Prefeito eleito de São Bernardo, que doou R$ 5 milhões, é quinto maior doador do país
Repasses aos candidatos de 11 partidos somam 45% dos R$ 11,2 mi arrecadados por petista, que diz que doações fizeram parte de estratégia
O prefeito eleito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho (PT), bancou parte das campanhas de 242 candidatos a vereador do município, mais da metade dos 480 postulantes ao cargo na cidade, revelam dados das prestações de contas disponibilizados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A campanha de Marinho injetou R$ 5 milhões nas contas de candidatos de 11 partidos que compuseram sua coligação, alçando o petista à condição de quinto maior doador geral das eleições, desbancando bancos e empreiteiras. Os repasses a outros candidatos representam 45% dos R$ 11,2 milhões arrecadados por Marinho -façanha que lhe conferiu o status de campanha proporcionalmente mais cara do PT. Segundo relato feito à Justiça Eleitoral, o dinheiro financiou cerca de um milhão de "impressos", além de carros de som e combustível. Marinho disse ontem que as doações foram parte de sua estratégia para vencer as eleições. Ele afirmou que decidiu "assumir" as campanhas dos 242 candidatos, que, na prática, tornaram-se cabos eleitorais de peso. Marinho venceu, mas na outra ponta o plano naufragou: a coligação conquistou apenas 6 das 21 cadeiras da Câmara de São Bernardo do Campo. Todos os vitoriosos são petistas.
Legalidade A prática de doar recursos a candidatos de outros partidos não é ilegal. No caso de Marinho, chama atenção por dois pontos. O primeiro é o alto valor dos repasses. Para se ter uma idéia, a campanha de Gilberto Kassab (DEM), usou do mesmo expediente, mas repassou R$ 14,3 mil a comitês de quatro partidos aliados. O segundo ponto é o uso da conta do candidato, e não a do comitê financeiro, fato raro entre os candidatos majoritários. Os comitês financeiros existem justamente para organizar a movimentação financeira de uma campanha e, em caso de doações, emitir os recibos. Marinho também lançou mão do expediente das doações ocultas. Dos R$ 11,2 milhões recebidos por ele, R$ 6 milhões vieram do PT e sua origem não pode ser identificada. Essa artifício é adotado pelas legendas para proteger os colaboradores de exposição. As empresas doam para o partido, que repassa o dinheiro para os comitês. Além disso, dos R$ 6 milhões oriundos do PT, R$ 4,7 milhões (78%) vieram do diretório nacional do partido. Isso mostra a importância dada pelo partido à eleição em São Bernardo, berço político do presidente Lula. Técnicos da 174ª Zona Eleitoral de São Bernardo constataram irregularidades nas planilhas de doações, como a ausência de recibos. No início do mês, após explicações da campanha, as contas foram aprovadas.
Empreiteiras Beneficiárias de investimentos públicos, as empreiteiras foram as maiores financiadoras das eleições. Considerando a lista dos 30 maiores doadores, que despejaram R$ 88 milhões nas campanhas, R$ 36 milhões vieram das construtoras. A OAS encabeça a relação. Distribuiu R$ 11,5 milhões, contemplando candidatos de sete Estados e pulverizando as doações entre os principais candidatos -estratégia seguida pelos maiores doadores. Tradicionais doadores, apenas dois bancos estão na lista: o Itaú, que doou R$ 3 milhões; e o BMG, envolvido no escândalo do mensalão, com contribuições de R$ 2,7 milhões. Entre as siglas, PMDB e PT receberam quantias semelhantes do grupo dos maiores doadores: R$ 9,78 milhões e R$ 9,76 milhões, respectivamente. PSDB (R$ 7,2 milhões) e DEM (R$ 6,4 milhões) vêm em seguida. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário