas. Isso, de fato, é inédito. A questão é saber se é bom. Leiam.

“Agora é a hora de os palestinos se concentrarem no que podem construir. A Autoridade Palestina precisa desenvolver sua capacidade de governar, com instituições que sirvam às necessidades do povo. O Hamas de fato tem apoio entre alguns palestinos, mas ele também tem responsabilidades. Para desempenhar o papel que lhe cabe nas aspirações palestinas e para unificar o povo, o Hamas precisa pôr fim à violência, reconhecer acordos anteriores e reconhecer o direito que Israel tem de existir.”

E agora o pito em Israel:
“Ao mesmo tempo, os israelenses precisam reconhecer que, assim como não se pode negar seu direito de existir, não se pode negá-lo também aos plaestinos. Os Estados Unidos não aceitam como legítima a continuidade dos assentamentos [na Cisjordânia]. Eles violam acordos anteriores e minam os esforços para alcançar a paz. É tempo de parar com esses assentamentos”.

Aí a vaca foi para o brejo
No afã de igualar os desiguais, quem sai perdendo é a razão. Não, este escriba não considera a continuidade dos assentamentos uma boa política. De jeito nenhum! Mas é uma estupidez suprema — além de contraproducente e inútil — sugerir que a eles estão para os israelenses como a violência está para o Hamas. Quem criou tal correspondência foi Barack Obama, não fui eu. Se ele estivesse certo, bastaria que, amanhã, o governo Israelense determinasse a suspensão dos ditos-cujos, e o Hamas, em contrapartida, pararia de jogar foguetes em Israel. Mas isso não aconteceria. Ainda que os assentamentos sejam condenáveis e só extremem o que já é ruim, eles não são o correspondente oposto dos atos terroristas dos palestinos.

Mas, para Obama, cada coisa é um peso em cada lado da balança. Assim, a despeito desse seu discurso grandiloqüente, estupidamente chamado de histórico, dá para antecipar: nada vai acontecer. E nada vai acontecer enquanto as facções palestinas não renunciarem à violência. É patético que o presidente americano peça ao Hamas que reconheça Israel. Nas considerações iniciais de seu estatuto (ÍNTEGRA DO ESTATUTO na seção “Documentos”) lê-se:

“Israel existirá e continuará existindo até que o Islã o faça desaparecer, como fez desaparecer a todos aqueles que existiram anteriormente a ele.”

É só isso? O Hamas aceita a presença de judeus por ali? De novo, apelo a sua carta:
“Assim, com todo o nosso apreço pela Organização para a Libertação da Palestina, e o que ela posa vir a se tornar, e sem desprezar o seu papel no conflito árabe-israelense, não podemos eliminar a identidade islâmica da Palestina, que é parte da nossa fé, e quem negligencia essa fé está perdido. “Quem rejeita a religião de Abrahão é alguém que ficou um tolo”. (Alcorão 2-130).

O Hamas seria só um movimento nacionalista, localista, descolado do terrorismo islâmico? O Hamas responde com seu estatuto:
“Exigimos que os países árabes em torno de Israel abram as suas fronteiras aos árabes e muçulmanos combatentes da Jihad, a fim de cumprirem sua parte, juntando suas forças às forças dos seus irmãos – a Fraternidade Muçulmana na Palestina. Dos demais países árabes e muçulmanos, exigimos que, no mínimo, facilitem a passagem através de seus territórios dos combatentes da Jihad.”

Há ao menos chance de esse discurso de Obama sensibilizar as lideranças políticas de Israel? Não! Zero! Nenhuma! E eu diria que não se trata apenas dos radicais da direita e outras figuras satanizadas mundo afora. Qualquer israelense sabe que igualar o terrorismo e a pregação da destruição de Israel à expansão de assentamentos é contribuir com aqueles que querem… o fim de Israel. Se Obama não quer, tem de mudar o discurso.

Ademais, essa fala que põe um peso em cada balança fornece aos radicais a certeza de que, enfim, estão ganhando a guerra de propaganda.

Há uma questão lógica inegável: o que levou Obama fazer esse discurso não foi a disposição dos árabes para negociar, mas o terrorismo. Não por acaso, se vocês fizerem uma pesquisa nos jornais mundo afora, os radicais criticaram a fala do presidente dos EUA. Ora, são espertos: no dia em que não estiverem mais no lugar das vítimas, acusando o Ocidente, terão perdido poder. É preciso atacar os Baracks Obamas da vida para que possam ser mimados por eles.

Sim, foi um discurso, a seu modo, histórico.

PSDB, lei contra o racismo, PEC contra a venda da Petrobras e erros

Reinaldo Azevedo


Pois é… Muita coisa pra escrever e, infelizmente (para alguns, felizmente), sou um só. O governador José Serra encaminhou um projeto à Assembléia que pune com multa de até R$ 140 mil atos de discriminação racial. Seria o primeiro estado a ter uma lei assim. Racismo, sem dúvida, é puro lixo moral. E isso não quer dizer que todas as formas de combatê-lo são válidas. Esta, por exemplo, é, para dizer pouco, polêmica. De fato, é desnecessária e, entendo, serve para açular uma particular forma de racismo que começa a surgir no Brasil. E essa manifestação ainda incipiente foi importada por minorias militantes radicalizadas.
Já temos lei federal que pune o racismo. É desnecessário sobrepor uma lei estadual, como a dizer: “Racismo é crime federal, mas, aqui, também é crime estadual; somos mais severos do que os outros”. Faria sentido se, de algum modo, São Paulo se mostrasse mais racista do que outras unidades da federação. Não há como evidenciar, cientificamente, se é mais ou se é menos. Dada a história de formação do Estado e, em particular, da capital, duvido. Ao contrário: a miscigenação é a regra; a integração entre comunidades vindas dos mais diversos recantos do país e do mundo é evidente. Então por que o particularismo?
Tendo a achar que há aí, independentemente de haver ou não o legítimo desejo de punir o racismo, certo esforço para, como se diz, “correr atrás” da agenda militante. Tucanos têm essa tendência; às vezes, parecem invejar a agenda do PT e pretendem emular com ela, sem se dar conta de que isso é impossível porque os donos dessa agenda, de fato, são os movimentos sociais — que são forças militantes do petismo. Não que eu considere que Serra seja ingênuo a ponto de considerar que possa ganhar essa fatia, mas parece haver certa preocupação de desmentir, com fatos concretos, as esferas de opinião plasmadas pelos adversários. Definitivamente, parece-me uma escolha errada porque, nesse particular, inútil.
E é também contraproducente no que respeita ao mérito em si. Uma lei como essa tende a estimular a indústria da denúncia — abre-se uma vereda para que divergências e vinganças pessoais sejam revestidos pelo manto fácil e escandaloso do racismo. No extremo do efeito negativo, muita gente preferirá não correr riscos e conviver apenas com pessoas “iguais” a si mesmas. E notem que escrevo a palavra entre aspas para chamar a atenção — já que não existe uma grafia para destacar o absurdo — para o reacionarismo da coisa.
Leitores poderiam perguntar com razão: “Reinaldo, o PSDB e suas lideranças não deveriam estar, por exemplo, tentando melhorar os absurdos do Estatuto da Igualdade Racial?” É, deveriam, sim. E por que não o fazem? Porque haveria, com efeito, uma boa chance de os adversários saírem gritando: “Racistas!” — e os tucanos não saberem como sair da arapuca.
Querem um exemplo similar? Os tucanos serão os autores de uma PEC que pretende pôr na Constituição a proibição de venda da Petrobras. É um absurdo, claro. Não que a Petrobras vá ser vendida por alguém algum dia. Jamais! O absurdo está no fato de que isso, é óbvio, não é matéria constitucional. Imaginem se a moda pega… Mas então para quê e por quê? Porque o PT deu início à campanha suja de que a CPI da Petrobras é um ensaio para a privatização caso o PSDB vença as eleições. Mentira? Claro que é. Assim, com a PEC, o PSDB está sendo esperto?
Eu diria que é uma esperteza que só se revela por causa de um vácuo. Até hoje, os tucanos não conseguiram demonstrar os benefícios óbvios da privatização. Agora, ousaria dizer que nem dá mais tempo. Tudo quanto é idiota fica falando mal da venda da Telebras com um celular de última geração na orelha ou no bolso. Essa guerra de valores nunca foi feita. E ela continua a não ser feita até agora, com temas novos. Sempre refém da agenda do adversário. Vejam o caso das cotas raciais: há um bom número de pessoas contrárias a esse absurdo; há formadores de opinião e grupos sociais — negros, inclusive — que a elas se opõem. Mas ficam falando sozinhos. Receio, receio, sempre receio… Receio dos donos da agenda. Sim, é um quadro, às vezes, um tanto melancólico.
Volto à questão da lei estadual contra o racismo. Da forma como está, é claro que vai ser aprovada. Os efeitos, entendo, só serão negativos. E os militantes, vindos dos movimentos sociais que formam “O Partido”, continuarão com… “O Partido”. E os que não d’O Partido ficam praticamente sem representação.

Platitudes e asnices

Diogo Mainardi

Giotto era do Hamas?
Barack Obama, em sua viagem ao Egito, tentou reconciliar o mundo maometano com os Estados Unidos. Em vez de bombardear os terroristas com um Predator, ele os bombardeou com platitudes: "O ciclo de suspeita e desentendimento tem de acabar... Estou aqui em busca de um recomeço... Baseado no interesse mútuo e no respeito mútuo... Em princípios comuns – princípios de justiça e de progresso, de tolerância e de dignidade para todos os seres humanos". Dá até para imaginar um carrasco pashtun, subitamente iluminado pelo discurso de Barack Obama, largando suas pedras, um instante antes de apedrejar uma adúltera.
E onde entra Giotto nisso tudo?
Barack Obama, a certa altura de seu pronunciamento, disse: "Como estudante de história, eu aprendi que foi o islamismo – em lugares como a Universidade Al-Azhar – que conduziu o lume da sabedoria por séculos e séculos, pavimentando o caminho na Europa para o Renascimento e o Iluminismo". Ele só pode ter aprendido isso com Edward Said, em seus tempos de estudante na Universidade Colúmbia. Os árabes, na Idade Média, tinham grandes conhecimentos de álgebra e de caligrafia, como citou o próprio Barack Obama, num trechinho tirado diretamente da Wikipédia. Mas o principal papel do islamismo para o estabelecimento do Renascimento e do Iluminismo – está igualmente na Wikipédia – foi o massacre de milhares de cristãos em Constantinopla, que obrigou os helenistas bizantinos a se refugiarem na Europa, com seus clássicos gregos e latinos. O Oriente revitalizou o Ocidente perseguindo-o, aterrorizando-o, assassinando-o.
Barack Obama realmente acredita em sua capacidade de seduzir e desarmar os fanáticos religiosos e os tiranos genocidas que prometem destruir Estados Unidos e Israel. Apesar dos aplausos entusiasmados de editorialistas do mundo inteiro, seu discurso é de uma asnice assustadora: ele apela retoricamente para um passado remoto do islamismo, um passado mítico, que só se encontra nas salas de aula da Universidade Colúmbia. Foi o que ele fez quando se referiu à Universidade Al-Azhar, aquela que teria conduzido "o lume da sabedoria por séculos e séculos". A Universidade Al-Azhar tem uma história antiga e gloriosa. Mas a realidade é que, nos últimos 100 anos, ali se formaram o fundador do grupo terrorista Mão Negra, o fundador do grupo terrorista Irmandade Muçulmana e o fundador do grupo terrorista Hamas. Barack Obama procurou instaurar um diálogo com o islamismo que produziu o Renascimento – que produziu Giotto. Como se Giotto, depois de pintar afrescos numa capela, fosse fabricar um foguete Qassam. É melhor Barack Obama clicar o nome de Giotto na Wikipédia.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Do Blog Ultimo Segundo

Sinopse de imprensa: Senadores usam gráfica da Casa para publicar seus livros

04/04/2009 - 06:41 - Redação

Criada para viabilizar publicações "relativas às atividades parlamentares desenvolvidas no âmbito dos plenários e das comissões, tais como separatas de projetos de lei, leis, discursos, requerimentos e síntese de atividade parlamentar", a “gráfica do Senado” é utilizada por senadores para autopromoção e publicação de livros. As informações são do jornal “Folha de S. Paulo”.

A Secretaria Especial de Editoração e Publicações, que tem gasto anual de R$ 30 milhões, é utilizada por Senadores para imprimir seus livros, por exemplo.

Cada senador recebe por ano uma cota de R$ 8.500 para usar os serviços da gráfica. Mas, na prática, os congressistas conseguem serviços que custariam muito mais no setor privado. Em média, eles pedem tiragem inicial de 5.000 exemplares. Numa editora comercial, livros inéditos costumam sair com 2.000 exemplares, exceto se forem candidatos a best-seller.

ACM Júnior (DEM-BA) usou a gráfica para publicar o livro "ACM: Uma História de Amor à Bahia e ao Brasil", 414 páginas em homenagem a seu pai, o senador Antonio Carlos Magalhães, morto em 2007. Numa gráfica privada, 10 mil exemplares da obra, em papel couchet, brilhante, sairia por R$ 26.700, segundo pesquisa feita pela Folha no mercado.

Dez mil exemplares de "Palavra de Mulher", da ex-senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), em outra gráfica custariam cerca de R$ 40 mil, quase cinco vezes a cota. No livro, com 56 fotos e uma charge de Heloísa, para 23 páginas de texto, ela condena a vaidade. "Devemos todos os dias, ao sair de casa, esmagar a vaidade e cuspir no poder."
"O Brasil Fala: Correspondências dos Brasileiros para o Senador Mário Couto" é um compilado de e-mails elogiosos ao congressista do PMDB. Na introdução, a justificativa para a publicação: "Uma história de vida que precisa ser contada".

Restrições desrespeitadas

A cota de impressão também pode ser usada para rodar legislações, como a Constituição. Nesse caso, não é permitido pôr foto ou nome do senador. Mas há quem deixe sua marca. Wellington Salgado (PMDB-MG) carimba seu nome na primeira página antes de distribuir o material a escolas.

Gim Argello (PTB-DF) mandou rodar um jornal com foto sua na capa acompanhada de referências como "carismático, com prestígio e determinado".

A gráfica também é usada para prestar favores. Em 2008, Garibaldi Alves (PMDB-RN) autorizou a impressão de 5.000 exemplares de "Sant'Ana: uma Bela Festa, uma Longa História", de autoria de Joabel Souza, a pedido do então prefeito de Currais (RN) José Lins.

O Senado também publica livros de servidores, sem cobrar. O ex-diretor-geral Agaciel Maia, que deixou o cargo neste ano após a revelação de que não havia declarado uma mansão de R$ 5 milhões, publicou oito livros, um deles sobre senadores do Rio Grande do Norte, sua terra natal.

Autopromoção

Paulo Paim, aproveitou os serviços para publicar um diário de sua passagem pela presidência da Comissão de Direitos Humanos, que incluiu um relato sobre seu aniversário de dois anos atrás e considerações sobre o sentido da vida. "No café da manhã me lembrei de Nelson Mandela", registra em 9 de fevereiro de 2007, quando também é anotada uma ideia sua: "Vamos criar uma galeria de fotos dos ex-presidentes [da comissão]". Hoje, sua foto também está no local.

Delcídio Amaral (PT-MS) prefere estudar seu próprio desempenho à frente das câmeras de televisão. "De repente, como numa explosão, ele se abria, revelava sua alma, a ponto de entrevistado e entrevistador ficarem, os dois, com os olhos marejados", descreve o texto.

CGU: de 123 obras do PAC, 84 não saíram do papel

Do Blog do Noblat
15.5.2009
| 3h02m

Auditores da controladoria encontram também superfaturamento e licitações irregulares entre as analisadas

Fraudes, superfaturamentos e licitações irregulares em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foram comprovados pela Controladoria Geral da União (CGU), órgão do governo federal. Das 123 obras do PAC escolhidas por sorteio para a auditoria, 84 ainda não tinham saído do papel (68% do total). E, entre as que já estão sendo executadas, foram descobertas graves irregularidades. Em Santarém (PA), por exemplo, há um superfaturamento de R$ 7,3 milhões nas obras de abastecimento de água, esgoto, pavimentação, drenagem e instalação elétrica.

Na cidade baiana de Araci, os auditores acharam indícios de que a licitação, realizada em 2008, foi fraudada: a participação de três empresas num pregão foi simulada, e não houve disputa. A empresa vencedora levou o contrato de R$ 1,13 milhão para a construção de 88 casas populares.

A gestão do município era do prefeito José Eliotério da Silva (PDT), que responde a processos por improbidade administrativa e desvio de recursos federais. Ele foi afastado mais de uma vez do cargo por decisões da Justiça Federal, acusado de desvio de R$ 2,7 milhões e contratação irregular de 900 funcionários, entre 1997-2000.

Em Ubatuba (SP), o projeto de ampliação do abastecimento de água planejava atender locais inabitados, ruas inexistentes ou casas já atendidas pela rede de água. A prefeitura reconheceu o "equívoco" e informou à CGU que faria novo levantamento.

Em Paracambi (RJ), o problema foi a paralisação da obra sem justificativa. Os R$ 7 milhões para a construção de uma estação de tratamento de esgoto já estavam integralmente liberados, mas a obra e os equipamentos de construção estavam abandonados há sete meses.

domingo, 10 de maio de 2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Senador sugere plesbiscito para defender fechamento do Congresso

Do Blog do Reinaldo Azevedo, segue o comentário dele no post seguinte

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Por Eduardo Bresciani, do G1. Comento no post seguinte:
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) sugeriu no plenário da Casa nesta segunda-feira (6) a realização de um plebiscito para que a população decida sobre o fechamento do Congresso Nacional. A ideia do senador decorre das críticas que o Congresso vem recebendo.
“A reação é tão grande hoje contra o parlamento que talvez fosse a hora de fazer um plebiscito para saber se o povo quer ou não que o parlamento continue aberto”, afirmou o senador.
Cristovam disse que não pretende apresentar nenhuma proposta formal neste sentido, mas afirmou que se a população votasse pelo fechamento a medida não poderia ser entendida como golpe. Ele afirma que, caso o plebiscito viesse a ocorrer, faria campanha para que o parlamento continue aberto.
O senador chegou a dizer que o Congresso está hoje “quase irrelevante” e que precisa de mudanças. “Deixo o povo comentar quem é a favor ou contra um plebiscito sobre se fechar ou não o Congresso. As razões para fechar não são apenas as dos escândalos. São também as razões da inoperância, do fato de que nós estamos hoje em uma situação de total disfunção diante do poder. De um lado tem as medidas provisórias do Executivo e, de outro, as medidas judiciais do Judiciário. Nós somos quase que irrelevantes.”
Cristovam defendeu a idéia de uma “limpeza”. “Nós temos de entender que, se o povo quer que ele [o parlamento] fique aberto, quer que ele fique limpo também. E hoje o que nós passamos não é a ideia de limpeza, o que nós passamos é a ideia de mordomias, de pouco trabalho, do divórcio entre nós e as necessidades do povo.”

Cristovam, pegue o boné e vá pra casa

Um "texto de formação" para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que, coitado!, ainda não entendeu o regime democrático. E, se não entendeu até agora, esqueçam. Não dá mais tempo.
Suponho que esteja tentando ser, a um só tempo, irônico com as críticas generalizadas ao Congresso e também crítico aos desmandos do Legislativo. Nos termos em que se expressa, no entanto, consegue se mostrar, no máximo, tolo. Seu discurso, aliás, é uma evidência da assustadora mediocridade do Parlamento. Mas nem assim se justificaria o seu fechamento. Uma democracia é obrigada a conviver até com a bobagem.
A ironia e argumentação ab absurdo são recursos retóricos válidos num discurso ou numa porfia. O diabo é que essas coisas se desfazem quando o senador afirma que, se o povo votasse pelo fechamento do Parlamento, “isso não seria golpe”.
Errou, senador!Errou feio!Seria golpe, sim. O senhor tire o bloquinho do bolso e anote aí o que Tio Rei vai dizer — Tio Rei não se importa de aprender com os moços ou de ensinar aos velhos: nem o povo tem legitimidade para fraudar a essência da democracia. Pense, senador, por exemplo, nas cláusulas pétreas da Constituição. Não podem ser mudadas, como o senhor deve saber, por emenda constitucional ou por qualquer outro instrumento. Só uma Constituinte poderia alterá-la. E uma Constituinte requer rompimento da ordem.
Ademais, caro senhor: se fosse dado ao povo votar em tal plebiscito, quem lhe teria facultado tal possibilidade senão um golpista?
Não, não, senador! O Parlamento tem de continuar aberto, operando com todas as suas prerrogativas. E tem de ser decente. Ainda que o senhor, pelo visto, não considere isso possível. Sendo assim, em vez de dizer tolices, tem de pegar o boné e ir pra casa.
Nem o povo tem o direito de, usando os instrumentos da democracia, solapar a democracia. É por isso, senador, que um linchamento, segundo os valores que aprendemos a cultivar, será sempre uma barbárie, independentemente dos motivos, das motivações e do crime cometido por aquele que se quer esfolar. Porque a civilização democrática aprendeu que os julgamentos devem ser feitos em tribunais, garantindo-se o direito de defesa. Ainda que o povo queira o direito de linchar, nós não lho daremos. O senhor me entende? Quer que eu desenhe?
“Nós, quem?”, o senhor poderia perguntar. Respondo sem susto — e quem sabe o senhor fique um tanto arrepiado: “nós, as “elites”, os que formos distinguidos, por um conjunto de razões, para zelar por valores que a todos protegem, embora nem todos possam estar dispostos a protegê-los.
O seu destempero retórico pode nascer do desencanto — tenho até certa simpatia pelos desencantados e pelos pessimistas —, mas se deixa tocar pelo populismo mais rasteiro quando supõe que a única fonte de legitimidade da democracia é a maioria. O senhor está errado. Não existe democracia sem a proteção às minorias. Aliás, senador, nem é preciso regime democrático para fazer o que a maioria quer, como o fascismo deixou claro.
Na democracia, senador, a gente tem de ser tão diligente, mas tão diligente, que, se for preciso, a gente ajuda o povo a se proteger de si mesmo...
E de alguns senadores, é claro!

sexta-feira, 20 de março de 2009

Protógenes acusa Lula!

Do Blog Protógenes contra a corrupção em 27/2/2009

(http://protogenescontraacorrupcao.ning.com/profiles/blogs/carta-ao-presidente-obama)

Santo Deus!!! É impressionante o que este delegado da policia federal, com a "operação solta e agarra", está fazendo! Agora, ele acusa o presidente brasileiro de corrupto e o denuncia a um presidente estrangeiro!!! Leia:

Estimado Presidente Barack Obama –

Como é amplamente reconhecido, a sua eleição ao cargo supremo dos EUA reafirma e fortalece a luta pela democracia e pela justiça travada por cidadãos honrados em nações do mundo inteiro. Acreditamos que existe, de fato, "uma luta em andamento que vai além do oceano" dizendo respeito ao bem-estar de toda a coletividade humana. É nesse espírito que estamos enviando essa comunicação à sua atenção.

O Brasil vive momentos de fragilidade, pois evidências de esquemas de corrupção que ameaçam a soberania de nosso país estão presentemente sendo avaliadas nos EUA. Precisamos, portanto, do seu apoio. Sabemos, afinal, que o crime organizado internacional não tem qualquer comprometimento com o valor público das nações do planeta, mas apenas com a sua dizimação, fato que perpetua o flagelo e o sofrimento de centenas de milhões de seres humanos em todos os países.

A luta brasileira contra a corrupção tem se tornado mais intensificada nesses últimos meses conforme a operação Satiagraha da Polícia Federal tem evidenciado ao povo brasileiro o envolvimento dos três poderes da república em esquemas de corrupção. Isso se tornou público a partir da apreensão e condenação do banqueiro-bandido Daniel Dantas, o agente financeiro de inúmeras fraudes e atos criminosos realizados nos últimos 15 anos em conjunto com os mais altos representantes públicos dos poderes executivo, legislativo e judiciário do Brasil.

Como resultado desse quadro lamentável, os poderes da república brasileira têm agido de forma patentemente arbitrária e antidemocrática, visando obstruir os processos da lei e da ordem, dessa forma traindo os interesses 190 milhões de cidadãos brasileiros ao favorecer bandidos já condenados pelas leis do país.

O fato é que os 2 bilhões de dólares já bloqueados com a ajuda de governos estrangeiros – do total de U$ 16 bilhões desviados pelo banqueiro-bandido Daniel Dantas – mostram a veracidade dos crimes e provam que a luta vai, sim, além dos oceanos. Mesmo assim e apesar de ter sido condenado a dez anos de prisão bem como ao pagamento de multa de R$ 12 milhões por tentar subornar um delegado da Policia Federal, o banqueiro-bandido condenado responde a sentença em liberdade após receber dois Hábeas Corpus sucessivos contrariando todo o histórico de julgamentos e súmulas da Suprema Corte brasileira.

Infelizmente, não é apenas o judiciário que está no payroll do banqueiro-bandido Daniel Dantas. O próprio presidente da república, o Lula, acaba de colocar los amigos para assumir controle do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) com um decreto no dia 19 de fevereiro de 2009, visando obstruir processos relativos à soberania da nação – aliás, uma jogada não muito distante do Patriot Act do presidente G.W. Bush que custou aos EUA um atraso que o senhor pode mensurar melhor do que ninguém. No caso em questão, 11 entidades autônomas, incluindo as forças armadas brasileiras, formavam um conselho consultivo que coordenava a Sisbin. Esse conselho foi agora substituído por um comitê de seis indivíduos amigos de Lula, todos com um passado ético extremamente questionável.

Como é de conhecimento público, as informações da investigação Satiagraha contendo provas irrefutáveis dos crimes mencionados acima se encontram em 12 discos rígidos, encontrados dentro de uma parede oca na residência do banqueiro-bandido Daniel Dantas, os quais estão presentemente nas mãos da CIA nos EUA para serem analisados e revelados os esquemas de corrupção no Brasil com reflexos no seu país. Não é difícil imaginar as razões que levaram essas evidências para longe do Brasil ao considerarmos a seriedade dos crimes cometidos e o poder dos criminosos envolvidos, cuja lista abrange expoentes do sistema financeiro internacional, alguns já bem conhecidos do público estadunidense.

Assim como o senhor, o senador Russ Feingold e milhões de homens e mulheres honrados em seu país, a grande maioria dos brasileiros acredita que a lei deve valer para todos equitativamente, caso contrário a democracia se torna uma mentira e colocamos em risco o futuro da liberdade e da cidadania no mundo. Temos que lutar juntos pela transparência e pela justiça dia e noite para que as forças corruptas não se imponham sobre as forças do bem e por isso acreditamos vigorosamente que não pode haver protelações quanto à justiça clamada pelo povo brasileiro em face da crise moral que assola o Brasil.

Finalmente, lutamos pela justiça HOJE. Como escreveu Martin Luther King Jr., "Justiça atrasada é justiça negada". Então, contamos com a sua vigilância e o seu apoio para que os processos de avaliação e divulgação dos dados contidos nos 12 discos rígidos em poder da CIA não sejam obstruídos. Queremos apenas a verdade, pois sabemos que basta a verdade para que a soberania do nosso povo seja garantida.

Deus abençoe o senhor, sua família, o povo americano e todas as suas iniciativas visando o aprimoramento social da humanidade.

Atenciosamente,

Protógenes Queiroz
www.protogenescontraacorrupcao.ning.com

quarta-feira, 18 de março de 2009

Por um punhado de moedas

Do Blog do Noblat de 18/3/2009

Opinião do leitor

Alô, alô, Tião!

Do leitor que se assina Zé Mané:

"O limpinho senador Tião Viana se lambrecou todo por causa de um celular? Uma merreca de um celular?

Assim não pode, assim não dá. Esculhambaram a corrupção. Desmoralizaram a bandalha. Apequenaram a instituição. Um celular, senador?

Façavor, essa corrupção tá ficando muito muquirana. Tira das manchetes, põe em nota de rodapé pra gente não passar vergonha por causa de coisa tão mixuruca.

O que as máfias de respeito do mundo, as melhores organizações criminosas do planeta vão pensar de nós?

Fazendo um ganhozinho num reles celular? Vão rebaixar a nossa classificação, vão nos tirar da elite mundial da pilantragem emergente. Vão nos expulsar do grupo dos BRICs - Bandalha Recorrente Indica Competência.

Ô mico, e logo agora que a marolinha está passando, a gente cai pra segunda divisão do campeonato mundial de trambique?

Sabia que um petista ainda haveria de me decepcionar, de reduzir ao nível de um celular a atividade parlamentar.

Ô tristeza!

domingo, 15 de março de 2009

NÓS QUE SOMOS TRAÇO

Escrito por Percival Puggina
Ter, 10 de Março de 2009 00:00

Sim, o presidente Lula tem uma série de dons. Sua comunicação com quem escolhe presidente por semelhança consigo mesmo o converte num candidato sempre forte. Convence bêbado que água mineral é champanha. E convence abstêmio que champanha é água mineral. Ao longo de seis anos conseguiu não apenas transformar em mérito próprio tudo aquilo que seu antecessor lhe deixou servido numa bandeja como ainda inverteu a situação e lhe devolve a continuidade em forma de ônus. Coisa de deixar o mágico David Copperfield embasbacado.
Quando o governo se encontrou encalhado no mensalão e no Caixa 2, Lula se declarou traído e descobriu ali, entre os odores da crise, a fórmula perfeita para o sucesso: fatura tudo que é bom e joga as encrencas no colo dos demais. E faz isso como política de governo, coisa oficial, que só não virou Medida Provisória porque ele achou preferível adotar como conduta definitiva. Quanto mais tal velhacaria repugna as consciências bem formadas, mais se afirma o fato de que estas são traço nas pesquisas CNT/Sensus.Só estou me dando ao trabalho de lembrar que as coisas são assim porque até as consciências bem formadas acabam se acostumando e não mais percebendo as constantes manifestações desse procedimento. Agora mesmo, no cenário da borrasca econômica, tudo se repete. E se repete com agravante: a culpa está saindo da esfera política, deixando Brasília de ontem e de hoje, onde estão os culpados de cada vez, e está sendo jogada para cima de certa parcela da sociedade. A artimanha, desta feita, assume claro intuito ideológico.
O leitor certamente sabe que durante os últimos três anos, com o crescimento das atividades econômicas, o número de empregos formais aumentou num ritmo muito positivo em nosso país. Milhões de novos postos de trabalho foram criados. Números realmente impressionantes. O agronegócio (não o negócio do MST) ia bem, as exportações cresciam, o mercado interno se expandia, o PIB aumentava, a indústria rodava em três turnos e as empresas ampliavam seus quadros.
Quem faturou com isso? O Lula. Não eram as empresas, não era cada empresa, cada empreendedor, que estava decidindo ampliar suas atividades e recrutando mais recursos humanos. Não, não. Quem criava empregos era ele, o Lula. Os méritos não cabiam à criatividade empresarial, aos que organizam os fatores de produção, mas à pessoa física do presidente. Pode? Pode, sim. Tanto pode que foi exatamente disso que as pessoas se convenceram. A fé em Lula ficou quase igual à fé em Jesus Cristo. Duvidam? Olhem as pesquisas. Quanto mais as empresas criavam empregos mais aumentava a popularidade de Lula, esse empregador. Agora, com a crise se instalando em proporções alarmantes, as empresas reduzem suas atividades e, consequentemente, seus quadros de pessoal. E a culpa é de quem? Do Lula? Absolutamente não. Ele já deixou claro que a culpa é do maldito empresariado nacional, incompetente para produzir sem mercado e incapaz de pagar a folha de pessoal sem faturamento. Com esse tipo de estrupício dirigindo negócios um país não pode ir para frente, não é mesmo?
Você e eu, nós aqui, traço no CNT/Sensus, ainda nos atrevemos a balbuciar que não é bem assim. No entanto, no grosso da tropa, se instala a idéia de que seria muito melhor transformar o país numa grande empresa entregue a Lula, esse homem sem pecado, de méritos infinitos.

Fonte: http://www.puggina.org/

“MORTE AO BISPO!”

Escrito por Percival Puggina
Ter, 10 de Março de 2009 00:00

No Brasil e em diversos lugares onde ainda persistem restrições ao aborto, o Dia Internacional da Mulher foi assinalado por passeatas e manifestações favoráveis à sua legalização. Esse polêmico tema, sem dúvida, é o que mais claramente define sobre quais bases morais uma sociedade deseja situar-se.
Sou contra o aborto porque, com robusta base científica e filosófica, sei que a vida do embrião e do feto é vida humana distinta da vida da mãe e que nenhum direito pode prevalecer contra o direito à vida de um ser humano inocente. Ponto. Embora católico e conhecedor da doutrina da Igreja sobre o assunto, tenho-a como totalmente dispensável para fundar minha convicção como cidadão. Aliás, a orientação da Igreja sobre o tema mudou acompanhando a Ciência. Foi ela, a Ciência, foram os médicos, foram os embriologistas que informaram ser humana a vida do embrião e do feto.
A posição da lei brasileira é clara e boa: a) o aborto é crime; b) esse crime só não implica penalização em caso de gravidez decorrente de estupro ou que ponha em risco a vida da mãe. Não preciso mencionar aqui os atropelos administrativos e legais praticados no Brasil com portarias que violentaram o crime de estupro com o objetivo de favorecer o aborto, fazendo com que, para sua realização, seja suficiente a declaração da vítima. É como emitir-se norma dispensando a perícia para o pagamento de indenização a vítimas de incêndio com danos materiais. Falou, está falado.
Os defensores do aborto tentam fazer chover para cima. Usam sofismas berrantes e sustentam, com o ar mais sério do mundo, tolices que constrangeriam um ruminante. Assim, por exemplo, uma desembargadora gaúcha aposentada declarou outro dia, num debate de tevê, que “se a lei não penaliza o aborto em certas condições, então ela o autoriza”. Até o parafuso que sustenta o quadro instalado na minha parede, ao lado do aparelho de TV, balançou a cabeça em reprovação. Se não penalizar for o mesmo que autorizar, então, doutora, a lei brasileira autoriza o crime de menor! Ora bolas! O que a lei brasileira faz, mesmo reconhecendo a natureza sempre criminosa do ato, é levar em conta, nesses dois casos, que suas condicionantes são tão graves que a condenação criminal seria uma violência inaceitável.
O caso da menina pernambucana potencializa todas essas condições: a vítima do estupro tem nove aninhos, o estuprador era seu padrasto e a gravidez, para agravar ainda mais o quadro, era de gêmeos. Temos aí um criminoso que deveria passar o resto da vida atrás das grades, para nunca mais chegar perto de uma criança e uma mãe corresponsável pela inominável violência praticada contra sua filha, porque, ou ela sabia o que estava acontecendo ou tinha a obrigação de saber o que estava acontecendo. Mas quem vem sendo execrado perante a opinião pública? O bispo, que simplesmente enunciou um princípio, tornando clara uma pena espiritual que os próprios envolvidos se autoaplicaram e à qual não parecem atribuir maior importância.
“Morte ao bispo!” clama, quase uníssona, a mídia internacional. Um tarado, uma mãe com muito a explicar a respeito do que acontecia sob seu teto, mas o monstro da história é ... o bispo.
Atravessamos o border line da esquizofrenia social. Vivemos numa sociedade que jogou os valores morais no lixão de suas próprias desordens e libertinagem. Ela não mais aceita que alguém insinue que existe o certo e o errado, o bem e o mal, a verdade e a mentira. O certo, o bem e a verdade são impronunciáveis porque implicam coisas tão infames quanto exame de consciência, juízo moral, sentimento de culpa, arrependimento, perdão e reparação. Estamos construindo um mundo sem essas coisas e aparece um bispo para estuprar nossa insensibilidade! Moral é coisa que só se cobra de políticos, não é mesmo?
Fonte: http://www.puggina.org/

A atualidade do marxismo

Escrito por Alceu Garcia
Qui, 23 de Outubro de 2008 14:37
Um amigo censurou-me por escrever demais sobre marxismo, que para ele não passa de uma síntese de idéias bolorentas e ultrapassadas, cujo resíduo de influência nos assuntos atuais é desprezível. Discordando desse juízo, fiquei tentado, modestamente e salvo melhor juízo, a pôr no papel minhas impressões sobre essa corrente política para só então contraditar o argumento. Preliminarmente, é preciso definir marxismo. Segundo Marx e seus seguidores, o marxismo é filosofia, ciência e receita para a ação política. Para seus críticos, porém, não é uma coisa nem outra; é crença pseudo-religiosa e ideologia. Vejamos. Não se pode negar que o marxismo seja uma filosofia, visto que formula uma concepção estruturada, abrangente e coerente do real. A crítica tem razão, contudo, quando o qualifica como uma má filosofia ou mesmo antifilosofia. Proscrevendo a especulação metafísica, como Kant, Marx cria uma pseudometafísica da imanência, como Hegel, com o agravante de vetar a mera contemplação e reflexão – missão cumprida e definitivamente esgotada pelo próprio Marx – e exigir do adepto apenas a ação, a "práxis", a transformação de uma realidade já devidamente mapeada para sempre. É sintomático que nenhum dos sucessores intelectuais de Marx tenha ido além dele. Enquanto uns (Lenin, Trotsky, Stalin, Gramsci) cingiam sua obra à questão da implementação prática do comunismo, admitindo sem questionar os postulados substanciais marxistas, outros (Lukács, Benjamim, Marcuse, Habermas) renunciavam de vez ao impossível rigor importado da economia e "re-hegelizavam" Marx, protegendo-o da análise crítica com o manto místico, nebuloso e vago da "crítica cultural", o que implica numa confissão de impotência teórica e manifesto retrocesso em relação ao mestre.
Marx se orgulhava de ter revelado as leis do movimento histórico, como Newton o fizera em relação ao movimento dos corpos e Darwin descobrira as leis da evolução biológica. O marxismo seria ciência porque desenvolveu um método infalível, o materialismo dialético ("diamat"), capaz de fornecer a chave para a compreensão do passado histórico e para prever o seu futuro, que necessariamente se encaminharia para a emancipação final da humanidade por intermédio da ascensão do proletariado e a consequente superação da divisão e da luta de classes, bem como a libertação permanente do homem. Nesse ponto as pretensões dos marxistas se esboroaram completamente. A análise histórica marxista é decepcionantemente pobre e as previsões feitas com base em seus princípios e método erraram por muito. A base na economia política, fundamental para o marxismo como ciência, foi solapada irreparavelmente quando a teoria do valor trabalho foi refutada e ultrapassada pela descoberta da lei da utilidade marginal por Gossen, Jevons e outros, antes mesmo da publicação do primeiro volume de O Capital. Posteriormente, a crítica de Bohm-Bawerk, Pareto, Mises e Hayek desarranjou impiedosamente a economia marxista. A sociologia marxista fundada na oposição entre classes sociais comete o pecado científico de confundir conceitos diferentes, casta e classe, tomando o primeiro pelo segundo, sem jamais definir com rigor o que entende por "classe". A aspiração de ser a ciência definitiva da História sucumbiu ante os golpes críticos de Popper, por exemplo, que apontou a impossibilidade lógica de se fazer previsões históricas incondicionais inferidas de predições condicionais exaradas por sujeitos vinculados ao seu próprio tempo histórico, já que a história não é um experimento que possa ser controlado para que hipóteses possam ser enunciadas e testadas empiricamente.
A analogia do marxismo com um ersatz de religião faz sentido. Contudo, como numa farsa, ele reteve apenas os piores aspectos do fenômeno religioso. Como um profeta, Marx oferece ao iniciado um feixe de revelações inquestionáveis. Questioná-las significa negá-las, e negá-las significa pôr-se no campo demoníaco dos "reacionários". A despeito de ser um burguês puro-sangue, Marx, como um ser sobre-humano, pôde contrariar o seu próprio dogma de que a posição social do indivíduo determina a sua mentalidade e, colocando-se transcendentalmente fora e acima da sua própria condição social, divisar o motor da história, seu sentido redentor e sua finalidade libertadora. Aceita a Doutrina, não há mais dúvidas, reflexões nem indagações críticas. O crente é instado a agir rigorosamente conforme os mandamentos, obedecendo a uma hierarquia rigidamente estruturada. Como o islamismo após Maomé, o marxismo encontrou ardorosos apóstolos militantes capazes de espalhar a nova fé pelo mundo inteiro, chegando rapidamente a dominar metade do globo terrestre. O Partido construído por Lênin rivalizou com a Igreja em dimensão, influência e organização. A última palavra sobre questões fundamentais de doutrina ficavam a cargo do chefe do Partido. Discussões obscuras e complexas sobre a interpretação dos "textos sagrados" se desenrolavam infindavelmente. Cismas ruidosos engendravam acusações mútuas de heresia e perseguições impiedosas e brutais. Grupos descontentes constituíam "igrejas" rivais, cada qual reivindicando legitimidade exclusiva para falar em nome dos fundadores e da Doutrina Sagrada. No entanto, a fé invariavelmente se dissipava tão logo o paraíso prometido, ou pelo menos sinais tênues que fossem de seu advento, era contrastado com a triste realidade comunista. Incapaz de criar um sistema moral aceitável e uma ordem social duradoura, o marxismo "real" desabou com enorme rapidez. Mais impressionante do que a ruína econômica que deixou é o vazio moral e espiritual legado pelo comunismo. Para os povos que sofreram o seu jugo direto e absoluto, os anos marxistas não deixaram traços, salvo a apatia, o marasmo, o cinismo. Estranha filosofia da história o marxismo, que, tal qual um buraco negro absorvendo a luz, roubou e esterilizou as energias históricas de povos inteiros, exaurindo-o de tal modo que mesmo a recuperação da vitalidade e do movimento pré-comunista é uma tarefa difícil e lenta.
Da análise efetuada até aqui deduz-se o caráter ideológico do marxismo, sendo que "ideologia" deve ser entendida em termos marxistas. Em outras palavras, o que se segue é análise marxista dirigida contra sua própria matriz. Tratando-se de uma representação viciada da realidade fundada em enunciados há muito refutados categoricamente, bem como desmentida cabalmente pelo curso da experiência histórica, supostamente seu juiz supremo, o marxismo como doutrina política, filosofia e método científico já deveria ter sido definitivamente descartado. Entretanto, sua influência nesses três planos ainda é considerável. Se o marxismo é imprestável como instrumento analítico e a ação política dele derivada só pode acabar em becos-sem-saída históricos, por que ele ainda subsiste? Porque representa os interesses de uma casta, que os preserva impondo a falsa consciência do mundo que lhe convém sobre o imaginário de todas as pessoas. Essa intelligentsia, aboletada em sinecuras públicas e lucrativos cargos de prestígio na imprensa privada e nas universidades particulares em todo o mundo, não pode subitamente reconhecer que as idéias que defendeu durante décadas estão erradas, pois isso implicaria em perda de poder e riqueza. O marxismo é mais do que apenas o "ópio dos intelectuais", como escreveu Raymond Aron.
No Ocidente desenvolvido o marxismo já não é tão prestigioso, muito embora seu relativo eclipse não tenha sido efeito de uma renúncia consciente diante da refutação irretorquível, e sim do advento de novas modas intelectuais, não necessariamente melhores, como a filosofia "pós-moderna" de Gadamer, Derrida, Rorty e similares. O marxismo permanece como uma camada arqueológica sobre a qual outras falácias intelectuais se sobrepuseram. Muitos dos seus pressupostos ficaram entranhados como resíduos ideológicos no senso comum e nas ciências sociais, e ninguém se preocupa mais em desenterrá-los e confrontá-los com a crítica.Em países arcaicos como o Brasil, porém, a casta letrada, não contente com o imenso poder que já detém, ainda ambiciona o poder total, sonhando em fazer aqui a mesma revolução que fracassou inequivocamente em todo o mundo. Aqui Milton Santos é a referência suprema em geografia, os discípulos de Florestan Fernandes (como o "neoliberal" FHC) mandam na sociologia, centenas de sub-hobsbawns reinam nas cátedras de história, Marilena Chauí é tal na filosofia, os Sayads e Bressers dominam a economia temperando a gororoba marxista com o molho keynesiano e assim por diante. A Igreja Católica brasileira é o mais aguerrido reduto do mundo do marxismo ortodoxo travestido de "teologia da libertação"; o PT e o MST englobam e sintetizam com brilhante sucesso as táticas de conquista do poder político concebidas por Lenin, Stalin, Mao e Gramsci.Por tudo isso sou obrigado a discordar do meu prestimoso amigo: o marxismo é decerto um apanhado de idéias erradas e perniciosas, mas nunca foi tão influente e ameaçador, pelo menos no Brasil. Escrever sobre e contra ele é um dever para as poucas pessoas conscientes de sua atualidade e potencial desastroso.
Publicado originalmente em http://www.oindividuo.com/

sábado, 14 de março de 2009

Não será desta vez

Na Veja desta semana, na seção Livros

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Virou moda dizer que a crise financeira representa a queda do Muro de Berlim do capitalismo. Livro mostraque essa ideia não passa de uma tremenda bobagem

O aprofundamento da crise financeira internacional açulou, em todo o mundo – e no Brasil, particularmente –, a arenga manjada contra o capitalismo. Diante do estrago causado pela turma de Wall Street, os liberais ficaram contra as cordas. Poucos têm coragem de defender com a mesma ênfase de antes as virtudes intrínsecas do liberalismo. Em meio ao desemprego crescente, a tombos recordes dos PIBs e ao desastre das bolsas, multiplicam-se as críticas baseadas em premissas tortas do tipo: "Se o mercado está sempre certo, por que se meteu nessa encrenca e clama pelo socorro do governo?". Um dos poucos a enfrentar o simplismo e a miopia do momento é o jornalista Carlos Alberto Sardenberg, comentarista econômico da Rede Globo e apresentador da rádio CBN. Sardenberg acaba de destruir o tresvario do novo apelo socialista em Neoliberal, Não. Liberal (Editora Globo; 168 páginas; 28 reais). O ponto central do livro: "Alguns chegaram a dizer que a falência do banco Lehman Brothers estava para o capitalismo assim como a queda do Muro de Berlim esteve para o socialismo. Bobagem... Quanto mais capitalismo, melhor; quanto mais mercado livre, melhor".
O livro é baseado, em parte, em artigos já publicados nos últimos anos nos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo, nos quais o jornalista também colabora. A tese de Sardenberg é a de que as crises do capitalismo vêm e passam. É assim que tem ocorrido há mais de um século, pelo menos. O regime de mercado sempre se renova, e, cedo ou tarde, recupera sua capacidade de produzir e distribuir riqueza. "As mais espetaculares fases de crescimento mundial se deram sob a égide das práticas mais liberais", escreve o autor. "O momento mais brilhante da economia mundial moderna ocorreu no início deste século XXI, no auge da globalização."
Segundo o jornalista, o aumento recente da presença do estado na economia deve ser entendido como algo emergencial, e não como a prova de que o estado é moralmente superior a empresas e pessoas, como sustenta o esquerdismo ouriçado. Busca-se hoje a ajuda do estado simplesmente porque ele detém o monopólio de cobrar impostos e imprimir moeda. Só isso. Esse tipo de intervenção governamental, aliás, já ocorreu no passado e cabe perfeitamente dentro do figurino de um estado democrático capitalista. De tempos em tempos, como diz Sardenberg, o pêndulo oscila entre a proeminência de um capitalismo temperado pelo socialismo, com forte interferência estatal, e a hegemonia de um liberalismo mais radical. É essa maleabilidade que já deu ao capitalismo mais de sete vidas.

Marina Malheiros/AE

FALTA CAPITALISMO
"Ficamos assim: o que gera riqueza é o capitalismo e ponto final. Mas ainda persiste, por toda parte, o entendimento de que é preciso intervenção do estado para corrigir as injustiças do capitalismo — e isso é a esquerda de hoje. O problema é que essa boa intenção coincide com a velha fisiologia, a prática de setores privados de ocupar o estado para obter privilégios. O resultado é que as intervenções e regulamentações do estado tendem a gerar ineficiência e injustiça. Pensaram no Brasil? Acertaram. Não sobra neoliberalismo. Falta capitalismo." - Trecho de Neoliberal, Não. Liberal, de Carlos Alberto Sardenberg