Por: Rodrigo Constantino.
“O Estado é a grande ficção através da qual todo mundo se esforça para viver à custa de todo mundo.” (Frédéric Bastiat)
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou que serão incluídas no Sistema Único de Saúde (SUS) as cirurgias de mudança de sexo. A informação foi dada ao chegar para participar da I Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, que contou com a presença do presidente Lula. O ministro justificou a decisão alegando que “a medida obedece a um princípio de humanização e atende a uma demanda social”. Estranhos conceitos do ministro. É sempre o mesmo tipo de discurso para defender atrocidades.
Nada contra a escolha sexual dos indivíduos. Cada um na sua, desde que se respeite a liberdade alheia também. No entanto, faz-se necessário alertar que essa postura em relação aos homossexuais e transexuais já está passando dos limites. Uma coisa é tolerar as diferenças, respeitando que o indivíduo tem o direito de viver ou fazer sexo com outro do mesmo sexo. Outra coisa, bem diferente, é pular de alegria porque mais gente escolhe a homossexualidade, festejar o tal “orgulho gay” e até incentivar as pessoas nessa direção, dando a entender que é a coisa mais fashion do mundo. Circula a piada de que antes era terrível ser gay, depois passou a ser aceitável, hoje é o máximo, e é melhor ir embora do país antes que seja obrigatório.
Essas paradas gays são financiadas, em boa parte, com dinheiro dos pagadores de impostos, muitos deles no total direito de não gostar da homossexualidade festejada com seu dinheiro suado. Sem falar que se heterossexuais fizessem metade do que os gays fazem nessas paradas seriam presos por atentado ao pudor! Se a homofobia é indesejável, me parece que a “homo mania” também o é. Até porque, no limite, se todos resolverem virar homossexuais, a humanidade vai sobreviver apenas com reproduções in vitro, e filho algum terá pai e mãe sob o mesmo teto. Pode ser o ideal da distopia de Huxley, O Admirável Mundo Novo, aonde a palavra “mãe” chegava a despertar nojo nos jovens, todos eles criados em laboratório. Haja soma (ou Prozac) para manter essa turma aparentemente contente!
Não é preciso ser um reacionário ou um conservador crente para respeitar os valores familiares. Família é algo muito importante, ainda e felizmente. É o núcleo de nossa civilização, cada vez mais atacado pelo governo, que é visto como deus por muitos, e assume o controle sobre nossas vidas de forma assustadora. Aqueles pais irresponsáveis que não querem educar seus filhos apelam para a tutela estatal, assim como Rousseau fez, depois de abandonar todos os seus filhos no orfanato. Isso não quer dizer que a família tradicional deva ser mantida à custa de qualquer coisa, inclusive da felicidade de seus membros. Um filho certamente está em melhor situação se criado por pais separados que se entendem, do que por pais que ficam juntos brigando diariamente, apenas porque a família tem que estar unida na mesma casa. Havia muita hipocrisia – e também infelicidade – no “puritanismo” da era vitoriana. Longe de mim, pregar um retorno a esses tempos, quando até o divórcio era visto com enorme preconceito, ou mesmo um crime. Mas nem por isso vou deixar de valorizar a família como uma importante instituição, crucial inclusive para preservar a liberdade individual das garras do governo onipresente, que pretende substituir suas funções.
Com isso em mente é que repudio essa nova medida do governo Lula, que sempre luta para enfraquecer a família como instituição, objetivando mais e mais poder nas mãos do governo. Essa turma tem o autoritarismo no seu DNA. Se dependesse deles, o governo iria decidir sobre cada mínimo detalhe de nossas vidas particulares. Para barrar esse avanço imoral sobre nossas liberdades, não devemos analisar somente caso a caso, aplaudindo alguns que parecem fazer sentido pontual e condenando outros. É preciso condenar o pacote completo! É preciso questionar a premissa central por trás de tantas medidas que invadem nossa liberdade. É preciso mostrar que não desejamos nem necessitamos da tutela estatal. Que cada família, de forma geral, cuida melhor dos próprios filhos e sabe o que é melhor para si. O governo não é pai de ninguém.
As seqüelas dessa mentalidade coletivista e da idolatria ao Estado são enormes. Em um país escandinavo, teve um idoso que entrou na Justiça exigindo prostitutas pagas pelo governo, para ter uma velhice mais feliz. Quando tudo é oferecido pelo governo, eis o resultado que temos: um leilão de privilégios, cada um lutando por mais alguma vantagem a ser paga pelos outros. Essa medida do governo Lula é apenas mais um efeito nefasto desse coletivismo tosco, que predomina na mentalidade dos brasileiros. Qual será o próximo grupo beneficiado em troca de votos? Será que o governo vai oferecer cirurgias plásticas “grátis” para as “mocréias”, em nome da igualdade facial? Será que o governo vai oferecer implante de cabelo “grátis” para os carecas, em nome da igualdade capilar? Vivemos em um país socialista mesmo, onde todos ficam tentando usar o governo para obter vantagens, mesmo que as mais bizarras. É lamentável...
Mas voltando a esta medida em particular, eis que crianças e adultos morrem por falta de remédios nos caóticos hospitais públicos, enquanto alguns sujeitos problemáticos, que nasceram com um pênis, mas gostariam de ter nascido com uma vagina, usarão o dinheiro do nosso imposto para cortar fora o órgão indesejado. Quando burocratas e políticos, preocupados apenas em concentrar privilégios para obter votos, decidem a alocação de recursos escassos, é esse o resultado que temos. O governo vai ampliando os privilégios, enquanto a conta fica cada vez maior para todos. Tem cotas por cor da pele, tem carteira para estudante, tem “gratuidade” para idosos, tem benefícios forçados para deficientes, tem reserva para índios, tem subsídio para grandes empresários, tem verba para invasores de terra, tem esmola para pobres, tem financiamento para cineastas engajados, tem dinheiro para movimento gay e muito mais, até mesmo cirurgia para transexual, tudo isso bancado por nossos impostos. Se o sujeito é branco, heterossexual, adulto, saudável, assalariado ou pequeno empresário, e classe média, ele está frito! Ele vai ter que bancar essa conta toda. Ele é o discriminado, para tanto privilegiado. Que valores são esses?
Eu sou um libertário, defensor da menor minoria de todas: o indivíduo. Costumo ser atacado tanto pela esquerda socialista como pela direita conservadora, saudosista da Idade Média. Não me identifico com nenhuma dessas vertentes, até porque considero ambas autoritárias. No fundo, eles pregam liberdade para aquilo que não se importam tanto, mas desejam um governo autoritário naquilo que julgam valioso. Os socialistas materialistas, que só pensam em dinheiro, querem controle estatal na economia, mas defendem as “liberdades civis”, enquanto os conservadores pregam governo controlador no comportamento humano, mas desejam a liberdade econômica. Eu defendo liberdade em ambas as áreas, por entender que o indivíduo deve ser livre de fato.
Isso quer dizer que, numa sociedade libertária, os homossexuais desfrutarão de ampla liberdade, exatamente igual aos heterossexuais, já que todos seriam iguais perante as poucas leis básicas. Mas isso quer dizer também que os heterossexuais terão direito de não gostar do homossexualismo e expressar isso, contanto que não agridam a liberdade dos gays. Se um gay for agredido, o agressor deve ir preso não por homofobia, mas por agressão, como qualquer um deveria ser. Não será feita uma propaganda estatal em prol do homossexualismo, nem uma pressão para empurrar goela abaixo tal escolha como algo legal. A Igreja Católica, por exemplo, não seria obrigada a aceitar o casamento gay, que poderia ser feito como forma de um contrato qualquer, perante as leis. Um mundo libertário respeita o princípio da segregação voluntária, já que defende apenas trocas voluntárias. Não há nada tão ruim quanto forçar um convívio “amigável” caso ele não seja realmente desejado. E por fim, sem dúvida alguma, os heterossexuais não seriam obrigados a pagar pela cirurgia que arranca fora o pênis de um homem que insiste, contra a sua natureza, em ser mulher!
O ministro Temporão justificou essa bizarrice, de pagar com nosso dinheiro a extração do instrumento sem uso dos transexuais, com a desculpa de “humanização” e “demanda social”. Caro ministro, a verdadeira humanização e demanda social seria o senhor fazer uma cirurgia para a retirada de seu instrumento sem uso, o “cérebro”, já que o senhor deve estar usando alguma outra parte do corpo para “pensar”. Mesmo sendo libertário, abro esta exceção e defendo que o governo pague pela cirurgia.
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segunda-feira, 9 de junho de 2008
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