Quem somos

Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil
Olá! Somos um grupo de amigos preocupados com os rumos tomados pela nossa insólita Nação que, após anos de alienação intelectual e política que tolheu de muitos a visão do perigo, caminha a passos largos rumo a um socialismo rastaquera, nos moldes da ilha caribenha de Fidel, ou ainda pior. Deus nos ajude e ilumine nesta singela tentativa de, através deste espaço, divulgar a verdade e alertar os que estão a dormir sem sequer sonhar com o perigo que os rodeia. Sejam bem vindos! Amigos da Verdade

sábado, 6 de junho de 2009

Duas ou três coisas que é bom saber sobre Cuba

Este texto anônimo, de origem venezuelana, está circulando pela internet. - O. de C.

Você sabia que em Cuba o talão de racionamento está calculado para 1.800 calorias por pessoa e que muitos produtos mencionados no talão só existem em fantasia, enquanto outros aparecem e desaparecem conforme as colheitas?
Você sabia que quatro anos atrás o talão de racionamento era de 1.600 calorias, que houve uma epidemia de doenças mentais e de crianças nascidas defeituosas, que Fidel lançou a culpa disso sobre uma suposta guerra biológica empreendida pela CIA, que a Organização Mundial da Saúde descobriu que era um problema de avitaminose causada pelo racionamento de vitaminas e proteínas, que a OMS então enviou pastilhas multivitamínicas para socorrer a população cubana e obrigou o governo a subir a ração para 1.800 calorias?
Você sabia que em Cuba não se consegue obter, porque não constam do talão de racionamento, nem papel higiênico, nem sabonete, nem toalhas sanitárias, nem leite para adultos, entre outras coisas?
Você sabia que em Cuba está proibido o acesso dos cidadãos à internet, que dá cadeia ler coisas proibidas pelo regime, ouvir rádios e ver estações de TV estrangeiras, que é delito opinar contra o regime, que os Comitês de Defesa da Revolução, que funcionam em cada quarteirão, mantêm um registro das atividades de todos os moradores e que quem conste como suspeito de não apoiar o regime está encrencado?
Você sabia que em Cuba os encanamentos estão obsoletos e estragados e mais de 50 por cento das casas não recebem água diretamente? Que a água, onde chega, é somente por algumas horas, e que, onde não chega, os caminhões-pipa só vêm uma vez por semana?
Você sabia que em Cuba a eletricidade só funciona algumas horas por dia, que os apagões são diários, estragando os poucos equipamentos elétricos que restam na ilha?
Você sabia que Fidel justifica sua revolução por seus supostos êxitos na saúde e na educação, mas que em matéria de saúde Cuba está no quinto lugar na escala latino americana segundo as estatísticas mais recentes da OMS (abaixo, por exemplo, do Chile, da Argentina e do Uruguai)? Você sabia que em educação Cuba está abaixo do Chile, da Argentina, do Uruguai e da Costa Rica, segundo a Unesco?
Você sabia que no convênio Cuba-EUA, firmado por causa da multiplicação de balseiros fugitivos, os EUA recebem anualmente 22 mil cubanos, só em imigração legal, enquanto na lista da Seção de Interessados, em Havana, constam mais de 700 mil aspirantes a ir embora para Miami, embora todos os fichados como emigrantes virtuais sofram as piores represálias, sejam condenados a trabalhos forçados e seus filhos sejam obrigados a freqüentar escolas especiais de “reeducação revolucionária”? Você sabia que, apesar de todos os riscos, quem tenha acesso a uma embarcação e a uma bússola se lança ao “mar da felicidade”, fugindo daquele inferno?
Você sabia que Fidel usa como desculpa de seu tremendo fracasso o suposto bloqueio do imperialismo internacional, ao mesmo tempo que seu chanceler Perez Roque se gaba de que Cuba tem relações comerciais com 115 países e de que recebe créditos preferenciais do Banco da União Européia?
Você sabia que o que realmente se passa é que Cuba não tem nada para vender, nem com que pagar o que compra, que suas indústrias são muito atrasadas em tecnologia, improdutivas e sem competivividade, com uma burocracia excessiva e um enorme desemprego, dirigidas por líderes políticos e personagens fiéis à revolução e não por uma gerência profissional?
Você sabia que as jineteras, prostitutas cubanas, são o mais moderno exemplo da mais nova moral revolucionária?
Por último:
Você sabia que Cuba é o último reduto de um sistema que foi expulso a pontapés pelos povos da Europa Oriental, que os habitantes desses países consideram que aquilo foi um pesadelo que não querem recordar, e que os Partidos Comunistas, envergonhados e desprezados, mudaram de nome para enganar com nova máscara?

Golpe de estado no mundo

Olavo de Carvalho

Nota do M.E.: mudando o que tem de ser mudado, esse texto publicado em maio de 2003 por Olavo de Carvalho continua atualizadíssimo. Solicitamos redobrada atenção dos leitores para o preciso diagnóstico sobre a completa ignorância do povo brasileiro sobre a entrega da soberania do país para organismos internacionais, como a Unasul, e as informações sobre os planos da ONU para implantar um Governo Mundial.

______________

Golpe de estado no mundo

Que existe um neoglobalismo em ação, um novo Império cuja expansão coloca em risco as soberanias nacionais, ninguém no Brasil duvida. Todos os nossos líderes políticos, intelectuais e militares se dizem conscientes e alertas quanto a esse ponto. Mas, quando perguntamos de onde vem o perigo, as respostas provam que estamos conversando com sonâmbulos e teleguiados, prontos a deixar-se usar como instrumentos pelo próprio inimigo que alegam combater.
Não sabem, por exemplo, o que o Império está fazendo, com discreta e espantosa facilidade, contra um país bem mais forte que o Brasil: a Grã-Bretanha.A Grã-Bretanha como nação independente está para acabar nos próximos dias, quando Tony Blair oficializar sua anuência à nova Constituição da União Européia, que cria os Estados Unidos da Europa e transfere para a sede do Império em Bruxelas o poder de decisão do governo de Londres sobre orçamento, comércio, transportes, defesa nacional, relações internacionais, imigração, justiça e direitos humanos, reduzindo o Parlamento à condição de assembléia local subordinada.
Há quem diga que Blair deveria submeter o assunto a um referendo, mas ele não quer. Alega que a questão é complicada demais para ser julgada pelo povo. É assim que se fazem hoje os golpes de Estado: por meio de passes de mágica incompreensíveis à multidão. Uma pesquisa do jornal “The Sun” mostrou que, de fato, 84 por cento dos eleitores britânicos ignoravam a iminente transferência de soberania.
Mas, deste lado do oceano, a ignorância é maior ainda. Aqui, até as elites desconhecem tudo do novo quadro internacional. Imaginam que o neoglobalismo é uma extensão do bom e velho “imperialismo ianque” e, infladas de antiamericanismo, se preparam para combater os marines na selva amazônica.
O governo global que se forma ante os nossos olhos não é americano: é uma aliança das velhas potências européias com a revolução islâmica e o movimento esquerdista mundial. Suas centrais de comando são os organismos internacionais, e a única força de resistência que se opõe à mais ambiciosa fórmula imperialista que já se viu no mundo é o nacionalismo americano.
Os planos do governo mundial estão expostos desde 1995 no documento “Our Global Neighborhood,” publicado por uma “Comissão de Governança Global”, que prega abertamente “a subordinação da soberania nacional ao transnacionalismo democrático”. Esses planos incluem: 1. Imposto mundial. 2. Exército mundial sob o comando do secretário-geral da ONU. 3. Legislações uniformes sobre direitos humanos, imigração, armas, drogas etc. (sendo previsível a proibição dos cigarros e a liberação da maconha). 4. Tribunal Penal Internacional, com jurisdição sobre os governos de todos os países. 5. Assembléia mundial, eleita por voto direto, passando por cima de todos os Estados Nacionais. 6. Código penal cultural, punindo as culturas nacionais que não se enquadrem na uniformidade planetária “politicamente correta”. [Nota do M.E.: (7) Um novo órgão parlamentar de representantes da "sociedade civil", organizações não governamentais (ONGs). (8) Ampliação da autoridade do Secretário-Geral. (9) Desarmamento dos civis em todo o mundo.]
É o Estado policial global, a total liquidação das soberanias nacionais. E não são meros “planos”: com os Estados Unidos da Europa, tudo isso entra em vigor imediatamente no Velho Continente, da noite para o dia, sem consulta popular, sem debates, sem oposição, anunciando para prazo brevíssimo a extensão das mesmas medidas para o globo terrestre inteiro pelo mesmo método rápido da transição hipnótica.
A Inglaterra, que parecia resistir, cedeu. Hoje está claro que o apoio de Blair aos EUA no Iraque se destinou somente a amortecer o choque da traição que viria em seguida. Só num país o assunto é discutido abertamente, e a opinião pública se volta em massa contra os planos da Governança Global: os EUA.
A guerra entre os EUA e o governo mundial já começou. Se a soberania americana cair, cairão todas. E o Brasil, burro como ele só, acredita defender a sua armando-se de prevenções contra os EUA e abrindo-se gostosamente aos detonadores explícitos de toda soberania.
Uma das causas desse trágico engano é a incultura pura e simples. Mas a desinformação ativa também pesa nisso. Uma de suas inumeráveis fontes é o sr. Lyndon La Rouche, que se faz de herói antiglobalista vendendo receitas de antiamericanismo no Terceiro Mundo e é muito lido no Brasil. Num panfleto recente, ele chegou ao cúmulo de associar a política externa de Bush aos planos de governo mundial traçados por Herbert George Wells num livro de 1928, “The Open Conspiracy”.
Isso é a exata inversão da realidade. As idéias de Wells germinaram na Fabian Society de Londres, entidade socialista sob orientação da chancelaria soviética, e são a origem direta dos planos de “Governança Global” da ONU, contra os quais, precisamente, se volta a política externa de George W. Bush.
Lendas e mentiras sobre a Amazônia também ajudam a enganar todo mundo, criando a ilusão de que precisamos defendê-la contra as ambições americanas. Quem quer que investigue um pouco a presença estrangeira na Amazônia verificará que ela se constitui maciçamente de ONGs européias. Há algumas americanas, sim, mas são as mesmas que subsidiam as campanhas “pacifistas” anti-Bush, o esquerdismo internacional e, em última análise, o terrorismo.
Ignorantes e semiloucos, vemos a realidade às avessas, pedimos socorro ao bandido e colocamos nossos sentimentos nacionalistas a serviço do neo-imperialismo global, que vai nos subjugar e humilhar até um ponto que nem todos os imperialistas americanos, somados, chegaram jamais a ambicionar em sonhos.
O projeto “New American Century”, de William Kristol, mal esboçado e instantaneamente bombardeado na mídia brasileira como prova dos objetivos expansionistas do governo Bush, é apenas uma proposta, tardia e parcial, de reação possível a um esquema imperialista já implantado na Europa e em pleno processo de extensão ao resto do planeta. A guerra pelo domínio do mundo já começou. E o Brasil já entrou do lado errado.

Fonte: http://www.endireitar.org/site/artigos/60-nova-ordem-mundial/355-golpe-de-estado-no-mundo

OBAMA FAZ MAIS UM DISCURSO HISTÓRICO PRÉ-HISTÓRIA. E SOBRARAM SIMPLIFICAÇÃO E BOBAGEM

Reinaldo Azevedo


É, meus caros, eis um daqueles textos longos, longuíssimos, do tipo, dizem, que não se deve escrever em blogs. Ok. Eles ficam com os blogs deles, com textos curtinhos. Eu fico com o meu. Cada um no seu quadrado. Vamos lá.

Barack Obama é mesmo um fenômeno. Ninguém faz “discursos históricos” como ele. É você se distrair um pouco, e tome “discurso histórico”. E é também fascinante porque a fala se torna “histórica” ante de a história acontecer. Não foi diferente com o, bem…, “histórico” discurso feito no Cairo, Egito, em que propôs um “novo começo” nas relações entre os EUA e mundo islâmico. Mais um pouco, e suas falas e realizações já nascerão como ruínas… (leia INTEGRA DO DISCURSO na seção “Documentos” do blog).

Depois do ovacionado “assalaamu alaykum”, o presidente americano lembrou que o momento é de tensão entre os EUA e o mundo islâmico, observando:
“As relações entre o Ocidente e o Islã incluem séculos de co-existência e cooperação, mas também de conflitos e guerras religiosas. Mais recentemente, a tensão foi alimentada pelo colonialismo, que negou direitos e oportunidades a muitos muçulmanos, e pela Guerra Fria, que tratou os países de maioria muçulmana como meros figurantes. Ademais, as mudanças trazidas pela modernidade e pela globalização levaram muitos muçulmanos a ver o Ocidente como hostil às tradições do Islã.”

Olhem, só o trecho acima poderia render um tratado. É claro, sei disto, que parece haver algo de ridículo em criticar o discurso de ninguém menos do que o presidente dos Estados Unidos, não é? Isso só fazia sentido quando o homem era Jorjibúxi, o bestalhão, o sanguinário, o invasor. Com Obama, a única coisa legítima a fazer é classificar a fala de “histórica”. Pouco me importa quem tenha escrito ou lido o discurso. O fato é que algumas coisas acima precisam ser esmiuçadas. Com efeito, aconteceu aquela tal cooperação de que ele fala. Terminou mais ou menos com as… Cruzadas!!! Adiante.

Obama tangeu uma corda que é a mãe de todos os equívocos mesmo do islamismo moderado: os países islâmicos são vistos sempre como vítimas e entes meramente reativos. No caso das “guerras religiosas”, não fica claro se ele considera os islâmicos agredidos ou agressores — mas posso imaginar… Será que ele se lembra que os discípulos de Maomé chegaram, em nome de sua particular noção de paz, até a Península Ibérica? Será que alguém arrumaria para ele uma versão em inglês do romance Eurico, O Presbítero, de Alexandre Herculano? Vejam lá: no colonialismo do século 19 — um tempo que ele classifica de “recente” —, os islâmicos são vítimas. Na Guerra Fria, foram ignorados. Agora, é a globalização que os leva, coitadinhos!, a ver o Ocidente como inimigo. Pergunta besta: por que os países islâmicos veriam essa “modernidade” como inimiga? Bem, o judaísmo se reformou; o cristianismo vive em permanente reforma; o hinduísmo, à sua maneira, mudou. Onde estão os reformadores do Islâ? A única forma de dialogar com aquele mundo é o Ocidente declarar a sua culpa?

A questão é meramente intelectual? Não é. Esse tipo de conversa não tem futuro. Obama encerrou a sua fala citando palavras de tolerância do Corâo, do Talmud e da Bíblia. Bacana. As três religiões, de fato, trazem senhas para a paz e para a guerra. Mas é preciso ver se todas elas podem conviver, por exemplo, com alguns direitos que, no chamado mundo ocidental, consideramos inegociáveis. O Islã pode?

Depois daquele trecho que destaco, Obama condenou o extremismo islâmico e os atentados de 11 de Setembro, mas pronunciou uma só vez a palavra “terrorismo” (na verdade, “terroristas”), como se ela ofendesse os ouvidos da audiência. O que não deixa de ser um sinal de rendição. Ou bem aquelas pessoas que ouviam também repudiam o “mau Islã” — e, pois, não há óbice em dizer a palavra — ou bem não repudiam tanto assim, e aquela conversa é absolutamente inútil. Mais adiante, mandou ver nas glórias do Islã — não sem antes lembrar do pai islâmico e de sua infância na Indonésia:

“Como estudante de história, reconheço a dívida que a civilização tem com o Islâ. Foi o Islã, em lugares como a Universidade Al-Azhar, que levou a luz do conhecimento ao longo de muitos séculos, pavimentando o caminho do Renascimento e do Iluminismo na Europa. Foi a inovação nas comunidades islâmicas que desenvolveu a álgebra, a bússola e outras ferramentas de navegação; nosso domínio da escrita e a imprensa; a compreensão de como se desenvolvem as doenças e como podem ser combatidas. A cultura islâmica nos deu arcos majestosos e torres elevadas; poesia atemporal e música inesquecível; caligrafia elegante e lugares para pacífica contemplação. E, ao longo da história, o Islã demonstrou, por meio de palavras e atos, as possibilidades da tolerância religiosa e da igualdade racial”.

Muito bem! Obama, ou quem quer que tenha feito o discurso, estudou direitinho a Enciclopédia Britânica. Qual é o problema de um discurso como esse? Ele assimila como verdadeira a crítica falaciosa que se faz ao Ocidente — “é contra o Islã” — e jura de pés juntos que não é. Para tanto, presta o seu tributo: vejam lá, a religião foi vital, lembra Obama, para o… Renascimento!!! Logo ali, como se sabe. O ponto definitivamente não é esse. Afirmar que o Islã é isso ou aquilo seria como afirmar as virtudes do Cristianismo, o que, diga-se, nenhum líder árabe — ou, mais amplamente, islâmico — faria em terras ocidentais (sem contar o fato de que o cristianismo é ILEGAL em boa parte os países que seguem o Corão…). Ora, é óbvio que ninguém está em guerra com o Islã. O que parece, às vezes, é que o Islã é que está em guerra consigo mesmo, contra aquelas “modernidades” da globalização. E o Ocidente não pode responder por isso, não.

“Tolerância religiosa e igualdade racial”? Pois é… De que Islã Obama está falando? Os nazistas — e não estou fazendo comparação entre nazis e islâmicos; apelo ao extremo para evidenciar o erro — se diziam cristãos. E era inútil demonstrar que sua prática não correspondia ao, vá lá, livro-texto. O Islã da bússola é o de Osama Bin Laden ou, se quiserem, o de qualquer outro país islâmico, Egito incluído? Tenham paciência, né? Por que os países árabes se negam, por exemplo, a conceder cidadania aos palestinos, ainda que eles a queiram, tratando-os como refugiados e praticamente confinando-os nos campos? Ora, o Islã da álgebra e da filosofia não está em questão. Infelizmente, ele não serve de referência hoje a nenhum dos países islâmicos. Não será o Ocidente — ou um líder ocidental — a ensinar àqueles países qual é a vertente virtuosa de sua religião.

Esse é um discurso histórico, claro, como todos os de Obama, mas já nasce como ruína. Não tem futuro.

Questões contemporâneas
E daria, sinceramente, para esmiuçar suas incongruências e erros trecho a trecho. Mas levaria mais de uma noite. Por isso, opero aqui uma mudança na trajetória para tratar, no fim das contas, do que interessa: a questão israelo-palestina. Afinal, a grande mudança em relação a seu antecessor, o Jorjibúxi, estaria justamente aí. Antes e chegar a essa questão, Obama justificou a guerra no Afeganistão, afirmando que seu país não teve escolha, e relativizou os motivos da guerra no Iraque — nesse caso, sim, disse, uma escolha. Mas lembrou que os iraquianos estão melhores sem a tirania de Saddam Hussein. Então truco.

Agora a questão central. Obama estava lá para pôr um peso em cada prato da balança. Vamos ver:
“Os fortes laços da América com Israel são bastante conhecidos. Esse elo é inquebrável. Está baseado em laços culturais e históricos e no reconhecimento de que a aspiração por uma pátria judia está fundada numa história trágica, que não pode ser negada.
O povo judeu foi perseguido em todo o mundo por séculos, e o anti-semitismo na Europa culminou num Holocausto inédito. Amanhã, vou visitar Buchenwald, um dos campos onde judeus eram escravizados, torturados, fuzilados e mortos com gás pelo Terceiro Reich. Seis milhões de judeus foram mortos, mais do que toda a população judia de Israel hoje. Negar aqueles fatos não faz sentido, é ignorante e odioso. Ameaçar Israel com a destruição ou repetir estereótipos vis sobre os judeus é profundamente errado e serve apenas para evocar nos israelenses a mais dolorosa das memórias, criando obstáculos à paz que merece a população dessa região”.

Como se vê, Obama exalta os judeus que sofreram. No passado.
E era a hora de pôr peso no outro prato. E ele lembrou também o sofrimento do povo palestino, espalhado nos campos de Gaza, Cisjordânia e terras vizinhas. Criticou os que atacam Israel, mas também censurou a expansão das colônias na Cisjordânia. E, bem, aí fez o que me parece realmente do arco da velha: abriu uma espécie de diálogo, retórico ao menos, com o… Hamas! Hamas que os próprios EUA consideram terroristas. Isso, de fato, é inédito. A questão é saber se é bom. Leiam.

“Agora é a hora de os palestinos se concentrarem no que podem construir. A Autoridade Palestina precisa desenvolver sua capacidade de governar, com instituições que sirvam às necessidades do povo. O Hamas de fato tem apoio entre alguns palestinos, mas ele também tem responsabilidades. Para desempenhar o papel que lhe cabe nas aspirações palestinas e para unificar o povo, o Hamas precisa pôr fim à violência, reconhecer acordos anteriores e reconhecer o direito que Israel tem de existir.”

E agora o pito em Israel:
“Ao mesmo tempo, os israelenses precisam reconhecer que, assim como não se pode negar seu direito de existir, não se pode negá-lo também aos plaestinos. Os Estados Unidos não aceitam como legítima a continuidade dos assentamentos [na Cisjordânia]. Eles violam acordos anteriores e minam os esforços para alcançar a paz. É tempo de parar com esses assentamentos”.

Aí a vaca foi para o brejo
No afã de igualar os desiguais, quem sai perdendo é a razão. Não, este escriba não considera a continuidade dos assentamentos uma boa política. De jeito nenhum! Mas é uma estupidez suprema — além de contraproducente e inútil — sugerir que a eles estão para os israelenses como a violência está para o Hamas. Quem criou tal correspondência foi Barack Obama, não fui eu. Se ele estivesse certo, bastaria que, amanhã, o governo Israelense determinasse a suspensão dos ditos-cujos, e o Hamas, em contrapartida, pararia de jogar foguetes em Israel. Mas isso não aconteceria. Ainda que os assentamentos sejam condenáveis e só extremem o que já é ruim, eles não são o correspondente oposto dos atos terroristas dos palestinos.

Mas, para Obama, cada coisa é um peso em cada lado da balança. Assim, a despeito desse seu discurso grandiloqüente, estupidamente chamado de histórico, dá para antecipar: nada vai acontecer. E nada vai acontecer enquanto as facções palestinas não renunciarem à violência. É patético que o presidente americano peça ao Hamas que reconheça Israel. Nas considerações iniciais de seu estatuto (ÍNTEGRA DO ESTATUTO na seção “Documentos”) lê-se:

“Israel existirá e continuará existindo até que o Islã o faça desaparecer, como fez desaparecer a todos aqueles que existiram anteriormente a ele.”

É só isso? O Hamas aceita a presença de judeus por ali? De novo, apelo a sua carta:
“Assim, com todo o nosso apreço pela Organização para a Libertação da Palestina, e o que ela posa vir a se tornar, e sem desprezar o seu papel no conflito árabe-israelense, não podemos eliminar a identidade islâmica da Palestina, que é parte da nossa fé, e quem negligencia essa fé está perdido. “Quem rejeita a religião de Abrahão é alguém que ficou um tolo”. (Alcorão 2-130).

O Hamas seria só um movimento nacionalista, localista, descolado do terrorismo islâmico? O Hamas responde com seu estatuto:
“Exigimos que os países árabes em torno de Israel abram as suas fronteiras aos árabes e muçulmanos combatentes da Jihad, a fim de cumprirem sua parte, juntando suas forças às forças dos seus irmãos – a Fraternidade Muçulmana na Palestina. Dos demais países árabes e muçulmanos, exigimos que, no mínimo, facilitem a passagem através de seus territórios dos combatentes da Jihad.”

Há ao menos chance de esse discurso de Obama sensibilizar as lideranças políticas de Israel? Não! Zero! Nenhuma! E eu diria que não se trata apenas dos radicais da direita e outras figuras satanizadas mundo afora. Qualquer israelense sabe que igualar o terrorismo e a pregação da destruição de Israel à expansão de assentamentos é contribuir com aqueles que querem… o fim de Israel. Se Obama não quer, tem de mudar o discurso.

Ademais, essa fala que põe um peso em cada balança fornece aos radicais a certeza de que, enfim, estão ganhando a guerra de propaganda.

Há uma questão lógica inegável: o que levou Obama fazer esse discurso não foi a disposição dos árabes para negociar, mas o terrorismo. Não por acaso, se vocês fizerem uma pesquisa nos jornais mundo afora, os radicais criticaram a fala do presidente dos EUA. Ora, são espertos: no dia em que não estiverem mais no lugar das vítimas, acusando o Ocidente, terão perdido poder. É preciso atacar os Baracks Obamas da vida para que possam ser mimados por eles.

Sim, foi um discurso, a seu modo, histórico.

PSDB, lei contra o racismo, PEC contra a venda da Petrobras e erros

Reinaldo Azevedo


Pois é… Muita coisa pra escrever e, infelizmente (para alguns, felizmente), sou um só. O governador José Serra encaminhou um projeto à Assembléia que pune com multa de até R$ 140 mil atos de discriminação racial. Seria o primeiro estado a ter uma lei assim. Racismo, sem dúvida, é puro lixo moral. E isso não quer dizer que todas as formas de combatê-lo são válidas. Esta, por exemplo, é, para dizer pouco, polêmica. De fato, é desnecessária e, entendo, serve para açular uma particular forma de racismo que começa a surgir no Brasil. E essa manifestação ainda incipiente foi importada por minorias militantes radicalizadas.
Já temos lei federal que pune o racismo. É desnecessário sobrepor uma lei estadual, como a dizer: “Racismo é crime federal, mas, aqui, também é crime estadual; somos mais severos do que os outros”. Faria sentido se, de algum modo, São Paulo se mostrasse mais racista do que outras unidades da federação. Não há como evidenciar, cientificamente, se é mais ou se é menos. Dada a história de formação do Estado e, em particular, da capital, duvido. Ao contrário: a miscigenação é a regra; a integração entre comunidades vindas dos mais diversos recantos do país e do mundo é evidente. Então por que o particularismo?
Tendo a achar que há aí, independentemente de haver ou não o legítimo desejo de punir o racismo, certo esforço para, como se diz, “correr atrás” da agenda militante. Tucanos têm essa tendência; às vezes, parecem invejar a agenda do PT e pretendem emular com ela, sem se dar conta de que isso é impossível porque os donos dessa agenda, de fato, são os movimentos sociais — que são forças militantes do petismo. Não que eu considere que Serra seja ingênuo a ponto de considerar que possa ganhar essa fatia, mas parece haver certa preocupação de desmentir, com fatos concretos, as esferas de opinião plasmadas pelos adversários. Definitivamente, parece-me uma escolha errada porque, nesse particular, inútil.
E é também contraproducente no que respeita ao mérito em si. Uma lei como essa tende a estimular a indústria da denúncia — abre-se uma vereda para que divergências e vinganças pessoais sejam revestidos pelo manto fácil e escandaloso do racismo. No extremo do efeito negativo, muita gente preferirá não correr riscos e conviver apenas com pessoas “iguais” a si mesmas. E notem que escrevo a palavra entre aspas para chamar a atenção — já que não existe uma grafia para destacar o absurdo — para o reacionarismo da coisa.
Leitores poderiam perguntar com razão: “Reinaldo, o PSDB e suas lideranças não deveriam estar, por exemplo, tentando melhorar os absurdos do Estatuto da Igualdade Racial?” É, deveriam, sim. E por que não o fazem? Porque haveria, com efeito, uma boa chance de os adversários saírem gritando: “Racistas!” — e os tucanos não saberem como sair da arapuca.
Querem um exemplo similar? Os tucanos serão os autores de uma PEC que pretende pôr na Constituição a proibição de venda da Petrobras. É um absurdo, claro. Não que a Petrobras vá ser vendida por alguém algum dia. Jamais! O absurdo está no fato de que isso, é óbvio, não é matéria constitucional. Imaginem se a moda pega… Mas então para quê e por quê? Porque o PT deu início à campanha suja de que a CPI da Petrobras é um ensaio para a privatização caso o PSDB vença as eleições. Mentira? Claro que é. Assim, com a PEC, o PSDB está sendo esperto?
Eu diria que é uma esperteza que só se revela por causa de um vácuo. Até hoje, os tucanos não conseguiram demonstrar os benefícios óbvios da privatização. Agora, ousaria dizer que nem dá mais tempo. Tudo quanto é idiota fica falando mal da venda da Telebras com um celular de última geração na orelha ou no bolso. Essa guerra de valores nunca foi feita. E ela continua a não ser feita até agora, com temas novos. Sempre refém da agenda do adversário. Vejam o caso das cotas raciais: há um bom número de pessoas contrárias a esse absurdo; há formadores de opinião e grupos sociais — negros, inclusive — que a elas se opõem. Mas ficam falando sozinhos. Receio, receio, sempre receio… Receio dos donos da agenda. Sim, é um quadro, às vezes, um tanto melancólico.
Volto à questão da lei estadual contra o racismo. Da forma como está, é claro que vai ser aprovada. Os efeitos, entendo, só serão negativos. E os militantes, vindos dos movimentos sociais que formam “O Partido”, continuarão com… “O Partido”. E os que não d’O Partido ficam praticamente sem representação.

Platitudes e asnices

Diogo Mainardi

Giotto era do Hamas?
Barack Obama, em sua viagem ao Egito, tentou reconciliar o mundo maometano com os Estados Unidos. Em vez de bombardear os terroristas com um Predator, ele os bombardeou com platitudes: "O ciclo de suspeita e desentendimento tem de acabar... Estou aqui em busca de um recomeço... Baseado no interesse mútuo e no respeito mútuo... Em princípios comuns – princípios de justiça e de progresso, de tolerância e de dignidade para todos os seres humanos". Dá até para imaginar um carrasco pashtun, subitamente iluminado pelo discurso de Barack Obama, largando suas pedras, um instante antes de apedrejar uma adúltera.
E onde entra Giotto nisso tudo?
Barack Obama, a certa altura de seu pronunciamento, disse: "Como estudante de história, eu aprendi que foi o islamismo – em lugares como a Universidade Al-Azhar – que conduziu o lume da sabedoria por séculos e séculos, pavimentando o caminho na Europa para o Renascimento e o Iluminismo". Ele só pode ter aprendido isso com Edward Said, em seus tempos de estudante na Universidade Colúmbia. Os árabes, na Idade Média, tinham grandes conhecimentos de álgebra e de caligrafia, como citou o próprio Barack Obama, num trechinho tirado diretamente da Wikipédia. Mas o principal papel do islamismo para o estabelecimento do Renascimento e do Iluminismo – está igualmente na Wikipédia – foi o massacre de milhares de cristãos em Constantinopla, que obrigou os helenistas bizantinos a se refugiarem na Europa, com seus clássicos gregos e latinos. O Oriente revitalizou o Ocidente perseguindo-o, aterrorizando-o, assassinando-o.
Barack Obama realmente acredita em sua capacidade de seduzir e desarmar os fanáticos religiosos e os tiranos genocidas que prometem destruir Estados Unidos e Israel. Apesar dos aplausos entusiasmados de editorialistas do mundo inteiro, seu discurso é de uma asnice assustadora: ele apela retoricamente para um passado remoto do islamismo, um passado mítico, que só se encontra nas salas de aula da Universidade Colúmbia. Foi o que ele fez quando se referiu à Universidade Al-Azhar, aquela que teria conduzido "o lume da sabedoria por séculos e séculos". A Universidade Al-Azhar tem uma história antiga e gloriosa. Mas a realidade é que, nos últimos 100 anos, ali se formaram o fundador do grupo terrorista Mão Negra, o fundador do grupo terrorista Irmandade Muçulmana e o fundador do grupo terrorista Hamas. Barack Obama procurou instaurar um diálogo com o islamismo que produziu o Renascimento – que produziu Giotto. Como se Giotto, depois de pintar afrescos numa capela, fosse fabricar um foguete Qassam. É melhor Barack Obama clicar o nome de Giotto na Wikipédia.