Olavo de Carvalho - Jornal do Brasil, 28 de agosto de 2008
Desafio o governo Lula e seus sessenta intelectuaizinhos de estimação, os partidos de esquerda, o dr. Baltasar Garzón e todos os camelôs de direitos humanos a provar que qualquer das afirmações seguintes não corresponde aos fatos:
1. Todos os militantes de esquerda mortos pela repressão à guerrilha eram pessoas envolvidas de algum modo na luta armada. Entre as vítimas do terrorismo, ao contrário, houve civis inocentes, que nada tinham a ver com a encrenca.
2. Mesmo depois de subir na vida e tomar o governo, tornando-se poderosos e não raro milionários, os terroristas jamais esboçaram um pedido de perdão aos familiares dessas vítimas, muito menos tentaram lhes dar alguma compensação moral ou material. Nada, absolutamente nada, sugere que algum dia tenham sequer pensado nessas pessoas como seres humanos; no máximo, como detalhes irrisórios da grande epopéia revolucionária. Em contrapartida, querem que a opinião pública se comova até às lágrimas com o mal sobrevindo a eles próprios em retaliação pelos seus crimes, como se a violência sofrida em resposta à violência fosse coisa mais absurda e chocante do que a morte vinda do nada, sem motivo nem razão.
3. Bradam diariamente contra o crime de tortura, como se não soubessem que aprisionar à força um não-combatente e mantê-lo em cárcere privado sob constante ameaça de morte é um ato de tortura, ainda mais grave, pelo terror inesperado com que surpreende a vítima, do que cobrir de pancadas um combatente preso que ao menos sabe por que está apanhando. Contrariando a lógica, o senso comum, os Dez Mandamentos e toda a jurisprudência universal, acham que explodir pessoas a esmo é menos criminoso do que maltratar quem as explodiu.
4. Mesmo sabendo que mataram dezenas de inocentes, jamais se arrependeram de seus crimes. O máximo de nobreza que alcançam é admitir que a época não está propícia para cometê-los de novo – e esperam que esta confissão de oportunismo tático seja aceita como prova de seus sentimentos pacíficos e humanitários.
5. Consideram-se heróis, mas nunca explicaram o que pode haver de especialmente heróico em ocultar uma bomba-relógio sob um banco de aeroporto, em aterrorizar funcionárias de banco esfregando-lhes uma metralhadora na cara, em armar tocaia para matar um homem desarmado diante da mulher e do filho ou em esmigalhar a coronhadas a cabeça de um prisioneiro amarrado – sendo estes somente alguns dos seus feitos presumidamente gloriosos.
6. Dizem que lutavam pela democracia, mas nunca explicaram como poderiam criá-la com a ajuda da ditadura mais sangrenta do continente, nem por que essa ditadura estaria tão ansiosa em dar aos habitantes de uma terra estrangeira a liberdade que ela negava tão completamente aos cidadãos do seu próprio país.
7. Sabem perfeitamente que, para cada um dos seus que morria nas mãos da polícia brasileira, pelo menos trezentos eram mortos no mesmo instante pela ditadura que armava e financiava a sua maldita guerrilha. Mas nunca mostraram uma só gota de sentimento de culpa ante o preço que sua pretensa luta pela liberdade custou aos prisioneiros políticos cubanos.
Desses sete fatos decorrem algumas conclusões incontornáveis. Esses homens têm uma idéia errada, tanto dos seus próprios méritos quanto da insignificância alheia. Acham que surrar assassinos é crime hediondo, mas matar transeuntes é inócuo acidente de percurso (e recusam-se, é claro, a aplicar o mesmo atenuante às mortes de civis em tempo de guerra, se as bombas são americanas). São hipersensíveis às suas próprias dores, mesmo quando desejaram o risco de sofrê-las, e indiferentes à dor de quem jamais a procurou nem mereceu. Procedem, em suma, como se tivessem o monopólio não só da dignidade humana, mas do direito à compaixão. Qualquer tratado de psiquiatria forense lhes mostrará que esse modo de sentir é característico de criminosos sociopatas, ególatras e sem consciência moral. Não tenham ilusões. É esse tipo de gente que governa o Brasil de hoje.
Quem somos
- PANACEIA POLÍTICA
- Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil
- Olá! Somos um grupo de amigos preocupados com os rumos tomados pela nossa insólita Nação que, após anos de alienação intelectual e política que tolheu de muitos a visão do perigo, caminha a passos largos rumo a um socialismo rastaquera, nos moldes da ilha caribenha de Fidel, ou ainda pior. Deus nos ajude e ilumine nesta singela tentativa de, através deste espaço, divulgar a verdade e alertar os que estão a dormir sem sequer sonhar com o perigo que os rodeia. Sejam bem vindos! Amigos da Verdade
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Nós quem, cara pálida?
Olavo de Carvalho - Diário do Comércio (editorial), 28 de agosto de 2008
A pergunta decisiva do índio Tonto, que de tonto não tinha nada, vem irresistivelmente à minha memória sempre que me vejo exposto àquela retórica global e retumbante, tão usual hoje em dia, que, tomando da palavra na primeira pessoa do plural, fala em nome da platéia universal sem ter-lhe pedido a mínima autorização para isso.
Da minha parte, tomo os maiores cuidados para não abusar da palavra “nós”. Restrinjo o seu emprego aos casos em que a coletividade referida é claramente identificável e as generalizações que faço a respeito dela podem ser verificadas (ou contestadas) empiricamente. A moda geral, no entanto, é eludir essas precauções, deixando o significado do pronome vago e indefinido o bastante para sugerir, mui modestamente, que o orador é a consciência da espécie humana.
Ao celebrar seus quarenta anos de existência e anunciar entusiasticamente para 2 de setembro o seminário comemorativo “O Brasil que queremos ser”, a revista Veja dá por subentendido que os sonhos de cada brasileiro coincidem com os dos distintos palestrantes, entre os quais no entanto pelo menos um, o advogado Márcio Thomaz Bastos, evoca antes uma imagem de pesadelo.
Também não entendo por que o colunista Cláudio de Moura Castro, que escreveu na própria Veja alguns dos melhores artigos sobre educação já publicados neste país, foi posto para coordenar o debate sobre Meio Ambiente, enquanto o painel de Educação foi deixado aos cuidados de pessoas que nunca educaram ninguém e que, na melhor das hipóteses, só podem falar do assunto desde o ponto de vista econômico. Ninguém, na verdade, exceto eu e mais dois ou três, verá aí nada de anormal. Desde que me conheço por gente, só se discute a educação brasileira sob esse ângulo, como se o conteúdo, a filosofia e os valores embutidos no processo pedagógico não fossem problema nenhum. De fato, parece que não são: tudo a respeito já está decidido há décadas e ninguém pode questionar a autoridade pontifícia dos Paulos Freires, das Emílias Ferreros, dos Celestins Freinets, dos Levs Vigotskys e outros manipuladores comunistas cujas teorias são, no entanto, a causa direta e principal não só da imbecilização maciça das crianças brasileiras, mas também, por isso mesmo, das imensas perdas econômicas impostas ao país por essa organização criminosa que é o Ministério da Educação.
Sob esse aspecto, aliás, há um detalhe interessante. A revista Veja vem denunciando com veemência a doutrinação comunista disseminada nas escolas brasileiras, e com isso presta um louvável serviço de saúde pública. Mas seria mais louvável ainda se, no seu empenho saneador, começasse por admitir a parcela de culpa que, na produção desse descalabro, coube à própria Editora Abril. Durante décadas as revistas da Fundação Victor Civita, “Escola” e “Sala de Aula” – depois unificadas sob o nome de “Nova Escola” – foram instrumentos essenciais para o endeusamento dos educadores comunistas e a adoção das suas técnicas e preceitos idiotizantes pelo sistema nacional de ensino. Trabalhei nas duas e sei do que estou falando. Um debate sério sobre educação deveria começar pelas idéias orientadoras, pois são estas que moldam as ações e, em última análise, geram as conseqüências devastadoras que os testes internacionais de avaliação de estudantes não cessam de assinalar.
Falando em idéias, alguns exemplares delas constam do site de apresentação do seminário (www.veja40anos.com.br), elucidando de antemão o espírito da coisa. Vejam por exemplo esta definição da “tarefa do jornalismo”, produzida por Washington Novaes e encarregada de inspirar o painel sobre “Imprensa”:
“Sem ampliar o acesso à informação, a sociedade não terá como construir formatos de viver ‘sustentáveis’, que enfrentem as duas grandes questões do nosso tempo: mudanças climáticas e padrões de produção e consumo insustentáveis, incompatíveis com a capacidade de reposição da biosfera planetária... É preciso ver quais são ou serão os impactos; como evitá-los ou minimizá-los; como atribuir os custos a quem os gera. Essa é a tarefa do jornalismo.”
Traduzido do seu estilo alusivo e escorregadio para o português claro, o parágrafo diz o seguinte:
1) O clima da Terra está mudando catastroficamente por culpa da ação humana.
2) O principal vilão é o maldito capitalismo americano (“padrões de produção e consumo insustentáveis”).
3) A solução é, naturalmente, o imposto global obamiano (“atribuir os custos a quem os gera”), que estrangulará a economia americana e, mediante mera decisão burocrática, transferirá o poder dos EUA para o governo mundial instalado na ONU.
4) A tarefa do jornalismo consiste em lutar para que isso aconteça.É uma maravilha. A maneira mais óbvia e tradicional de sonegar uma informação é fazer de conta que ela não existe e saltar direto para a conclusão que ela impugna, fingindo que essa conclusão jamais foi contestada por ninguém. Washington Novaes só inova ao dizer que isso é “ampliar o acesso à informação”. Normalmente, onde há uma questão controversa, cabe aos jornalistas informar ao público a substância das opiniões em confronto, para que ele as julgue por si. Para Washington Novaes, ampliar o acesso à informação consiste em dar sumiço à controvérsia, fazendo como se uma das idéias imperasse sozinha sobre o horizonte do pensamento humano. Por mais que Novaes aprecie a explicação do aquecimento global inventada pelo IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), resta o fato incontornável de que ela foi subscrita por 2.500 indivíduos, muitos deles meros funcionários da ONU alheios a estudos climatológicos, e imediatamente rebatida por um abaixo-assinado de 17.000 cientistas de profissão, em nada se assemelhando portanto a um consenso científico universal, diante do qual não restasse aos jornalistas senão sacramentá-lo com um unânime e altissonante “Amém”.Pelo menos dois documentários ilustram o que estou dizendo: “The Great Global Warming Swindle” (“A Grande Patifaria do Aquecimento Global”), produzido pelo Canal 4 da TV inglesa, e “Global Warming or Global Governance?” (“Aquecimento Global ou Governança Global?”), da Sovereignity International. Em ambos a tese da origem humana do aquecimento global é não só contestada, mas denunciada como uma fraude proposital. Uma das provas mais eloqüentes é que o ex-presidente americano Al Gore exibe por toda parte um gráfico da evolução comparativa das emissões de CO2 e do aumento da temperatura global ao longo de 400 mil anos, daí concluindo triunfalmente que o primeiro desses fenômenos causa o segundo. Toda a credibilidade dessa conclusão advém de um pequeno detalhe: Gore mostra as duas curvas separadamente. Quando as superpomos, verificamos que as elevações de temperatura não se seguem aos aumentos emissões de CO2, mas os antecedem. O espertinho simplesmente trocou a causa pelo efeito.
Esconder a controvérsia e ao mesmo tempo fazer-se de bem intencionado apóstolo da “ampliação do acesso à informação” é trapaça, evidentemente. Mas as fraudes cientificas seriam impotentes se não secundadas pelas fraudes jornalísticas que lhes dão credibilidade popular. Essa é a missão do jornalismo segundo Washington Novaes.
Mas ele não está sozinho nisso. Outra frase inspiradora, no site do seminário, vem do economista Sérgio Besserman Viana:
"O desenvolvimento atual não é sustentável. As próximas décadas serão de profundas transformações econômicas, sociais, políticas e no pensamento humano, tendo como eixo a construção da sustentabilidade nas relações da humanidade com os limites do planeta.”
Al Gore não diria isso melhor. A quarentona Veja, ao mesmo tempo que desanca o comunismo na educação, parece ter subscrito alegremente o programa do burocratismo ecológico global, o qual nada mais é senão um upgrade pós-soviético do bom e velho plano comunista do Estado mundial controlador de tudo.
Lembro-me de, nos anos 70, ter lido numa revista cultural brasileira um ensaio de Jack Jones com o título “O conservacionismo, uma ideologia pós-marxista?” Naquela época, em que o ecologismo ainda atendia pelo nome de “conservacionismo”, essa transmutação do comunismo já era nítida para qualquer estudioso atento. Entre os atuais “formadores de opinião” no Brasil, ela ainda continua invisível ao ponto de que a mera sugestão da sua existência é repelida como “teoria da conspiração” – objeção ao alcance de qualquer cérebro atrofiado ao qual tenha chegado notícia de um filme com esse título.
O painel sobre Imprensa poderia salvar do inevitável mergulho na nulidade o seminário de Veja, se Reinaldo Azevedo fosse ali designado para enfrentar o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos na questão do controle estatal da mídia. Veja preferiu desperdiçar o valente colunista, colocando-o na posição desconfortável e paralisante de mediador.
Dito isso, aproveito a ocasião para discordar radicalmente do meu notável colega quando ele diz, no vídeo de apresentação do seminário, que “o Brasil tem uma das melhores imprensas do mundo”. Se tivesse, a coluna do próprio Reinaldo seria desnecessária, pois ela existe precisamente para dizer o que o resto da mídia não diz, isto é, quase tudo o que interessa.
A pergunta decisiva do índio Tonto, que de tonto não tinha nada, vem irresistivelmente à minha memória sempre que me vejo exposto àquela retórica global e retumbante, tão usual hoje em dia, que, tomando da palavra na primeira pessoa do plural, fala em nome da platéia universal sem ter-lhe pedido a mínima autorização para isso.
Da minha parte, tomo os maiores cuidados para não abusar da palavra “nós”. Restrinjo o seu emprego aos casos em que a coletividade referida é claramente identificável e as generalizações que faço a respeito dela podem ser verificadas (ou contestadas) empiricamente. A moda geral, no entanto, é eludir essas precauções, deixando o significado do pronome vago e indefinido o bastante para sugerir, mui modestamente, que o orador é a consciência da espécie humana.
Ao celebrar seus quarenta anos de existência e anunciar entusiasticamente para 2 de setembro o seminário comemorativo “O Brasil que queremos ser”, a revista Veja dá por subentendido que os sonhos de cada brasileiro coincidem com os dos distintos palestrantes, entre os quais no entanto pelo menos um, o advogado Márcio Thomaz Bastos, evoca antes uma imagem de pesadelo.
Também não entendo por que o colunista Cláudio de Moura Castro, que escreveu na própria Veja alguns dos melhores artigos sobre educação já publicados neste país, foi posto para coordenar o debate sobre Meio Ambiente, enquanto o painel de Educação foi deixado aos cuidados de pessoas que nunca educaram ninguém e que, na melhor das hipóteses, só podem falar do assunto desde o ponto de vista econômico. Ninguém, na verdade, exceto eu e mais dois ou três, verá aí nada de anormal. Desde que me conheço por gente, só se discute a educação brasileira sob esse ângulo, como se o conteúdo, a filosofia e os valores embutidos no processo pedagógico não fossem problema nenhum. De fato, parece que não são: tudo a respeito já está decidido há décadas e ninguém pode questionar a autoridade pontifícia dos Paulos Freires, das Emílias Ferreros, dos Celestins Freinets, dos Levs Vigotskys e outros manipuladores comunistas cujas teorias são, no entanto, a causa direta e principal não só da imbecilização maciça das crianças brasileiras, mas também, por isso mesmo, das imensas perdas econômicas impostas ao país por essa organização criminosa que é o Ministério da Educação.
Sob esse aspecto, aliás, há um detalhe interessante. A revista Veja vem denunciando com veemência a doutrinação comunista disseminada nas escolas brasileiras, e com isso presta um louvável serviço de saúde pública. Mas seria mais louvável ainda se, no seu empenho saneador, começasse por admitir a parcela de culpa que, na produção desse descalabro, coube à própria Editora Abril. Durante décadas as revistas da Fundação Victor Civita, “Escola” e “Sala de Aula” – depois unificadas sob o nome de “Nova Escola” – foram instrumentos essenciais para o endeusamento dos educadores comunistas e a adoção das suas técnicas e preceitos idiotizantes pelo sistema nacional de ensino. Trabalhei nas duas e sei do que estou falando. Um debate sério sobre educação deveria começar pelas idéias orientadoras, pois são estas que moldam as ações e, em última análise, geram as conseqüências devastadoras que os testes internacionais de avaliação de estudantes não cessam de assinalar.
Falando em idéias, alguns exemplares delas constam do site de apresentação do seminário (www.veja40anos.com.br), elucidando de antemão o espírito da coisa. Vejam por exemplo esta definição da “tarefa do jornalismo”, produzida por Washington Novaes e encarregada de inspirar o painel sobre “Imprensa”:
“Sem ampliar o acesso à informação, a sociedade não terá como construir formatos de viver ‘sustentáveis’, que enfrentem as duas grandes questões do nosso tempo: mudanças climáticas e padrões de produção e consumo insustentáveis, incompatíveis com a capacidade de reposição da biosfera planetária... É preciso ver quais são ou serão os impactos; como evitá-los ou minimizá-los; como atribuir os custos a quem os gera. Essa é a tarefa do jornalismo.”
Traduzido do seu estilo alusivo e escorregadio para o português claro, o parágrafo diz o seguinte:
1) O clima da Terra está mudando catastroficamente por culpa da ação humana.
2) O principal vilão é o maldito capitalismo americano (“padrões de produção e consumo insustentáveis”).
3) A solução é, naturalmente, o imposto global obamiano (“atribuir os custos a quem os gera”), que estrangulará a economia americana e, mediante mera decisão burocrática, transferirá o poder dos EUA para o governo mundial instalado na ONU.
4) A tarefa do jornalismo consiste em lutar para que isso aconteça.É uma maravilha. A maneira mais óbvia e tradicional de sonegar uma informação é fazer de conta que ela não existe e saltar direto para a conclusão que ela impugna, fingindo que essa conclusão jamais foi contestada por ninguém. Washington Novaes só inova ao dizer que isso é “ampliar o acesso à informação”. Normalmente, onde há uma questão controversa, cabe aos jornalistas informar ao público a substância das opiniões em confronto, para que ele as julgue por si. Para Washington Novaes, ampliar o acesso à informação consiste em dar sumiço à controvérsia, fazendo como se uma das idéias imperasse sozinha sobre o horizonte do pensamento humano. Por mais que Novaes aprecie a explicação do aquecimento global inventada pelo IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), resta o fato incontornável de que ela foi subscrita por 2.500 indivíduos, muitos deles meros funcionários da ONU alheios a estudos climatológicos, e imediatamente rebatida por um abaixo-assinado de 17.000 cientistas de profissão, em nada se assemelhando portanto a um consenso científico universal, diante do qual não restasse aos jornalistas senão sacramentá-lo com um unânime e altissonante “Amém”.Pelo menos dois documentários ilustram o que estou dizendo: “The Great Global Warming Swindle” (“A Grande Patifaria do Aquecimento Global”), produzido pelo Canal 4 da TV inglesa, e “Global Warming or Global Governance?” (“Aquecimento Global ou Governança Global?”), da Sovereignity International. Em ambos a tese da origem humana do aquecimento global é não só contestada, mas denunciada como uma fraude proposital. Uma das provas mais eloqüentes é que o ex-presidente americano Al Gore exibe por toda parte um gráfico da evolução comparativa das emissões de CO2 e do aumento da temperatura global ao longo de 400 mil anos, daí concluindo triunfalmente que o primeiro desses fenômenos causa o segundo. Toda a credibilidade dessa conclusão advém de um pequeno detalhe: Gore mostra as duas curvas separadamente. Quando as superpomos, verificamos que as elevações de temperatura não se seguem aos aumentos emissões de CO2, mas os antecedem. O espertinho simplesmente trocou a causa pelo efeito.
Esconder a controvérsia e ao mesmo tempo fazer-se de bem intencionado apóstolo da “ampliação do acesso à informação” é trapaça, evidentemente. Mas as fraudes cientificas seriam impotentes se não secundadas pelas fraudes jornalísticas que lhes dão credibilidade popular. Essa é a missão do jornalismo segundo Washington Novaes.
Mas ele não está sozinho nisso. Outra frase inspiradora, no site do seminário, vem do economista Sérgio Besserman Viana:
"O desenvolvimento atual não é sustentável. As próximas décadas serão de profundas transformações econômicas, sociais, políticas e no pensamento humano, tendo como eixo a construção da sustentabilidade nas relações da humanidade com os limites do planeta.”
Al Gore não diria isso melhor. A quarentona Veja, ao mesmo tempo que desanca o comunismo na educação, parece ter subscrito alegremente o programa do burocratismo ecológico global, o qual nada mais é senão um upgrade pós-soviético do bom e velho plano comunista do Estado mundial controlador de tudo.
Lembro-me de, nos anos 70, ter lido numa revista cultural brasileira um ensaio de Jack Jones com o título “O conservacionismo, uma ideologia pós-marxista?” Naquela época, em que o ecologismo ainda atendia pelo nome de “conservacionismo”, essa transmutação do comunismo já era nítida para qualquer estudioso atento. Entre os atuais “formadores de opinião” no Brasil, ela ainda continua invisível ao ponto de que a mera sugestão da sua existência é repelida como “teoria da conspiração” – objeção ao alcance de qualquer cérebro atrofiado ao qual tenha chegado notícia de um filme com esse título.
O painel sobre Imprensa poderia salvar do inevitável mergulho na nulidade o seminário de Veja, se Reinaldo Azevedo fosse ali designado para enfrentar o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos na questão do controle estatal da mídia. Veja preferiu desperdiçar o valente colunista, colocando-o na posição desconfortável e paralisante de mediador.
Dito isso, aproveito a ocasião para discordar radicalmente do meu notável colega quando ele diz, no vídeo de apresentação do seminário, que “o Brasil tem uma das melhores imprensas do mundo”. Se tivesse, a coluna do próprio Reinaldo seria desnecessária, pois ela existe precisamente para dizer o que o resto da mídia não diz, isto é, quase tudo o que interessa.
Mais uma fala descabida de Tarso Genro
Mais uma do tio Rei...
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No Estadão On Line. Comento no post seguinte:
O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou nesta quinta-feira, no Palácio do Planalto, que o voto do ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF), favorável à manutenção da demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol como área contínua e à saída dos arrozeiros da região ajuda a consolidar o Estado de direito em Roraima. "O Estado de direito está chegando lá", disse Tarso, mas observou, também, que o julgamento de ação popular contrária à demarcação ainda está no início. Na véspera, o STF interrompeu o julgamento sobre a legalidade da demarcação da reserva em área contínua após pedido de vista do ministro Carlos Alberto Menezes Direito.
Para o ministro da Justiça, com o voto de Britto - que é o relator da ação no STF - está "bem encaminhada" a solução do conflito na região da reserva. "Não adianta arrozeiro apelar para a violência e a brutalidade", disse Tarso, referindo-se à reação que tiveram os arrozeiros quando a Polícia Federal tentou retirá-los da área em maio deste ano. "Não adianta estourar pontes, fazer ações violentas contra o Estado e mobilizações que levem à violência", acrescentou.
Em declaração ao chegar ao Planalto para uma reunião ampliada do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Tarso disse ainda que o voto do relator no STF demonstra "de forma clara" que o Estado de direito "está se consolidando" em Roraima. "Não é uma vitória de índio contra branco ou índio contra arrozeiro. Trata-se de uma concepção de território, de cidadania e de pluralidade."
Tarso disse que o Ministério da Justiça cumprirá a decisão final do STF sobre a reserva indígena. "Caminhamos para uma solução positiva. A linha de voto do ministro Ayres Britto dignifica o debate jurídico e constitucional e afirma os valores fundamentais que preservam os direitos dos indígenas."A ação que contesta a legalidade da reserva foi apresentada pelos senadores Augusto Botelho (PT-RR) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). Localizada no Estado de Roraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana, a reserva Raposa Serra do Sol tem 1,7 milhão de hectares. Cerca de 19 mil índios de cinco etnias moram na área, em 194 comunidades. Já os produtores de arroz que têm fazendas dentro da reserva sustentaram que o laudo antropológico feito pela Funai, órgão subordinado ao Ministério da Justiça, é falho e não comprova que Raposa Serra do Sol era ocupada por índios no passado.
Comentário
Despudor - “Sentimento de vergonha, timidez, mal-estar, causado por qualquer coisa capaz de ferir a decência, a modéstia, a inocência.”
O que vai acima, em itálico, é a primeira acepção, no Houaiss, da palavra “pudor”. E o despudor, então, nesta acepção número um, é o contrário disso. Define, por exemplo, o comportamento de Tarso Genro comentando a questão de Raposa Serra do Sol.
A questão primeira, anterior a quaisquer outras considerações ou questões de opinião e gosto, é que o tema está ainda sub judice. Tarso tem todo o direito, e até o dever, de informar qual é a opinião do governo — de resto, devidamente representada e defendida no Supremo. Não pode, não lhe cabe, é-lhe vedado, isto sim, é dar-se ao desfrute do baixo proselitismo, demonizando um dos lados da disputa. Pior: enquanto o faz, sustenta o contrário. Açula uma luta entre agricultores e índios para, em seguida, negar que se trate de uma luta entre agricultores e índios.
Mais: Tarso Genro dá o parecer do relator como a sentença vitoriosa no tribunal. Pode até ser que seja — afinal, ela está sendo saudada em prosa e verso pelos setores politicamente corretos na imprensa, que chamam de “iluminada” a defesa do “novo bom selvagem” feita por Ayres Britto —, mas ainda não é.
Sobre a chegada do “estado de direito” à região, dizer o quê? Republiquei ontem, post das 5h21, o vídeo que mostra a atuação da Polícia Federal na área (se quiser ver ou rever, clique aqui). Os valentes de Tarso invadiram as fazendas sem qualquer ordem judicial. E ainda estimulam os fazendeiros a reagir...
Como, nesse caso, a pauta de Tarso coincide com a de boa parte do jornalismo indianista, considera-se tudo da mais absoluta normalidade.
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No Estadão On Line. Comento no post seguinte:
O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou nesta quinta-feira, no Palácio do Planalto, que o voto do ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF), favorável à manutenção da demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol como área contínua e à saída dos arrozeiros da região ajuda a consolidar o Estado de direito em Roraima. "O Estado de direito está chegando lá", disse Tarso, mas observou, também, que o julgamento de ação popular contrária à demarcação ainda está no início. Na véspera, o STF interrompeu o julgamento sobre a legalidade da demarcação da reserva em área contínua após pedido de vista do ministro Carlos Alberto Menezes Direito.
Para o ministro da Justiça, com o voto de Britto - que é o relator da ação no STF - está "bem encaminhada" a solução do conflito na região da reserva. "Não adianta arrozeiro apelar para a violência e a brutalidade", disse Tarso, referindo-se à reação que tiveram os arrozeiros quando a Polícia Federal tentou retirá-los da área em maio deste ano. "Não adianta estourar pontes, fazer ações violentas contra o Estado e mobilizações que levem à violência", acrescentou.
Em declaração ao chegar ao Planalto para uma reunião ampliada do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Tarso disse ainda que o voto do relator no STF demonstra "de forma clara" que o Estado de direito "está se consolidando" em Roraima. "Não é uma vitória de índio contra branco ou índio contra arrozeiro. Trata-se de uma concepção de território, de cidadania e de pluralidade."
Tarso disse que o Ministério da Justiça cumprirá a decisão final do STF sobre a reserva indígena. "Caminhamos para uma solução positiva. A linha de voto do ministro Ayres Britto dignifica o debate jurídico e constitucional e afirma os valores fundamentais que preservam os direitos dos indígenas."A ação que contesta a legalidade da reserva foi apresentada pelos senadores Augusto Botelho (PT-RR) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). Localizada no Estado de Roraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela e a Guiana, a reserva Raposa Serra do Sol tem 1,7 milhão de hectares. Cerca de 19 mil índios de cinco etnias moram na área, em 194 comunidades. Já os produtores de arroz que têm fazendas dentro da reserva sustentaram que o laudo antropológico feito pela Funai, órgão subordinado ao Ministério da Justiça, é falho e não comprova que Raposa Serra do Sol era ocupada por índios no passado.
Comentário
Despudor - “Sentimento de vergonha, timidez, mal-estar, causado por qualquer coisa capaz de ferir a decência, a modéstia, a inocência.”
O que vai acima, em itálico, é a primeira acepção, no Houaiss, da palavra “pudor”. E o despudor, então, nesta acepção número um, é o contrário disso. Define, por exemplo, o comportamento de Tarso Genro comentando a questão de Raposa Serra do Sol.
A questão primeira, anterior a quaisquer outras considerações ou questões de opinião e gosto, é que o tema está ainda sub judice. Tarso tem todo o direito, e até o dever, de informar qual é a opinião do governo — de resto, devidamente representada e defendida no Supremo. Não pode, não lhe cabe, é-lhe vedado, isto sim, é dar-se ao desfrute do baixo proselitismo, demonizando um dos lados da disputa. Pior: enquanto o faz, sustenta o contrário. Açula uma luta entre agricultores e índios para, em seguida, negar que se trate de uma luta entre agricultores e índios.
Mais: Tarso Genro dá o parecer do relator como a sentença vitoriosa no tribunal. Pode até ser que seja — afinal, ela está sendo saudada em prosa e verso pelos setores politicamente corretos na imprensa, que chamam de “iluminada” a defesa do “novo bom selvagem” feita por Ayres Britto —, mas ainda não é.
Sobre a chegada do “estado de direito” à região, dizer o quê? Republiquei ontem, post das 5h21, o vídeo que mostra a atuação da Polícia Federal na área (se quiser ver ou rever, clique aqui). Os valentes de Tarso invadiram as fazendas sem qualquer ordem judicial. E ainda estimulam os fazendeiros a reagir...
Como, nesse caso, a pauta de Tarso coincide com a de boa parte do jornalismo indianista, considera-se tudo da mais absoluta normalidade.
O RACIALISMO AVANÇA
No blog do Reinaldo
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Mais um esforço para oficializar o racismo no Brasil
Leiam o que vai abaixo. Volto no post seguinte.
Do G1, em São Paulo: A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado aprovou na quarta-feira (27) parecer favorável a projeto de lei do senador Paulo Paim (PT-RS) que promove a inclusão de afro-brasileiros no mercado de trabalho.O texto reserva para esse segmento da população 46% das vagas em empresas com mais de 200 empregados e 20% dos cargos em comissão do grupo de Direção e Assessoramento Superiores (DAS) da Administração Pública. As informações são da Agência Senado.
A proposta ainda será examinada agora pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) em decisão terminativa, ou seja, não deve passar pelo Plenário do Senado antes de seguir para a Câmara. O preenchimento dos cargos em comissão deverá ter a meta de 20% aumentada gradativamente, até que sejam ocupados por afro-brasileiros na mesma proporção que essas pessoas ocupam na população brasileira.
Emenda apresentada pelo relator, senador Papaléo Paes (PSDB-AP), determina o prazo de cinco anos após a promulgação da lei para que as empresas com mais de 200 empregados tenham 46% de afro-brasileiros em seus quadros. O senador explicou que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 46% da população brasileira é composta por negros.
Deficientes
A comissão também aprovou substitutivo do senador Flávio Arns (PT-PR) ao projeto do então senador Rodolpho Tourinho que define percentuais e critérios para a reserva de cargos e empregos públicos para pessoas com deficiência. De acordo com o projeto (PLS 382/03), entre 5% a 20% das vagas de concursos públicos devem ser reservadas para pessoas com deficiência. A proposta também determina que todos os órgãos da administração pública reservem pelo menos 5% de seus cargos e empregos para portadores de deficiência. O substitutivo do senador Flávio Arns incluiu a visão monocular e a perda auditiva unilateral total entre as deficiências.
Comentário:
Eis aí. A proposta de Paim embute uma mentira grotesca: a de que 46% dos brasileiros são negros. O Brasil tem 6% de negros. É que os militantes consideram “negros” os mestiços, nos mais variados graus. Um pai negro e uma mãe branca — ou o contrário — gerarão, para eles, necessariamente um negro, que vai conservando essa condição na medida da sua conveniência ou da conveniência da militância. Se esse mestiço tiver um filho com uma pessoa branca, a criança continuará negra... Por quê? Porque eles querem que seja assim.
Imaginem as dificuldades práticas para implementar a medida se aprovada. Cada empresa terá de ter um comissariado racial para ver se a cota está sendo cumprida. Caso não esteja, suponho que uma força estatal, de caráter repressivo, tenha de baixar no local para fazer a contagem. Como esse critério de Paim inclui todos os mestiços, será preciso que o sujeito de pele clara, mesmo descendente de negros num dos ramos da família, ou nos dois, prove a sua negritude com algum certificado de origem controlada. Como um vinho. Se não o fizer e estiver na cota dos negros, terá de ser demitido. Nesse caso, seria demitido em razão de quê? Ora, da cor da sua pele. Mas Paim acharia isso muito justo.
O ministro Ayres Britto disse ontem que vivemos a “era constitucional compensatória”, da “protagonização de segmentos minoritários”. Vai ver ela se traduz assim, dividindo uma nação em raças, estimulando brasileiros a lutar contra brasileiros. Já existem cotas nas universidades. Ainda se trata de um segmento minoritário. Transferir a questão para o mundo do trabalho é massificar a perspectiva racialista — quando, na prática, ela vem sendo eliminada pela própria dinâmica da sociedade. Ou o país não teria 40% de mestiços. De resto, é bem provável que essa participação até já exista, dada a presença maciça de mestiços, que Paim chama “negros”, na sociedade brasileira. A depender do Estado, é até maior. Noto que a proposta do senador nem mesmo considera as disparidade regionais. Se, em Santa Catarina, por exemplo, uma empresa tiver de contratar 46% de negros — mesmo os negros de mentirinha de Paim —, será preciso importá-los de algum outro estado. Talvez da Bahia: ali, caso se cumpra rigorosamente a cota de 46% (já que, para eles, mestiços são negros), então será preciso demiti-los.
Paim é o autor e grande promotor do Estatuto da Igualdade Racial (vejam no arquivo do blog), um verdadeiro guia de como oficializar o racismo no país. Ah, sim: um tucano deu a sua colaboração. Achou a idéia boa, só que pediu cinco anos para sua implementação...
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Mais um esforço para oficializar o racismo no Brasil
Leiam o que vai abaixo. Volto no post seguinte.
Do G1, em São Paulo: A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado aprovou na quarta-feira (27) parecer favorável a projeto de lei do senador Paulo Paim (PT-RS) que promove a inclusão de afro-brasileiros no mercado de trabalho.O texto reserva para esse segmento da população 46% das vagas em empresas com mais de 200 empregados e 20% dos cargos em comissão do grupo de Direção e Assessoramento Superiores (DAS) da Administração Pública. As informações são da Agência Senado.
A proposta ainda será examinada agora pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) em decisão terminativa, ou seja, não deve passar pelo Plenário do Senado antes de seguir para a Câmara. O preenchimento dos cargos em comissão deverá ter a meta de 20% aumentada gradativamente, até que sejam ocupados por afro-brasileiros na mesma proporção que essas pessoas ocupam na população brasileira.
Emenda apresentada pelo relator, senador Papaléo Paes (PSDB-AP), determina o prazo de cinco anos após a promulgação da lei para que as empresas com mais de 200 empregados tenham 46% de afro-brasileiros em seus quadros. O senador explicou que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 46% da população brasileira é composta por negros.
Deficientes
A comissão também aprovou substitutivo do senador Flávio Arns (PT-PR) ao projeto do então senador Rodolpho Tourinho que define percentuais e critérios para a reserva de cargos e empregos públicos para pessoas com deficiência. De acordo com o projeto (PLS 382/03), entre 5% a 20% das vagas de concursos públicos devem ser reservadas para pessoas com deficiência. A proposta também determina que todos os órgãos da administração pública reservem pelo menos 5% de seus cargos e empregos para portadores de deficiência. O substitutivo do senador Flávio Arns incluiu a visão monocular e a perda auditiva unilateral total entre as deficiências.
Comentário:
Eis aí. A proposta de Paim embute uma mentira grotesca: a de que 46% dos brasileiros são negros. O Brasil tem 6% de negros. É que os militantes consideram “negros” os mestiços, nos mais variados graus. Um pai negro e uma mãe branca — ou o contrário — gerarão, para eles, necessariamente um negro, que vai conservando essa condição na medida da sua conveniência ou da conveniência da militância. Se esse mestiço tiver um filho com uma pessoa branca, a criança continuará negra... Por quê? Porque eles querem que seja assim.
Imaginem as dificuldades práticas para implementar a medida se aprovada. Cada empresa terá de ter um comissariado racial para ver se a cota está sendo cumprida. Caso não esteja, suponho que uma força estatal, de caráter repressivo, tenha de baixar no local para fazer a contagem. Como esse critério de Paim inclui todos os mestiços, será preciso que o sujeito de pele clara, mesmo descendente de negros num dos ramos da família, ou nos dois, prove a sua negritude com algum certificado de origem controlada. Como um vinho. Se não o fizer e estiver na cota dos negros, terá de ser demitido. Nesse caso, seria demitido em razão de quê? Ora, da cor da sua pele. Mas Paim acharia isso muito justo.
O ministro Ayres Britto disse ontem que vivemos a “era constitucional compensatória”, da “protagonização de segmentos minoritários”. Vai ver ela se traduz assim, dividindo uma nação em raças, estimulando brasileiros a lutar contra brasileiros. Já existem cotas nas universidades. Ainda se trata de um segmento minoritário. Transferir a questão para o mundo do trabalho é massificar a perspectiva racialista — quando, na prática, ela vem sendo eliminada pela própria dinâmica da sociedade. Ou o país não teria 40% de mestiços. De resto, é bem provável que essa participação até já exista, dada a presença maciça de mestiços, que Paim chama “negros”, na sociedade brasileira. A depender do Estado, é até maior. Noto que a proposta do senador nem mesmo considera as disparidade regionais. Se, em Santa Catarina, por exemplo, uma empresa tiver de contratar 46% de negros — mesmo os negros de mentirinha de Paim —, será preciso importá-los de algum outro estado. Talvez da Bahia: ali, caso se cumpra rigorosamente a cota de 46% (já que, para eles, mestiços são negros), então será preciso demiti-los.
Paim é o autor e grande promotor do Estatuto da Igualdade Racial (vejam no arquivo do blog), um verdadeiro guia de como oficializar o racismo no país. Ah, sim: um tucano deu a sua colaboração. Achou a idéia boa, só que pediu cinco anos para sua implementação...
SOBRE O FUMO E AS DITADURAS VIRTUOSAS
No blog do Reinaldo
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Prometi nesta madrugada que falaria mais sobre o projeto enviado à Assembléia pelo governo de São Paulo que, na prática, permite que se fume apenas na rua (em logradouros públicos abertos) ou em casa. Lei semelhante já foi aprovada no Rio e em Brasília. Isso significa que os fumódromos seriam banidos, mesmo que as áreas reservadas a fumantes não tenham qualquer contato com as de trânsito comum de fumantes e não-fumantes.Para mim, resta óbvio que há aí uma agressão a direitos individuais — até porque fumar tabaco não é ilegal. Ora, se quero me trancar num ambiente só freqüentado por fumantes e fumar até a exaustão, quem pode me impedir? Aí vou lembrar Albert Camus de O Mito de Sísifo: o suicídio é a única questão filosófica verdadeiramente relevante. Ainda que eu ache que as pessoas não devam praticá-lo.Claro que ninguém propõe uma lei dessas querendo o mal das pessoas. Lendo a reportagem da Folha, nota-se que os militantes antitabagismo ainda acham o projeto modesto: gostariam, talvez, que fosse ainda mais restritivo,quem sabe confinando o fumo ao ambiente doméstico apenas. E olhem lá: havendo uma criança em casa, algum promotor da Infância e da Juventude se veria tentado a cassar o pátrio poder porque o infante estaria exposto a uma má influência. “Restrição” é a palavra-chave nessa história.Façam uma pesquisa sobre o “Tirano de Siracusa”. Numa visão, vejam só, idealista de mundo, poderíamos ter uma ditadura das virtudes. Já que todos devemos fazer o bem como norte moral, por que não, então, uma força que nos imponha o bem como uma determinação ética? Não parece perfeito? A pergunta que já vem com uma resposta: “Alguém pode ser favorável ao câncer?” Ora... Então, eliminemos as chances do câncer. “Alguém pode ser favorável ao colesterol?” Então eliminemos radicalmente as chances do colesterol. “Alguém pode ser favorável às ambições desmedidas?” Então eliminemos as chances das ambições desmedidas...Quanto tempo demora para que o Tirano de Siracusa se tornar um déspota vicioso, embora pretenda, naturalmente, fazer apenas o bem, controlando nossos apetites e nos protegendo de nós mesmos, de nossa própria e suposta tendência à autodestruição e à destruição do outro? Todas as utopias — ou distopias — totalitárias acenam para o Bem.Fui muito longe só por causa do cigarro? Pois é. Acho que o projeto acena, queira ou não, para algo muito ruim. Embora fumante, concedo que o cigarro seja banido de ambientes públicos. Mas me parece inaceitável — e manifestação real de uma ditadura virtuosa ideal — proibir que haja bares, por exemplo, em que o fumo seja liberado, com o devido aviso estampado na porta. O indivíduo não pode ser privado do direito de escolha, nem que seja para o seu suposto bem. Banir os fumódromos das empresas, então, é ainda mais invasivo, já que interfere em uma rotina de entes privados, que nada devem, nesse particular, ao estado. Expõe, ademais, profissionais à humilhação e ao vexame.E noto: muitos leitores observaram que o hábito de fumar, no fim das contas, onera o sistema de saúde em decorrência das doenças decorrentes do fumo; que os fumantes, então, deveriam ter menos direitos à assistência do que o não-fumante... É, definitivamente, vivemos a época simpática a esses microfascismos. Pois bem: então é preciso restringir o acesso à saúde dos gordos, mais propensos à hipertensão; dos alcoólatras, mais propensos a qualquer coisa; dos promíscuos, mais propensos a doenças venéreas; quem sabe até dos absolutamente castos (se isso lhes causar algum desvio de comportamento). Que tal criarmos um sistema de saúde para atender apenas as pessoas saudáveis?O norte ético do projeto está errado. Deveria ser mudado ou rejeitado pela Assembléia. Mas não aposto nem em uma coisa nem em outra.
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Prometi nesta madrugada que falaria mais sobre o projeto enviado à Assembléia pelo governo de São Paulo que, na prática, permite que se fume apenas na rua (em logradouros públicos abertos) ou em casa. Lei semelhante já foi aprovada no Rio e em Brasília. Isso significa que os fumódromos seriam banidos, mesmo que as áreas reservadas a fumantes não tenham qualquer contato com as de trânsito comum de fumantes e não-fumantes.Para mim, resta óbvio que há aí uma agressão a direitos individuais — até porque fumar tabaco não é ilegal. Ora, se quero me trancar num ambiente só freqüentado por fumantes e fumar até a exaustão, quem pode me impedir? Aí vou lembrar Albert Camus de O Mito de Sísifo: o suicídio é a única questão filosófica verdadeiramente relevante. Ainda que eu ache que as pessoas não devam praticá-lo.Claro que ninguém propõe uma lei dessas querendo o mal das pessoas. Lendo a reportagem da Folha, nota-se que os militantes antitabagismo ainda acham o projeto modesto: gostariam, talvez, que fosse ainda mais restritivo,quem sabe confinando o fumo ao ambiente doméstico apenas. E olhem lá: havendo uma criança em casa, algum promotor da Infância e da Juventude se veria tentado a cassar o pátrio poder porque o infante estaria exposto a uma má influência. “Restrição” é a palavra-chave nessa história.Façam uma pesquisa sobre o “Tirano de Siracusa”. Numa visão, vejam só, idealista de mundo, poderíamos ter uma ditadura das virtudes. Já que todos devemos fazer o bem como norte moral, por que não, então, uma força que nos imponha o bem como uma determinação ética? Não parece perfeito? A pergunta que já vem com uma resposta: “Alguém pode ser favorável ao câncer?” Ora... Então, eliminemos as chances do câncer. “Alguém pode ser favorável ao colesterol?” Então eliminemos radicalmente as chances do colesterol. “Alguém pode ser favorável às ambições desmedidas?” Então eliminemos as chances das ambições desmedidas...Quanto tempo demora para que o Tirano de Siracusa se tornar um déspota vicioso, embora pretenda, naturalmente, fazer apenas o bem, controlando nossos apetites e nos protegendo de nós mesmos, de nossa própria e suposta tendência à autodestruição e à destruição do outro? Todas as utopias — ou distopias — totalitárias acenam para o Bem.Fui muito longe só por causa do cigarro? Pois é. Acho que o projeto acena, queira ou não, para algo muito ruim. Embora fumante, concedo que o cigarro seja banido de ambientes públicos. Mas me parece inaceitável — e manifestação real de uma ditadura virtuosa ideal — proibir que haja bares, por exemplo, em que o fumo seja liberado, com o devido aviso estampado na porta. O indivíduo não pode ser privado do direito de escolha, nem que seja para o seu suposto bem. Banir os fumódromos das empresas, então, é ainda mais invasivo, já que interfere em uma rotina de entes privados, que nada devem, nesse particular, ao estado. Expõe, ademais, profissionais à humilhação e ao vexame.E noto: muitos leitores observaram que o hábito de fumar, no fim das contas, onera o sistema de saúde em decorrência das doenças decorrentes do fumo; que os fumantes, então, deveriam ter menos direitos à assistência do que o não-fumante... É, definitivamente, vivemos a época simpática a esses microfascismos. Pois bem: então é preciso restringir o acesso à saúde dos gordos, mais propensos à hipertensão; dos alcoólatras, mais propensos a qualquer coisa; dos promíscuos, mais propensos a doenças venéreas; quem sabe até dos absolutamente castos (se isso lhes causar algum desvio de comportamento). Que tal criarmos um sistema de saúde para atender apenas as pessoas saudáveis?O norte ético do projeto está errado. Deveria ser mudado ou rejeitado pela Assembléia. Mas não aposto nem em uma coisa nem em outra.
GENERAIS DE PIJAMA: alerta oportuno
"Tarso Genro, se quer procurar ladrões, procure no seu Governo, porque em 20 anos de governo militar não temos um cabo, um sargento, um capitão, um coronel ou um general rico. E nesse bando que está ao seu lado todos estão riquíssimos, roubando e saqueando os cofres do contribuinte em nosso País. Tarso Genro, aprenda a ser homem, antes que a vida o leve." (Deputado Jair Bolsonaro – trecho de um discurso divulgado sem revisão do orador)
Este termo está sendo utilizado por alguns jornalistas e por membros do desgoverno petista para qualificar militares da reserva que compareceram à reunião no Clube Militar.O desrespeito é absurdo.
Esses senhores, os "Generais de Pijama", passaram a vida estudando e trabalhando para garantir a segurança da sociedade perante as ameaças externas e internas; demonstraram durante o regime militar competência para combater o comunismo assassino e genocida e tirar o país da rabeira do mundo para ocupar um lugar entre as 10 maiores potências em termos econômicos.
Nunca tivemos nas páginas da mídia um oficial do Regime Militar envolvido em escândalos de corrupção, o que, evidentemente, não pode ser dito dos desgovernos civis e dos terroristas, seqüestradores, ladrões e ladras de banco que fazem parte do desgoverno petista.
Infelizmente nossos honrados "Generais de Pijama" cometeram um grave erro.
Entregaram o país, precipitadamente, nas mãos de desgovernos civis que destruíram as sementes do desenvolvimento e da justiça social plantados durante o regime militar, e transformaram o país em um puteiro da política prostituída fazendo do Estado um covil de bandidos, corruptos e prevaricadores.
Que estofo moral tem uma parcela da sociedade subornada pelos canalhas da corrupção e da prevaricação para insultar os militares dessa forma?
Os comunistas, mesmo depois de terem ficando milionários com absurdas indenizações com dinheiro roubado dos contribuintes, não descansam enquanto não destruírem as nossas Forças Armadas para ajudar a entregar o país nas mãos de militantes terroristas fantasiados de Forças de Segurança do desgoverno petista.
Sei que têm alguns militares que merecem qualificações até piores, mas fazem parte de uma minoria que está vinculada à subordinação voluntária e pessoal ao mais sórdido e canalha poder público civil de nossa história.
A sociedade tem presenciado depois do regime militar os bilhões de reais dos contribuintes que vazam para o bolso dos calhordas da corrupção e da prevaricação sob os auspícios de uma Justiça relativista, corporativista e sem-vergonha. Ser honesto e ético virou, nos desgovernos civis, um grave defeito e não mais uma virtude ou uma obrigação.
O que se vê no país atualmente é uma fantasia de desenvolvimento fundamentada no suborno de uma academia pública e privada, e das elites dirigentes, que se tornaram cúmplices da mentira, da hipocrisia e da leviandade em proveito próprio.
Todos fazem vista grossa para o endividamento interno que enriquece cada vez mais os banqueiros e os financiadores do comunismo petista, para o agigantamento do Estado para dar emprego para milhares de militantes do comunismo petista, para o escroto populismo assistencialista que limita o crescimento pessoal e profissional, para o consumo fundamentado em créditos de longo prazo que virarão uma bolha de inadimplência e um covarde contingenciamento da renda familiar para consumo de bens essenciais, para o aumento das carteiras assinadas vinculadas ao achatamento de renda da majoritária parcela da sociedade menos favorecida, e para a absurda fragilidade estrutural do país para o desenvolvimento auto-sustentado no momento em que o mercado externo começar a dar sinais de exaustão de uma demanda que é a grande responsável pelos pífios índices de desenvolvimento do país vis-à-vis sua potencialidade econômica.
Estamos assistindo frutificarem no desgoverno petista as sementes das canalhices perpetradas pelo desgoverno FHC que iniciou a destruição dos aposentados, da educação, e da estrutura militar das Forças Armadas.
Os contribuintes nunca pagaram tantos impostos que consome mais de cinco meses de trabalho por ano para sustentar uma camarilha aliada do retirante Pinóquio e formada de corruptos e prevaricadores.
Em uma sociedade em que os idosos são tratados como material humano descartável e que morrem nas filas de hospitais públicos ou são depositados nos seus corredores e camas imundos, chamar honrados militares de "Generais de Pijama" é somente mais uma confirmação da falência moral do país e do sentimento de vingança renitente por trás das intenções dos canalhas do comunismo.
Nossos filhos e seus descendentes irão ler nas páginas da história como uma sociedade foi destruída pelo mais sórdido movimento de luta de classes chamado de petismo, e que está sendo preservado por todos aqueles que abrem suas bocas sujas para desonrar nossos Generais da Reserva e dizer para os da ativa como eles serão tratados na mesma situação.
A revolução petista demonstra a barbárie da corrupção e da imoralidade que estava o tempo todo impregnada nos espíritos desses canalhas. Esta revolução somente está trazendo prosperidade para aqueles que se deixam subornar e se tornam cúmplices da degradação de valores e da degeneração da sociedade. A falência moral duradoura será a única herança que o movimento liderado pelo mais sórdido e canalha dos políticos de nossa história deixará para nossos filhos e suas famílias.
Minhas homenagens aos "Generais de Pijama" e aos generais da ativa que demonstram respeito à nossa pátria e à nossa bandeira, mas meu profundo desprezo para os que se deixaram subornar pelo petismo que está transformando nosso país em um Estado Comunista de "Direito" corrupto e prevaricador, sede do maior puteiro da política prostituída do mundo ocidental.
Geraldo Almendra
11/agosto/2008
Este termo está sendo utilizado por alguns jornalistas e por membros do desgoverno petista para qualificar militares da reserva que compareceram à reunião no Clube Militar.O desrespeito é absurdo.
Esses senhores, os "Generais de Pijama", passaram a vida estudando e trabalhando para garantir a segurança da sociedade perante as ameaças externas e internas; demonstraram durante o regime militar competência para combater o comunismo assassino e genocida e tirar o país da rabeira do mundo para ocupar um lugar entre as 10 maiores potências em termos econômicos.
Nunca tivemos nas páginas da mídia um oficial do Regime Militar envolvido em escândalos de corrupção, o que, evidentemente, não pode ser dito dos desgovernos civis e dos terroristas, seqüestradores, ladrões e ladras de banco que fazem parte do desgoverno petista.
Infelizmente nossos honrados "Generais de Pijama" cometeram um grave erro.
Entregaram o país, precipitadamente, nas mãos de desgovernos civis que destruíram as sementes do desenvolvimento e da justiça social plantados durante o regime militar, e transformaram o país em um puteiro da política prostituída fazendo do Estado um covil de bandidos, corruptos e prevaricadores.
Que estofo moral tem uma parcela da sociedade subornada pelos canalhas da corrupção e da prevaricação para insultar os militares dessa forma?
Os comunistas, mesmo depois de terem ficando milionários com absurdas indenizações com dinheiro roubado dos contribuintes, não descansam enquanto não destruírem as nossas Forças Armadas para ajudar a entregar o país nas mãos de militantes terroristas fantasiados de Forças de Segurança do desgoverno petista.
Sei que têm alguns militares que merecem qualificações até piores, mas fazem parte de uma minoria que está vinculada à subordinação voluntária e pessoal ao mais sórdido e canalha poder público civil de nossa história.
A sociedade tem presenciado depois do regime militar os bilhões de reais dos contribuintes que vazam para o bolso dos calhordas da corrupção e da prevaricação sob os auspícios de uma Justiça relativista, corporativista e sem-vergonha. Ser honesto e ético virou, nos desgovernos civis, um grave defeito e não mais uma virtude ou uma obrigação.
O que se vê no país atualmente é uma fantasia de desenvolvimento fundamentada no suborno de uma academia pública e privada, e das elites dirigentes, que se tornaram cúmplices da mentira, da hipocrisia e da leviandade em proveito próprio.
Todos fazem vista grossa para o endividamento interno que enriquece cada vez mais os banqueiros e os financiadores do comunismo petista, para o agigantamento do Estado para dar emprego para milhares de militantes do comunismo petista, para o escroto populismo assistencialista que limita o crescimento pessoal e profissional, para o consumo fundamentado em créditos de longo prazo que virarão uma bolha de inadimplência e um covarde contingenciamento da renda familiar para consumo de bens essenciais, para o aumento das carteiras assinadas vinculadas ao achatamento de renda da majoritária parcela da sociedade menos favorecida, e para a absurda fragilidade estrutural do país para o desenvolvimento auto-sustentado no momento em que o mercado externo começar a dar sinais de exaustão de uma demanda que é a grande responsável pelos pífios índices de desenvolvimento do país vis-à-vis sua potencialidade econômica.
Estamos assistindo frutificarem no desgoverno petista as sementes das canalhices perpetradas pelo desgoverno FHC que iniciou a destruição dos aposentados, da educação, e da estrutura militar das Forças Armadas.
Os contribuintes nunca pagaram tantos impostos que consome mais de cinco meses de trabalho por ano para sustentar uma camarilha aliada do retirante Pinóquio e formada de corruptos e prevaricadores.
Em uma sociedade em que os idosos são tratados como material humano descartável e que morrem nas filas de hospitais públicos ou são depositados nos seus corredores e camas imundos, chamar honrados militares de "Generais de Pijama" é somente mais uma confirmação da falência moral do país e do sentimento de vingança renitente por trás das intenções dos canalhas do comunismo.
Nossos filhos e seus descendentes irão ler nas páginas da história como uma sociedade foi destruída pelo mais sórdido movimento de luta de classes chamado de petismo, e que está sendo preservado por todos aqueles que abrem suas bocas sujas para desonrar nossos Generais da Reserva e dizer para os da ativa como eles serão tratados na mesma situação.
A revolução petista demonstra a barbárie da corrupção e da imoralidade que estava o tempo todo impregnada nos espíritos desses canalhas. Esta revolução somente está trazendo prosperidade para aqueles que se deixam subornar e se tornam cúmplices da degradação de valores e da degeneração da sociedade. A falência moral duradoura será a única herança que o movimento liderado pelo mais sórdido e canalha dos políticos de nossa história deixará para nossos filhos e suas famílias.
Minhas homenagens aos "Generais de Pijama" e aos generais da ativa que demonstram respeito à nossa pátria e à nossa bandeira, mas meu profundo desprezo para os que se deixaram subornar pelo petismo que está transformando nosso país em um Estado Comunista de "Direito" corrupto e prevaricador, sede do maior puteiro da política prostituída do mundo ocidental.
Geraldo Almendra
11/agosto/2008
domingo, 24 de agosto de 2008
Revanchismo coisa nenhuma
Olavo de CarvalhoJornal do Brasil, 21 de agosto de 2008
Na mesma semana em que pela primeira vez a classe militar esboça uma reação coletiva à perseguição de seus membros acusados de tortura, o juiz Baltasar Garzón desembarca no Brasil anunciando que vai puni-los se o governo local não o fizer, e dois porta-vozes da ONU aparecem nos jornais pontificando que “está mais do que na hora de o Brasil enfrentar esse assunto da anistia”. Está mais do que na hora, digo eu, é de os nossos militares entenderem que as tentativas de rever a Lei de Anistia não são mero “revanchismo” e sim uma vasta operação internacional, montada com todos os requintes do planejamento racional, da execução cuidadosa e do timing preciso, para quebrar a espinha das Forças Armadas latino-americanas e obrigá-las a escolher entre colocar-se a serviço da estratégia esquerdista continental ou perecer de morte desonrosa. A astúcia com que o governo brasileiro pulou fora de um confronto direto com os oficiais reunidos no Clube Militar, deixando a parte suja do serviço para seus aliados estrangeiros que com sincronismo admirável se ofereciam para a tarefa, é mais do que suficiente para ilustrar o que digo.
O tratamento dado a essas notícias pela mídia nacional também não é mera coincidência e sim um componente vital da trama. Um despacho da Agência Estado, reproduzido por toda parte, apresenta os dois homens da ONU como “peritos”. O termo visa a dar ares de isenção científica ao que dizem contra a Lei de Anistia, mas para que esse engodo funcione é preciso sonegar ao leitor, como de fato os jornais sonegaram, qualquer informação substantiva sobre o curriculum vitae dos entrevistados. O primeiro, Miguel Alfonso Martinez, foi nomeado para a Comissão de Direitos Humanos da ONU por Fidel Castro em pessoa, o que significa que está lá para encobrir os crimes da ditadura cubana sob uma cortina de acusações a governos bem mais inofensivos. O segundo, Jean Ziegler, suíço, entrou na mesma comissão em abril deste ano, sob os protestos de mais de vinte países, que não gostaram de ver nesse cargo um notório amigo e protetor de ditadores truculentos como Robert Mugabe, do Zimbábue, Muamar Khadafi, da Líbia, Mengistu Haile Mariam, da Etiópia, e o próprio Fidel Castro. Ziegler criou mesmo o “Prêmio Muamar Khadafi de Direitos Humanos”, que soa mais ou menos como “Prêmio Mensalão de Ética e Transparência”. Se o leitor soubesse dessas coisas, entenderia que os dois patetas falam apenas na condição de paus-mandados do comunismo internacional, e que ao apresentá-los como “peritos”, sem mais, a mídia nacional desempenha papel exatamente igual ao deles.
Mesmo o sr. Baltasar Garzón, por trás de sua fachada de campeão dos direitos humanos, permanece um desconhecido para a multidão dos brasileiros. Em 2001 ele recebeu um vasto dossiê contra Fidel Castro, mas respondeu que nada faria a respeito porque seu tribunal não tem jurisdição sobre governantes em exercício. O critério jurídico aí subentendido já é por si uma monstruosidade abjeta, pois significa que, para escapar ao senso justiceiro do sr. Garzón, tudo o que um ditador tem de fazer é permanecer no governo até à morte, em vez de devolver o poder ao povo como o fez o general Pinochet. O caso torna-se ainda mais escandaloso porque Fidel Castro agradeceu publicamente ao juiz a gentileza da sua reação e porque anos depois, quando Castro apeou do poder, Garzón não deu o menor sinal de perceber que ele tinha ipso facto caído sob a sua jurisdição.
Da minha parte, não tenho a menor dúvida de que essas pomposas iniciativas contra violadores de direitos humanos, sempre unilaterais e escancaradamente alheias ao senso das proporções, que é a essência mesma da justiça, têm no fundo um único objetivo: acostumar a população mundial à idéia de que assassinatos em massa são um direito inalienável e até um dever moral dos ditadores de esquerda, ao passo que qualquer violência incomparavelmente menor praticada contra comunistas é um crime hediondo cujo autor deve ser exposto à execração universal.
Na mesma semana em que pela primeira vez a classe militar esboça uma reação coletiva à perseguição de seus membros acusados de tortura, o juiz Baltasar Garzón desembarca no Brasil anunciando que vai puni-los se o governo local não o fizer, e dois porta-vozes da ONU aparecem nos jornais pontificando que “está mais do que na hora de o Brasil enfrentar esse assunto da anistia”. Está mais do que na hora, digo eu, é de os nossos militares entenderem que as tentativas de rever a Lei de Anistia não são mero “revanchismo” e sim uma vasta operação internacional, montada com todos os requintes do planejamento racional, da execução cuidadosa e do timing preciso, para quebrar a espinha das Forças Armadas latino-americanas e obrigá-las a escolher entre colocar-se a serviço da estratégia esquerdista continental ou perecer de morte desonrosa. A astúcia com que o governo brasileiro pulou fora de um confronto direto com os oficiais reunidos no Clube Militar, deixando a parte suja do serviço para seus aliados estrangeiros que com sincronismo admirável se ofereciam para a tarefa, é mais do que suficiente para ilustrar o que digo.
O tratamento dado a essas notícias pela mídia nacional também não é mera coincidência e sim um componente vital da trama. Um despacho da Agência Estado, reproduzido por toda parte, apresenta os dois homens da ONU como “peritos”. O termo visa a dar ares de isenção científica ao que dizem contra a Lei de Anistia, mas para que esse engodo funcione é preciso sonegar ao leitor, como de fato os jornais sonegaram, qualquer informação substantiva sobre o curriculum vitae dos entrevistados. O primeiro, Miguel Alfonso Martinez, foi nomeado para a Comissão de Direitos Humanos da ONU por Fidel Castro em pessoa, o que significa que está lá para encobrir os crimes da ditadura cubana sob uma cortina de acusações a governos bem mais inofensivos. O segundo, Jean Ziegler, suíço, entrou na mesma comissão em abril deste ano, sob os protestos de mais de vinte países, que não gostaram de ver nesse cargo um notório amigo e protetor de ditadores truculentos como Robert Mugabe, do Zimbábue, Muamar Khadafi, da Líbia, Mengistu Haile Mariam, da Etiópia, e o próprio Fidel Castro. Ziegler criou mesmo o “Prêmio Muamar Khadafi de Direitos Humanos”, que soa mais ou menos como “Prêmio Mensalão de Ética e Transparência”. Se o leitor soubesse dessas coisas, entenderia que os dois patetas falam apenas na condição de paus-mandados do comunismo internacional, e que ao apresentá-los como “peritos”, sem mais, a mídia nacional desempenha papel exatamente igual ao deles.
Mesmo o sr. Baltasar Garzón, por trás de sua fachada de campeão dos direitos humanos, permanece um desconhecido para a multidão dos brasileiros. Em 2001 ele recebeu um vasto dossiê contra Fidel Castro, mas respondeu que nada faria a respeito porque seu tribunal não tem jurisdição sobre governantes em exercício. O critério jurídico aí subentendido já é por si uma monstruosidade abjeta, pois significa que, para escapar ao senso justiceiro do sr. Garzón, tudo o que um ditador tem de fazer é permanecer no governo até à morte, em vez de devolver o poder ao povo como o fez o general Pinochet. O caso torna-se ainda mais escandaloso porque Fidel Castro agradeceu publicamente ao juiz a gentileza da sua reação e porque anos depois, quando Castro apeou do poder, Garzón não deu o menor sinal de perceber que ele tinha ipso facto caído sob a sua jurisdição.
Da minha parte, não tenho a menor dúvida de que essas pomposas iniciativas contra violadores de direitos humanos, sempre unilaterais e escancaradamente alheias ao senso das proporções, que é a essência mesma da justiça, têm no fundo um único objetivo: acostumar a população mundial à idéia de que assassinatos em massa são um direito inalienável e até um dever moral dos ditadores de esquerda, ao passo que qualquer violência incomparavelmente menor praticada contra comunistas é um crime hediondo cujo autor deve ser exposto à execração universal.
Fugindo à luta
Olavo de Carvalho - Diário do Comércio (editorial), 21 de agosto de 2008
Com raras, honrosas e inevitáveis exceções, a única reação que os liberais e conservadores neste país têm oferecido à ascensão irrefreável da esquerda consiste em apologias da economia de mercado, eruditamente explicada como superior à política estatista ou socialista. Por santas que sejam as suas intenções, e por mais acertados os argumentos que emprega, essa forma de luta é absolutamente inócua. Os esquerdistas riem dela. Riem mais ainda quando ela usa como embalagem uma retórica “progressista”, calcada no slogan idiota de que o socialismo é coisa do passado. Coisa do passado é imaginar que a estatização da economia constitui o objetivo primordial do esquerdismo e que combatê-la é a coisa mais urgente a fazer em defesa da democracia capitalista. Essa concepção do socialismo correspondia à realidade dos anos 30 e 40, quando nações inteiras foram repentinamente submetidas ao sistema de economia centralizada, não somente por iniciativa dos comunistas mas também dos fascistas e nazistas. Tudo o que era preciso dizer contra essa tendência foi então dito por Friedrich von Hayek e Ludwig von Mises. Repetir os argumentos desses dois grandes economistas em 2008 é combater um inimigo que não existe mais, fechando os olhos para o avanço daquele que existe. Quando um liberal chama os comunistas de “dinossauros”, ou proclama, como a última edição de “Veja”, que eles ainda vivem no tempo dos tílburis, ele está projetando sobre eles o anacronismo da sua própria visão do comunismo.
Karl Marx ensinava que a estatização da economia deveria ser um processo lento e gradual, prolongando-se por décadas ou séculos e realizando-se por etapas anestésicas e não traumáticas, como o imposto de renda escalar e a supressão progressiva do direito de herança por meio da taxação crescente. Acreditando que o socialismo surgiria de dentro do próprio capitalismo tão logo este fosse levado às suas últimas possibilidades de desenvolvimento, ele entendia, logicamente, que a supressão forçada e repentina do livre mercado traria a paralisação geral da economia e a extinção do próprio socialismo.
Essa lição foi esquecida tanto na URSS quanto na China, daí resultando que, mesmo antes do fracasso desses dois regimes, muitas críticas à economia de um e de outro já circulavam dentro do próprio campo socialista, não raro associadas à condenação dos aspectos mais brutais do totalitarismo, que, segundo esses críticos, uma política ortodoxamente marxista teria podido evitar (ilusão, é claro: Marx nunca ocultou que mesmo sua idéia da socialização progressiva só poderia ser implantada mediante a liquidação sistemática “de povos inteiros”).
A autodissolução da URSS e a abertura da China ao capital estrangeiro, longe de constituirem uma vitória pura e simples das democracias capitalistas, resultaram de um upgrade autocrítico do movimento comunista, que, na boa tradição de Lênin, deu mais uma vez “um passo para trás para dar dois para a frente”, só que agora um passo gigantesco, de dimensões mundiais.
Longe de se desmantelar como previam os triunfalistas liberais, o movimento comunista se reorganizou rapidamente, trocando a velha hierarquia de tipo militar por uma estrutura flexível na forma de “redes” e em poucos anos redobrou sua força, dominando praticamente toda a grande mídia ocidental e fazendo dela um instrumento dócil da guerra cultural e do anti-americanismo militante. Vendo-se acossado por um inimigo que ele próprio declarava morto, o governo de Washington respondeu com um subterfúgio verbal tão estúpido quanto ineficaz, declarando que o único inimigo era agora o “radicalismo islâmico” e recusando-se a enxergar a ação russa e chinesa por trás da agitação frenética das multidões de fanáticos muçulmanos. O resultado foi que os EUA perderam sua mais próxima área de influência no mundo, a América Latina, hoje dominada por partidos frontalmente anti-americanos e em vias de transformar-se numa gigantesca versão cucaracha da velha URSS.
Na mesma onda de mudanças estratégicas, o movimento comunista abdicou do estatismo radical, reconhecendo que uma quota aliás bem grande de livre mercado é indispensável à sobrevivência dos regimes socialistas, mesmo os mais autoritários.
A essa altura, a pura defesa da economia de mercado, sobretudo se acompanhada de desprezo economicista pela guerra cultural e pela formação de uma militância conservadora adestrada no estudo da estratégia marxista, é um anacronismo completo, uma forma de alienação que só pode levar às mais devastadoras conseqüências.
Na verdade, se tantos políticos e intelectuais liberais se apegam a essa atitude autocastradora, é não só porque sua mentalidade empresarial se sente mais à vontade no front econômico do que no político ou cultural, mas porque sabem instintivamente que a luta aí desenvolvida suscita respostas menos ferozes da esquerda do que ataques desferidos em pontos mais vitais do esquerdismo. Não por coincidência, essa opção pela fuga sistemática ao combate – que Lênin diagnosticava como sinal de morte iminente – vem junto com um esforço de manter, nos debates com a esquerda, uma polidez medrosa, ilusoriamente sedutora, que os esquerdistas, por seu lado, desprezam em troca de uma retórica cada vez mais truculenta e ameaçadora. Em vão o Hino Nacional proclama: “Verás que um filho teu não foge à luta.” Tornou-se praticamente impossível mostrar aos liberais brasileiros que a covardia não é uma modalidade superior de realismo.
Com raras, honrosas e inevitáveis exceções, a única reação que os liberais e conservadores neste país têm oferecido à ascensão irrefreável da esquerda consiste em apologias da economia de mercado, eruditamente explicada como superior à política estatista ou socialista. Por santas que sejam as suas intenções, e por mais acertados os argumentos que emprega, essa forma de luta é absolutamente inócua. Os esquerdistas riem dela. Riem mais ainda quando ela usa como embalagem uma retórica “progressista”, calcada no slogan idiota de que o socialismo é coisa do passado. Coisa do passado é imaginar que a estatização da economia constitui o objetivo primordial do esquerdismo e que combatê-la é a coisa mais urgente a fazer em defesa da democracia capitalista. Essa concepção do socialismo correspondia à realidade dos anos 30 e 40, quando nações inteiras foram repentinamente submetidas ao sistema de economia centralizada, não somente por iniciativa dos comunistas mas também dos fascistas e nazistas. Tudo o que era preciso dizer contra essa tendência foi então dito por Friedrich von Hayek e Ludwig von Mises. Repetir os argumentos desses dois grandes economistas em 2008 é combater um inimigo que não existe mais, fechando os olhos para o avanço daquele que existe. Quando um liberal chama os comunistas de “dinossauros”, ou proclama, como a última edição de “Veja”, que eles ainda vivem no tempo dos tílburis, ele está projetando sobre eles o anacronismo da sua própria visão do comunismo.
Karl Marx ensinava que a estatização da economia deveria ser um processo lento e gradual, prolongando-se por décadas ou séculos e realizando-se por etapas anestésicas e não traumáticas, como o imposto de renda escalar e a supressão progressiva do direito de herança por meio da taxação crescente. Acreditando que o socialismo surgiria de dentro do próprio capitalismo tão logo este fosse levado às suas últimas possibilidades de desenvolvimento, ele entendia, logicamente, que a supressão forçada e repentina do livre mercado traria a paralisação geral da economia e a extinção do próprio socialismo.
Essa lição foi esquecida tanto na URSS quanto na China, daí resultando que, mesmo antes do fracasso desses dois regimes, muitas críticas à economia de um e de outro já circulavam dentro do próprio campo socialista, não raro associadas à condenação dos aspectos mais brutais do totalitarismo, que, segundo esses críticos, uma política ortodoxamente marxista teria podido evitar (ilusão, é claro: Marx nunca ocultou que mesmo sua idéia da socialização progressiva só poderia ser implantada mediante a liquidação sistemática “de povos inteiros”).
A autodissolução da URSS e a abertura da China ao capital estrangeiro, longe de constituirem uma vitória pura e simples das democracias capitalistas, resultaram de um upgrade autocrítico do movimento comunista, que, na boa tradição de Lênin, deu mais uma vez “um passo para trás para dar dois para a frente”, só que agora um passo gigantesco, de dimensões mundiais.
Longe de se desmantelar como previam os triunfalistas liberais, o movimento comunista se reorganizou rapidamente, trocando a velha hierarquia de tipo militar por uma estrutura flexível na forma de “redes” e em poucos anos redobrou sua força, dominando praticamente toda a grande mídia ocidental e fazendo dela um instrumento dócil da guerra cultural e do anti-americanismo militante. Vendo-se acossado por um inimigo que ele próprio declarava morto, o governo de Washington respondeu com um subterfúgio verbal tão estúpido quanto ineficaz, declarando que o único inimigo era agora o “radicalismo islâmico” e recusando-se a enxergar a ação russa e chinesa por trás da agitação frenética das multidões de fanáticos muçulmanos. O resultado foi que os EUA perderam sua mais próxima área de influência no mundo, a América Latina, hoje dominada por partidos frontalmente anti-americanos e em vias de transformar-se numa gigantesca versão cucaracha da velha URSS.
Na mesma onda de mudanças estratégicas, o movimento comunista abdicou do estatismo radical, reconhecendo que uma quota aliás bem grande de livre mercado é indispensável à sobrevivência dos regimes socialistas, mesmo os mais autoritários.
A essa altura, a pura defesa da economia de mercado, sobretudo se acompanhada de desprezo economicista pela guerra cultural e pela formação de uma militância conservadora adestrada no estudo da estratégia marxista, é um anacronismo completo, uma forma de alienação que só pode levar às mais devastadoras conseqüências.
Na verdade, se tantos políticos e intelectuais liberais se apegam a essa atitude autocastradora, é não só porque sua mentalidade empresarial se sente mais à vontade no front econômico do que no político ou cultural, mas porque sabem instintivamente que a luta aí desenvolvida suscita respostas menos ferozes da esquerda do que ataques desferidos em pontos mais vitais do esquerdismo. Não por coincidência, essa opção pela fuga sistemática ao combate – que Lênin diagnosticava como sinal de morte iminente – vem junto com um esforço de manter, nos debates com a esquerda, uma polidez medrosa, ilusoriamente sedutora, que os esquerdistas, por seu lado, desprezam em troca de uma retórica cada vez mais truculenta e ameaçadora. Em vão o Hino Nacional proclama: “Verás que um filho teu não foge à luta.” Tornou-se praticamente impossível mostrar aos liberais brasileiros que a covardia não é uma modalidade superior de realismo.
Um lembrete de Olavo de Carvalho
Olavo de Carvalho - Jornal do Brasil, 14 de agosto de 2008
Se o Foro de São Paulo se autodefine como coordenação estratégica da revolução continental, e se entidades como as Farc e o Mir estão submetidas a essa coordenação, nada no mundo, exceto a mendacidade cínica ou a rejeição psicótica da realidade, pode abolir o fato de que o criador e presidente do Foro é, por definição, o chefe da subversão, do narcotráfico e da indústria dos seqüestros na América Latina. Nenhuma prova de colaboração direta e material com essas atividades criminosas é necessária para demonstrar a responsabilidade penal daquele sob cuja liderança moral e política elas foram praticadas, assim como nenhuma prova de envolvimento material do ex-presidente Collor de Melo nas ações ilícitas do sr. P. C. Farias foi jamais exibida – ou mesmo cobrada – para que ele fosse considerado responsável por elas. Quanto ao proveito obtido nos dois casos, a Justiça admitiu não haver nenhum indício válido de que Collor tivesse embolsado pessoalmente um só centavo de fonte ilícita ou mesmo tirado algum lucro político da corrupção, ao passo que o próprio sr. Lula já confessou dever o sucesso da sua carreira à colaboração organizada das entidades congregadas no Foro, sem excluir dessa lista de credores as Farc e o Mir, cujos agentes no território nacional mais de uma vez foram alvos de eloqüentes gestos de gratidão petista. Nada poderia ser mais claro, mas, se a nossa mídia levou dezoito anos para admitir os fatos, talvez precise de outros dezoito para entender que eles significam alguma coisa.
Se o Foro de São Paulo se autodefine como coordenação estratégica da revolução continental, e se entidades como as Farc e o Mir estão submetidas a essa coordenação, nada no mundo, exceto a mendacidade cínica ou a rejeição psicótica da realidade, pode abolir o fato de que o criador e presidente do Foro é, por definição, o chefe da subversão, do narcotráfico e da indústria dos seqüestros na América Latina. Nenhuma prova de colaboração direta e material com essas atividades criminosas é necessária para demonstrar a responsabilidade penal daquele sob cuja liderança moral e política elas foram praticadas, assim como nenhuma prova de envolvimento material do ex-presidente Collor de Melo nas ações ilícitas do sr. P. C. Farias foi jamais exibida – ou mesmo cobrada – para que ele fosse considerado responsável por elas. Quanto ao proveito obtido nos dois casos, a Justiça admitiu não haver nenhum indício válido de que Collor tivesse embolsado pessoalmente um só centavo de fonte ilícita ou mesmo tirado algum lucro político da corrupção, ao passo que o próprio sr. Lula já confessou dever o sucesso da sua carreira à colaboração organizada das entidades congregadas no Foro, sem excluir dessa lista de credores as Farc e o Mir, cujos agentes no território nacional mais de uma vez foram alvos de eloqüentes gestos de gratidão petista. Nada poderia ser mais claro, mas, se a nossa mídia levou dezoito anos para admitir os fatos, talvez precise de outros dezoito para entender que eles significam alguma coisa.
O golpe do século
Veja edição 2075
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O partido comunista chinês é a mais formidável máquina de cooptação social já criada: mudou a China para que tudo continuasse como era
Jade Palace Hotel. É onde a equipe de VEJA está hospedada em Pequim. No cardápio dos estabelecimentos credenciados pelo comitê olímpico, foi apresentado como um hotel do nível dos melhores ocidentais e bem localizado. É longe de tudo, estamos praticamente isolados em uma franja da cidade. Os funcionários são amadores – todos têm o crachá de "trainee" e trabalham por um prato de macarrão. Ninguém fala inglês, ninguém sabe colocar uma mesa, muitos chegaram do interior na semana passada. Pedir um sanduíche de queijo é um sacrifício. Não sabem o que é sanduíche, não sabem o que é queijo, não sabem o que é um hóspede. Os trainees foram encarregados de vigiar cada movimento nosso. Quando não estamos com o crachá olímpico, exigem que apresentemos o cartão magnético do hotel para nos deixar entrar no elevador. A comida é de campo de reeducação. Os preços são extorsivos: um café custa o equivalente a 14 reais. O único serviço satisfatório é o de tinturaria. Não exige comunicação verbal e a tradição chinesa é boa nessa área do conhecimento humano. O Jade Palace Hotel pertence ao governo – ou seja, ao partido comunista. Não tem sócios capitalistas, locais ou estrangeiros. Desde que soube disso, este repórter resolveu dar ordens como o presidente Hu Jintao. "Não temos banana, senhor." "Então, ligue para o partido e ache uma banana." A banana aparece. "É impossível achar um táxi, senhor." "Então, ligue para o partido, quero um táxi em cinco minutos." O táxi aparece. Dar ordens é a única maneira de fazer funcionar uma parte dos chineses. A constatação empírica foi confirmada por estrangeiros que trabalham em Pequim. Sem dar ordens, concordamos todos, a vida fica impossível.
Mais do que uma má experiência pessoal, o Jade Palace Hotel é uma má experiência política. Estamos diante do comunismo em estado puro, a maior empulhação da história. Vende-se como o paraíso, mas as tintas são infernais. Nesta China capitalista, que abriu uma estrada de dezesseis pistas para o Ocidente, o dado tão curioso quanto inquietante é que o comunismo sobrevive forte em vários aspectos, para além da marca de fantasia do partido. É espantoso que a internet, hoje ao alcance de 250 milhões de chineses, esteja sob controle da censura estatal, mas o que dizer de revistas estrangeiras que chegam às bancas (pouquíssimas) ou aos eventuais assinantes (menos ainda) com páginas coladas? Se o assunto da reportagem for China, os censores grudam o que julgam ser ameaçador ao regime. Da mesma forma que os trainees do Jade Palace Hotel, eles não sabem inglês ou qualquer outra língua estrangeira. Então, eliminam o problema da liberdade de imprensa passando cola em todos os textos aparentemente sensíveis. Basta lerem a palavra China e lá vai cola. Ao leitor, resta o caminho do fogão. Esquenta-se uma panela d’água e, quando o vapor sobe, coloca-se a revista sobre ele, para tentar desgrudar as páginas. Leves princípios de incêndio vêm sendo causados pela censura.
Livros de bons autores à venda: quase não há. De maus autores: situação idêntica. Importação de livros: demorada e com o risco de cola nas páginas. Cinema: minguadas setenta salas para os 17,4 milhões de habitantes de Pequim. A exibição de filmes estrangeiros no país é restrita a vinte títulos novos por ano. Assim como as produções chinesas, eles não podem ter cenas de sexo, mensagens políticas ou questionamentos de ordem moral. É o mundo encantado da Disney comunista. Televisão: apenas forasteiros têm acesso a canais a cabo. Chineses, só se ficarem hospedados num hotel cinco-estrelas. As emissoras abertas, estatais, exibem majoritariamente novelas ambientadas quinhentos anos atrás, protagonizadas por senhores da guerra de barbas e sobrancelhas longas, com os cabelos, também compridos, cortados ao estilo Chitãozinho e Xororó e enfeitados por coques fashion. As novelas seriam suportáveis sob efeito de uísque. Você poderia fingir mais facilmente que assistia a Kill Bill 278, 279, 425... Como no Jade Palace Hotel não há uísque de verdade, o dia começa cedo e acaba tarde na Olimpíada e o honorável estabelecimento só tem CNN e um canal da HBO, o melhor é apagar a TV.
Estrangeiros e chineses mais exigentes (pouquíssimos) perdem um quinhão do seu tempo driblando as proibições. "Se você tiver o software certo, dá para acessar os sites de notícia europeus e americanos", disse a VEJA uma mocinha de Xangai. "É a coisa mais fácil do mundo", confirmou outro jovem de Pequim, mais interessado em pornografia. Comprar filmes piratas na China, a única maneira de assistir a cenas de sexo, mensagens políticas ou questionamentos de ordem moral, não representa uma dificuldade. Ligações clandestinas de emissoras a cabo já são um clássico. Contrabando de livros do exterior, idem. Não é que o governo não veja. Ele simplesmente fecha os olhos, porque sabe ser peraltice de uma infimíssima minoria. A maioria – com todo o peso que isso significa num país de 1,3 bilhão de habitantes – está ocupada em seguir o modelo do cidadão da Nova China: não reclame, não discuta, confie nos seus líderes, trabalhe duro em prol da nação e você também progredirá materialmente.
A abertura econômica é uma realização a festejar. Graças a ela, os chineses comuns entrevistados por VEJA podem dizer, sem incorrer na mentira, que vivem melhor do que seus pais e avós. Mas, do ponto de vista político, foi o golpe do século. Deveriam trocar o retrato de Mao Tsé-tung, na Praça da Paz Celestial, pelo de seu artífice, Deng Xiaoping. Abrir a economia permitiu a sobrevivência no poder do Partido Comunista Chinês. No fim da década de 70, sob a égide do reabilitado Deng, submerso à força durante a Revolução Cultural, alguns dirigentes começaram a pregar publicamente uma certa flexibilização do regime, e resoluções nesse sentido foram adotadas. Para que ela fosse adiante, no entanto, era preciso exorcizar a figura do timoneiro sanguinário, morto em 1976, bem como parte de sua herança maldita, sem que o ritual de execração implicasse a autodestruição do PC. Em 1982, as condições internas (comunista adora falar em "condições internas") permitiram que, durante um congresso do partido, Mao sofresse sua crítica definitiva. A Revolução Cultural, que jogara a China na treva absoluta durante os anos 60, foi declarada um desastre, um tumulto interno. Mao perdeu a condição quase divina, mas manteve a classificação de "grande homem".
O processo de abertura, mesmo com o empuxo a favor, só ganharia velocidade e corpo em 1989, depois do massacre de 200 estudantes entre milhares de revoltosos reunidos na Praça da Paz Celestial. Os mártires e mais o milhar de colegas presos queriam um tantinho de oxigênio, nada além disso, mas haviam ido longe demais. A tragédia, que marcou indelevelmente a história chinesa, embora não conste da versão oficial, acendeu o alarme vermelho no partido. Temerosa do mesmo destino dos amigos soviéticos, então próximos do fim, a cúpula deliberou mudar logo e rápido, para que tudo continuasse como era. "Um país, dois sistemas", na brilhante – e marota – definição de Deng. O golpe do século. "Eu estava fora da China quando ocorreu o episódio na Praça da Paz Celestial. Aquilo me transtornou. Saí andando sem destino. Dias mais tarde, recebi uma circular secreta do partido. Nela, os dirigentes reconheciam a demora para abrir a economia. Se houvessem tomado as devidas providências, afirmavam no documento, a revolta e a morte dos estudantes teriam sido evitadas", disse um integrante do PC (vamos chamá-lo de Zhou), enquanto almoçava com a reportagem de VEJA em um restaurante da região de Sanlitu, em Pequim, onde os turistas têm à sua escolha todos os tipos de diversão – e risco – do capitalismo outrora considerado decadente.
Quem olha de fora tende a acreditar que, tal como ao dia se segue a noite, ao desentrave econômico sucederá a liberdade política. Não é bem assim. A primeira verdade em oposição é que, como a China jamais foi pluralista, inexistem anseios democráticos como no Ocidente. Esses são frutos da filosofia iluminista européia e dos ideais da revolução americana, concepções estranhas e alienígenas do ponto de vista chinês. O marxismo, igualmente alienígena, vicejou na China por ter-se casado à perfeição com uma cultura alicerçada sobre o absolutismo. A segunda verdade é que, apesar de todo o controle estatal, os chineses nunca foram tão livres como hoje – e enxergam no partido comunista pós-1989 uma garantia dessa liberdade, em vez de um obstáculo a ela. Liberdade, aqui, não é de palanque, voto ou informação. É de compra, venda e consumo. O golpe do século, lembra-se?
Ao contrário do soviético, que nasceu, cresceu e morreu como um organismo estranho à sociedade, o partido chinês foi-se entranhando na estrutura do país. O mais surpreendente é que a dinâmica se acelerou nos últimos anos. O PC chinês é hoje um clube com 78 milhões de membros – ou 6% da população total. Há quase tantos comunistas de carteirinha na China quanto alemães na Alemanha. A idade média é 35 anos. As células e os comitês, que movimentam o dia-a-dia do partido, somam 3 milhões de militantes. A cada ano, o PC incorpora 1,8 milhão de novatos. O financiamento se dá por meio de contribuições. Os integrantes da área rural, mais pobres, pagam 1 iuane por mês, o equivalente a 23 centavos de real. Os assalariados de menor renda desembolsam 1% do salário mensal; os de maior renda, e também profissionais liberais e empresários, de 4% a 5% do que ganham por mês. Os dados foram fornecidos pelo secretário-geral de comunicação do partido, Lu Jianping, em entrevista a VEJA.
A revista chegou até ele por intermédio de Wang Jianchao, uma simpática e prestativa jornalista da Associação de Jornalistas de Toda-China. O hífen está presente na designação das associações profissionais chinesas. Indica que não há divisões sindicais ou algo do gênero – e que elas não são toleradas. Os jornais e revistas todo-chineses são abundantes. Existem 10 000 publicações periódicas, cuja função é, no máximo, contar uma parte da verdade, jamais a verdade inteira. No hall do prédio da Associação de Jornalistas de Toda-China, duas fotos distraem os visitantes no chá de sofá: a de Mao lendo o Diário do Povo, órgão oficial do PC, e outra de Chou En-Lai, no jardim de sua casa, rodeado de jornalistas ocidentais. Deve datar dos anos 50 e dá vontade de ser um dos seus figurantes. Companheiro de primeira hora de Mao, Chou era de família rica e tinha formação européia. Viveu em Paris, exilado, no início da década de 20. A foto revela aquele permanente estar à vontade dos bem-nascidos. Devia ser um ótimo papo.
Fomos de carro preto, com motorista, ao encontro do secretário-geral. No trajeto, a senhora Wang explicou que o departamento havia mudado de nome recentemente – deixara de ser "de propaganda" para se tornar "de comunicação". "Alguma mudança nas diretivas?" "Não." Às vezes os jornalistas chineses dizem toda a verdade. Lu Jianping não é um Chou En-Lai, mas tem lá sua cota de poder, é simpático e até relaxado para os padrões locais (só contraiu o rosto diante da lente do fotógrafo). Tem 54 anos, não pinta o cabelo e não usa gel, ao contrário da maioria dos dirigentes do partido. Estava sem terno, porque o presidente Hu Jintao, secretário-geral do PC, recomendou que, no verão, o traje formal fosse abolido. Economiza-se no ar-condicionado. Como em toda sala oficial chinesa para recepção de visitantes, a de Lu Jianping tem poltronas arrumadas em simetria, voltadas para um centro vazio: a do anfitrião é separada por uma mesinha da do visitante principal. Em cima do móvel com toalha de renda e vaso de flores, uma garrafa de água e uma chávena de chá para cada um. O número de poltronas depende do tipo de reunião. Quanto maior a quantidade, mais importante é o dignitário. A simetria expressa formalidade – e não deixa de ser intimidatória. Seis poltronas foi lisonjeiro. Quando VEJA o entrevistou, os jornalistas estrangeiros, recém-chegados ao centro de imprensa olímpico, reclamavam que a China não havia cumprido o compromisso de deixar o acesso à internet inteiramente livre. Perguntado a respeito, Lu Jianping respondeu que ocorrera um problema técnico e que o país seguiria à risca o acordo com o Comitê Olímpico Internacional. "Por que os ocidentais acham que controlamos tudo?", completou. "Essa conversa não vai longe", pensou este repórter. Mas foi.
Virar comunista no Brasil é fácil. Basta ter as idéias erradas, preencher uma ficha de filiação, colocar um broche na camiseta e sair por aí falando e fazendo bobagens. Na China, é necessário mais do que idéias erradas (atualmente, são exigíveis até algumas corretas) e você assina a ficha depois de uma seleção rígida. Não é um clube que aceita qualquer um, coloque-se dessa maneira. Lu Jianping animou-se a contar a história do seu ingresso no partido, segundo ele muito ilustrativa. Em 1974, aos 20 anos, estudante universitário, começou a trabalhar na secretaria de educação de Xinjiang, região autônoma no oeste do país, com significativa população de fé islâmica (e palco de atentados perpetrados por separatistas, no início de agosto). Foi nessa ocasião que Lu Jianping se animou a entrar no PC. Para tanto, teve de escrever uma carta em que expunha os motivos da decisão. Carta aprovada em uma reunião da célula correspondente à secretaria, ele passou a ser observado por dois sindicantes que davam expediente na mesma repartição. Verificada sua, digamos, vocação para comunista, foi procurado por dois homens para uma conversa. Nela, fizeram-lhe três perguntas: a) O partido é para servir ao povo. Você quer servir ao povo? b) Você está de acordo com os princípios e o programa do partido? c) Você está disposto a trabalhar dentro de um sistema de democracia centralizada? Sim, sim e sim para as questões, a célula reuniu-se outra vez. Acharam que Lu Jianping levava jeito e ele foi submetido a novas rodadas de conversas. Ouviram as opiniões a seu respeito de pessoas do seu convívio profissional, social e familiar. Como o horizonte se manteve favorável, Lu Jianping viu-se convidado a participar de uma reunião da célula, em que fez uma explanação sobre o seu desejo de filiar-se ao partido. Em seguida, a célula votou. Seu nome foi aprovado da única forma possível: por unanimidade. Enviaram, então, um relatório ao comitê local do partido. Chancelado pela instância superior, declararam-no aspirante e lhe designaram um tutor. Um ano depois, ainda na condição de aspirante, ele fez um juramento de lealdade diante da bandeira do PC. Inúmeras reuniões e votações correram até que, em 1981, finalmente, ele se tornou membro pleno. "Eu me esforcei durante sete anos", disse Lu Jianping, ainda com o orgulho de vestibulando aprovado.
Nem todos os aspirantes demoram tanto tempo. A protelação do ingresso de Lu Jianping pode ser creditada a um período de enormes convulsões – e desconfianças – entre os quadros partidários. Mas o processo de seleção, para 99% das pessoas, é basicamente o mesmo. VEJA entrevistou uma jovem de 26 anos, Lillian Chen, moradora de Pequim. Formada em jornalismo, fluente em inglês, produtora de documentários televisivos – faz trabalhos para a BBC –, ela foi convidada a entrar no PC quando cursava o equivalente ao colegial brasileiro, por causa de suas notas excelentes. Gostou da idéia e cumpriu a trajetória de Lu Jianping, só que apenas em um ano. Quando completou 18, assinou a ficha de filiação. Além de viver em outros tempos, Lillian Chen recebeu um convite e na adolescência. Combinados, os dois fatores aceleram o processo. "Não, ser do partido não me proporciona regalias diretas. Talvez no passado fosse assim", afirmou. "O seu ingresso, então, foi por motivos ideológicos?", perguntou VEJA. Lillian Chen abriu um sorriso: "Não falo sobre política. Aliás, nem em casa. As duas amigas com quem divido apartamento também são do partido, mas nós só conversamos sobre roupas, acessórios que estão na moda, essas coisas". O nosso terceiro comunista, Zhou, enquadra-se no 1% que não enfrenta processo de seleção – pelo menos, não o usual. Abriram-lhe as portas do partido graças aos serviços prestados à China no exterior. Quais serviços foram esses, ele não revela. Só deixou escapar que, no Brasil, se surpreendeu ao encontrar no estado do Acre um sujeito que mantinha na estante os livros de Mao e pregava a revolução armada contra os exploradores capitalistas. "Nem nós acreditávamos mais nesse tipo de coisa", riu-se Zhou. Foi-lhe explicado que a América Latina era "o cemitério de idéias". Ele aprovou a expressão.
O partido comunista chinês é visível e invisível no cotidiano. Você certamente sabe que seu chefe pertence a ele, mas talvez fique surpreso ao ser informado de que seu melhor amigo, sentado ao lado, também é do PC. Integrá-lo pode não lhe dar benefícios diretos, como diz a jovem Lillian Chen, mas pode resultar num bom guanxi – o nome que se dá à teia de relações pessoais e profissionais, sem a qual ninguém toca negócios ou é promovido na China. Por incrível que pareça, não é a única agremiação política do país. Há outras nove, todas aliadas ao PC, logicamente. Existe inclusive uma versão do Kuomintang, o partido nacionalista defenestrado do poder pelos comunistas, em 1949. Chama-se Comitê Revolucionário do Kuomintang. Quando a rebelde Taiwan for anexada, não é impossível que seus atuais líderes passem a integrar essa agremiação fantoche.
Como há otimistas em qualquer situação, há quem entreveja a possibilidade de a China vir a adotar um regime próximo da democracia real. Eles enxergam nas eleições para representantes municipais, que começaram em meados da década de 80, o germe de um sistema de escolha nacional mais abrangente. Embora poucas cidades constem desse espectro, citam, em seu favor, o fato de haver votação popular nas 700 000 aldeias do interior, onde vivem 700 milhões de pessoas. O americano John L. Thornton, professor da Escola de Economia e Administração da Universidade Tsinghua, em Pequim, detecta avanços na mentalidade dos líderes chineses. Na visão de Thornton, se, em 2012, o substituto de Hu Jintao na secretaria-geral do partido for eleito por voto no Comitê Central, e não por aclamação dirigida, isso sinalizará que mudanças positivas poderão ocorrer no regime como um todo. "O partido, internamente, está tentando adaptar-se à nova dinâmica social", corrobora Lu Jianping. Mas ele ressalva: "O sistema chinês não devorará o ocidental, nem o ocidental devorará o chinês".
O fato incontornável e imune a otimismos é que o partido comunista chinês é a mais formidável máquina de cooptação social já criada na história. Concentra, com raras exceções, a elite intelectual, técnica, empresarial e financeira do país. Em uma China interessada em fechar bons negócios, entrar para o PC é o primeiro negócio a ser feito. Garante guanxi para ganhar dinheiro e blindagem judiciária, pois os juízes e promotores são indicados pelo partido. Como na União Soviética da era Leonid Brejnev, se um comunista de carteirinha for pego com a boca na botija, mas seu caso for considerado "delicado", ninguém o condenará. O PC transformou-se numa espécie de centrão, onde sempre cabe mais um. Candidatos de listas independentes a cargos locais invariavelmente se filiam à agremiação depois de eleitos. Por que mudar se está ótimo para todo mundo que conta e o povão jamais viveu tão bem? A coisa só não é boa para os hóspedes do Jade Palace Hotel.
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O partido comunista chinês é a mais formidável máquina de cooptação social já criada: mudou a China para que tudo continuasse como era
Jade Palace Hotel. É onde a equipe de VEJA está hospedada em Pequim. No cardápio dos estabelecimentos credenciados pelo comitê olímpico, foi apresentado como um hotel do nível dos melhores ocidentais e bem localizado. É longe de tudo, estamos praticamente isolados em uma franja da cidade. Os funcionários são amadores – todos têm o crachá de "trainee" e trabalham por um prato de macarrão. Ninguém fala inglês, ninguém sabe colocar uma mesa, muitos chegaram do interior na semana passada. Pedir um sanduíche de queijo é um sacrifício. Não sabem o que é sanduíche, não sabem o que é queijo, não sabem o que é um hóspede. Os trainees foram encarregados de vigiar cada movimento nosso. Quando não estamos com o crachá olímpico, exigem que apresentemos o cartão magnético do hotel para nos deixar entrar no elevador. A comida é de campo de reeducação. Os preços são extorsivos: um café custa o equivalente a 14 reais. O único serviço satisfatório é o de tinturaria. Não exige comunicação verbal e a tradição chinesa é boa nessa área do conhecimento humano. O Jade Palace Hotel pertence ao governo – ou seja, ao partido comunista. Não tem sócios capitalistas, locais ou estrangeiros. Desde que soube disso, este repórter resolveu dar ordens como o presidente Hu Jintao. "Não temos banana, senhor." "Então, ligue para o partido e ache uma banana." A banana aparece. "É impossível achar um táxi, senhor." "Então, ligue para o partido, quero um táxi em cinco minutos." O táxi aparece. Dar ordens é a única maneira de fazer funcionar uma parte dos chineses. A constatação empírica foi confirmada por estrangeiros que trabalham em Pequim. Sem dar ordens, concordamos todos, a vida fica impossível.
Mais do que uma má experiência pessoal, o Jade Palace Hotel é uma má experiência política. Estamos diante do comunismo em estado puro, a maior empulhação da história. Vende-se como o paraíso, mas as tintas são infernais. Nesta China capitalista, que abriu uma estrada de dezesseis pistas para o Ocidente, o dado tão curioso quanto inquietante é que o comunismo sobrevive forte em vários aspectos, para além da marca de fantasia do partido. É espantoso que a internet, hoje ao alcance de 250 milhões de chineses, esteja sob controle da censura estatal, mas o que dizer de revistas estrangeiras que chegam às bancas (pouquíssimas) ou aos eventuais assinantes (menos ainda) com páginas coladas? Se o assunto da reportagem for China, os censores grudam o que julgam ser ameaçador ao regime. Da mesma forma que os trainees do Jade Palace Hotel, eles não sabem inglês ou qualquer outra língua estrangeira. Então, eliminam o problema da liberdade de imprensa passando cola em todos os textos aparentemente sensíveis. Basta lerem a palavra China e lá vai cola. Ao leitor, resta o caminho do fogão. Esquenta-se uma panela d’água e, quando o vapor sobe, coloca-se a revista sobre ele, para tentar desgrudar as páginas. Leves princípios de incêndio vêm sendo causados pela censura.
Livros de bons autores à venda: quase não há. De maus autores: situação idêntica. Importação de livros: demorada e com o risco de cola nas páginas. Cinema: minguadas setenta salas para os 17,4 milhões de habitantes de Pequim. A exibição de filmes estrangeiros no país é restrita a vinte títulos novos por ano. Assim como as produções chinesas, eles não podem ter cenas de sexo, mensagens políticas ou questionamentos de ordem moral. É o mundo encantado da Disney comunista. Televisão: apenas forasteiros têm acesso a canais a cabo. Chineses, só se ficarem hospedados num hotel cinco-estrelas. As emissoras abertas, estatais, exibem majoritariamente novelas ambientadas quinhentos anos atrás, protagonizadas por senhores da guerra de barbas e sobrancelhas longas, com os cabelos, também compridos, cortados ao estilo Chitãozinho e Xororó e enfeitados por coques fashion. As novelas seriam suportáveis sob efeito de uísque. Você poderia fingir mais facilmente que assistia a Kill Bill 278, 279, 425... Como no Jade Palace Hotel não há uísque de verdade, o dia começa cedo e acaba tarde na Olimpíada e o honorável estabelecimento só tem CNN e um canal da HBO, o melhor é apagar a TV.
Estrangeiros e chineses mais exigentes (pouquíssimos) perdem um quinhão do seu tempo driblando as proibições. "Se você tiver o software certo, dá para acessar os sites de notícia europeus e americanos", disse a VEJA uma mocinha de Xangai. "É a coisa mais fácil do mundo", confirmou outro jovem de Pequim, mais interessado em pornografia. Comprar filmes piratas na China, a única maneira de assistir a cenas de sexo, mensagens políticas ou questionamentos de ordem moral, não representa uma dificuldade. Ligações clandestinas de emissoras a cabo já são um clássico. Contrabando de livros do exterior, idem. Não é que o governo não veja. Ele simplesmente fecha os olhos, porque sabe ser peraltice de uma infimíssima minoria. A maioria – com todo o peso que isso significa num país de 1,3 bilhão de habitantes – está ocupada em seguir o modelo do cidadão da Nova China: não reclame, não discuta, confie nos seus líderes, trabalhe duro em prol da nação e você também progredirá materialmente.
A abertura econômica é uma realização a festejar. Graças a ela, os chineses comuns entrevistados por VEJA podem dizer, sem incorrer na mentira, que vivem melhor do que seus pais e avós. Mas, do ponto de vista político, foi o golpe do século. Deveriam trocar o retrato de Mao Tsé-tung, na Praça da Paz Celestial, pelo de seu artífice, Deng Xiaoping. Abrir a economia permitiu a sobrevivência no poder do Partido Comunista Chinês. No fim da década de 70, sob a égide do reabilitado Deng, submerso à força durante a Revolução Cultural, alguns dirigentes começaram a pregar publicamente uma certa flexibilização do regime, e resoluções nesse sentido foram adotadas. Para que ela fosse adiante, no entanto, era preciso exorcizar a figura do timoneiro sanguinário, morto em 1976, bem como parte de sua herança maldita, sem que o ritual de execração implicasse a autodestruição do PC. Em 1982, as condições internas (comunista adora falar em "condições internas") permitiram que, durante um congresso do partido, Mao sofresse sua crítica definitiva. A Revolução Cultural, que jogara a China na treva absoluta durante os anos 60, foi declarada um desastre, um tumulto interno. Mao perdeu a condição quase divina, mas manteve a classificação de "grande homem".
O processo de abertura, mesmo com o empuxo a favor, só ganharia velocidade e corpo em 1989, depois do massacre de 200 estudantes entre milhares de revoltosos reunidos na Praça da Paz Celestial. Os mártires e mais o milhar de colegas presos queriam um tantinho de oxigênio, nada além disso, mas haviam ido longe demais. A tragédia, que marcou indelevelmente a história chinesa, embora não conste da versão oficial, acendeu o alarme vermelho no partido. Temerosa do mesmo destino dos amigos soviéticos, então próximos do fim, a cúpula deliberou mudar logo e rápido, para que tudo continuasse como era. "Um país, dois sistemas", na brilhante – e marota – definição de Deng. O golpe do século. "Eu estava fora da China quando ocorreu o episódio na Praça da Paz Celestial. Aquilo me transtornou. Saí andando sem destino. Dias mais tarde, recebi uma circular secreta do partido. Nela, os dirigentes reconheciam a demora para abrir a economia. Se houvessem tomado as devidas providências, afirmavam no documento, a revolta e a morte dos estudantes teriam sido evitadas", disse um integrante do PC (vamos chamá-lo de Zhou), enquanto almoçava com a reportagem de VEJA em um restaurante da região de Sanlitu, em Pequim, onde os turistas têm à sua escolha todos os tipos de diversão – e risco – do capitalismo outrora considerado decadente.
Quem olha de fora tende a acreditar que, tal como ao dia se segue a noite, ao desentrave econômico sucederá a liberdade política. Não é bem assim. A primeira verdade em oposição é que, como a China jamais foi pluralista, inexistem anseios democráticos como no Ocidente. Esses são frutos da filosofia iluminista européia e dos ideais da revolução americana, concepções estranhas e alienígenas do ponto de vista chinês. O marxismo, igualmente alienígena, vicejou na China por ter-se casado à perfeição com uma cultura alicerçada sobre o absolutismo. A segunda verdade é que, apesar de todo o controle estatal, os chineses nunca foram tão livres como hoje – e enxergam no partido comunista pós-1989 uma garantia dessa liberdade, em vez de um obstáculo a ela. Liberdade, aqui, não é de palanque, voto ou informação. É de compra, venda e consumo. O golpe do século, lembra-se?
Ao contrário do soviético, que nasceu, cresceu e morreu como um organismo estranho à sociedade, o partido chinês foi-se entranhando na estrutura do país. O mais surpreendente é que a dinâmica se acelerou nos últimos anos. O PC chinês é hoje um clube com 78 milhões de membros – ou 6% da população total. Há quase tantos comunistas de carteirinha na China quanto alemães na Alemanha. A idade média é 35 anos. As células e os comitês, que movimentam o dia-a-dia do partido, somam 3 milhões de militantes. A cada ano, o PC incorpora 1,8 milhão de novatos. O financiamento se dá por meio de contribuições. Os integrantes da área rural, mais pobres, pagam 1 iuane por mês, o equivalente a 23 centavos de real. Os assalariados de menor renda desembolsam 1% do salário mensal; os de maior renda, e também profissionais liberais e empresários, de 4% a 5% do que ganham por mês. Os dados foram fornecidos pelo secretário-geral de comunicação do partido, Lu Jianping, em entrevista a VEJA.
A revista chegou até ele por intermédio de Wang Jianchao, uma simpática e prestativa jornalista da Associação de Jornalistas de Toda-China. O hífen está presente na designação das associações profissionais chinesas. Indica que não há divisões sindicais ou algo do gênero – e que elas não são toleradas. Os jornais e revistas todo-chineses são abundantes. Existem 10 000 publicações periódicas, cuja função é, no máximo, contar uma parte da verdade, jamais a verdade inteira. No hall do prédio da Associação de Jornalistas de Toda-China, duas fotos distraem os visitantes no chá de sofá: a de Mao lendo o Diário do Povo, órgão oficial do PC, e outra de Chou En-Lai, no jardim de sua casa, rodeado de jornalistas ocidentais. Deve datar dos anos 50 e dá vontade de ser um dos seus figurantes. Companheiro de primeira hora de Mao, Chou era de família rica e tinha formação européia. Viveu em Paris, exilado, no início da década de 20. A foto revela aquele permanente estar à vontade dos bem-nascidos. Devia ser um ótimo papo.
Fomos de carro preto, com motorista, ao encontro do secretário-geral. No trajeto, a senhora Wang explicou que o departamento havia mudado de nome recentemente – deixara de ser "de propaganda" para se tornar "de comunicação". "Alguma mudança nas diretivas?" "Não." Às vezes os jornalistas chineses dizem toda a verdade. Lu Jianping não é um Chou En-Lai, mas tem lá sua cota de poder, é simpático e até relaxado para os padrões locais (só contraiu o rosto diante da lente do fotógrafo). Tem 54 anos, não pinta o cabelo e não usa gel, ao contrário da maioria dos dirigentes do partido. Estava sem terno, porque o presidente Hu Jintao, secretário-geral do PC, recomendou que, no verão, o traje formal fosse abolido. Economiza-se no ar-condicionado. Como em toda sala oficial chinesa para recepção de visitantes, a de Lu Jianping tem poltronas arrumadas em simetria, voltadas para um centro vazio: a do anfitrião é separada por uma mesinha da do visitante principal. Em cima do móvel com toalha de renda e vaso de flores, uma garrafa de água e uma chávena de chá para cada um. O número de poltronas depende do tipo de reunião. Quanto maior a quantidade, mais importante é o dignitário. A simetria expressa formalidade – e não deixa de ser intimidatória. Seis poltronas foi lisonjeiro. Quando VEJA o entrevistou, os jornalistas estrangeiros, recém-chegados ao centro de imprensa olímpico, reclamavam que a China não havia cumprido o compromisso de deixar o acesso à internet inteiramente livre. Perguntado a respeito, Lu Jianping respondeu que ocorrera um problema técnico e que o país seguiria à risca o acordo com o Comitê Olímpico Internacional. "Por que os ocidentais acham que controlamos tudo?", completou. "Essa conversa não vai longe", pensou este repórter. Mas foi.
Virar comunista no Brasil é fácil. Basta ter as idéias erradas, preencher uma ficha de filiação, colocar um broche na camiseta e sair por aí falando e fazendo bobagens. Na China, é necessário mais do que idéias erradas (atualmente, são exigíveis até algumas corretas) e você assina a ficha depois de uma seleção rígida. Não é um clube que aceita qualquer um, coloque-se dessa maneira. Lu Jianping animou-se a contar a história do seu ingresso no partido, segundo ele muito ilustrativa. Em 1974, aos 20 anos, estudante universitário, começou a trabalhar na secretaria de educação de Xinjiang, região autônoma no oeste do país, com significativa população de fé islâmica (e palco de atentados perpetrados por separatistas, no início de agosto). Foi nessa ocasião que Lu Jianping se animou a entrar no PC. Para tanto, teve de escrever uma carta em que expunha os motivos da decisão. Carta aprovada em uma reunião da célula correspondente à secretaria, ele passou a ser observado por dois sindicantes que davam expediente na mesma repartição. Verificada sua, digamos, vocação para comunista, foi procurado por dois homens para uma conversa. Nela, fizeram-lhe três perguntas: a) O partido é para servir ao povo. Você quer servir ao povo? b) Você está de acordo com os princípios e o programa do partido? c) Você está disposto a trabalhar dentro de um sistema de democracia centralizada? Sim, sim e sim para as questões, a célula reuniu-se outra vez. Acharam que Lu Jianping levava jeito e ele foi submetido a novas rodadas de conversas. Ouviram as opiniões a seu respeito de pessoas do seu convívio profissional, social e familiar. Como o horizonte se manteve favorável, Lu Jianping viu-se convidado a participar de uma reunião da célula, em que fez uma explanação sobre o seu desejo de filiar-se ao partido. Em seguida, a célula votou. Seu nome foi aprovado da única forma possível: por unanimidade. Enviaram, então, um relatório ao comitê local do partido. Chancelado pela instância superior, declararam-no aspirante e lhe designaram um tutor. Um ano depois, ainda na condição de aspirante, ele fez um juramento de lealdade diante da bandeira do PC. Inúmeras reuniões e votações correram até que, em 1981, finalmente, ele se tornou membro pleno. "Eu me esforcei durante sete anos", disse Lu Jianping, ainda com o orgulho de vestibulando aprovado.
Nem todos os aspirantes demoram tanto tempo. A protelação do ingresso de Lu Jianping pode ser creditada a um período de enormes convulsões – e desconfianças – entre os quadros partidários. Mas o processo de seleção, para 99% das pessoas, é basicamente o mesmo. VEJA entrevistou uma jovem de 26 anos, Lillian Chen, moradora de Pequim. Formada em jornalismo, fluente em inglês, produtora de documentários televisivos – faz trabalhos para a BBC –, ela foi convidada a entrar no PC quando cursava o equivalente ao colegial brasileiro, por causa de suas notas excelentes. Gostou da idéia e cumpriu a trajetória de Lu Jianping, só que apenas em um ano. Quando completou 18, assinou a ficha de filiação. Além de viver em outros tempos, Lillian Chen recebeu um convite e na adolescência. Combinados, os dois fatores aceleram o processo. "Não, ser do partido não me proporciona regalias diretas. Talvez no passado fosse assim", afirmou. "O seu ingresso, então, foi por motivos ideológicos?", perguntou VEJA. Lillian Chen abriu um sorriso: "Não falo sobre política. Aliás, nem em casa. As duas amigas com quem divido apartamento também são do partido, mas nós só conversamos sobre roupas, acessórios que estão na moda, essas coisas". O nosso terceiro comunista, Zhou, enquadra-se no 1% que não enfrenta processo de seleção – pelo menos, não o usual. Abriram-lhe as portas do partido graças aos serviços prestados à China no exterior. Quais serviços foram esses, ele não revela. Só deixou escapar que, no Brasil, se surpreendeu ao encontrar no estado do Acre um sujeito que mantinha na estante os livros de Mao e pregava a revolução armada contra os exploradores capitalistas. "Nem nós acreditávamos mais nesse tipo de coisa", riu-se Zhou. Foi-lhe explicado que a América Latina era "o cemitério de idéias". Ele aprovou a expressão.
O partido comunista chinês é visível e invisível no cotidiano. Você certamente sabe que seu chefe pertence a ele, mas talvez fique surpreso ao ser informado de que seu melhor amigo, sentado ao lado, também é do PC. Integrá-lo pode não lhe dar benefícios diretos, como diz a jovem Lillian Chen, mas pode resultar num bom guanxi – o nome que se dá à teia de relações pessoais e profissionais, sem a qual ninguém toca negócios ou é promovido na China. Por incrível que pareça, não é a única agremiação política do país. Há outras nove, todas aliadas ao PC, logicamente. Existe inclusive uma versão do Kuomintang, o partido nacionalista defenestrado do poder pelos comunistas, em 1949. Chama-se Comitê Revolucionário do Kuomintang. Quando a rebelde Taiwan for anexada, não é impossível que seus atuais líderes passem a integrar essa agremiação fantoche.
Como há otimistas em qualquer situação, há quem entreveja a possibilidade de a China vir a adotar um regime próximo da democracia real. Eles enxergam nas eleições para representantes municipais, que começaram em meados da década de 80, o germe de um sistema de escolha nacional mais abrangente. Embora poucas cidades constem desse espectro, citam, em seu favor, o fato de haver votação popular nas 700 000 aldeias do interior, onde vivem 700 milhões de pessoas. O americano John L. Thornton, professor da Escola de Economia e Administração da Universidade Tsinghua, em Pequim, detecta avanços na mentalidade dos líderes chineses. Na visão de Thornton, se, em 2012, o substituto de Hu Jintao na secretaria-geral do partido for eleito por voto no Comitê Central, e não por aclamação dirigida, isso sinalizará que mudanças positivas poderão ocorrer no regime como um todo. "O partido, internamente, está tentando adaptar-se à nova dinâmica social", corrobora Lu Jianping. Mas ele ressalva: "O sistema chinês não devorará o ocidental, nem o ocidental devorará o chinês".
O fato incontornável e imune a otimismos é que o partido comunista chinês é a mais formidável máquina de cooptação social já criada na história. Concentra, com raras exceções, a elite intelectual, técnica, empresarial e financeira do país. Em uma China interessada em fechar bons negócios, entrar para o PC é o primeiro negócio a ser feito. Garante guanxi para ganhar dinheiro e blindagem judiciária, pois os juízes e promotores são indicados pelo partido. Como na União Soviética da era Leonid Brejnev, se um comunista de carteirinha for pego com a boca na botija, mas seu caso for considerado "delicado", ninguém o condenará. O PC transformou-se numa espécie de centrão, onde sempre cabe mais um. Candidatos de listas independentes a cargos locais invariavelmente se filiam à agremiação depois de eleitos. Por que mudar se está ótimo para todo mundo que conta e o povão jamais viveu tão bem? A coisa só não é boa para os hóspedes do Jade Palace Hotel.
O direito só pode ser achado na lei
Reinaldo Azevedo, Veja edição 2075
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Há a máxima do futebol segundo a qual árbitro bom aparece pouco. Depende. Se os jogadores ignorarem a bola e mirarem na canela dos adversários, então ele se torna protagonista da partida. Por que um embate com leis degenera em pancadaria? As razões são as mais diversas. Em que cultura se formaram os jogadores? Qual é o seu caráter? Eles respeitam as regras do jogo? Há reações duras e estridentes àquilo que alguns chamam "excesso de protagonismo" do Supremo Tribunal Federal (STF), tornado árbitro do jogo político. Os ministros são acusados de tolher prerrogativas do Executivo, de fazer leis em lugar do Legislativo, de imiscuir-se nas ações das polícias e de atropelar instâncias da própria Justiça.
A reportagem que precede este artigo retrata bem esse ambiente. O STF nada mais faz do que reagir à hipertrofia do Executivo, que tende a usar a popularidade do mandatário de turno para atropelar a lei; à hipotrofia do Legislativo, acanhado pelo fisiologismo e pelo vício da subordinação; e ao açodamento de juízes, promotores e policiais, que entendem que o excesso do que chamam "garantismo" da legislação impede a "verdadeira justiça". Ora, lei ruim tem de ser mudada, não atropelada. Também no jogo institucional, árbitro protagonista indica inadequação ou insuficiência dos jogadores. Entre os descontentamentos, o que rende mais desgastes ao STF tem origem em instâncias da própria Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal. Isso não acontece por acaso. Será preciso fazer um pouquinho de história das idéias para chegar ao núcleo do problema.
"O direito deve ser achado na lei, não na rua", afirmou, no dia 6 passado, o presidente do STF, Gilmar Mendes. Muitos distinguiram na frase apenas a oposição entre o vulgo e as lentes, entre o clamor público e o rigor judicioso. Era mais do que isso. Tenho cá comigo o Livro Vermelho, que é cinza, cujo conteúdo, se aplicado, representaria a desconstituição legal do Brasil. Trata-se de um conjunto de textos, de 1988, escritos pelos partidários do "Direito Achado na Rua", uma corrente do pensamento jurídico brasileiro. É a ela que Mendes alude em sua fala. O pai intelectual do estrupício é o advogado Roberto Lyra Filho (1926-1986), fundador do que ele proclamava ser a "Nova Escola Jurídica Brasileira" – nada menos...
Mas que diabos quer a tal corrente, mais viva do que nunca e muito influente (Tarso Genro e até um ministro do Supremo já escreveram textos para o grupo)? Sua missão é se opor ao "legalismo", que estaria vincado pelas desigualdades de classe. Esse combate se dá com o exercício do "verdadeiro direito", só encontrado nos movimentos sociais, na "rua" – daí o nome-fantasia escolhido por seus partidários... ou sicários. Um juiz, um promotor ou um policial identificados com esse pensamento mandam às favas o texto legal – "Lei é coisa só para país civilizado", dizem – e optam por atalhos em nome dos "humilhados da terra". Lyra Filho era amigo de jovens. Gostava de se cercar de efebos do pensamento; a grei de noviços intelectualmente imberbes o idolatrava, ativíssimos entusiastas das idéias daquele Sócrates da luta de classes. O culto produziu valores e militantes, que, mais de vinte anos depois, ocupam não as ruas, mas os aparelhos de estado.
Lyra Filho foi professor da Universidade de Brasília e é, hoje, um espectro a rondar o curso de direito da UnB, um verdadeiro celeiro do "jus-rueirismo", e de toda parte. Em 1982, ele escreveu o livrinho O que É Direito, da já mitológica coleção da Editora Brasiliense. Eram tempos em que só um esquerdista tinha autoridade intelectual para nos revelar o "é" da coisa – e, vocês sabem, ainda hoje não é muito diferente. Lembro que coube a Marilena Chaui, por exemplo, explicar O que É Ideologia. Ela fez uma glosa pobre do livro A Ideologia Alemã, de Karl Marx (1818-1883), e sentenciou que "ideologia" é coisa da direita. A esquerda, claro, tem só valores e verdades... Os dois livros continuam em catálogo. Lyra Filho é bibliografia obrigatória em muitos cursos de direito. Falar mal do seu pensamento é como chutar a santa...
Partidário assumido das idéias do teórico comunista Antonio Gramsci (1891-1937), Lyra Filho incitava seus sequazes a desmoralizar a tradição jurídica e seus doutores, que ele chamava "catedr’áulicos". Num texto-bula dirigido aos jovens, diz como devem se comportar seus partidários: "A pressão libertadora não se faz apenas de fora para dentro, mas, inclusive, de dentro para fora, isto é, ocupando todo espaço que se abre na rede institucional do statu quo e estabelecendo o mínimo viável para maximizá-lo evolutivamente". Mais adiante, ele exalta aqueles que exploram "as contradições e porosidades do sistema legal, recorrendo à ILEGALIDADE NÃO-SELVAGEM [as maiúsculas são minhas], com lucidez e comedimento, isto é, em condições de pressão dosada, que força a absorção de pontos positivos pelo sistema dominante". Quem é íntimo da teoria política sabe: é puro Gramsci, autor de uma estratégia de tomada do poder, não de uma filosofia do direito.
Haveria, então, uma espécie de "golpe jurídico" em curso, tramado pelo "jus-rueirismo"? Para alguns é agradável supor que estou aqui a exercitar teorias conspiratórias um tanto lunáticas. Não, não há – não da forma como convencionalmente se entende um golpe. O que temos é a atuação evidente de juízes, promotores e policiais, partidários do Direito Achado na Rua, incrustados na "rede institucional do statu quo", como queria Lyra Filho, para, "com lucidez e comedimento", praticar a "ilegalidade não-selvagem" em nome da "igualdade de classes".
O Supremo percebeu que era hora de reagir a essa investida e bateu o martelo: "O direito deve ser achado na lei, não na rua". Aplausos, então, para o árbitro!
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Há a máxima do futebol segundo a qual árbitro bom aparece pouco. Depende. Se os jogadores ignorarem a bola e mirarem na canela dos adversários, então ele se torna protagonista da partida. Por que um embate com leis degenera em pancadaria? As razões são as mais diversas. Em que cultura se formaram os jogadores? Qual é o seu caráter? Eles respeitam as regras do jogo? Há reações duras e estridentes àquilo que alguns chamam "excesso de protagonismo" do Supremo Tribunal Federal (STF), tornado árbitro do jogo político. Os ministros são acusados de tolher prerrogativas do Executivo, de fazer leis em lugar do Legislativo, de imiscuir-se nas ações das polícias e de atropelar instâncias da própria Justiça.
A reportagem que precede este artigo retrata bem esse ambiente. O STF nada mais faz do que reagir à hipertrofia do Executivo, que tende a usar a popularidade do mandatário de turno para atropelar a lei; à hipotrofia do Legislativo, acanhado pelo fisiologismo e pelo vício da subordinação; e ao açodamento de juízes, promotores e policiais, que entendem que o excesso do que chamam "garantismo" da legislação impede a "verdadeira justiça". Ora, lei ruim tem de ser mudada, não atropelada. Também no jogo institucional, árbitro protagonista indica inadequação ou insuficiência dos jogadores. Entre os descontentamentos, o que rende mais desgastes ao STF tem origem em instâncias da própria Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal. Isso não acontece por acaso. Será preciso fazer um pouquinho de história das idéias para chegar ao núcleo do problema.
"O direito deve ser achado na lei, não na rua", afirmou, no dia 6 passado, o presidente do STF, Gilmar Mendes. Muitos distinguiram na frase apenas a oposição entre o vulgo e as lentes, entre o clamor público e o rigor judicioso. Era mais do que isso. Tenho cá comigo o Livro Vermelho, que é cinza, cujo conteúdo, se aplicado, representaria a desconstituição legal do Brasil. Trata-se de um conjunto de textos, de 1988, escritos pelos partidários do "Direito Achado na Rua", uma corrente do pensamento jurídico brasileiro. É a ela que Mendes alude em sua fala. O pai intelectual do estrupício é o advogado Roberto Lyra Filho (1926-1986), fundador do que ele proclamava ser a "Nova Escola Jurídica Brasileira" – nada menos...
Mas que diabos quer a tal corrente, mais viva do que nunca e muito influente (Tarso Genro e até um ministro do Supremo já escreveram textos para o grupo)? Sua missão é se opor ao "legalismo", que estaria vincado pelas desigualdades de classe. Esse combate se dá com o exercício do "verdadeiro direito", só encontrado nos movimentos sociais, na "rua" – daí o nome-fantasia escolhido por seus partidários... ou sicários. Um juiz, um promotor ou um policial identificados com esse pensamento mandam às favas o texto legal – "Lei é coisa só para país civilizado", dizem – e optam por atalhos em nome dos "humilhados da terra". Lyra Filho era amigo de jovens. Gostava de se cercar de efebos do pensamento; a grei de noviços intelectualmente imberbes o idolatrava, ativíssimos entusiastas das idéias daquele Sócrates da luta de classes. O culto produziu valores e militantes, que, mais de vinte anos depois, ocupam não as ruas, mas os aparelhos de estado.
Lyra Filho foi professor da Universidade de Brasília e é, hoje, um espectro a rondar o curso de direito da UnB, um verdadeiro celeiro do "jus-rueirismo", e de toda parte. Em 1982, ele escreveu o livrinho O que É Direito, da já mitológica coleção da Editora Brasiliense. Eram tempos em que só um esquerdista tinha autoridade intelectual para nos revelar o "é" da coisa – e, vocês sabem, ainda hoje não é muito diferente. Lembro que coube a Marilena Chaui, por exemplo, explicar O que É Ideologia. Ela fez uma glosa pobre do livro A Ideologia Alemã, de Karl Marx (1818-1883), e sentenciou que "ideologia" é coisa da direita. A esquerda, claro, tem só valores e verdades... Os dois livros continuam em catálogo. Lyra Filho é bibliografia obrigatória em muitos cursos de direito. Falar mal do seu pensamento é como chutar a santa...
Partidário assumido das idéias do teórico comunista Antonio Gramsci (1891-1937), Lyra Filho incitava seus sequazes a desmoralizar a tradição jurídica e seus doutores, que ele chamava "catedr’áulicos". Num texto-bula dirigido aos jovens, diz como devem se comportar seus partidários: "A pressão libertadora não se faz apenas de fora para dentro, mas, inclusive, de dentro para fora, isto é, ocupando todo espaço que se abre na rede institucional do statu quo e estabelecendo o mínimo viável para maximizá-lo evolutivamente". Mais adiante, ele exalta aqueles que exploram "as contradições e porosidades do sistema legal, recorrendo à ILEGALIDADE NÃO-SELVAGEM [as maiúsculas são minhas], com lucidez e comedimento, isto é, em condições de pressão dosada, que força a absorção de pontos positivos pelo sistema dominante". Quem é íntimo da teoria política sabe: é puro Gramsci, autor de uma estratégia de tomada do poder, não de uma filosofia do direito.
Haveria, então, uma espécie de "golpe jurídico" em curso, tramado pelo "jus-rueirismo"? Para alguns é agradável supor que estou aqui a exercitar teorias conspiratórias um tanto lunáticas. Não, não há – não da forma como convencionalmente se entende um golpe. O que temos é a atuação evidente de juízes, promotores e policiais, partidários do Direito Achado na Rua, incrustados na "rede institucional do statu quo", como queria Lyra Filho, para, "com lucidez e comedimento", praticar a "ilegalidade não-selvagem" em nome da "igualdade de classes".
O Supremo percebeu que era hora de reagir a essa investida e bateu o martelo: "O direito deve ser achado na lei, não na rua". Aplausos, então, para o árbitro!
Temperamento de rebanho
Diogo Mainardi - Veja edição 2075
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– Faz o quatro, Diego Hypólito!
Roubei o mote de um amigo meu. E acrescentei prontamente: o que a queda de Diego Hypólito tem a ver com nossa queda para o roubo? Qual é o ponto em comum entre a poltronice de nossos atletas e a poltronice dos brasileiros em geral? Como o fracasso de nossos esportistas se relaciona com nosso fracasso como país?
É o que analisarei a partir de agora, postado na frente do computador, com minha malha elástica dégradée, dando uma rápida pirueta antropológica, seguida por dois parafusos sociológicos e meia dúzia de cambalhotas etnológicas, com grande probabilidade de repetir o feito de Diego Hypólito e aterrissar bisonhamente com o traseiro no tablado.
– Faz o quatro, Diogo Mainardi!
Quem leu a última VEJA pode tentar acompanhar meus volteios. A reportagem apresenta dois dados. O primeiro repete aquilo que já sabíamos: temos os estudantes mais analfabetos do planeta. Ninguém compete conosco em matéria de analfabetismo. Somos mais analfabetos do que todos os outros analfabetos. O segundo dado da reportagem é mais espantoso. Uma pesquisa encomendada por VEJA revelou que, ao mesmo tempo em que temos os estudantes mais analfabetos do planeta, estamos plenamente satisfeitos com isso. Alunos, pais e professores aprovam nossas escolas.
Eu entendo os alunos. A escola, para mim, representou uma completa perda de tempo. As melhores escolas foram aquelas que menos me ensinaram, permitindo que eu pulasse o muro e fosse jogar pebolim no boteco da esquina. Tende-se a superestimar o valor da escola. Os estudantes sabem perfeitamente que, por mais que se empenhem, nada do que os professores lhes disserem terá utilidade prática. É natural que eles se contentem com uma escola que os desobriga de estudar.
Entendo também os professores. Se a escola fosse menos imprestável, boa parte deles seria posta na rua. O que de fato impressiona é o entorpecimento dos pais. É neste ponto que reintroduzo o tema inicial do artigo: o fracasso de nossos atletas. E é neste ponto que Diego Hypólito e eu aterrissamos com o traseiro no tablado. O Brasil fracassa no esporte pelo mesmo motivo por que fracassa como país: temos uma sociedade acovardada, fujona, avessa à luta. Tudo aqui é feito para desestimular a disputa, para reprimir o desafio pessoal, para amolecer o caráter: o parasitismo estatal, a política fundada no escambo, a cultura baseada no conchavo, a repulsa por idéias discordantes. Esse nosso temperamento de rebanho inibe qualquer forma de atrito, qualquer tipo de inconformismo, qualquer espécie de enfrentamento. Quando temos de competir, afinamos. Por isso aprovamos uma escola que produz analfabetos. Por isso aprovamos governantes que roubam. A gente se satisfaz com facilidade: basta fazer o quatro. E nem é preciso conseguir colocar o dedo na ponta do nariz.
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– Faz o quatro, Diego Hypólito!
Roubei o mote de um amigo meu. E acrescentei prontamente: o que a queda de Diego Hypólito tem a ver com nossa queda para o roubo? Qual é o ponto em comum entre a poltronice de nossos atletas e a poltronice dos brasileiros em geral? Como o fracasso de nossos esportistas se relaciona com nosso fracasso como país?
É o que analisarei a partir de agora, postado na frente do computador, com minha malha elástica dégradée, dando uma rápida pirueta antropológica, seguida por dois parafusos sociológicos e meia dúzia de cambalhotas etnológicas, com grande probabilidade de repetir o feito de Diego Hypólito e aterrissar bisonhamente com o traseiro no tablado.
– Faz o quatro, Diogo Mainardi!
Quem leu a última VEJA pode tentar acompanhar meus volteios. A reportagem apresenta dois dados. O primeiro repete aquilo que já sabíamos: temos os estudantes mais analfabetos do planeta. Ninguém compete conosco em matéria de analfabetismo. Somos mais analfabetos do que todos os outros analfabetos. O segundo dado da reportagem é mais espantoso. Uma pesquisa encomendada por VEJA revelou que, ao mesmo tempo em que temos os estudantes mais analfabetos do planeta, estamos plenamente satisfeitos com isso. Alunos, pais e professores aprovam nossas escolas.
Eu entendo os alunos. A escola, para mim, representou uma completa perda de tempo. As melhores escolas foram aquelas que menos me ensinaram, permitindo que eu pulasse o muro e fosse jogar pebolim no boteco da esquina. Tende-se a superestimar o valor da escola. Os estudantes sabem perfeitamente que, por mais que se empenhem, nada do que os professores lhes disserem terá utilidade prática. É natural que eles se contentem com uma escola que os desobriga de estudar.
Entendo também os professores. Se a escola fosse menos imprestável, boa parte deles seria posta na rua. O que de fato impressiona é o entorpecimento dos pais. É neste ponto que reintroduzo o tema inicial do artigo: o fracasso de nossos atletas. E é neste ponto que Diego Hypólito e eu aterrissamos com o traseiro no tablado. O Brasil fracassa no esporte pelo mesmo motivo por que fracassa como país: temos uma sociedade acovardada, fujona, avessa à luta. Tudo aqui é feito para desestimular a disputa, para reprimir o desafio pessoal, para amolecer o caráter: o parasitismo estatal, a política fundada no escambo, a cultura baseada no conchavo, a repulsa por idéias discordantes. Esse nosso temperamento de rebanho inibe qualquer forma de atrito, qualquer tipo de inconformismo, qualquer espécie de enfrentamento. Quando temos de competir, afinamos. Por isso aprovamos uma escola que produz analfabetos. Por isso aprovamos governantes que roubam. A gente se satisfaz com facilidade: basta fazer o quatro. E nem é preciso conseguir colocar o dedo na ponta do nariz.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
Haverá algo de podre no reino da Dinamarca?
Do Blog de Julio Severo - http://juliosevero.blogspot.com/2008/08
O que está por trás da campanha “Brasil Livre da Rubéola”?
Por causa de somente 17 casos de rubéola em bebês em gestação por ano, ministro pró-aborto do Brasil quer a vacinação forçada de 70 milhões de brasileiros, mesmo em quem já teve a doença e em que já foi vacinado. Quais os reais interesses por trás de tal atitude?
Julio Severo
De 9 de agosto a 12 de setembro de 2008, toda a população de homens e mulheres na faixa etária dos 12 aos 39 anos no Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte será obrigada a ser vacinada. Será a maior vacinação na história do mundo. Qual o motivo de uma vacinação tão grande contra uma doença que não é mortal nem representa risco para a vasta maioria da população do Brasil?
UNICEF, aborto, controle populacional e vacinas
A campanha “Brasil Livre da Rubéola” conta com o apoio do UNICEF, agência da ONU que tem sido acusada de fazer parte de uma agenda mundial de controle de população. Não é novidade o envolvimento da ONU e do UNICEF em iniciativas para reduzir a população mundial por meio do aborto, o controle da natalidade e até mesmo medidas de introduzir agentes esterilizantes em vacinas em massa. [http://www.lifesitenews.com/ldn/2002/oct/021030a.html]
Entretanto, embora quase 100% da população brasileira esteja livre de sofrer quaisquer danos da rubéola, 100% da população têm um sistema reprodutivo. Essa é uma grande preocupação para os militantes pró-aborto. Em campanhas de vacinação semelhante em outros países, que as realizaram em nome de uma suposta preocupação com uma doença sem risco significativo, testes indicaram agentes esterilizantes nas vacinas. Como no caso atual da campanha “Brasil Livre da Rubéola”, o alvo eram pessoas em idade reprodutiva. Como no caso do Brasil, o UNICEF estava por trás de todas as campanhas de vacinação que envolviam vacinas contaminadas com agentes esterilizantes.
Na campanha de vacinação em massa contra a rubéola na Argentina em 2006, foi confirmada a presença de agentes esterilizantes nas vacinas. [http://www.diario7.com.ar/nota_completa.php?id=1536] O UNICEF estava por trás da campanha.
Em 2004, numa campanha estatal de vacinação em massa contra a pólio na Nigéria, um cientista constatou agentes esterilizantes nas vacinas. [http://www.lifesitenews.com/ldn/2004/mar/04031101.html] A campanha contou com o apoio do UNICEF.
Durante os anos, o UNICEF tem deixado claro que, por trás de sua suposta preocupação com as crianças, o interesse maior é o aborto e outros meios de redução da população. Nessa questão, o UNICEF é bem parecido com Temporão. Para entender o que realmente quer o UNICEF, considere:
Em 1987, o UNICEF oficialmente apoiou “serviços de aborto de boa qualidade” na Conferência Internacional de Melhores Políticas de Saúde para as Mulheres e Crianças em Nairóbi, Quênia.
Em 1993, o UNICEF aumentou — de 2 para 5 milhões de dólares — sua contribuição para o UNFPA, órgão da ONU que vem apoiando a política da China comunista de forçar esterilização e abortos em mulheres com mais de um filho.
Em 1995, o Supremo Tribunal Federal das Filipinas deteve uma campanha de vacinação em massa contra o tétano. A campanha, apoiada pelo UNICEF, envolvia vacinas contaminadas com o B-hCG, um hormônio que esteriliza e causa abortos espontâneos em mulheres vacinadas.
Fonte: http://www.lifesitenews.com/ldn/2002/oct/021030a.html
Os exemplos da Nigéria, Filipinas e Argentina mostram que vacinas contaminadas com agentes esterilizantes podem fazer parte de “inocentes” campanhas de vacinação em massa contra determinadas doenças como a rubéola. Essas vacinas são administradas sem que os vacinados tenham consciência do que lhes foi injetado. Esse fato ocorre principalmente em países do Terceiro Mundo onde a popularidade e a ampla aceitação de vacinas anti-doenças facilitam a introdução de agentes anti-fertilidade nas vacinas. Assim, campanhas de vacinação se tornam verdadeiras campanhas de controle populacional.
Programando o corpo humano para combater a reprodução
Desde a década de 1970, experimentos de controle da natalidade têm sido conduzidos em países do Terceiro Mundo. Esses experimentos eram realizados por ricos grupos de controle populacional com a finalidade de se desenvolver substâncias esterilizantes que pudessem atuar conjuntamente com a fórmula das vacinas existentes. As experiências iniciais, com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da ONU, foram com vacinas contra o tétano e difteria. (Proc. Nati. Acad. Sci. USA Vol. 91, pp. 8532-8536, agosto de 1994)
O propósito declarado dos agentes anti-fertilidade é induzir esterilidade temporária fazendo com que o sistema imunológico da mãe se volte contra a gravidez. Não se sabe exatamente quantos tipos de métodos esterilizantes foram desenvolvidos por grupos de controle populacional, mas anos atrás a OMS ajudou a produzir um agente que neutraliza o hormônio humano da gravidez hCG (gonadotropina coriônica humana), um hormônio que o óvulo fertilizado produz no corpo da mulher logo após a concepção. O agente, que geralmente é atrelado às vacinas contra doenças (como tétano, difteria, rubéola, etc.), faz com que o sistema imunológico confunda o hormônio natural da gravidez como se fosse um germe de infecção. Daí, o corpo da mulher não reconhece o sinal da natureza que é hora de se preparar para a gravidez. O resultado é que o óvulo fertilizado acaba sendo rejeitado pelo corpo da mulher, ocorrendo assim um micro-aborto bem no início da gravidez.
A função dos agentes esterilizantes em vacinas contra doenças é fazer com que o sistema imunológico humano reaja contra a reprodução ou o início de uma gravidez do jeito que reage a uma infecção: combatendo e rejeitando.
Por sua interferência no funcionamento do delicado e complexo sistema imunológico e reprodutivo, os agentes anti-fertilidade nunca são inofensivos. Pode haver muitos riscos potenciais: indução de doenças no sistema imunológico e alergias, agravamento de doenças infecciosas, etc.
Há agentes anti-fertilidade nas vacinas da campanha “Brasil Livre da Rubéola”? É difícil responder, até porque quem criou esses agentes teve a clara má intenção de usá-los da forma mais indetectável e imperceptível possível. Mas o que não é segredo são os sentimentos de Temporão e UNICEF com relação à vida dos bebês em gestação.
Assim, o que temos hoje no Brasil é o presidente de um partido pró-aborto, com um ministro da saúde pró-aborto juntamente com um UNICEF pró-aborto promovendo a inocente campanha “Brasil Livre da Rubéola” ou a “Campanha Nacional de Vacinação para Eliminação da Rubéola”.
Tudo pelo bem-estar dos bebês em gestação?
O suposto objetivo da campanha é a erradicação da rubéola e proteger bebês em gestação de contágio possível de suas mães. Quer maior motivo de riso (ou de tristeza) do que um ministro de saúde pró-aborto dizer que quer o bem-estar de bebês em gestação?
Se Temporão tivesse uma preocupação genuína com os bebês em gestação no Brasil, ele sem dúvida lançaria uma campanha para erradicar do Brasil todas as clínicas clandestinas de aborto — sem mencionar, é claro, os próprios serviços do SUS que realizam abortamentos médicos. Além disso, ele também repreenderia Lula pelo apoio, no Brasil e na ONU, que seu governo tem dado ao aborto.
Pesquisa após pesquisa indica que, muito longe de apoiar a ideologia de implantação do aborto no Brasil, a população brasileira é pró-vida. Talvez a propaganda da campanha de vacinação de José Temporão esteja apenas espelhando esse popular sentimento pró-vida brasileiro.
Entretanto, há apenas um problema. Embora a campanha de vacinação seja apresentada como medida para proteger bebês em gestação — razão suficiente para atrair todo o apoio da população que é majoritariamente pró-vida —, Temporão em nada mudou seus sentimentos para com esses bebês. Ele ainda quer a legalização do aborto no Brasil.
Então, o que está por trás de sua suposta preocupação com o risco de alguns poucos bebês pegarem rubéola? Embora o Brasil tenha uma população enorme de quase 200 milhões de habitantes, em 2007 foram registrados apenas 17 casos de defeitos congênitos em todo o Brasil provocados pela rubéola. http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/nota_rubeola140708.pdf
Esse número é muito inferior ao número de casos registrados na Inglaterra, que tem uma população muito menor do que a do Brasil. Em comparação com o Brasil, que tem 17 casos por ano, a Inglaterra tem 43. http://www.patient.co.uk/showdoc/40024887/
Além disso, os casos de rubéola — que não representam perigo de saúde pública — caíram de 30 mil em 1997 para 326 em 2005. [http://www.cives.ufrj.br/informacao/rubeola/rubeola-iv.html]
Onde estão as campanhas estatais para erradicar o aborto?
Considere agora que se o número de 17 bebês atingidos por rubéola é justificativa suficiente para obrigar um número elevadíssimo da população a se vacinar, então os milhares de abortos por ano não deveriam ser usados como motivo suficiente para se proibir toda propaganda e projeto pró-aborto no Brasil?
Será que as intenções de Temporão são obscuras? Aborto, segundo a ideologia dos engenheiros sociais, é uma medida social para reduzir a população mundial. Daí, o interesse de Temporão na legalização do aborto tem — debaixo de todo o confete de “preocupação com questões de saúde pública” — a marca registrada e óbvia de interesses internacionais que querem reduzir a população brasileira. Para essa finalidade, vale qualquer justificativa, por mais fictícia que seja.
Parece loucura. Um ministro pró-aborto em nome do bem-estar de alguns poucos bebês em gestação forçando uma vacinação em massa, enquanto em nome de um direito ao aborto ele quer sacrificar centenas de milhares de bebês ao aborto. Faz sentido?
Mistérios, mistérios e mais mistérios
O que está então por trás da campanha “Brasil Livre da Rubéola”? Há boas intenções na “Campanha Nacional de Vacinação para Eliminação da Rubéola”?
A iniciativa estatal tem a meta de vacinar 70 milhões de brasileiros e abrangerá os estados do Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, além de toda população indígena que vive em aldeias. Nenhum brasileiro das áreas selecionadas terá direito ou a opção de isentar-se, a não ser os aidéticos e pessoas com problemas imunológicos.
Embora seja perda de tempo esperar que o Ministro da Saúde decida aparecer em público para revelar suas reais intenções, é possível obter pistas importantes através da imprensa secular, geralmente atrelada aos interesses do Estado. Vejamos então o que a imprensa está dizendo:
Eliminação da rubéola:
“A campanha faz parte de uma ação preventiva para evitar a disseminação da doença. A ação está dentro do compromisso firmado pelos países das Américas durante a 44ª reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) de eliminar até 2010 a rubéola e a Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) – que pode causar aborto ou malformações no bebê”. — Patrocínio Hoje
“Além da meta de eliminação até 2.010 e dos surtos ocorridos no País, outros motivos que levaram à decisão do Ministério da Saúde pela Campanha são: a gravidade da rubéola em gestantes, com a possibilidade de abortos e natimortos e de seqüelas irreversíveis”. — Portal Novidade
“A campanha nacional, promovida pelo Ministério da Saúde, tem como objetivo erradicar a rubéola até 2010 e terá início no dia 9 de agosto, estendendo-se até 12 de setembro. Em Mogi, serão vacinadas 127.719 pessoas. — Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes
“A Campanha Nacional de Vacinação para Eliminação da Rubéola pretende vacinar aproximadamente 70 milhões de pessoas de ambos os sexos durante cinco semanas. Essa é a maior campanha de imunização
já realizada no mundo.” — Capital News
“No Brasil, serão aproximadamente 70 milhões. Trata-se da maior campanha de imunização já realizada no mundo”. — Portal Novidade
“O Ministério da Saúde (MS) está preparando uma campanha inédita e de grande dimensão que começa no dia 9 de agosto. A Campanha Nacional de Vacinação para Eliminação da Rubéola pretende vacinar aproximadamente 70 milhões de pessoas de ambos os sexos durante cinco semanas. Essa é a maior campanha de imunização já realizada no mundo”. — Diário da Serra
Embora a vacinação seja obrigatória, para efeito de propaganda e para não deixar a população assustada, a campanha, segundo o Portal Novidade, terá “um enfoque da vacinação da família”. Será então uma campanha supostamente para o bem-estar das famílias e dos bebês em gestação. Quer propaganda mais linda que essa?
Em que lugares a campanha governamental forçará os cidadãos à vacinação?
“Estão sendo planejadas estratégias como vacinação em trânsito e em lugares de alta concentração de pessoas; na população institucionalizada; pós-parto e pós-aborto; entre outras”. — Portal Novidade
Quem será obrigado a tomar as vacinas?
“A vacina deve ser tomada por todas as pessoas de 20 a 39 anos, mesmo as que receberam recentemente imunização contra a doença”. — Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes
“Todos os cidadãos nestas idades, independente de terem tomado doses anteriormente ou de terem tido ou não a doença, devem tomar a dose.” — Portal Novidade
“É importante ressaltar a importância da vacinação em massa das pessoas entre 12 e 39 anos, mesmo que já tenham sido vacinados anteriormente, tanto na fase adulta quanto na infância”. — Só Notícias
A rubéola é tão mortal e perigosa assim para justificar a vacinação compulsória de 70 milhões de brasileiros?
“A rubéola em si não é considerada perigosa para os adultos”. — Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes
“[A rubéola] não apresenta grandes riscos para o indivíduo, sendo a grande preocupação com as mulheres em idade fértil (até os 49 anos) que não tiveram a doença ou que nunca tomaram nenhuma dose da vacina e que devem ser vacinadas antes de engravidar. Nas mulheres não-imunizadas a aplicação é feita até os 49 anos e, nos homens, até 39 anos de idade na rotina”. — O Estadão Matogrossense
Dúvidas:
Se o objetivo da campanha é realmente eliminar a rubéola, então por que vacinar quem já foi vacinado? Por que obrigar a vacinação de quem já teve a doença? É fato mais que comprovado que a pessoa que já teve rubéola nunca mais a terá. Mesmo assim, o governo insiste em forçar a vacinação de todos, mesmo dos que já tiveram rubéola no passado.
Mais dúvidas:
Apesar de a rubéola não representar sério risco de saúde para a população, o governo Lula, com seu ministro pró-aborto da saúde, está investindo milhões de nosso bolso para pagar às poderosas empresas farmacêuticas, que muito lucram com campanhas de vacinação. Como explicar o Brasil ter a maior vacinação do mundo (e também provavelmente a vacinação mais cara do mundo) para combater uma doença que não é séria, enquanto pacientes morrem diariamente nos hospitais públicos por falta de medicamentos e equipamentos adequados? Pacientes morrem até por falta de vaga em UTI, porque não há recursos. [http://www.camacarifatosefotos.com.br/cff_fatos.php?cod_fato=8172]
Questionamento:
A população alvo da vacinação são mulheres de 12 a 49 anos e homens de 12 a 39 anos. Essa faixa etária é o que se define como idade reprodutiva.
Se 100% da população fosse atingida por uma doença séria e fatal, talvez fosse justificável uma vacinação em massa. Mas a rubéola não é séria nem fatal na vasta maioria dos casos. Na vasta maioria dos casos, essa vacina será inútil, pois a vasta maioria da população não tem problemas com a rubéola. Além disso, 17 bebês em gestação afetados por ano justificam tamanha campanha? Uma preocupação genuína pelos bebês em gestação deveria fazer com que o governo lançasse, em vez de uma desnecessária campanha “Brasil Livre da Rubéola”, uma campanha necessária “Brasil Livre do Aborto”.
Controlando através de mentiras
Quando um Estado controlador precisa levar a população a aceitar suas imposições, a propaganda usual é que é para o bem dos cidadãos. As piores intenções são acobertadas pelas máscaras mais atraentes e agradáveis. É nesse sentido que, para “salvar” as mulheres que morrem em clínicas clandestinas de aborto, os cidadãos são convencidos de que a legalização do aborto é benéfica para todos.
É nesse sentido que, para dar auto-estima a quem fez a opção homossexual, o governo usa o dinheiro do povo para realizar nos hospitais públicos caras cirurgias de troca de sexo, enquanto cirurgias menos caras para salvar vidas perdem na prioridade, por causa de interesses politicamente corretos. Nos hospitais públicos, onde os recursos são escassos até para necessidades urgentes, vidas são literalmente sacrificadas para que homossexuais possam realizar seus desejos. Como disse o escritor Diogo Costa, cada sonho transexual de mudança de sexo custa o pesadelo de um paciente entre a vida e a morte. Quando o assunto é aborto e cirurgia de troca de sexo, ninguém melhor (ou pior) para entrar em cena do que o Ministro da Saúde José Temporão.
Aborto e contracepção são o primeiro item na lista de objetivos dos controlistas — indivíduos e instituições dedicados a promover a redução da população mundial. Para levar a população mundial a apoiar políticas pró-aborto, os controlistas apelam para a propaganda da explosão populacional e outras estórias de horror. Tudo é válido para se controlar e reduzir a fertilidade humana, até mesmo a promoção do homossexualismo. Do contrário, num país onde o sistema da saúde é um caos, como explicar tantos gastos em cirurgias desnecessárias cujo único objetivo é tentar dar auto-estima a quem pratica o homossexualismo? Pela própria natureza, o homossexualismo é infértil, sendo o sexo “ideal” para alcançar o objetivo da redução da população mundial.
Se aborto, contracepção e homossexualismo têm tudo a ver com controle de população, então evidentemente o Brasil tem um governo de orientação controlista. Um governo controlista usará qualquer meio — por mais benéfico que pareça — para diminuir a fertilidade de sua população.
Vivemos num mundo de ilusórias boas intenções. O diabo se disfarça de anjo de luz e promete o paraíso na terra. Em troca de falsas promessas, ele leva almas à destruição.
Nas campanhas de vacinação em massa na Argentina, Nigéria, Filipinas e outros países, o UNICEF mostrou que sabe aliar as piores intenções com as aparências mais angelicais. No Brasil, temos o compromisso de Temporão de que a campanha de vacinação em massa é apenas para proteger bebês e ajudar as famílias.
Não sei quantas justificativas inocentes e outros coelhos estranhos o UNICEF e Temporão conseguem tirar da cartola. Só sei que é arriscado participar de um espetáculo que pode prejudicar a fertilidade de homens e mulheres que vêem filhos como bênçãos, não como seres descartáveis.
Fonte: www.juliosevero.com
O que está por trás da campanha “Brasil Livre da Rubéola”?
Por causa de somente 17 casos de rubéola em bebês em gestação por ano, ministro pró-aborto do Brasil quer a vacinação forçada de 70 milhões de brasileiros, mesmo em quem já teve a doença e em que já foi vacinado. Quais os reais interesses por trás de tal atitude?
Julio Severo
De 9 de agosto a 12 de setembro de 2008, toda a população de homens e mulheres na faixa etária dos 12 aos 39 anos no Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte será obrigada a ser vacinada. Será a maior vacinação na história do mundo. Qual o motivo de uma vacinação tão grande contra uma doença que não é mortal nem representa risco para a vasta maioria da população do Brasil?
UNICEF, aborto, controle populacional e vacinas
A campanha “Brasil Livre da Rubéola” conta com o apoio do UNICEF, agência da ONU que tem sido acusada de fazer parte de uma agenda mundial de controle de população. Não é novidade o envolvimento da ONU e do UNICEF em iniciativas para reduzir a população mundial por meio do aborto, o controle da natalidade e até mesmo medidas de introduzir agentes esterilizantes em vacinas em massa. [http://www.lifesitenews.com/ldn/2002/oct/021030a.html]
Entretanto, embora quase 100% da população brasileira esteja livre de sofrer quaisquer danos da rubéola, 100% da população têm um sistema reprodutivo. Essa é uma grande preocupação para os militantes pró-aborto. Em campanhas de vacinação semelhante em outros países, que as realizaram em nome de uma suposta preocupação com uma doença sem risco significativo, testes indicaram agentes esterilizantes nas vacinas. Como no caso atual da campanha “Brasil Livre da Rubéola”, o alvo eram pessoas em idade reprodutiva. Como no caso do Brasil, o UNICEF estava por trás de todas as campanhas de vacinação que envolviam vacinas contaminadas com agentes esterilizantes.
Na campanha de vacinação em massa contra a rubéola na Argentina em 2006, foi confirmada a presença de agentes esterilizantes nas vacinas. [http://www.diario7.com.ar/nota_completa.php?id=1536] O UNICEF estava por trás da campanha.
Em 2004, numa campanha estatal de vacinação em massa contra a pólio na Nigéria, um cientista constatou agentes esterilizantes nas vacinas. [http://www.lifesitenews.com/ldn/2004/mar/04031101.html] A campanha contou com o apoio do UNICEF.
Durante os anos, o UNICEF tem deixado claro que, por trás de sua suposta preocupação com as crianças, o interesse maior é o aborto e outros meios de redução da população. Nessa questão, o UNICEF é bem parecido com Temporão. Para entender o que realmente quer o UNICEF, considere:
Em 1987, o UNICEF oficialmente apoiou “serviços de aborto de boa qualidade” na Conferência Internacional de Melhores Políticas de Saúde para as Mulheres e Crianças em Nairóbi, Quênia.
Em 1993, o UNICEF aumentou — de 2 para 5 milhões de dólares — sua contribuição para o UNFPA, órgão da ONU que vem apoiando a política da China comunista de forçar esterilização e abortos em mulheres com mais de um filho.
Em 1995, o Supremo Tribunal Federal das Filipinas deteve uma campanha de vacinação em massa contra o tétano. A campanha, apoiada pelo UNICEF, envolvia vacinas contaminadas com o B-hCG, um hormônio que esteriliza e causa abortos espontâneos em mulheres vacinadas.
Fonte: http://www.lifesitenews.com/ldn/2002/oct/021030a.html
Os exemplos da Nigéria, Filipinas e Argentina mostram que vacinas contaminadas com agentes esterilizantes podem fazer parte de “inocentes” campanhas de vacinação em massa contra determinadas doenças como a rubéola. Essas vacinas são administradas sem que os vacinados tenham consciência do que lhes foi injetado. Esse fato ocorre principalmente em países do Terceiro Mundo onde a popularidade e a ampla aceitação de vacinas anti-doenças facilitam a introdução de agentes anti-fertilidade nas vacinas. Assim, campanhas de vacinação se tornam verdadeiras campanhas de controle populacional.
Programando o corpo humano para combater a reprodução
Desde a década de 1970, experimentos de controle da natalidade têm sido conduzidos em países do Terceiro Mundo. Esses experimentos eram realizados por ricos grupos de controle populacional com a finalidade de se desenvolver substâncias esterilizantes que pudessem atuar conjuntamente com a fórmula das vacinas existentes. As experiências iniciais, com o apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da ONU, foram com vacinas contra o tétano e difteria. (Proc. Nati. Acad. Sci. USA Vol. 91, pp. 8532-8536, agosto de 1994)
O propósito declarado dos agentes anti-fertilidade é induzir esterilidade temporária fazendo com que o sistema imunológico da mãe se volte contra a gravidez. Não se sabe exatamente quantos tipos de métodos esterilizantes foram desenvolvidos por grupos de controle populacional, mas anos atrás a OMS ajudou a produzir um agente que neutraliza o hormônio humano da gravidez hCG (gonadotropina coriônica humana), um hormônio que o óvulo fertilizado produz no corpo da mulher logo após a concepção. O agente, que geralmente é atrelado às vacinas contra doenças (como tétano, difteria, rubéola, etc.), faz com que o sistema imunológico confunda o hormônio natural da gravidez como se fosse um germe de infecção. Daí, o corpo da mulher não reconhece o sinal da natureza que é hora de se preparar para a gravidez. O resultado é que o óvulo fertilizado acaba sendo rejeitado pelo corpo da mulher, ocorrendo assim um micro-aborto bem no início da gravidez.
A função dos agentes esterilizantes em vacinas contra doenças é fazer com que o sistema imunológico humano reaja contra a reprodução ou o início de uma gravidez do jeito que reage a uma infecção: combatendo e rejeitando.
Por sua interferência no funcionamento do delicado e complexo sistema imunológico e reprodutivo, os agentes anti-fertilidade nunca são inofensivos. Pode haver muitos riscos potenciais: indução de doenças no sistema imunológico e alergias, agravamento de doenças infecciosas, etc.
Há agentes anti-fertilidade nas vacinas da campanha “Brasil Livre da Rubéola”? É difícil responder, até porque quem criou esses agentes teve a clara má intenção de usá-los da forma mais indetectável e imperceptível possível. Mas o que não é segredo são os sentimentos de Temporão e UNICEF com relação à vida dos bebês em gestação.
Assim, o que temos hoje no Brasil é o presidente de um partido pró-aborto, com um ministro da saúde pró-aborto juntamente com um UNICEF pró-aborto promovendo a inocente campanha “Brasil Livre da Rubéola” ou a “Campanha Nacional de Vacinação para Eliminação da Rubéola”.
Tudo pelo bem-estar dos bebês em gestação?
O suposto objetivo da campanha é a erradicação da rubéola e proteger bebês em gestação de contágio possível de suas mães. Quer maior motivo de riso (ou de tristeza) do que um ministro de saúde pró-aborto dizer que quer o bem-estar de bebês em gestação?
Se Temporão tivesse uma preocupação genuína com os bebês em gestação no Brasil, ele sem dúvida lançaria uma campanha para erradicar do Brasil todas as clínicas clandestinas de aborto — sem mencionar, é claro, os próprios serviços do SUS que realizam abortamentos médicos. Além disso, ele também repreenderia Lula pelo apoio, no Brasil e na ONU, que seu governo tem dado ao aborto.
Pesquisa após pesquisa indica que, muito longe de apoiar a ideologia de implantação do aborto no Brasil, a população brasileira é pró-vida. Talvez a propaganda da campanha de vacinação de José Temporão esteja apenas espelhando esse popular sentimento pró-vida brasileiro.
Entretanto, há apenas um problema. Embora a campanha de vacinação seja apresentada como medida para proteger bebês em gestação — razão suficiente para atrair todo o apoio da população que é majoritariamente pró-vida —, Temporão em nada mudou seus sentimentos para com esses bebês. Ele ainda quer a legalização do aborto no Brasil.
Então, o que está por trás de sua suposta preocupação com o risco de alguns poucos bebês pegarem rubéola? Embora o Brasil tenha uma população enorme de quase 200 milhões de habitantes, em 2007 foram registrados apenas 17 casos de defeitos congênitos em todo o Brasil provocados pela rubéola. http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/nota_rubeola140708.pdf
Esse número é muito inferior ao número de casos registrados na Inglaterra, que tem uma população muito menor do que a do Brasil. Em comparação com o Brasil, que tem 17 casos por ano, a Inglaterra tem 43. http://www.patient.co.uk/showdoc/40024887/
Além disso, os casos de rubéola — que não representam perigo de saúde pública — caíram de 30 mil em 1997 para 326 em 2005. [http://www.cives.ufrj.br/informacao/rubeola/rubeola-iv.html]
Onde estão as campanhas estatais para erradicar o aborto?
Considere agora que se o número de 17 bebês atingidos por rubéola é justificativa suficiente para obrigar um número elevadíssimo da população a se vacinar, então os milhares de abortos por ano não deveriam ser usados como motivo suficiente para se proibir toda propaganda e projeto pró-aborto no Brasil?
Será que as intenções de Temporão são obscuras? Aborto, segundo a ideologia dos engenheiros sociais, é uma medida social para reduzir a população mundial. Daí, o interesse de Temporão na legalização do aborto tem — debaixo de todo o confete de “preocupação com questões de saúde pública” — a marca registrada e óbvia de interesses internacionais que querem reduzir a população brasileira. Para essa finalidade, vale qualquer justificativa, por mais fictícia que seja.
Parece loucura. Um ministro pró-aborto em nome do bem-estar de alguns poucos bebês em gestação forçando uma vacinação em massa, enquanto em nome de um direito ao aborto ele quer sacrificar centenas de milhares de bebês ao aborto. Faz sentido?
Mistérios, mistérios e mais mistérios
O que está então por trás da campanha “Brasil Livre da Rubéola”? Há boas intenções na “Campanha Nacional de Vacinação para Eliminação da Rubéola”?
A iniciativa estatal tem a meta de vacinar 70 milhões de brasileiros e abrangerá os estados do Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, além de toda população indígena que vive em aldeias. Nenhum brasileiro das áreas selecionadas terá direito ou a opção de isentar-se, a não ser os aidéticos e pessoas com problemas imunológicos.
Embora seja perda de tempo esperar que o Ministro da Saúde decida aparecer em público para revelar suas reais intenções, é possível obter pistas importantes através da imprensa secular, geralmente atrelada aos interesses do Estado. Vejamos então o que a imprensa está dizendo:
Eliminação da rubéola:
“A campanha faz parte de uma ação preventiva para evitar a disseminação da doença. A ação está dentro do compromisso firmado pelos países das Américas durante a 44ª reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) de eliminar até 2010 a rubéola e a Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) – que pode causar aborto ou malformações no bebê”. — Patrocínio Hoje
“Além da meta de eliminação até 2.010 e dos surtos ocorridos no País, outros motivos que levaram à decisão do Ministério da Saúde pela Campanha são: a gravidade da rubéola em gestantes, com a possibilidade de abortos e natimortos e de seqüelas irreversíveis”. — Portal Novidade
“A campanha nacional, promovida pelo Ministério da Saúde, tem como objetivo erradicar a rubéola até 2010 e terá início no dia 9 de agosto, estendendo-se até 12 de setembro. Em Mogi, serão vacinadas 127.719 pessoas. — Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes
“A Campanha Nacional de Vacinação para Eliminação da Rubéola pretende vacinar aproximadamente 70 milhões de pessoas de ambos os sexos durante cinco semanas. Essa é a maior campanha de imunização
já realizada no mundo.” — Capital News
“No Brasil, serão aproximadamente 70 milhões. Trata-se da maior campanha de imunização já realizada no mundo”. — Portal Novidade
“O Ministério da Saúde (MS) está preparando uma campanha inédita e de grande dimensão que começa no dia 9 de agosto. A Campanha Nacional de Vacinação para Eliminação da Rubéola pretende vacinar aproximadamente 70 milhões de pessoas de ambos os sexos durante cinco semanas. Essa é a maior campanha de imunização já realizada no mundo”. — Diário da Serra
Embora a vacinação seja obrigatória, para efeito de propaganda e para não deixar a população assustada, a campanha, segundo o Portal Novidade, terá “um enfoque da vacinação da família”. Será então uma campanha supostamente para o bem-estar das famílias e dos bebês em gestação. Quer propaganda mais linda que essa?
Em que lugares a campanha governamental forçará os cidadãos à vacinação?
“Estão sendo planejadas estratégias como vacinação em trânsito e em lugares de alta concentração de pessoas; na população institucionalizada; pós-parto e pós-aborto; entre outras”. — Portal Novidade
Quem será obrigado a tomar as vacinas?
“A vacina deve ser tomada por todas as pessoas de 20 a 39 anos, mesmo as que receberam recentemente imunização contra a doença”. — Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes
“Todos os cidadãos nestas idades, independente de terem tomado doses anteriormente ou de terem tido ou não a doença, devem tomar a dose.” — Portal Novidade
“É importante ressaltar a importância da vacinação em massa das pessoas entre 12 e 39 anos, mesmo que já tenham sido vacinados anteriormente, tanto na fase adulta quanto na infância”. — Só Notícias
A rubéola é tão mortal e perigosa assim para justificar a vacinação compulsória de 70 milhões de brasileiros?
“A rubéola em si não é considerada perigosa para os adultos”. — Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes
“[A rubéola] não apresenta grandes riscos para o indivíduo, sendo a grande preocupação com as mulheres em idade fértil (até os 49 anos) que não tiveram a doença ou que nunca tomaram nenhuma dose da vacina e que devem ser vacinadas antes de engravidar. Nas mulheres não-imunizadas a aplicação é feita até os 49 anos e, nos homens, até 39 anos de idade na rotina”. — O Estadão Matogrossense
Dúvidas:
Se o objetivo da campanha é realmente eliminar a rubéola, então por que vacinar quem já foi vacinado? Por que obrigar a vacinação de quem já teve a doença? É fato mais que comprovado que a pessoa que já teve rubéola nunca mais a terá. Mesmo assim, o governo insiste em forçar a vacinação de todos, mesmo dos que já tiveram rubéola no passado.
Mais dúvidas:
Apesar de a rubéola não representar sério risco de saúde para a população, o governo Lula, com seu ministro pró-aborto da saúde, está investindo milhões de nosso bolso para pagar às poderosas empresas farmacêuticas, que muito lucram com campanhas de vacinação. Como explicar o Brasil ter a maior vacinação do mundo (e também provavelmente a vacinação mais cara do mundo) para combater uma doença que não é séria, enquanto pacientes morrem diariamente nos hospitais públicos por falta de medicamentos e equipamentos adequados? Pacientes morrem até por falta de vaga em UTI, porque não há recursos. [http://www.camacarifatosefotos.com.br/cff_fatos.php?cod_fato=8172]
Questionamento:
A população alvo da vacinação são mulheres de 12 a 49 anos e homens de 12 a 39 anos. Essa faixa etária é o que se define como idade reprodutiva.
Se 100% da população fosse atingida por uma doença séria e fatal, talvez fosse justificável uma vacinação em massa. Mas a rubéola não é séria nem fatal na vasta maioria dos casos. Na vasta maioria dos casos, essa vacina será inútil, pois a vasta maioria da população não tem problemas com a rubéola. Além disso, 17 bebês em gestação afetados por ano justificam tamanha campanha? Uma preocupação genuína pelos bebês em gestação deveria fazer com que o governo lançasse, em vez de uma desnecessária campanha “Brasil Livre da Rubéola”, uma campanha necessária “Brasil Livre do Aborto”.
Controlando através de mentiras
Quando um Estado controlador precisa levar a população a aceitar suas imposições, a propaganda usual é que é para o bem dos cidadãos. As piores intenções são acobertadas pelas máscaras mais atraentes e agradáveis. É nesse sentido que, para “salvar” as mulheres que morrem em clínicas clandestinas de aborto, os cidadãos são convencidos de que a legalização do aborto é benéfica para todos.
É nesse sentido que, para dar auto-estima a quem fez a opção homossexual, o governo usa o dinheiro do povo para realizar nos hospitais públicos caras cirurgias de troca de sexo, enquanto cirurgias menos caras para salvar vidas perdem na prioridade, por causa de interesses politicamente corretos. Nos hospitais públicos, onde os recursos são escassos até para necessidades urgentes, vidas são literalmente sacrificadas para que homossexuais possam realizar seus desejos. Como disse o escritor Diogo Costa, cada sonho transexual de mudança de sexo custa o pesadelo de um paciente entre a vida e a morte. Quando o assunto é aborto e cirurgia de troca de sexo, ninguém melhor (ou pior) para entrar em cena do que o Ministro da Saúde José Temporão.
Aborto e contracepção são o primeiro item na lista de objetivos dos controlistas — indivíduos e instituições dedicados a promover a redução da população mundial. Para levar a população mundial a apoiar políticas pró-aborto, os controlistas apelam para a propaganda da explosão populacional e outras estórias de horror. Tudo é válido para se controlar e reduzir a fertilidade humana, até mesmo a promoção do homossexualismo. Do contrário, num país onde o sistema da saúde é um caos, como explicar tantos gastos em cirurgias desnecessárias cujo único objetivo é tentar dar auto-estima a quem pratica o homossexualismo? Pela própria natureza, o homossexualismo é infértil, sendo o sexo “ideal” para alcançar o objetivo da redução da população mundial.
Se aborto, contracepção e homossexualismo têm tudo a ver com controle de população, então evidentemente o Brasil tem um governo de orientação controlista. Um governo controlista usará qualquer meio — por mais benéfico que pareça — para diminuir a fertilidade de sua população.
Vivemos num mundo de ilusórias boas intenções. O diabo se disfarça de anjo de luz e promete o paraíso na terra. Em troca de falsas promessas, ele leva almas à destruição.
Nas campanhas de vacinação em massa na Argentina, Nigéria, Filipinas e outros países, o UNICEF mostrou que sabe aliar as piores intenções com as aparências mais angelicais. No Brasil, temos o compromisso de Temporão de que a campanha de vacinação em massa é apenas para proteger bebês e ajudar as famílias.
Não sei quantas justificativas inocentes e outros coelhos estranhos o UNICEF e Temporão conseguem tirar da cartola. Só sei que é arriscado participar de um espetáculo que pode prejudicar a fertilidade de homens e mulheres que vêem filhos como bênçãos, não como seres descartáveis.
Fonte: www.juliosevero.com
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Petróleo, delinqüência ideológica e 2010
No blog do Reinaldo Azevedo, sobre mais uma das picaretagens do presidente molusco e seu séquito
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“O que é que nós vamos fazer com esse petróleo? Vender pura e simplesmente? Quem quiser vem tirar aqui petróleo, vem e pode levar quanto quiser que isso aqui... Não, Deus não nos deu isso para que a gente continue fazendo burrice. Deus fez um sinal pra nós, mais uma chance para o Brasil, mais uma chance”.
Sempre que a mistificação, a imprecisão, o populismo e o misticismo rasteiro se juntam, não duvidem: é Lula falando. Acima, sem dúvida, temos uma de suas falas mais típicas. Ele está se referindo ao petróleo que, estima-se, está na camada pré-sal. Quem foi que disse que qualquer um pode chegar aqui e meter a mão no nosso petróleo? Por que Lula emprega o verbo “continue”? Hoje em dia, por acaso, estamos dando petróleo de graça aos estrangeiros? Quanto ao sinal de Deus, dizer o quê? O do Velho Testamento costumava ser um pouco entrão, chegado a algumas manifestações performáticas. O do Novo é bem discreto. Não sai falando com qualquer um: Jesus, Paulo e olhe lá... Duvido que se ocupe de emitir sinais para Lula – ainda mais sobre petróleo, quase um monopólio de Alá...
Ah, dá para levar a sério a fala? Não dá! Acima, vai um apanhado formidável de bobagens para justificar a mudança radical na lei do petróleo. O governo já havia trapaceado quando excluiu alguns poços da área de licitação, sob o pretexto de que, agora, o risco das empresas privadas é menor. Se é menor, que se renegociem os ganhos, mas mudar a regra é coisa de picareta. Ora, como foi que a maioria da imprensa brasileira recebeu a coisa? Com simpatia! “Ah, muito justo!” Pois é. Agora, fala-se numa nova lei e numa estatal, que cuidaria apenas do pré-sal.
Mas por que não a Petrobras? As razões do governo vieram na manchete de domingo passado da Folha. “Ah, não se pode ter uma Petrobrás muito forte. A PDVESA venezuelana tornou-se golpista”. Mas por que a nova empresa estaria livre desse risco? Eles explicam: porque ela será puramente estatal. O defeito da Petrobrás, vejam só, é que é uma empresa de capital misto, com presença estrangeira.
Eleição
Lula e os petistas sabem que estão violando regras de mercado e o bom senso. Mas atenção! Está em curso outra coisa. O petróleo do pré-sal – por enquanto, uma estimativa – já é matéria de campanha eleitoral. No discurso de Lula, estamos nadando em petróleo, e os estrangeiros estão de olho nas nossas riquezas. Ele alimenta, assim, um dos mitos mais caros dos polÍticos e dos partidos de corte populista-autoritários: o mal que vem de fora para explorar as riquezas nativas.
Sim, claro, o PT convive com a economia de mercado porque sabe que não tem escolha. E muitos petistas acharam a idéia excelente, porque a corretagem lhes enche as burras. Mas, se puder escolher, o partido prefere a economia estatal. O governo quer mesmo uma nova empresa. Mas não é só isso: Lula está tentando empurrar o debate para uma polarização, em que ele e seu partido aparecem como promootres (e beneficiários) de uma reedição de “O Petróleo É Nosso”. Quem não aderir à proposta estúpida de criação de uma nova estatal estaria militando contra as riquezas nacionais.
"Riquezas nacionais” é um botão quente que o PT aperta volta e meia. No segundo turno das eleições de 2006, vocês se lembram, o partido pôs para circular a mentira de que Alckmin, se eleito, privatizaria a Petrobrás e o Banco do Brasil. Não, infelizmente, se eleito, ele não faria isso. Aliás, infelizmente, pouco importa o eleito, ninguém fará isso. Os brasileiros têm um grande orgulho do quanto a Petrobrás torna a sua vida melhor...
Dinheiro para educação
O pacote eleitoral de 2010 não vem apenas na criação de uma nova estatal, mas também na bobagem de se reservar parte do dinheiro para investimento em educação – ou, mais amplamente, no social. Ora, pergunto outra vez: quem se atreverá a ser contra?
Leiam o que Lula disse: “É preciso que a gente aproveite este momento e tente discutir como é que nós vamos utilizar este petróleo, quem é que vai explorar esse petróleo. Se o lucro vai ficar apenas para uma empresa, para dez empresas ou parte desse lucro vai ficar para fazer as reparações históricas que se cometeu neste país”.
Quem foi que disse que os lucros do petróleo que extraímos hoje fica com uma empresa – ou dez empresas? Trata-se de uma mentira grosseira. Pra começo de conversa, a Petrobras paga quase R$ 20 bilhões de impostos federais. Mais: empresas, de petróleo ou de esterco, geram emprego, renda, ajudam a enriquecer o país. Desde quando carimbar verba serve como certeza de que se melhora o serviço social? A saúde e a educação deixam claro que as coisas não são assim tão simples.
Lula está lançando as bases da campanha eleitoral petista de 2010. O petróleo do pré-sal não é coisa para o seu mandato. Talvez não seja ainda, de modo significativo, nem para o próximo presidente. Mas a questão certamente rende dividendos eleitorais imediatos.
Deus está fora dessa jogada. Não se ocupa dessas besteiras. Não fosse assim, Ele certamente impediria Lula de criar uma nova estatal e de quebrar contratos. Sociedades assim terminam vítimas do capeta.
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“O que é que nós vamos fazer com esse petróleo? Vender pura e simplesmente? Quem quiser vem tirar aqui petróleo, vem e pode levar quanto quiser que isso aqui... Não, Deus não nos deu isso para que a gente continue fazendo burrice. Deus fez um sinal pra nós, mais uma chance para o Brasil, mais uma chance”.
Sempre que a mistificação, a imprecisão, o populismo e o misticismo rasteiro se juntam, não duvidem: é Lula falando. Acima, sem dúvida, temos uma de suas falas mais típicas. Ele está se referindo ao petróleo que, estima-se, está na camada pré-sal. Quem foi que disse que qualquer um pode chegar aqui e meter a mão no nosso petróleo? Por que Lula emprega o verbo “continue”? Hoje em dia, por acaso, estamos dando petróleo de graça aos estrangeiros? Quanto ao sinal de Deus, dizer o quê? O do Velho Testamento costumava ser um pouco entrão, chegado a algumas manifestações performáticas. O do Novo é bem discreto. Não sai falando com qualquer um: Jesus, Paulo e olhe lá... Duvido que se ocupe de emitir sinais para Lula – ainda mais sobre petróleo, quase um monopólio de Alá...
Ah, dá para levar a sério a fala? Não dá! Acima, vai um apanhado formidável de bobagens para justificar a mudança radical na lei do petróleo. O governo já havia trapaceado quando excluiu alguns poços da área de licitação, sob o pretexto de que, agora, o risco das empresas privadas é menor. Se é menor, que se renegociem os ganhos, mas mudar a regra é coisa de picareta. Ora, como foi que a maioria da imprensa brasileira recebeu a coisa? Com simpatia! “Ah, muito justo!” Pois é. Agora, fala-se numa nova lei e numa estatal, que cuidaria apenas do pré-sal.
Mas por que não a Petrobras? As razões do governo vieram na manchete de domingo passado da Folha. “Ah, não se pode ter uma Petrobrás muito forte. A PDVESA venezuelana tornou-se golpista”. Mas por que a nova empresa estaria livre desse risco? Eles explicam: porque ela será puramente estatal. O defeito da Petrobrás, vejam só, é que é uma empresa de capital misto, com presença estrangeira.
Eleição
Lula e os petistas sabem que estão violando regras de mercado e o bom senso. Mas atenção! Está em curso outra coisa. O petróleo do pré-sal – por enquanto, uma estimativa – já é matéria de campanha eleitoral. No discurso de Lula, estamos nadando em petróleo, e os estrangeiros estão de olho nas nossas riquezas. Ele alimenta, assim, um dos mitos mais caros dos polÍticos e dos partidos de corte populista-autoritários: o mal que vem de fora para explorar as riquezas nativas.
Sim, claro, o PT convive com a economia de mercado porque sabe que não tem escolha. E muitos petistas acharam a idéia excelente, porque a corretagem lhes enche as burras. Mas, se puder escolher, o partido prefere a economia estatal. O governo quer mesmo uma nova empresa. Mas não é só isso: Lula está tentando empurrar o debate para uma polarização, em que ele e seu partido aparecem como promootres (e beneficiários) de uma reedição de “O Petróleo É Nosso”. Quem não aderir à proposta estúpida de criação de uma nova estatal estaria militando contra as riquezas nacionais.
"Riquezas nacionais” é um botão quente que o PT aperta volta e meia. No segundo turno das eleições de 2006, vocês se lembram, o partido pôs para circular a mentira de que Alckmin, se eleito, privatizaria a Petrobrás e o Banco do Brasil. Não, infelizmente, se eleito, ele não faria isso. Aliás, infelizmente, pouco importa o eleito, ninguém fará isso. Os brasileiros têm um grande orgulho do quanto a Petrobrás torna a sua vida melhor...
Dinheiro para educação
O pacote eleitoral de 2010 não vem apenas na criação de uma nova estatal, mas também na bobagem de se reservar parte do dinheiro para investimento em educação – ou, mais amplamente, no social. Ora, pergunto outra vez: quem se atreverá a ser contra?
Leiam o que Lula disse: “É preciso que a gente aproveite este momento e tente discutir como é que nós vamos utilizar este petróleo, quem é que vai explorar esse petróleo. Se o lucro vai ficar apenas para uma empresa, para dez empresas ou parte desse lucro vai ficar para fazer as reparações históricas que se cometeu neste país”.
Quem foi que disse que os lucros do petróleo que extraímos hoje fica com uma empresa – ou dez empresas? Trata-se de uma mentira grosseira. Pra começo de conversa, a Petrobras paga quase R$ 20 bilhões de impostos federais. Mais: empresas, de petróleo ou de esterco, geram emprego, renda, ajudam a enriquecer o país. Desde quando carimbar verba serve como certeza de que se melhora o serviço social? A saúde e a educação deixam claro que as coisas não são assim tão simples.
Lula está lançando as bases da campanha eleitoral petista de 2010. O petróleo do pré-sal não é coisa para o seu mandato. Talvez não seja ainda, de modo significativo, nem para o próximo presidente. Mas a questão certamente rende dividendos eleitorais imediatos.
Deus está fora dessa jogada. Não se ocupa dessas besteiras. Não fosse assim, Ele certamente impediria Lula de criar uma nova estatal e de quebrar contratos. Sociedades assim terminam vítimas do capeta.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Nunca alimentei corvos; por mim, morreriam de fome
No blog do Reinaldo - sensacional!!
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Não alimentei nem alimento corvos. Por isso, se um dia eles me arrancarem os olhos, será em razão de nossa histórica divergência. Fernando Henrique Cardoso nunca disse: “Esqueçam o que eu escrevi”. Foi uma das mentiras-mantras inventadas pelo jornalismo filopetista. Ele nunca disse. Nem eu. Alertei de primeira, de imediato, para as portas do inferno que se abriam quando se dava à Polícia Federal o papel também de polícia social e de costumes, buscando seu lugar no teatrinho da luta de classes. Humilharam Eliana Tranchesi, por exemplo, e muita gente decente achou legal: “Isso mesmo! Agora os ricos também choram!” Era o começo. Só restaria a esperança no fundo da caixa.
Vão dando comida para os corvos pra ver... Deixem-nos bem robustos. E um dia eles lhes arrancarão os olhos sob o pretexto de lhes dar bicadinhas leves de carinho. Ah, nem digam: sonegadores têm de pagar pelo crime da sonegação; fraudadores da democracia e seus mensalões têm de pagar pela fraude; cobradores de pedágio em negócios com dinheiro público têm de arcar com as conseqüências de seus atos. O que não é possível é fazer o espetáculo seletivo, usando o crime cometido para estimular o rancor e o ressentimento de classe — ou sentimentos escravos outros de ordem ainda mais baixa.
By pass
E foi o que se fez. E foi o que se estimulou. E, infelizmente, com o apoio quase unânime da imprensa. Fico impressionado como as instituições brasileiras — tanto as dos códigos legais como aquelas da chamada sociedade civil — cederam com facilidade à tentação do by pass na ordem legal. O lema passou a ser este: “Se as leis são velhas, encarquilhadas, lentas, lenientes, então vamos dar à PF o big stick, vamos lhe facultar o fast track, assim ela fará justiça por nós”. Que grande tolice! Que grande asneira!
Ora, quanto tempo demoraria para que a própria imprensa passasse a ser alvo dos corvos que ela ajudou a alimentar? Quanto tempo demoraria para que os incentivadores do grande porrete, do caminho abreviado do estado de direito, se vissem na condição de acusar os “exageros”? Não por acaso, Márcio Thomaz Bastos, o primeiro chefe desta “nova” velha Polícia Federal, é hoje advogado de Eike Batista, um dos que entraram na mira da polícia justiceira e suas operações de nome pomposamente ridículos. Isso é tão velho, não é? Isso é história dolorosamente repetida em palcos diferentes — e, contra o velho adágio marxiano, nunca como farsa; sempre como tragédia. Extremo os exemplos para chegar à essência da coisa: vejam o que aconteceu com o regime do Terror na Revolução Francesa; vejam o que aconteceu com os que ajudaram Stálin a promover os Processos de Moscou. As revoluções comem seus filhos — sempre! E os regimes autoritários, formais ou informais, também.
Dirceu e companhia
Não é sem certa ironia que leio José Dirceu e Gilberto Carvalho — santo Deus!!! — a acusar características de estado policial no Brasil. Justo eles? O ex-ministro e deputado cassado acabou vítima da grande rede de informantes e vazadores incrustada no estado que ele próprio ajudou a criar. Ela agia e age em parceria com o Ministério Público e setores do jornalismo. Enquanto o Zé acreditava que os alvos dessa máquina de denúncia eram os certos, ele ficou alimentando os corvos com a reputação de seus adversários transformada em carne podre.
Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-secretário-geral da Presidência (governo FHC), sabe bem o que é isso. Poucas pessoas, como ele, foram submetidas a execração pública tão dolorosa, comandada pelo "Protógenes" de então, o procurador Luiz Francisco de Souza. Eduardo Jorge provou a sua inocência, de maneira meticulosa e obsessiva, em cada uma das acusações que lhe imputaram. Não virou mais notícia. Luiz Francisco sumiu. Só reapareceu na semana retrasada nos e-mails das Farc...
Casa Covil
Leio agora que Gilberto Carvalho, um dos poderosos do PT, também está indignado. E, no mérito específico, com razão. Mas já estou grandinho o bastante para não desconfiar de indignações seletivas.
Esta mesma máquina que agora reclama do real destrambelhamento da PF criou, há poucos meses, um dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher, Ruth Cardoso — cuja trajetória teve de esperar a morte para fugir da fome dos corvos. E onde estava o centro da tramóia? Na Casa Civil de Dilma Rousseff — que, outro dia, inadvertidamente, acabei grafando aqui, erro de digitação mesmo, “Casa Covil”. Eu e dona Reinalda rimos muito quando percebemos o acerto do erro.
Não! Eles não esquecem nada e também não aprendem nada. Seria necessária outra natureza para que deixassem de fazer o que fazem e de empregar os métodos que empregam. Como essa natureza não vai mudar, precisam ser contidos por aqueles que defendem os valores da democracia. Ainda que o arranca-rabo de classes deixe muita gente excitada, especialmente o jornalismo populista.
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Não alimentei nem alimento corvos. Por isso, se um dia eles me arrancarem os olhos, será em razão de nossa histórica divergência. Fernando Henrique Cardoso nunca disse: “Esqueçam o que eu escrevi”. Foi uma das mentiras-mantras inventadas pelo jornalismo filopetista. Ele nunca disse. Nem eu. Alertei de primeira, de imediato, para as portas do inferno que se abriam quando se dava à Polícia Federal o papel também de polícia social e de costumes, buscando seu lugar no teatrinho da luta de classes. Humilharam Eliana Tranchesi, por exemplo, e muita gente decente achou legal: “Isso mesmo! Agora os ricos também choram!” Era o começo. Só restaria a esperança no fundo da caixa.
Vão dando comida para os corvos pra ver... Deixem-nos bem robustos. E um dia eles lhes arrancarão os olhos sob o pretexto de lhes dar bicadinhas leves de carinho. Ah, nem digam: sonegadores têm de pagar pelo crime da sonegação; fraudadores da democracia e seus mensalões têm de pagar pela fraude; cobradores de pedágio em negócios com dinheiro público têm de arcar com as conseqüências de seus atos. O que não é possível é fazer o espetáculo seletivo, usando o crime cometido para estimular o rancor e o ressentimento de classe — ou sentimentos escravos outros de ordem ainda mais baixa.
By pass
E foi o que se fez. E foi o que se estimulou. E, infelizmente, com o apoio quase unânime da imprensa. Fico impressionado como as instituições brasileiras — tanto as dos códigos legais como aquelas da chamada sociedade civil — cederam com facilidade à tentação do by pass na ordem legal. O lema passou a ser este: “Se as leis são velhas, encarquilhadas, lentas, lenientes, então vamos dar à PF o big stick, vamos lhe facultar o fast track, assim ela fará justiça por nós”. Que grande tolice! Que grande asneira!
Ora, quanto tempo demoraria para que a própria imprensa passasse a ser alvo dos corvos que ela ajudou a alimentar? Quanto tempo demoraria para que os incentivadores do grande porrete, do caminho abreviado do estado de direito, se vissem na condição de acusar os “exageros”? Não por acaso, Márcio Thomaz Bastos, o primeiro chefe desta “nova” velha Polícia Federal, é hoje advogado de Eike Batista, um dos que entraram na mira da polícia justiceira e suas operações de nome pomposamente ridículos. Isso é tão velho, não é? Isso é história dolorosamente repetida em palcos diferentes — e, contra o velho adágio marxiano, nunca como farsa; sempre como tragédia. Extremo os exemplos para chegar à essência da coisa: vejam o que aconteceu com o regime do Terror na Revolução Francesa; vejam o que aconteceu com os que ajudaram Stálin a promover os Processos de Moscou. As revoluções comem seus filhos — sempre! E os regimes autoritários, formais ou informais, também.
Dirceu e companhia
Não é sem certa ironia que leio José Dirceu e Gilberto Carvalho — santo Deus!!! — a acusar características de estado policial no Brasil. Justo eles? O ex-ministro e deputado cassado acabou vítima da grande rede de informantes e vazadores incrustada no estado que ele próprio ajudou a criar. Ela agia e age em parceria com o Ministério Público e setores do jornalismo. Enquanto o Zé acreditava que os alvos dessa máquina de denúncia eram os certos, ele ficou alimentando os corvos com a reputação de seus adversários transformada em carne podre.
Eduardo Jorge Caldas Pereira, ex-secretário-geral da Presidência (governo FHC), sabe bem o que é isso. Poucas pessoas, como ele, foram submetidas a execração pública tão dolorosa, comandada pelo "Protógenes" de então, o procurador Luiz Francisco de Souza. Eduardo Jorge provou a sua inocência, de maneira meticulosa e obsessiva, em cada uma das acusações que lhe imputaram. Não virou mais notícia. Luiz Francisco sumiu. Só reapareceu na semana retrasada nos e-mails das Farc...
Casa Covil
Leio agora que Gilberto Carvalho, um dos poderosos do PT, também está indignado. E, no mérito específico, com razão. Mas já estou grandinho o bastante para não desconfiar de indignações seletivas.
Esta mesma máquina que agora reclama do real destrambelhamento da PF criou, há poucos meses, um dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher, Ruth Cardoso — cuja trajetória teve de esperar a morte para fugir da fome dos corvos. E onde estava o centro da tramóia? Na Casa Civil de Dilma Rousseff — que, outro dia, inadvertidamente, acabei grafando aqui, erro de digitação mesmo, “Casa Covil”. Eu e dona Reinalda rimos muito quando percebemos o acerto do erro.
Não! Eles não esquecem nada e também não aprendem nada. Seria necessária outra natureza para que deixassem de fazer o que fazem e de empregar os métodos que empregam. Como essa natureza não vai mudar, precisam ser contidos por aqueles que defendem os valores da democracia. Ainda que o arranca-rabo de classes deixe muita gente excitada, especialmente o jornalismo populista.
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