Sábado, Junho 07, 2008 |
VEJA - VARIG 1: ONDE FORAM PARAR R$ 670 MILHÕES?
Queridos,
A madrugada será breve, mas valente. Querem ver?
VEJA desta semana chega com uma questão que vale fantásticos US$ 418 milhões. Isto mesmo leitor: estamos falando da bagatela de R$ 670 milhões. Estão vendo o documento acima? Por meio dele, a TAM admitia comprar a Varig por US$ 1,2 bilhão. A proposta depois foi fechada em US$ 738 milhões. Mas a empresa, por razões que o capitalismo, a aritmética e o bom senso se negam a explicar, foi vendida por US$ 320 milhões para a Gol. Qual será o mistério?
Lembram-se daquele texto de anteontem, em que eu falava de “Dilma, a fascinante”? Num determinado trecho do artigo, não vendo mais nos fatos os instrumentos para retratar o surrealismo nativo, recorri, então, à imaginação. E o tio lhes propôs a seguinte “ficção”. Para quem não se lembra (segue em azul):
Marco Antonio Audi deixa claro que o chinês Lap Chan ameaçou não dar mais um tostão ao negócio e que praticamente impôs a venda da Varig à Gol. É preciso saber:
a) a TAM estava disposta a dar mais pela Varig?;
b) se a TAM aceitava dar mais, por que o governo só autorizaria a venda para quem aceitava dar menos?;
c) digamos que alguém estivesse escrevendo um roteiro de ficção:
1 – Hipotéticas empresas G e T estão interessadas na também hipotética empresa V;
2 - a empresa V, que não é boba, prefere a empresa T, que paga mais;
3 - mas o negócio depende de autorização do governo, que só aceita vender para a empresa G, que paga menos;
4 – o roteirista já tem um mistério, um enigma, e precisa tirar o leitor ou telespectador da sinuca. O que se passa?
5 – o roteirista, cheio de caraminholas, inclui em sua história o pagamento de um complemento, "por fora" (vocês sabem: "recursos não-contabilizados", como diria Schopenhauer) não ao dono da empresa V, mas aos agentes oficiais que forçaram a venda para a empresa G.
Isso foi o que imaginou um ficcionista. A primeira pergunta que fiz acima já está respondida.
Sim, a TAM aceitava pagar mais pela Varig. Muito mais. R$ 670 milhões a mais. Já o resto permanece um ministério, não é mesmo? Ou mais ou menos. Pegadas da Casa Civil – chefiada pela ministra Dilma Rousseff - apareceram na pressão feita na Anac para que a agência deixasse de cumprir sua função e aprovasse logo o negócio. E já se começa a perceber, também, a pressão oficial para que a empresa fosse vendida para a Gol.
Quem é a personagem onipresente na negociação do começo ao fim, de cabo a rabo? Ele mesmo: Roberto Teixeira, o “Papai”. Uma dívida bilionária da Varig desapareceu, foi parar numa empresa “podre”. O que se vendeu foi só a parte boa. Teixeira, depois, “arrombou as portas” da Anac para que se permitisse a venda para o consórcio que tinha o tal fundo americano. Lap Chan, o chinês que punha dinheiro na empresa, avisa que a fonte está seca, que é preciso vender a Varig. E impõe a Audi a venda para a Gol. Teixeira, que era advogado de Audi, passa a assessorar os compradores, tanto é que os conduz até a sala de Lula. E hoje? Hoje, ele é advogado de Lap Chan, o mesmo que tirou a escada dos sócios brasileiros, obrigando-os a passar a empresa adiante.
Resumo da operação:
A madrugada será breve, mas valente. Querem ver?
VEJA desta semana chega com uma questão que vale fantásticos US$ 418 milhões. Isto mesmo leitor: estamos falando da bagatela de R$ 670 milhões. Estão vendo o documento acima? Por meio dele, a TAM admitia comprar a Varig por US$ 1,2 bilhão. A proposta depois foi fechada em US$ 738 milhões. Mas a empresa, por razões que o capitalismo, a aritmética e o bom senso se negam a explicar, foi vendida por US$ 320 milhões para a Gol. Qual será o mistério?
Lembram-se daquele texto de anteontem, em que eu falava de “Dilma, a fascinante”? Num determinado trecho do artigo, não vendo mais nos fatos os instrumentos para retratar o surrealismo nativo, recorri, então, à imaginação. E o tio lhes propôs a seguinte “ficção”. Para quem não se lembra (segue em azul):
Marco Antonio Audi deixa claro que o chinês Lap Chan ameaçou não dar mais um tostão ao negócio e que praticamente impôs a venda da Varig à Gol. É preciso saber:
a) a TAM estava disposta a dar mais pela Varig?;
b) se a TAM aceitava dar mais, por que o governo só autorizaria a venda para quem aceitava dar menos?;
c) digamos que alguém estivesse escrevendo um roteiro de ficção:
1 – Hipotéticas empresas G e T estão interessadas na também hipotética empresa V;
2 - a empresa V, que não é boba, prefere a empresa T, que paga mais;
3 - mas o negócio depende de autorização do governo, que só aceita vender para a empresa G, que paga menos;
4 – o roteirista já tem um mistério, um enigma, e precisa tirar o leitor ou telespectador da sinuca. O que se passa?
5 – o roteirista, cheio de caraminholas, inclui em sua história o pagamento de um complemento, "por fora" (vocês sabem: "recursos não-contabilizados", como diria Schopenhauer) não ao dono da empresa V, mas aos agentes oficiais que forçaram a venda para a empresa G.
Isso foi o que imaginou um ficcionista. A primeira pergunta que fiz acima já está respondida.
Sim, a TAM aceitava pagar mais pela Varig. Muito mais. R$ 670 milhões a mais. Já o resto permanece um ministério, não é mesmo? Ou mais ou menos. Pegadas da Casa Civil – chefiada pela ministra Dilma Rousseff - apareceram na pressão feita na Anac para que a agência deixasse de cumprir sua função e aprovasse logo o negócio. E já se começa a perceber, também, a pressão oficial para que a empresa fosse vendida para a Gol.
Quem é a personagem onipresente na negociação do começo ao fim, de cabo a rabo? Ele mesmo: Roberto Teixeira, o “Papai”. Uma dívida bilionária da Varig desapareceu, foi parar numa empresa “podre”. O que se vendeu foi só a parte boa. Teixeira, depois, “arrombou as portas” da Anac para que se permitisse a venda para o consórcio que tinha o tal fundo americano. Lap Chan, o chinês que punha dinheiro na empresa, avisa que a fonte está seca, que é preciso vender a Varig. E impõe a Audi a venda para a Gol. Teixeira, que era advogado de Audi, passa a assessorar os compradores, tanto é que os conduz até a sala de Lula. E hoje? Hoje, ele é advogado de Lap Chan, o mesmo que tirou a escada dos sócios brasileiros, obrigando-os a passar a empresa adiante.
Resumo da operação:
- Varig com dívida bilionária: ninguém quer;
- Consórcio compra o enrosco por US$ 24 milhões;
- Anac diz que consórcio não cumpre requisitos legais;
- Consórcio compra o enrosco por US$ 24 milhões;
- Anac diz que consórcio não cumpre requisitos legais;
- Teixeira faz lobby; Dilma pressiona Anac e Infraero;
- Dívida bilionária desaparece;
- Varig volta a valer uma fortuna;
- TAM propõe valor inicial de US$ 1,2 bilhão, mas termina oferecendo US$ 738 milhões;
- Impõe-se ao consórcio a venda à Gol por US$ 320 milhões.
Leiam os detalhes deste incrível negócio na VEJA desta semana.
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