Neil me bateram a carteira de novo Ferreira.
Deve ser outra piada do Ziraldo, humorista de ex-querda, que acabou de receber com um colega de piadas, Jaguar, milionária quantia como seu quinhão do butim por supostos problemas que teria enfrentado durante a ditadura militar.
Não discuto se Ziraldo e Jaguar têm ou não talento nas artes e ofícios a que dedicaram suas vidas. Devem ter, são cheios de fãs e amigos sinceros. Do Ziraldo, lembro do "Menino Maluquinho", mega sucesso que presencia seu criador se transformar agora no "Velhinho Picaretinha". E da revista "Bundas", mega fracasso, não sei quanto tempo durou, não vendeu um único anúncio e nenhuma assinatura no seu tempo de vida. Fechou por não aguentar o desprezo dos leitores, punida que foi por vendas magérrimas, anoréxicas, nas bancas, bem feito, era uma porcaria de revista.
Do Jaguar, lembro as incontáveis listas de "Melhores Botecos" e a frase da tira "Chopnics", "Intelectual não vai à praia, intelectual bebe", definindo a intelligentzia ipanamenha (de Ipanema, Rio) dos anos 60.
O ratinho Sig, seu personagem em homenagem a Sigmund Freud, nunca fez a minha cabeça, embora adorado por 11 entre 9 dos mais minúsculos biquinis e pelos mais cabeludos sovacos, braços (pelinhos descorados), púbis (pelinhos desgrenhados) e coxas (pelinhos descorados) da praia.
Depilação não era o forte das meninas moderninhas daquele tempo. Claudia Ohana ficou mais famosa como "Florestinha Amazônica", por óbvios motivos, do que como qualquer outra coisa.
Conservacionistas, preservavam e orgulhosas exibiam suas matas, que eram tudo menos virgens, benza-as todas meu Deus.
Juntos, integraram a equipe de talentos que fundou o "Pasquim", um jornal nanico que chacoalhou a cara da grande imprensa e da ditadura militar, hoje pelo que os dois falam parece que fizeram tudo sózinhos.
Que mané sózinhos nada. Para começar tinha Millôr, uma das mais influentes e brilhantes inteligências do jornalismo brasileiro até hoje.
Tinha Ivan Lessa, Paulo Francis, Sérgio Augusto jorrando inteligência, deboche, ironia, informações, veneno, verdades e mentiras com a mesma cara de pau, misto de coragem e covardia, de elegância e grossura nos textos, enterrando o políticamente correto antes mesmo que tivesse nascido.
Era versão em carioquês do Village Voice, o melhor jornal cult do mundo na minha geração.
Na redação, uma brancaleônica armada de tietes/colaboradores(as).
Eles, os que assinavam as matérias, imortalizavam-se e dali para a frente tinham licença para comer todas. Elas, as que assinavam "pela transcrição, fulaninha", ou tinham dado
ou iam dar logo-logo para algum cartola da redação. Passavam a saltitar pelo mundo com suas sainhas dois palmos acima dos joelhos, se levantassem os dois braços ao mesmo tempo resfriariam as belas bundinhas.
Hoje domesticadas e aposentadas leoas avoengas, queria ver suas caras ao reverem suas fotos e o quê escreviam, usando um arsenal de palavrões como cerejas dos bolos que assavam, aquelas gatas brabas e tigresas então indomáveis.
O "Pasquim" atingiu o público jovem nos corações, nas mentes e na lingua despudorada que falava.
A molecada nas esquinas falava o que o jornaleco escrevia e o jornaleco imprimia as palavras faladas nas esquinas pela molecada. Interação nunca antes vista nesse país.
Havia um motor por trás, um cérebro que não passou para a história por nenhum texto brilhante que escreveu, mas pelos porres que tomou, testemunhei alguns, monumentais. Tarso de Castro, jornalista gaúcho, que bebeu o estoque inteiro de vodka de Ipanema e mais a grana de todas as edições do "Pasquim", que fechou com o caixa vazio. Jovem, morreu disso irônicamente internado num hospital a espera de um transplante do fígado, destruído pela biritagem de alta octanagem.
Como leitor assíduo e 40 anos mais jovem do que hoje, eu achava que o que incomodava a milicagem não era a ideologia do "Pasquim". Se a tinha, era pouca e de ex-querda, portanto confusa, chata e dificil de engolir. A ex-querda nunca teve texto decente nem humor que não quisesse fazer proselitismo e te cooptar. A ex-querda tem aquele viés gay de afirmar que "você é um de nós, um dia descobre e sai do armário".
Conheço cristãos e evangélicos que também são mais ou menos assim. A milicagem morria de medo dos sentimentos de liberdade, independência e deboche completamente anárquicos que edição após edição o "Pasquim" inoculava na molecada. Se alguém sobrevivesse à leitura do primeiro exemplar e passasse para o segundo, já tinha recebido a droga direta na veia e estava viciado.
Morria um " sim papai, sim mamãe" e nascia um militante do caos. Seria de ex-querda ? Duvido, a ex-querda era muito careta, muito "papai-mamãe" para o que eles passavam a demandar, de um tapa na maria joana em público nas ruas, a porres consentidos nos botecos, sexo casual nas praias, nos banheiros dos cinemas em qualquer sessão, nos esconsos dos inferninhos da moda.
"Eu acho é pouco, eu quero é mais" estava escrito na parede de famoso banheiro feminino que vivia com fila na porta e ninguém ia lá fazer xixi.
"Sex, drugs and rock´n´roll".
"Live fast, die young, leave a good looking corpses".
Ipanema vivia em inglês, o "Pasquim" espelhava e espalhava Ipanema.
Decadência ? Não sei. Os atores principais dessa comédia achavam o máximo, achavam que estavam revolucionando o país, talvez estivessem. Testemunhavam e participavam de uma radical mudança de costumes. O Rio era a Meca de qualquer jovem crasse mérdia de qualquer parte do país e Ipanema era o Paraíso Prometido, com uma enorme vantagem sobre o Paraíso que Alá promete aos jovens mártires meninos-bombas, as 70 virgens.
Os meninos-bombas, depois de estraçalhados, ainda têm que "preparar" as 70 de Alá para usufruí-las. Virgens, são pouca-prática. Os meninos-bombas que buscavam Ipanema dispostos a estraçalhar os valores ultrapassados da sua classe, a crasse-merdia, recebiam de prêmio 70 mil e não apenas 70, que já vinham prontinhas, era só agitar e usar.
No aceso dessa ferveção, a redação do "Pasquim" foi invadida pela milicagem e uma boa meia dúzia foi encanada, Ziraldo e Jaguar inclusive.
O jornaleco, sob censura, não deixou de circular, a inteligência enganando e ridicularizando os censores que, quando percebiam a tramóia, a edição já estava impressa, distribuída, vendida e nas mãos dos leitores, que faziam rodinhas nas esquinas às gargalhadas.
Ex-querda ? Fala sério, você já viu algum inteleca marxista ou ex-querdista rir de alguma coisa ? Pois são os imperadores do mau humor, como rir num mundo que sofre tanto ?
Stalin, Hitler, Mao, Pol Pot, tchávez, fidel, nunca foram flagrados rindo, lulla ri sim mas quem disse que lulla é ex-querda ? Como dirceu, é um neo-milionário.
Nesse episódio, Ziraldo e Jaguar e demais heróis anônimos puxaram 5 dias de cana e a redação reclamou por escrito da tortura a que foram submetidos ininterruptamente.
A milicagem embora tivesse permitido quentinhas vindas do Antonio´s, proibiu terminantemente o ingresso de uísque, o que forçou as vítimas a confessarem tudo na 3ª. hora do primeiro dia.
Ziraldo e Jaguar receberam mais de Um Milhão de Pilas por 5 dias de cana sem uísque, o que dá a bagatela de mais de Duzentas Mil Pratas por dia, mais pensão vitalícia de mais de Quatro Mil Catataus por mês até o fim dos seus dias nesta Terra de todos somos lullas.
Ao receber a sentença, Ziraldo rosnou "O Brasil me deve" e latiu "Quem não gostar que se lixe".
Imagine, desfrutou o apogeu do maior farrão de todos os tempos e ainda vai receber. Pois devia era pagar.
Eu, que suo para pagar os impostos de onde sairá a grana para as doses extras de uísque, não gosto e me lixo sim.
Circula um duro abaixo assinado de protesto contra mais este tapa na cara do otariado nacional, hoje com mais de 1.600 assinaturas, a minha é a 813, ao lado escrevi:
"Ziraldo nunca me enganou, Jaguar já".
P.S.:
Entre 1968 e 1980 passei umas 4 vezes na calçada da Rua Tutóia, em frente a sede da OBAN, Operação Bandeirantes, onde uzômi depositavam os suspeitos de sempre, local apelidado de "Titóia Hilton".
Meu advogado disse que se eu contratar o dr. Greenhalgh posso esperar uma indenização de uns 400 mil pelo risco que corri de ser preso, levando em conta que ele cobra 15%, o que é tabela da OAB, mas garante ganhar a causa, sabe o caminho das pedras e do cofre.
O caminho das pedras é o conhecimento dele da Lei da Anistia e da cumpanherada que a aplica, o do cofre eu sei, 10% para o PT.
NEIL eu vaio lulla FERREIRA
neilferrei@gmail.com
Quem somos
- PANACEIA POLÍTICA
- Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil
- Olá! Somos um grupo de amigos preocupados com os rumos tomados pela nossa insólita Nação que, após anos de alienação intelectual e política que tolheu de muitos a visão do perigo, caminha a passos largos rumo a um socialismo rastaquera, nos moldes da ilha caribenha de Fidel, ou ainda pior. Deus nos ajude e ilumine nesta singela tentativa de, através deste espaço, divulgar a verdade e alertar os que estão a dormir sem sequer sonhar com o perigo que os rodeia. Sejam bem vindos! Amigos da Verdade
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