Quem somos

Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil
Olá! Somos um grupo de amigos preocupados com os rumos tomados pela nossa insólita Nação que, após anos de alienação intelectual e política que tolheu de muitos a visão do perigo, caminha a passos largos rumo a um socialismo rastaquera, nos moldes da ilha caribenha de Fidel, ou ainda pior. Deus nos ajude e ilumine nesta singela tentativa de, através deste espaço, divulgar a verdade e alertar os que estão a dormir sem sequer sonhar com o perigo que os rodeia. Sejam bem vindos! Amigos da Verdade

sábado, 29 de março de 2008

Histrionismo presidencial do Luiz

Do Newsletter de Polibio Braga, de 28/3/2008



Os altos níveis de aprovação a Lula assustam ?

Os itens a seguir foram alinhados nesta sexta-feira de manhã pelo prefeito do Rio, César Maia, que além de economista é também excepcional analista de pesquisas:

1. Tantas vezes isso ocorreu no Brasil e alhures. Ao se saber -ou se mandar fazer- uma pesquisa de opinião, o interessado faz uma intensa programação de visibilidade, seja com publicidade na mídia, presença para cobertura da imprensa... E quando se é presidente, isso é garantia de espaços nos jornais de TV à noite. Como a CNI -presidida por deputado da -argh- base aliada, faz pesquisa e informa a data a assessoria do presidente, este programa uma CARAVANA PAC-HOLIDAY pelo Brasil e enche a mídia de publicidade. O resultado inevitável é conseguir mais taxas de popularidade do que se tem.

2. Mas um dos itens da doença infantil da comunicação política é ganhar a eleição antes do dia. O produto político é um produto especial, pois há um dia certo para a venda final. Os demais dias são de informações ao eleitor. Quando se vive um momento de aprovação positiva muito antes da eleição e se usa esse patamar para jogar artificialmente para cima esta aprovação, se ganha... a eleição... fora do tempo, sem eleição. Especialmente quando se faz comício para se anunciar editais de licitação.

3. Essa ansiedade não é própria de profissionais da comunicação política. E o que mostra que é uma programação de popularismo comandada por amadores, é a afirmação de Lula: vou ganhar a eleição e pronto. Quem está tão forte assim não surfa na arrogância. Ao contrário, do alto de seu favoritismo, evita conflitos, mantém-se numa postura de humildade vencedora, e ganha tempo, rolando a popularidade efetiva e a capacidade de transferir votos.

4. Essa antecipação num ano eleitoral como o de 2008, ainda cria problemas, e não poucos, com a -argh- base aliada. Todos vão querer em seu palanque esse cometa popular. E no final, as intrigas, ciúmes, críticas e frustrações, se impõem, e o que era certeza, vira dúvida, e o que passa a ser dúvida, vira derrotas (inevitáveis com mais de um candidato da -argh- base aliada nos municípios), e crise interna. É só ter paciência e esperar para ver.

Que falta faz um Voltaire

Reinaldo Azevedo - Veja edição 2054

Falei outro dia a estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Um deles, militante socialista, antiimperialista, favorável ao bem, ao justo e ao belo, um verdadeiro amigo do povo (por alguma razão, ele acha que eu não sou), tentou esfregar Rousseau (1712-1778) na minha cara como exemplo de filósofo preocupado com o bem-estar do homem. "Justo esse suíço que não cuidava nem dos próprios filhos, entregando-os todos a asilos de crianças?", pensei. O sujeito amava demais a humanidade para alimentar as suas crias. "O que será que alguns mestres andam dizendo nas escolas?" Já participei de outros eventos assim. A expressão do momento, nas universidades, é resistir à "colonização promovida pelo mercado". A maioria silenciosa não dá bola pra essa besteira. A minoria barulhenta vai à guerra. O conceito é curioso porque faz supor que possamos ser caudatários, então, de uma cultura autóctone, de um nativismo pré-mercado ou de um tempo edênico em que o mundo não havia sido ainda corrompido.

A pauta de contestação varia pouco. Que importa se Israel é a única democracia do Oriente Médio? A justiça, sem matizes, estará sempre com os palestinos. O terrorismo islâmico assombra o planeta e obriga os regimes democráticos a uma vigilância que testa, muitas vezes, seus próprios fundamentos? A culpa cabe ao "fundamentalismo cristão" de George W. Bush, com sua "guerra ao terror". As Farc seqüestram e matam? É preciso eliminar a influência que os EUA exercem na América do Sul. O crime assombra a vida cotidiana dos brasileiros? O país precisa é de menos cadeias e mais escolas, como se fossem categorias permutáveis. Existe remédio para a tal "injustiça social"? Claro! Responda-se com a estatização dos pobres. A Terra está derretendo? É preciso pôr fim ao neoliberalismo. Sem contar os malefícios da imprensa burguesa...

Agora sei. É tudo culpa de Rousseau e do seu Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens. Quem melhor comentou a obra, numa cartinha enviada ao próprio autor, foi Voltaire (1694-1778), pensador francês: "Quando se lê o seu trabalho, dá vontade de andar sobre quatro patas". Este sabia das coisas. Descobriu a "força da grana – e da liberdade – que ergue e destrói coisas belas". Está claro nos textos de Cartas Inglesas. E, à diferença do outro, não dava muita pelota pra esse papo de "igualdade".

Algumas normalistas de meias três-quartos do articulismo pátrio diriam que Voltaire era um malcriado. Onde já se viu tratar daquele jeito um senhor que só pensava no bem da humanidade? Afinal, o que ele queria? Ora, todos cedemos um pouquinho aos interesses coletivos e seremos felizes. Não sou Voltaire: minhas ambições e meu nariz são menos proeminentes, mas noto o convite permanente para que passemos a nos deslocar sobre quatro patas. Na prática, o iluminismo anglo-saxão venceu: a força da grana erigiu cidades, catedrais, civilizações e fez vacinas. O discurso da igualdade, quando aplicado, produziu uma impressionante montanha de mortos. Mas vejam que coisa: é Rousseau quem está em toda parte, reciclado pela bobajada do marxismo, que tentou lhe emprestar o peso de uma ciência social.

O que isso quer dizer na história das mentalidades? O socialismo perdeu o grande confronto da economia e desabou sobre a cabeça dos utopistas, mas as esquerdas têm vencido a guerra da propaganda cultural, impondo a sua agenda, aqui e em toda parte. Dominam o debate público e, pasmem!, foram adotadas pelo capital. Estão incrustadas, como se sabe, nas universidades e nos aparelhos do estado, mas também nas grandes empresas, que financiam institutos culturais e ONGs dedicados a preservar as árvores, as baleias, as tartarugas, a arte e, às vezes, até as criancinhas. De quebra, também nos convidam a ser tolerantes com o que nos mata.

São todos, de fato, "progressistas", filhos bastardos do suíço vagabundo. Eu, um "reacionário", um tanto voltairiano, embora católico, pergunto aos meus botões: um banco não é mais "humanista" quando oferece crédito e spread baratos do que quando se propõe a salvar o planeta? Na propaganda da TV, a mineradora parece extrair do fundo da terra mais sentenças morais do que ferro, mais poesia e idéias de "igualdade" – esta droga perigosa – do que minério. Escondam o lucro! Ele continua a ser um anátema, um pecado social e uma evidência de mau-caratismo. O lucro leva pau até em roteiro de Telecurso 2º Grau. Aposto que boa parte dos nossos universitários, a pretensa elite intelectual brasileira, acredita que as vacinas nascem do desejo de servir, não da pesquisa financiada pela salvadora cupidez da indústria farmacêutica.

O socialismo acabou, sim. Então vamos lá: "Abaixo o socialismo!". Porque ele sobreviveu nas mentalidades e ainda oprime o cérebro dos vivos com o peso de seus milhões de mortos. O século passado viu nascer e morrer esse delírio totalitário. Seu marco anterior importante é a Revolução Francesa, mas sua consolidação se deu com a Revolução Russa de 1917, que ousou manipular a história como ciência da iluminação. A liberdade encontrou a sua tradução nos campos de trabalhos forçados, com a população de prisioneiros controlada por uma caderneta ensebada que o ditador soviético Josef Stalin (1879-1953) levava no bolso. A igualdade mostrou-se na face cinzenta da casta dos privilegiados do regime. A fraternidade converteu os homens em funcionários do partido prontos a delatar os "inimigos do estado e do povo". A utopia humanista vivida como pesadelo impôs-se pelo horror econômico e acabou derrotada pelo inimigo contra o qual se organizou: o mercado. Mas, curiosamente, sobreviveu como um alucinógeno cultural.

De que "socialismo" falo aqui? É claro que o modelo que se apresentava como "a" alternativa não-capitalista de organização da sociedade desapareceu. E a China é a prova mais evidente de sua falência – do modelo original, o país conservou apenas a ditadura do partido único. O livro O Fim da História e o Último Homem, do historiador americano Francis Fukuyama, já se tornou um clássico do registro desse malogro. Demonstrou-se a falência teórica e prática de um juízo sobre a história: aquele segundo o qual o macaco moral que fomos nos tempos da coleta primitiva encontraria o estágio final de sua sina evolutiva no bom selvagem socialista, de espinha ereta, pensamentos elevados e apetites controlados pela ética coletiva.

De fato, os donos das minas de carvão (que seres desprezíveis!), os mercadores cúpidos, os colonizadores e até seus sicários, toda essa gente acabou, mesmo sem saber, civilizando o mundo. Felizmente, o homem não é bom. A sociedade, por meio dos valores, é que ajuda a controlar os seus maus bofes. Estamos falando de duas visões distintas de mundo. Uma supõe uma religião em que o deus único é o estado; o bem alcançado é diretamente proporcional à redução do arbítrio individual: menos alternativas, menos probabilidade de erro. E a outra acolhe a vontade do sujeito como motor da transformação do mundo, respeitadas algumas regras básicas de convivência. Atenção: a democracia moderna nasce dessa vertente, não da outra, semente dos dois grandes totalitarismos do século passado: fascismo e comunismo.

É o modelo de proteção às liberdades individuais, sem as quais inexistem liberdades públicas, que nos faculta o direito de criticar o nosso próprio modelo. Não obstante, as causas influentes, reparem, piscam um olho ora para utopias regressivas, ora para teorias que nos convidam a entender os facínoras segundo a particularíssima visão de mundo dos... facínoras! É a forma que tomou a militância de esquerda, que nos convida a resistir à "colonização promovida pelo mercado".

Tomem cuidado com os militantes da "igualdade" e da "justiça social". Toda crença tem um livro de referência. Esta também. Além de ter sido escrito com o sangue de muitos milhões, só se pode lê-lo adequadamente sobre quatro patas.

É PRECISO PERCEBER QUANDO ELES VAO ALÉM DOS LIMITES

No blog do Reinaldo Azevedo hoje - 29/3/2008

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Gostei do editorial de hoje da Folha por uma razão em especial: uma democracia precisa saber quando os atores políticos ultrapassaram o limite do aceitável. E, então, é necessário que se acenda o farol vermelho: “Epa! Não dá! Não é mais permitido avançar”. Foi o que fez o grupo de ministros que comandou a feitura do dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher, a professora Ruth Cardoso — uma das figuras mais discretas e avessas à fatuidade do poder que já passaram pelos salões de Brasília. Quatro ministros, reporta o Estadão deste sábado, com o pleno conhecimento do presidente da República, dedicaram-se à tarefa de usar informações e estrutura do estado para constranger adversários políticos: além de Dilma, Paulo Bernardo (Planejamento), José Múcio (Relações Institucionais) e Franklin Martins (Comunicação Social).

A prática, é desnecessário dizer, é própria de estados policiais. Na carta que enviou à VEJA, Dilma Rousseff, em cujo ministério se tramou a malfeitoria, tenta investir numa ridícula teoria conspiratória: “A quem interessa?”, pergunta ela. Dilma, mais do que ninguém, é dona dessa resposta porque participou do grupo que decidiu fazer o, como é mesmo, ministra?, “levantamento”. Não se organiza tal “base de dados” a menos que se pretenda usá-la. Reportagem de ontem da Folha deixa claro que o dossiê que passou a circular é uma seleção dos dados do tal Suprim. É o que está claro na reportagem da VEJA da semana passada.

Aqui e ali se especula, um tanto ridiculamente, parece-me, que setores do próprio PT poderiam estar interessados em alvejar a ministra, já que sua figura teria assumido uma dimensão incômoda no governo, sobressaindo-se como peça importante na eleição de 2010. O PT já fez muitas bobagens, é inegável, mas abrir fogo amigo porque esta senhora chega a ter 2% das intenções de voto?

Ora, jornais e revistas estavam coalhados de insinuações de supostos gastos “exóticos” do governo FHC. Os petistas já usavam a “base de dados” para fazer à CPI requerimentos direcionados. O circo estava armado para que o papelório funcionasse como uma cornucópia de acusações contra o antecessor de Lula caso as oposições insistissem em ter informações sobre os gastos do atual presidente. Dossiê, sim! Dossiê para intimidar e, eventualmente, chantagear. Não! Não há fogo amigo nenhum! Ocorre que Dilma, como se vê, não pode responder sozinha pela obra. Não faltou à conspirata nem mesmo o ministro da Propaganda, o grande pauteiro de certo jornalismo, Franklin Martins.

Ora, Lula sabia de tudo, vê-se. E sempre soube: deste dossiê, do outro, do mensalão, da casa-da-mãe-joana que é o seu governo no que respeita às questões institucionais, permanentemente rebaixadas. E tanto mais rebaixadas quanto mais aumenta a sua popularidade. Lula usa o seu prestígio junto ao eleitorado para transformar o vale-tudo em coisa corriqueira da política. Vimos isso anteontem, com o elogio feito a Severino Cavalcanti, o homem que renunciou porque não conseguiu explicar o “mensalinho”. Repetiu a dose ontem, ao cantar as glórias do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), obrigado a deixar a presidência do Senado. Não se trata apenas de um governo dado a ilegalidades: também “anistia” políticos flagrados em atos que vão da falta de decoro ao crime.

Lula, em suma, usa a sua popularidade (conseguida, em boa parte, porque o programa histórico do petismo para a economia foi, felizmente, jogado no lixo) para desmoralizar as instâncias da democracia representativa e do estado de direito. Com ele, aumenta sempre o hiato entre essa popularidade e a legalidade. “A quem interessa o dossiê?”, quer saber a ministra Dilma. A quem quer governar acima dos partidos, das leis, das instituições. Ora, Lula não vai mudar uma lei, dentro de alguns dias, para, vejam só, “legalizar” a compra da Brasil Telecom pela Oi. Por aqui, já escrevi, não se fazem negócios de acordo com as leis. As leis passaram a ser feitas de acordo com os negócios.

Temos ainda uma imprensa vigilante, que não se deixa intimidar pela popularidade do demiurgo — que lhe é conferida, é bom lembrar, pela democracia representativa. Temos um aparato legal que ainda não foi conspurcado pelos que estão determinados a assaltar o estado de direito, embora o presidente tenha manifestado simpatia por chicaneiros que pretendem intimidar a imprensa. Mas cumpre ser vigilante.

A vigilância é necessária porque este governo, seguindo a sua natureza, não sabe se comportar quando é bem-sucedido (ao menos segundo a percepção pública). A vocação autoritária de seus comandantes — alguns ainda caudatários de delírios totalitários — faz com que usem o prestígio que têm para pôr uma canga na sociedade. Em cinco anos, as oposições criaram uma única dificuldade para Lula: a derrota da CPMF. Todas as outras crises foram criadas pelos petistas. Em todas elas, o partido tentou usar um momento de lua-de-mel com o eleitorado para fazer avançar o seu projeto autoritário.

Na lei ou na marra.

Influências políticas no capitalismo tupiniquim

Vejam só como funciona o mercado quando um governo nitidamente socialista e interventor toma de assalto o patrimônio público, desvirtua instituições, cria relações espúrias com o capital privado e vive da mentira compulsiva e da mistificação do pobrismo.
O mercado financeiro tem sido atingido por uma forte e persistente volatilidade, em boa parte reflexo da crise de liquidez causada pela crise do sub-prime norte americano; porém no cenário doméstico altamente influenciada por notícias corporativas que surgem de setores fortemente regulados pelo governo federal, como os de geração de energia, telefonia e exploração petrolífera.
Todos lembram do salto nos preços das ações da Petrobrás causado pela divulgação de notícia "velha" sobre a descoberta do megacampo Tupi, providencialmente re-divulgada no dia seguinte ao do apagão do gás natural, de modo a lançar uma cortina de fumaça sobre as incompetências administrativas resdultantes da massiva influência petista no setor. Agora, duas notícias denunciam novamente o padrão de desinformação que o governo usa para manipular o mercado e a opinião pública:

Governo não prevê mudar lei de concessão de hidrelétricas

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A legislação que define os prazos de concessão púlica de usinas hidréletricas no país não deverá ser alterada neste governo, disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, nesta sexta-feira.

As incertezas sobre a renovação da concessão de duas usinas operadas pela paulista Cesp foram citadas como fatores que colaboraram para o fracasso do leilão de privatização da empresa nesta semana.

Segundo Lobão, um comitê será montado pelo governo para estudar o assunto.

"Eles vão fazer sugestões, orientações, algo mais profundo, responsável, para que haja uma luz sobre o futuro, o que não quer dizer que deva ser feito neste governo", disse ele.

Segundo Lobão, o governo não tem pressa para debater o tema, porque as concessões só expiram daqui a sete anos.

"Haverá tempo e o próximo Congresso, o próximo governo, se julgar conveninente, que promova a alteração da lei."

Ele explicou que algumas concessões já foram renovadas uma vez, entre elas as de algumas usinas da Cesp, e a lei em vigor impede uma segunda renovação.

"A lei impede uma nova renovação. Elas voltarão ao controle da União, que fará uma nova licitação, no caso da Cesp e no caso de outras empresas, como Furnas e Cemig". O governo vai levar em consideração a modicidade tarifária, uma vez que os investimentos feitos nas usinas já deram retorno.

TÉRMICAS

Lobão afirmou que na próxima reunião do Comitê de Monitoramente Elétrico, que ocorrerá em 15 dias, o governo "provavelmente" optará pelo desligamento das térmicas a óleo e a diesel, que estão operando no sistema.

Segundo ele, os reservatórios das hidrelétricas estão em níveis que permitem o desligamento dessas térmicas, mais caras e mais poluentes.

O ministro afirmou que, atualmente, as térmicas no sistema geram 5 mil megawatts, e a saída das unidades a óleo e a diesel representará menos de 2.500 megawatts.

"Devemos manter as térmicas movidas a gás... a economia prevista é de 400 milhões de reais ao mês", disse.

O ministro disse ainda que no próximo mês começam as reuniões técnicas para a construção de hidrelétricas na fronteira com países sul-americanos, que terão parceria do Brasil com seus vizinhos.

Lobão não deu detalhes, mas afirmou que os projetos fazem parte de acordos firmados com os presidentes da Bolívia, Argentina e Peru para a construção de seis hidrelétricas.

"São seis usinas na fronteira, com capacidade de geração de 10 mil megawatts. A partir do próximo mês vamos começar a fazer contato com os ministros de Energia desses países, para tomar decisões. Com os presidentes, já está acertado", disse Lobão, ao informar que, dessas seis, três seriam na fronteira com a Argentina, duas com a Bolívia e uma na fronteira com o Peru.

Questionada pela CVM, Oi nega compra da Brasil Telecom

SÃO PAULO (Reuters) - Ainda que admita que "obstáculos relevantes estejam próximos de serem superados", o grupo Oi negou nesta sexta-feira, em comunicado ao mercado, que as negociações para a compra da Brasil Telecom estejam finalizadas.

A companhia divulgou nota em resposta a questionamentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), já que notícias do fechamento do negócio estavam na imprensa nesta manhã com detalhes do acordo, ainda que sem fonte oficial. Como as empresas ainda não haviam divulgado nenhuma informação aos acionistas, a autarquia questionou a veracidade das reportagens. No comunicado, a Oi afirma que as negociações para a compra do controle da Brasil Telecom "continuam, sem, no entanto, terem sido concluídas". Na manhã desta sexta-feira, a assessoria de imprensa da Oi havia confirmado o acordo à Reuters, por telefone.

Ao longo desta sexta-feira, as ações das duas companhias estiveram entre as maiores altas da Bovespa. Os papéis da Brasil Telecom lideraram as altas do dia, com elevação de 8,52 por cento, a 19,48 reais. Já as preferenciais da Oi subiram 6,06 por cento, a 45,50 reais.

De acordo com a nota, a Oi tomou conhecimento de que "obstáculos negociais relevantes existentes entre os acionistas controladores da Brasil Telecom estariam próximos de serem superados". Caso isso se confirme, diz a empresa, "as negociações deverão se intensificar e tomar nova dinâmica para ultimar a pretendida aquisição".

A empresa ressalta, no entanto, que ainda não existe acordo sobre os termos da transação e que nenhum documento preliminar foi assinado entre as operadoras.

Os rumores de uma fusão entre Oi e Brasil Telecom se intensificaram em janeiro deste ano. As companhias admitiram as conversas e a Oi já informou anteriormente que a compra do bloco de controle pode ficar entre 4,5 bilhões e 5,2 bilhões de reais.

A união das duas operadoras ainda depende de um decreto presidencial que altere o atual Plano Geral de Outorgas (PGO), que hoje impede que uma companhia detenha duas concessões públicas de telefonia, o que seria o caso nessa fusão.

O governo federal já deu demonstrações públicas de apoiar a fusão, como forma de criar uma companhia nacional forte para fazer frente ao avanço de grupos multinacionais como Telefônica e Telmex.

(Por Taís Fuoco; edição de Alexandre Caverni)

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Fica evidente nestas duas notícias que o governo utiliza duas éticas distintas para julgar e proceder em situações semelhantes: no caso da Cesp, cria uma chicana regulatória para prejudicar politicamente seus adversários na eleição municipal que se aproxima, causando prejuízos ao patrimônio da estatal Cesp que viu suas ações despencarem no mercado. Já para o caso das teles, o governo se predispõe a dar uma canetada e alterar as regras do jogo de maneira a favorecer grupos empresariais ligados a pessoas próximas (Telemar - Gamecorp - Lulinha) e a favorecer uma pretensa patacoada nacionalista. Vergonhoso...

sexta-feira, 28 de março de 2008

POR QUE O GOVERNO BRASILEIRO NÃO CONDENA AS FARC?

Graça Salgueiro
Fundadora e Representante do FDR para a América Latina

“Você acha mesmo que a organização que planejou e dirigiu a mais espetacular e avassaladora expansão esquerdista já observada no continente é um nada, um nadinha, no qual só radicais de direita ou teóricos da conspiração poderiam enxergar alguma coisa?”

(Olavo de Carvalho in “O Foro de São Paulo, versão anestésica”)

Depois que foi acesa a luz verde para se falar no Foro de São Paulo (FSP), todos os jornais e jornalistas que esconderam da população brasileira durante 18 anos a existência de tal entidade, passaram a referir-se a ela com a naturalidade de quem discorre sobre um assunto demasiadamente conhecido de todos. Assim o fizeram o Estadão em seu editorial do dia 05, cujo título era precisamente “Foro de São Paulo” e O Globo, também em editorial no mesmo dia sob o título “Ponto de ebulição”.

Não posso deixar de registrar minha repugnância à atitude desses profissionais e meios de comunicação, pois há mais de uma década todos sabem da existência desta organização que opera nas sombras, chamada Foro de São Paulo, mas preferiram se calar cúmplices e servis. Todos! O sr. Merval Pereira por exemplo, além de agora escrever no jornal O Globo sobre o FSP, também andou fazendo muito espalhafato sobre a tal organização em entrevista à rádio CBN como se tivesse descoberto a pólvora. Entretanto, quando este senhor era editor-chefe do jornal dos Marinho, não moveu um só dedo para impedir a demissão (sob o falso pretexto de “contenção de despesas” mas que no fundo era mesmo para silenciar a incômoda voz) do filósofo e jornalista Olavo de Carvalho, que desde 2002 denunciava exaustiva e solitariamente as ligações do PT com as FARC e outras organizações comuno-terroristas pertencentes ao FSP (v. Notícias faltantes, Jornal da Tarde, 3 janeiro de 2002 e A vitória do partido único, Midia Sem Máscara, 18 de setembro de 2002) e, exatamente por fazer estas denúncias, foi demitido destes mesmos jornais que hoje alardeiam em seus editoriais não só a existência do Foro, como as ligações deste com o presidente Lula e seu Partido-Estado.

Todavia, “citar” o FSP é uma coisa; permitir que o respeitável público tome conhecimento do que se discute e delibera nos Encontros anuais e reuniões do Grupo de Trabalho deste Foro é outra, bem diferente. A prova disto é que o site oficial da entidade existe, teve seu registro atualizado em 17 de agosto de 2007 com vigência até 17 de agosto de 2009 (v. Mentindo sobre as FARC: Mercadante pego no pulo), nome de domínio www.forosaopaulo.org mas, se o comum mortal tentar acessá-lo, vai dar de cara com uma mensagem de “página indisponível”.

E a diligente companheira de viagem, Eliane Cantanhêde, no artigo “Guerra Fria e Quente”, publicado na Folha de São Paulo no dia 06 de março pp., diz em seu primeiro parágrafo: “Vinte anos depois da queda do Muro de Berlim e seis após Lula renegar o Foro de São Paulo para aderir ao neoliberalismo que condenava nos tucanos, a América Latina ainda vive a Guerra Fria...”. Ora, nesses 18 anos de existência dona Eliane jamais mencionou uma só vez o Foro de São Paulo, muito menos relacionando-o com Lula tão diretamente como faz neste curto parágrafo! Resolve fazê-lo agora apenas com a intenção clara de blindá-lo, afirmando que o presidente da República e fundador do Foro o havia “renegado há seis anos”.

Dona Eliane mente sem qualquer pudor – por iniciativa própria ou por determinações superiores –, primeiro porque foi o próprio Lula quem afirmou em várias ocasiões (no Encontro dos 15 anos de fundação do FSP, em 2005; no III Encontro Nacional do PT, em 2007; e mais recentemente no Pará, num encontro do Mercosul – para citar apenas os mais recentes), suas relações mais que firmes na organização. E, segundo, para tentar livrá-lo de qualquer responsabilidade criminal com as descobertas que vêm sendo feitas nos arquivos dos computadores de Raúl Reyes, o segundo em importância no comando das FARC, pois é de conhecimento de todos que esta organização narco-comuno-terrorista é também membro efetivo do Foro de São Paulo.

Os jornais têm citado o FSP a esmo como para banalizá-lo, e minimizar seu grau de malignidade e importância nos rumos políticos da América Latina como um todo (vale lembrar que esta organização elegeu governantes comuno-socialistas de oito países: Brasil, Venezuela, Argentina, Chile, Uruguai, Equador, Bolívia e Nicarágua exceto Cuba, que era o único “governado” pela esquerda quando da fundação do Foro, e brevemente elegerá o presidente do Paraguai, como se verá mais adiante), mas não revelam seus planos, suas diretrizes, tampouco suas alianças com organizações narco-terroristas.

Pois bem, os leitores precisam saber o que se passa nesses encontros. Nos dias 11 e 12 deste mês de março o Grupo de Trabalho (GT) do Foro de São Paulo reuniu-se no México, em seu primeiro encontro após a ação que resultou na morte de Raúl Reyes, onde foi aprovado um “forte pronunciamento de repúdio à ‘latino-americanização’ da doutrina Bush pelo governo de Álvaro Uribe”. Segundo informa o site “Vermelho” do PC do B, o “Grupo de Trabalho é uma instância de coordenação entre os Encontros anuais do Foro”, ou seja, é quem prepara a pauta a ser debatida e deliberada nos Encontros anuais que este ano acontece em Montevidéu, entre os dias 22 e 25 de maio. Participaram deste GT o Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil, que responde por sua Secretaria Executiva, o PC do B, representações partidárias da Argentina, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Peru, Porto Rico, Uruguai e Venezuela, além dos anfitriões, Partido da Revolução Democrática (PRD – partido do ex-candidato presidencial López Obrador) e Partido do Trabalho (PT) ambos do México.

Duas resoluções foram aprovadas neste encontro: uma, em solidariedade ao Equador e a “atitude enérgica” de Rafael Correa; e outra, condenando com veemência a “agressão” de Uribe. Além disso, a reunião também prestou solidariedade ao povo mexicano pela morte no acampamento das FARC de “jovens estudantes” da UNAM (Universidad Nacional Autónoma de Mexico). Para o XVI Encontro, serão debatidas as experiências e ascenção das forças “progressistas” e a necessidade de “avançar e fazer confluir os processos de integração da América Latina, como o Mercosul e a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL), mas este é um tema para outro artigo que será exposto oportunamente.

Na seqüência desta reunião do GT, ocorreu nos dias 13 e 14 o XII Seminário anual do Partido do Trabalho do México, onde participam “forças de esquerda” de todo o mundo, inclusive com a presença de Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do PT, Ronaldo Carmona, diretor do CEBRAPAZ e Javier Alfaya, vice-presidente desta entidade, ambos do PC do B, que representavam o Brasil na reunião do GT do Foro de São Paulo.

Mas, quem é e o que faz este PT do México? Quem são as “forças de esquerda” que participaram deste Seminário? O jornal El Universal do dia 12 de março revela que o PT do México admitiu ter convidado e financiado passagens e hospedagem a membros das FARC e do ELN para este Seminário porém, que os mesmos não participarão porque o governo não lhes concede o visto de entrada no país. O coordenador do PT mexicano na Câmara dos Deputados, Ricardo Cantú, reconheceu que seu partido tem vínculos com as FARC como com qualquer outra organização de esquerda do continente e afirmou: “Os grupos guerrilheiros não tiveram a sorte de chegar a acordos de paz e têm participado em foros de esquerda, e não nos pediram que retirássemos sua assinatura nas convocatórias em outros espaços de debates”. Acrescentou que desde 2002 essas organizações só têm enviado comunicados, considerando que o ex-presidente Vicent Fox decidiu fechar os escritórios das FARC que havia no México e não conceder os vistos de entrada a seus representantes.

Em entrevista ao El Universal, o senador Alberto Anaya, presidente nacional do PT mexicano, explicou que estes seminários são convocados pelo Foro de São Paulo criado em 1990, quando seu partido ainda não existia, e que “trata-se de um foro no qual participam mais de 90 organizações políticas de diversas partes do mundo, incluindo grupos armados”. Disse ainda que “as FARC já não atendem a nenhum seminário, em nenhuma parte do planeta, porque correriam o risco de ser detidas”. Está aí confirmado, pelo presidente do partido anfitrião, que as FARC continuam participando de Seminários e Encontros do Foro de São Paulo, embora a participação se dê através de comunicados.

Em março de 2007, após a realização do 11º Seminário do PT mexicano, o presidente Álvaro Uribe expressou sua preocupação de que tivessem convocado as FARC e o ELN para o evento. Em resposta, Alberto Anaya rechaçou a acusação de Uribe, não negando que os bandos terroristas constassem como convidados mas retrucou: “Desde 2002 eles não vêm ao México, tampouco o visitam porque o governo não lhes dá o visto e, nessa perspectiva, eles não assistem a esse foro”. É plausível que de fato as FARC não se arrisquem a estar de corpo presente mas não é necessário isto para participar, como ficou provado em 16 de janeiro de 2007, por ocasião do XIII Encontro do FSP em El Salvador, onde a Comissão Internacional das FARC enviou um comunicado aos “companheiros”. Diz o comunicado: “Al no podernos hacer presentes en tan importante evento entregamos a ustedes este documento con nuestros puntos de vista, y agradecemos de antemano el tenerlo en cuenta en las deliberaciones” (http://www.farcep.org/?node=2,2513,1). Quer dizer, quem participa das deliberações não pode ser outra coisa que membro efetivo com plenos direitos!

Em maio de 2007, o serviço de inteligência colombiano entregou ao presidente Uribe informações sobre a infiltração das FARC na Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), a mesma universidade de onde procediam os cinco “estudantes” encontrados no acampamento das FARC no Equador. Este informe, também encaminhado ao México, indicava até os endereços das sedes da guerrilha, mas a única resposta foi um debate no Congresso pela “possível presença de agentes colombianos infiltrados em seu país”. Sobre as FARC dentro de uma universidade, nada foi dito ou feito. Em meados de 2003 alerta semelhante foi emitido ao governo do México, ocasionando a saída do então embaixador colombiano Luis Ignacio Guzmán; a UNAM qualificou de “graves, superficiais, aventureiras e irresponsáveis” tais denúncias no entnato, hoje elas vão aos poucos se confirmando.

O caso dos estudantes da UNAM apanhados no acampamento das FARC apresenta uma série de curiosas “coincidências”. Uma delas, por exemplo, é que um dos professores desta universidade é ninguém menos que Heinz Dieterich, o guru de Chávez e grande defensor das FARC. Outra, é que o organizador da expedição dos estudantes ao acampamento de Raúl Reyes é um engenheiro cubano de nome Mario Dagoberto Díaz Orgaz, formado em Moscou, que emigrou para o México em 2000 e em 2003 obteve a cidadania deste país, mesmo ano em que a inteligência colombiana denunciou infiltração das FARC na UNAM. Logo após a captura de Lucía Andrea Morett – a única “estudante” mexicana sobrevivente -, este cubano esteve no Equador tentando visitá-la no hospital militar onde se encontrava internada.

Um informe de inteligência mexicano cita Díaz Orgaz como “operador financeiro das FARC no México” e afirma que identificaram cinco contas bancárias em seu nome com saldos médios de $ 80.000 dólares durante os últimos dois anos; os registros assinalam ainda que ele recebeu $ 20.000 dólares do Panamá. Nesse mesmo informe de inteligência mexicana consta que o cubano viajou duas vezes ao Equador: 2007 e 2008, embora ele negue.

Na reunião do Grupo de Trabalho (GT) do Foro de São Paulo (FSP), ocorrido nos dias 11 e 12 de março no México, em sua “Resolução sobre a agressão ao Equador”, consta no item 8:

“Manifestar suas condolências ao povo do México e à UNAM, pelo assassinato dos estudantes mexicanos em território equatoriano, vítimas civis da ação militar do exército colombiano, e expressar seu apoio a suas famílias e a seus reclamos de justiça ante os tribunais internacionais” (http://www.mundoposible.cl/index.php?option=com_content&task=view&id=632&Itemid=9).

O representante da Fundação Regional em Assessoria em Direitos Humanos do Equador, Luis Angel Saavedra, disse que a Associação Latino-americana de Direitos Humanos (ALDHU) e a Comissão Ecumência de Direitos Humanos (CEDHU) coordenam a defesa de Lucía Morett Alvarez. Segundo Saavedra, Lucía “é uma estudante que chegou na noite do bombardeio” e que “preparava sua tese de graduação sobre os movimentos sociais na América Latina”. Ainda sobre essa “estudante”, Saavedra acrescentou que “não há nenhum indício, não há nenhuma razão para levantar nenhum julgamento contra ela, pois não cometeu nenhum ato ilegal no país; ela entrou legalmente com um visto (entregue) na embaixada equatoriana no México”.

Observem que coisa curiosa: esta moça, segundo informam, preparava sua tese sobre “movimentos sociais na América Latina” e escolheu entrevistar as FARC. Entretanto, por que dirigiu-se ao Equador e não à Colômbia, que é o país de onde provém (e, supostamente, vive) este bando narco-terrorista? E por que o cubano Díaz Orgaz, representante das FARC no México, organizou a “excursão” para o Equador e não para a Colômbia? Não parece claro que ambos sabiam que as FARC tinham um acampamento fixo (e não provisório como quer alegar Correa, tentando justificar o injustificável) no Equador e que, muito provavelmente apostaram que ali era mais seguro e não seriam importunados?

Os pais de Lucía afirmam que sua filha é uma “estudiosa do fenômeno guerrilheiro”, entretanto, para os órgãos de inteligência colombianos (e também os mexicanos) Morett é a cabeça de uma célula subversiva composta por 38 pessoas que opera dentro da UNAM. Segundo a inteligência civil do governo mexicano, desde 2002 esta moça intensificou contatos com Marco Calarcá, porta-voz das FARC no México, para proferir palestras na UNAM. Afirmam ainda ter documentado encontros de Lucía com Olga Marín, codinome “Gloria”, filha de Marulanda “Tirofijo” e mulher de Raúl Reyes (dizem, porém não há confirmações, que ela morreu no combate do acampamento do Equador) com o objetivo de construir uma rede de apoio às FARC. Como se vê, de inocente estudante “pesquisadora social” esta moça não tem nada e é por isso, também, que o Foro de São Paulo e tantos organismos de “direitos humanos” estão querendo defendê-la.

Mas as ligações do Foro de São Paulo – e, obviamente, do PT – com as FARC não ficam só nisso. O Secretário de Relações Internacionais do PT e Secretário Executivo do FSP, Valter Pomar, participou em 28 de fevereiro pp. da abertura do seminário “Protagonismo popular, soberania e integração”, promovido pelo Movimento Popular Tekojoja no Paraguai. Também participaram da mesa de debates Emir Sader, secretário-executivo do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO) e Fernando Lugo, candidato à presidência do Paraguai.

Antes disso porém, em dezembro do ano passado, Ricardo Canese, secretário de Relações Internacionais do Movimento Popular Tekojoja, procurou o Diretório Nacional do PT para pedir a “solidariedade democrática” na forma de apoio e participação de observadores nas eleições presidenciais de abril, “como forma de intimidar a máfia que governa meu país há sessenta anos”. Após esse encontro ficou definido que tanto o PT quanto o Foro de São Paulo, a Internacional Socialista e o Fórum da Juventude Política do Mercosul iriam formalizar um apoio à candidatura de Fernando Lugo, da Alianza Patriótica para el Cambio.

Ocorre que Lugo, ex-bispo da Igreja Católica, é também acusado de ser o embaixador das FARC no Paraguai, conforme foi denunciado em fins de fevereiro pela Juventude Colorada, em cartazes afixados não só na capital, Assunção, como em várias outras cidades do país. No cartaz, Lugo aparece vestido com o uniforme das FARC e uma metralhadora na mão (ver foto em www.infobae.com/contenidos/366338-100892-0-Miembro-las-FARC-quiere-ser-presidente-Paraguay) com os dizeres: “Embaixador das FARC”. Lugo é ainda acusado de ter dado respaldo ao extinto partido político Pátria Libre, o mesmo que teve vários membros condenados pelo seqüestro e assassinato de Cecilia Cubas, filha do ex-presidente Raúl Cubas, em fevereiro de 2004.

As investigações que terminaram condenando os membros do Pátria Libre, revelaram que o contato realizado para este ato abominável foi um dos comandantes das FARC, Rodrigo Granda, capturado e preso na Venezuela em 2005 e depois liberado pelo presidente Uribe ano passado, o primeiro gesto de “troca humanitária unilateral”. Por uma dessas magníficas coincidências, os condenados pelo assassinato de Cecilia Cubas militavam no partido de São Pedro, última diocese de Lugo antes de deixar a batina. Segundo palavras do presidente Nicanor Duarte, “Quando matavam a seqüestrada, ele (Fernando Lugo) dizia que a morte é uma questão natural”.

E na declaração do Grupo de Trabalho do Foro de São Paulo realizado no México, no capítulo “Pela Paz da Colômbia”, consta no item 5:

“Manifestar nosso rechaço ao governo de Álvaro Uribe, por haver realizado ações militares no território equatoriano, as quais demonstram sua aposta guerreirista frente ao conflito e sua aspiração de estendê-lo como forma de desestabilizar os governos anti-neoliberais da região” (http://www.mundoposible.cl/index.php?option=com_content&task=view&id=632&Itemid=9).

É pelas razões expostas que nem o PT, nem o Sr. Luis Inácio, nem os integrantes do Foro de São Paulo condenam as FARC, pois são todos membros de um mesmo corpo criminoso e revolucionário, cúmplices nas ações bárbaras e desumanas praticadas por estes bandos de delinqüentes. Os fatos aqui apontados, vistos isoladamente, não parecem fazer sentido ou representar ameaça à paz do continente latino-americano. Entretanto, ligando-os uns aos outros, como num imenso quebra-cabeças, é possível ver o tamanho da monstruosidade que vem sendo planejada e executada há 18 anos, sem que esta mídia sonsa e hipócrita que hoje cita nominalmente o Foro como se fosse algo banal, revele suas ações, denuncie suas alianças e estratégias para implantar o comunismo em nossos países. A imprensa fala agora no Foro de São Paulo para que a população se acostume a esta expressão, até o ponto em que seu sentido seja completamente diluído e não pareça mais a ninguém uma ameaça real. Que ninguém se iluda!

Foro de Sao Paulo lanza ofensiva continental contra Uribe

Do Farol da Democracia Representativa

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Alejandro Peña Esclusa
Presidente de Fuerza Solidaria
Consultor do FDR

Caracas, 24 de marzo.- El 11 y 12 de marzo pasado, se llevó a cabo en Ciudad de México una reunión del Grupo de Trabajo del Foro de Sao Paulo (FSP), con el doble objetivo de analizar la crisis entre Colombia y Ecuador, y de preparar el XIV Encuentro de esa organización, a realizarse en mayo de este año en Montevideo.

En su declaración final, el Grupo de Trabajo del FSP acordó emprender una ofensiva continental en contra del gobierno de Álvaro Uribe, por haber atacado un campamento de las FARC en territorio ecuatoriano.

El FSP realizará una campaña en toda la región para: En primer lugar, "condenar la agresión del gobierno de Álvaro Uribe a Ecuador"; en segundo lugar, "exigir que las declaraciones del presidente Uribe, pidiendo perdón, tengan un carácter obligante como resolución de la OEA"; en tercer lugar, "manifestar su solidaridad con el Polo Democrático Alternativo", movimiento político izquierdista colombiano, vinculado al Foro de Sao Paulo; y en cuarto lugar, "apoyar al gobierno progresista en Ecuador" 1.

La declaración no menciona un "minúsculo" detalle: que las FARC pertenecen al Foro de Sao Paulo desde hace dieciocho años. Tampoco menciona que una delegación de las FARC fue invitada a participar en la reunión del Grupo de Trabajo, pero que el gobierno mexicano le negó la visa 2.

El Foro de Sao Paulo fue creado en julio de 1990 y pertenecen a esa organización, entre otros, Fidel Castro, Hugo Chávez, Rafael Correa, Daniel Ortega, Evo Morales, Lula da Silva, Tabaré Vásquez y las FARC 3.

Todo indica que los miembros más radicales del FSP pretenden desestabilizar al gobierno de Álvaro Uribe –provocando un conflicto armado, si es necesario– antes de que sean incriminados por la información extraída de las computadoras de las FARC, incautadas durante la "Operación Fénix".

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1 Ver Declaración final del Grupo de Trabajo del Foro de Sao Paulo disponible en: http://www.mundoposible.cl/index.php?option=com_content&task=view&id=632&Itemid=9

2 Ver nota de El Universal, Invitan a las FARC a un foro en México, disponible en http://www.eluniversal.com.mx/primera/30604.html

3 Ver artículo El Foro de Sao Paulo a los 16 años de fundado, disponible en: http://www.fuerzasolidaria.org/WebFS/Escritos/FSP16anos.html

Direto da sarjeta

Olavo de Carvalho
Jornal do Brasil, 27 de março de 2008


Ao longo de mais de 20 anos a esquerda monopolizou tão eficazmente o espaço político brasileiro que, para não dar na vista, teve de nomear para o papel de direita ad hoc uma de suas próprias subdivisões internas, o PSDB, no instante mesmo em que Fernando Henrique Cardoso e Cristovam Buarque, então os mais destacados mentores intelectuais desse partido e do PT respectivamente, reconheciam não haver entre as duas agremiações nenhuma diferença ideológica ou estratégica substantiva, apenas disputa de cargos.

Se na eleição de 2006 o sr. Geraldo Alkmin colaborou com a farsa, prestando-se ao papel de concorrente inofensivo e recusando-se a incomodar o adversário com perguntas sobre suas ligações com gangues de narcotraficantes e seqüestradores, na de 2002 não houve nem isso, apenas um torneio de saudosismo esquerdista, em família, entre quatro patetas que não podiam falar nas guerrilhas dos anos 60 sem lágrimas nos olhos.

No domínio da cultura, então, a hegemonia esquerdista chegou a excluir totalmente, dos currículos universitários, das estantes de livrarias e dos suplementos culturais, qualquer menção a autores que não portassem o nihil obstat dos comitês centrais. Duas gerações de estudantes brasileiros foram submetidos a um regime de privação intelectual quase carcerária, baixando o padrão geral de exigência até àquele nível de miséria extrema em que tipos como Emir Sader e Quartim de Moraes podiam ser impostos como modelos supremos de intelectuais sérios sem que ninguém enxergasse nisso nada de doente.

Essa situação, que se prolongou por tempo suficiente para que o público se tornasse insensível à sua anormalidade, não teria como deixar de refletir-se no jornalismo. Por volta de 1995 já não havia nas redações um só direitista assumido, conservador. No máximo um ou dois "liberais" que recusavam com horror a classificação de "direitistas".

Nesse ambiente, minha presença era tão singular e extravagante, que alguns leitores chegavam a negar minha existência, tomando-me pelo banqueiro Olavo Monteiro de Carvalho ou por pseudônimo de um milionário carioca, de vez que, na fantasia reinante, ninguém desprovido de um banco próprio ou de uma conta na Suíça poderia ser tão hostil aos belos ideais do socialismo.

Nos últimos anos, a situação mudou um pouquinho. Um pouquinho, quase um nada. Umas quantas opiniões que antes eram só minhas passaram a ser defendidas também por Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo e aproximadamente uma dúzia de blogs e jornais eletrônicos.

O aparecimento dessa leve irregularidade numa superfície que se desejaria uniformemente lisa e sem mácula foi o bastante para que um estado de alarma e de indignação heróica se espraiasse entre os defensores do pluralismo e da tolerância democrática.

Um desses baluartes da liberdade de opinião, o sr. Fernando Barros e Silva, escrevendo na Folha de S. Paulo, assegura que nós, os intrusos, somos despudoradamente interbajuladores, defensores de nossos privilégios, praticantes do compadrio, boçais, cínicos, exibidores de falsa cultura, desprezadores do Brasil, preconceituosos, racistas, antinordestinos e misóginos. Tudo isso num artigo que não chega a vinte linhas, no remate das quais ele ainda encontra espaço para acrescentar que o nosso método – sim, o nosso, não o dele – consiste na truculência verbal, no lixo retórico e, last not least, na "cultura da sarjeta" (sic).

Lendo isso, sinto-me tão culpado, tão envergonhado da minha baixeza inominável, que nem encontro palavras para responder ao sr. Barros. Recorro, pois, às de um meu companheiro de "cultura da sarjeta": Fernando Pessoa. Num poemeto delicadamente intitulado "Ora, porra!", ele assim se referiu aos Barros e Silva da sua época e nação:

"Então a imprensa portuguesa é
que é a imprensa portuguesa?
Então é esta merda que temos
que beber com os olhos?
Filhos da puta! Não, que nem
há puta que os parisse".

LULA, A ESFINGE SEM SEGREDOS

No blog do Reinaldo Azevedo hoje - 28/3/2008

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Oscar Wilde não gostava de mulher. Mandou ver: definiu-a como uma “esfinge sem segredos”. Eu não gosto de Lula. Ele é a minha esfinge sem segredos. Estacionado à porta de minha Tebas mental, o Apedeuta me propõe: “Decifra-me ou ME devoro”. Antevi aqui, nesta madrugada, qual seria a reação do Babalorixá (post das 6h05): “E ele vai fazer agora o que se espera dele: acusar as oposições — mais a imprensa — de sabotar os seus sucessos.”

Lula discursou hoje em Delmiro Gouveia, em Alagoas. Ele em negrito. Eu em itálico:

“E estão lá nossos amigos do PSDB, que no primeiro momento trabalharam de forma civilizada. Estão lá nossos amigos do DEM, que tiveram tanta vergonha que mudaram o nome do partido de PFL para DEM. Estão lá destilando ódio. Destilando ódio. Ódio que mesmo eu quando era dirigente sindical não conseguia destilar contra meus adversários. Porque aprendei que na política a gente constrói consenso para beneficiar a sociedade".

Como se vê, é ação concertada com a chefe da Casa-da-Mãe-Dilmona e com o ministro Tarso Genro (leia notas abaixo). Como é que é? Lula foi um grande sabotador de todos, RIGOROSAMENTE TODOS, os governantes que o antecederam. Relações de amizade, cordiais, isto é verdade, ele sempre teve com os empresários, mesmo quando era sindicalista. Bastava um Black Label entre eles, e tudo se tornava surpreendentemente tranqüilo. Isso é verdade. Foi-me relatado por um integrante do antigo Grupo 14 da Fiesp. Havia o Lula de palanque, o grevista empedernido, e já havia o Lula que cuidava dos próprios prazeres. Mas em política, não. Alguém é capaz de dizer uma só proposta de governos passados que não tenha sido bombardeada pelo Apedeuta?

”E eles governaram esse país desde que Cabral aqui aportou. Fizeram e desfizeram. Mas ontem. [...] Deus escreve certo por linhas tortas. A pesquisa de ontem deve ter deixado eles incomodados."

”Eles” quem, cara pálida? Só PSDB, DEM e PPS estão fora do governo. A maior parte dos líderes do primeiro partido resistiu ao regime militar e tem origem na esquerda. No princípio de tudo, o DEM é a dissidência do Regime Militar. O PPS é herdeiro do antigo Partido Comunista Brasileiro. Com Lula, hoje, estão, além dos petistas, os que CONTINUARAM partidários e defensores da ditadura. Os casos mais notórios e notáveis, se fosse para fulanizar, são Paulo Maluf e Delfim Netto. Mas esta ainda é uma visão mesquinha. A “elite” econômica que realmente conta é, majoritariamente, lulista. Observem que Lula acredita que a aprovação popular lhe dá licenças de ditador.

"Eu sei que não é fácil para uma parte da elite política do país compreender porque é que é um torneiro-mecânico retirante e nordestino está aqui nesta tribuna e não eles."

É o eterno discurso da vítima. Imagine, presidente! Na democracia, isso é fácil de aceitar. Difícil de engolir é que o filho do principal mandatário do país, em cinco anos, salte da condição de monitor de Jardim Zoológico à de empresário da comunicação com patrimônio milionário. E, como se vê, lá vai ele tentando dividir o Brasil entre o Nordeste e o Sul-Sudeste.

"Vocês não precisam aceitar que as denúncias dos nossos adversários virem verdades absolutas. É preciso saber quem está acusando quem".

É verdade! É preciso mesmo. Havia um dossiê em que o partido do mensalão e dos aloprados acusava o ex-presidente Fernando Henrique e sua mulher, Ruth Cardoso. De fato, é preciso ver quem acusa quem.

"É importante lembrar bom lembrar que meu partido só tem 14 senadores. E o senado tem 81. E para mim aprovar qualquer coisa, preciso ter no mínimo 41 senadores."

Como se vê, um ataque ao Congresso. Sempre pega bem nessa hora. Os partidos da base aliada têm maioria no Senado, nunca é demais lembrar. Ainda que Lula fosse o coitado que ele diz ser, isso não o tornaria inimputável. E registre-se, ademais, a esquizofrenia, entre a bazófia e a humildade. Ontem, antes da reiteração da tramóia da Casa-da-Mãe-Dilmona, noticiada originalmente por VEJA, o Apedeuta torneiro-mecânico era o homem que telefonava para dar pito em Jorjibúxi... Agora ele virou, de novo, retirante nordestino.

Heitor De Paola falará no CML/RJ

No dia 31 de Março, às 10.00 horas, no auditório do Comando Militar do Leste e a convite do Departamento de Ensino e Pesquisa - DEP -, Heitor De Paola fará uma palestra com o título "Minha experiência na esquerda e o significado da Contra-Revolução de 1964".
Creio que a presença dos que residem no Rio de Janeiro seria de extremo interesse pois, além de constituir uma demonstração de apoio aos Chefes Militares que não curvam a cerviz ao "politicamente correto", seria uma demonstração de que estamos vivos.

POR QUE ESTE GOVERNO AGE ASSIM?

No blog do Reinaldo Azevedo hoje - 28/3/2008

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Sim, cabe a pergunta. A resposta é simples:
PORQUE É ESTA A SUA NATUREZA.
E isso é menos simples do que parece.

Por que o governo de um presidente que tem uma popularidade inédita opta pelo ilegal, pelo truculento, pelo antidemocrático? Prestem atenção à resposta: PORQUE LULA NÃO CREDITA NENHUMA DAS VIRTUDES DE SUA GESTÃO AO REGIME DEMOCRÁTICO.

Ele considera que todas elas decorrem da sua divina interferência pessoal — daí que negue constantemente a história alheia (e até a sua própria). E porque lidera um partido que, historicamente, sempre se aproveitou dos momentos de maior popularidade do governo para fazer avançar o que tem de autoritário — seja pelas vias aparentemente legais, como o Conselho Federal de Jornalismo (para citar um caso), seja pelas vias ilegais: os dossiês.

Os discursos agressivos de Lula nesta semana eram, como se vê, evidências de que ele sabia que a tramóia viria à tona. E ele vai fazer agora o que se espera dele: acusar as oposições — mais a imprensa — de sabotar os seus sucessos. Sim, tentará segurar a “companheira” Dilma no governo; dirá que tudo não passa de medo do 1% que ela detém hoje nas pesquisas de intenção de voto.

E há a questão geral, que abordo num artigo na próxima edição de VEJA. Há a intimidade das esquerdas com o crime, o que é uma questão histórica. E, por mais larápios que esquerdista sejam — admito que haja aqueles que acreditam ter uma causa e possam até ser individualmente honestos —, estarão sempre justificando o malfeito em nome do futuro.

Os pobres zumbis que formam a militância petista nas universidades (e na imprensa), por exemplo, dirão que o dossiê precisou ser feito para tentar salvar a honra do “governo operário”, agredido pela "direita conservadora". Como ser um esquerdista sem estar justificando, permanentemente, alguma forma de crime?

Não tenho resposta para isso e suponho que ela não exista. Porque a admissão do ato criminoso como forma de atuação política está no DNA desse tipo de pensamento, pouco importa a corrente. Está em Marx, Lênin, Stálin, Trotsky, Gramsci, todos os doutores que formam a “bíblia” da religião petista, por mais que se possa considerar o partido apenas um arremedo de uma legenda de esquerda, dividida em facções. Convenham: é a esquerda possível, dada a institucionalidade do Brasil. Houvesse condições, esses caras fariam o que a esquerda sempre fez para chegar ao poder: dar um golpe. A chamada Revolução Russa, nao custa lembrar, foi um golpe bolchevique. Isso é fato. Não é assim porque eu quero.

E também é bom notar: esses valentes são bastante complacentes com o seu passado, não é mesmo? Adoram investir no mito da resistência e na suposição, falsa, de que, um dia, lá atrás, eram anjinhos enfrentando os demônios. Até as minisséries de TV investem nessa antítese essencialmente mentirosa. Como ainda se consideram anjos, continuam a sacar contra o regime — só que este, de agora, é democrático. E o nome do que fazem é crime, sem nenhuma ditadura para turvar com belas utopias de enfrentamento o seu malfeito essencial.

terça-feira, 25 de março de 2008

Comparação

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio (editorial), 24 de março de 2008

Já fazia um ano que a revista Newsmax havia descoberto a ligação perigosa de Barack Obama com o pastor racista e pró-comunista Jeremiah A. Wright, Jr., quando a mídia chique por fim resolveu, timidamente, perguntar algo a respeito ao queridinho e intocável pré-candidato democrata. Daí por diante foi vexame atrás de vexame. Obama primeiro negou que conhecia as idéias do pastor, mas logo veio a prova de que sabia de tudo. Depois tentou embelezar a imagem do sujeito, mas os vídeos da pregação histericamente esquerdista e anti-americana começaram a circular pelo país inteiro. Por fim, todo mundo se deu conta de que a apresentadora Oprah Winfrey , a mais popular aliada de Obama, já havia prudentemente se afastado do pastor desde 2007, prevendo encrenca.

É uma mancha de batom na cuéca, como diria o falecido dr. Ulysses Guimarães. Não tem explicação que convença. A candidatura Obama despencou ruidosamente nas preferências do eleitorado democrata, e parece não haver guindaste que possa levantá-la. O comentarista de TV Sean Hannity, um dos que mais vigorosamente denunciaram a farsa, recebe diariamente centenas de mensagens de eleitores democratas agradecendo o aviso que os salvou do erro.

O que todos se perguntam agora, o que se discute acaloradamente na TV e no rádio é o papel feio a que tantos órgãos de mídia se prestaram, ocultando por meses a fio a história comprometedora para não manchar a reputação de seu candidato preferido. Mais do que com Obama, o público está furioso com o New York Times , a CNN, a CBS e, em geral, todo o presunçoso establishment jornalístico.

Ninguém ignora que, se o eleitorado americano costumeiramente se divide meio a meio entre democratas e republicanos, a proporção destes últimos na classe jornalística é de quinze por cento para menos – um abismo de diferença entre o público e a elite supostamente “formadora de opinião”.

O episódio Obama-Wright teve o mérito de fazer com que a consciência desse desequilíbrio ameaçador extravasasse em protestos gerais, mostrando que, com a credibilidade de Barack Obama, caiu também a da “grande mídia”, mais até do que já vinha caindo fazia mais de uma década.

Agora comparem isso com o que acontece no Brasil.

(1) Conservadores em sentido estrito inexistem nas redações. Na melhor das hipóteses há meia dúzia de socialdemocratas, que representam o máximo de direitismo permitido nesse ambiente seletíssimo, e são vistos por seus colegas como tipos anormais, tolerados apenas por formalismo jurídico.

(2) O que se ocultou na mídia brasileira não foi uma amizade espúria de um pré-candidato, mas a colaboração explícita e constante de um partido inteiro e de um presidente da República com dezenas de organizações comunistas, algumas delas envolvidas diretamente em atividades criminosas, especialmente narcotráfico e seqüestros.

(3) Esse escândalo dos escândalos não foi encoberto durante alguns meses, mas ao longo de pelo menos dezesseis anos.

(4) A grande mídia não se limitou a esconder os fatos, mas com freqüência se empenhou em negá-los explicitamente, até que o assunto se tornou objeto de atenção internacional e o muro de silêncio ruiu por si, de podre, de velho, de insustentável.

(5) O público, até agora, não deu o menor sinal de indignação ou revolta por ter sido enganado ao longo de tanto tempo. Chefes de redação, colunistas, repórteres soi disant investigativos, analistas políticos que, nos EUA, estariam totalmente desmoralizados -- isto se não perdessem seus empregos nem sofressem processos judiciais --, continuam firmes nos seus postos, respeitadíssimos, bem remunerados, falando com a mesma voz de autoridade com que ludibriaram o povo durante mais de uma década e meia.

Evidentemente, esse povo já não tem mais a noção do que é imprensa livre, já nem faz mais idéia do que é o direito à informação, já se acostumou a pagar para que o enganem, já perdeu totalmente o senso da própria honra, já acha normal e justo que o façam de palhaço.

E agora PT? E agora Luiz?

"Estimado senador Arthur Virgílio:

Respondendo a carta em que vossa excelência me pede para autorizar a suspensão de sigilo sobre os gastos em cartões corporativos ou nas contas B (que se referem a suprimento de fundos) durante meu governo desejo esclarecer que:

1) Nunca houve sigilo nos gastos do Gabinete da Presidência durante meus dois mandatos, mesmo porque não há amparo legal para tal procedimento. Consultei a respeito ministros da Casa Civil e de Relações Institucionais, bem como o secretário-geral da Presidência, que me afiançaram que uma única vez, no início de meu primeiro mandato, lançou-se mão de reserva para a compra de material criptografado e de portas detentoras de metais. Mesmo neste caso, contudo, as contas foram devidamente prestadas ao Tribunal de Contas da União.

2) Não preciso, por conseqüência, abrir mão de prerrogativa que não usei e que é discutível. Basta requisitar as ditas contas à Casa Civil da Presidência da República.

Parece-me estranho, entretanto, que se inicie as apurações revisando contas de meu período governamental, já aprovadas pela Secretaria de Controle Interno da Presidência e pelo Tribunal de Contas da União. Os fatos determinados que deram origem a CPI dos cartões corporativos têm a ver com alegadas retiradas de vultuosas quantias de dinheiro por meio de cartões de crédito na atual administração. Estas é que teriam sido glosadas pelo TCU.

Ainda assim, e apesar da evidente intenção política de confundir a opinião pública como o vazamento recente de informações parciais e destorcidas das contas de meu governo (cuja autoria espero venha a ser efetivamente apurada pelo governo, pos tal procedimento constitui crime), se for para avançar as investigações e abranger o que de fato está em causa, não vejo inconveniente em que o PSDB peça que a CPI tome conhecimento das referidas contas, tanto no meu como no atual governo. É a única maneira de ambos governos se livrarem de suspeitas que, no meu caso, são infundadas e espero que também o sejam no caso do atual governo.

Com minhas cordiais saudações,

Fernando Henrique Cardoso."

Eu queria acreditar no PT

Do Blog do Noblat de 25/03/2008



Diabos! De onde a VEJA tirou dados sobre despesas secretas do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso? Ela diz que foi de um dossiê montado por funcionários do governo com o objetivo de inibir os representantes da oposição na CPI que investiga o uso e os abusos cometidos via cartão corporativo.

Bem, mas o governo nega a existência do dossiê. E contesta os dados publicados pela VEJA. O próprio Lula garantiu que se trata de uma grossa "mentira". A ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, teve a gentileza de telefonar para dona Ruth Cardoso, mulher de FHC, reforçando o que dissera Lula.

Ninguém foi mais enfático do que o ministro Tarso Genro, da Justiça, em negar a existência do dossiê com a finalidade sugerida pela revista. São palavras dele, ditadas, ontem, aos jornalistas:

- Não existe dossiê. O que existe é um trabalho que está sendo feito pela Casa Civil , a pedido do Tribunal de Contas da União e na expectativa da CPI, para oferecer dados que podem ser requisitados pela própria CPI. É indecente pensar que alguém possa fazer dossiê para tratar de um assunto dessa seriedade.

Quer dizer: o que a revista trata como dossiê, o ministro chama de "trabalho". O que a revista afirma que foi feito para constranger a oposição, o ministro alega que não passa de encomenda do Tribunal de Contas da União (TCU). E para quê? "Para oferecer dados que podem ser requisitados pela própria CPI".

E agora vem a Folha da S. Paulo com a história de que o TCU não encomendou nada ao governo, nadinha... Mas como? Isso me deixa confuso. Creio que vocês também devem estar confusos.

Informa o jornal que o TCU fez três auditorias sobre cartões no governo Lula. Transcrevo:

- Em 2006, obteve dados sobre as despesas com suprimento de fundos do Planalto limitadas ao período entre 2002 e 2005. O relatório encaminhado ao tribunal na ocasião não continha dados como os divulgados pela revista referentes a gastos de 1998 a 2001 do ex-presidente, de sua mulher, Ruth Cardoso, e de assessores, além de detalhes sobre gastos secretos. No final de janeiro, o TCU aprovou a abertura de uma nova auditoria, mas o relator, Valmir Campelo, não pediu nenhum dado do sistema de controle da Presidência, o Suprim. O trabalho de auditoria, ainda em curso, terá como base dados do Siafi (sistema de acompanhamento dos gastos federais). Segundo a Folha apurou no TCU, o único pedido relativo à base de dados do Planalto foi uma recomendação, no início de 2007, para aprimorar o controle com esse tipo de gasto. O sistema não produz relatórios sem que haja uma solicitação.

E o que disse depois disso à Folha o ministro da Justiça? Transcrevo:

- Procurado à noite, Tarso disse, via assessoria, que havia se referido justamente ao pedido do TCU para melhoria do controle de despesas. Não explicou a extração de dados do sistema.

Jornalista aprende que deve duvidar sempre, duvidar até o último instante. E só acreditar em algo quando não tiver mais jeito. Pelo menos foi isso o que me ensinaram.

Estou tão cansado de duvidar das explicações oferecidas por este governo para seu comportamento moral que havia decidido consultando cá meus botões - já que não posso consultar os do jornalista Mino Carta: não, dessa vez o governo deve estar dizendo a verdade. Não existe dossiê. Existe, sim, um levantamento de dados pedido pelo TCU para alimentar a CPI. Alguém inventou os dados publicados pela VEJA. E os atribuiu a um dossiê. A VEJA errou. Quando trabalhei na revista, ela não se acanhava de admitir vez por outra: "A VEJA errou".

Mas eis que a Folha publica que o TCU não pediu nada de parecido ao governo. Fora o fato de que líderes dos partidos da base do governo passaram os últimos 45 dias alardeando possuir, sim, números embaraçosos de gastos secretos feitos durante o governo FHC. O ministro Paulo Bernado, do Planejamento, chegou a mencionar em conversa com um senador da oposição que o governo FHC comprou um pênis de borracha - talvez para ser usado em aulas de faculdades de Medicina, concedeu...

Ainda estou disposto a aguardar novas explicações do governo. A velhice começa a me ensinar a ser mais tolerante. E não é possível que um governo tão bem avaliado pela maioria dos brasileiros minta de forma despudorada. Se o melhor que o Brasil tem são os brasileiros, eles não se deixariam enganar com tanta facilidade só porque ganham melhor e podem ir às compras.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Práticas típicas de estado policial e os frívolos

No blog do Reinaldo Azevedo hoje (24/3)

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Se uma parte considerável da imprensa renunciou a seu ofício por alinhamento ideológico com o PT, burrice ou preguiça, ainda não renunciei ao meu. Reparem que não inclui aqui os que fazem outra coisa: prestam serviços ao governo porque vivem do dinheiro público que roubam dos brasileiros. Mas cada coisa a seu tempo. Volto ao ponto.
Tarso Genro, como quem diz “hoje é segunda-feira”, afirma que o governo está fazendo um “minucioso levantamento” dos gastos deste governo e do anterior.
Não parece óbvio? Não parece até justo?
Que o governo fizesse um levantamento dos seus próprios gastos para corrigir falhas e tal, vá lá. É obrigação sua. Que estivesse empenhado em esclarecer os episódios que geraram a CPI, idem. Mas fazer “levantamento” de um governo passado, sem que se saiba qual é o caso que se investiga, corresponde a usar o aparelho de estado como polícia política.
Isso não é normal, não. Pode ser normal na democracia brasileira, assaltada por bananeiros vulgares. Imaginem se um Bush, no primeiro mandato, sem que houvesse uma demanda de uma comissão de investigação do Congresso ou da Promotoria, decidisse escarafunchar as contas de Clinton. Cairia no dia seguinte.Pior: imaginem se esses dados vazassem para a imprensa. Dois funcionários do Departamento de Estado foram demitidos porque, atenção!!!, acessaram a, digamos, ficha de Barack Obama. O jornalismo americano tratou o caso como escândalo.
Mas setores importantes da imprensa estão narcotizados. Em parte, cumprem-se os desígnios do Moderno Príncipe gramsciano: até para se opor ao “partido” (que ele chamava de “Moderno Príncipe”) é preciso ser do “partido”.
Tarso Genro diz: “É só um levantamento”, e muita gente diz: “Viram? É só um levantamento”. Ainda que ele não tivesse sido vazado, caracterizando um dossiê, já seria um crime de lesa democracia.Inverteu-se o fluxo da história e da lógica. Instalou-se uma CPI sem fato determinado para investigar “todo o governo FHC”. Como o fato não existe, é o governo quem, confessadamente, vai fornecer a matéria-prima à comissão.
Vamos ver. Caso um oposicionista vença a disputa presidencial em 2010, os agora oposicionistas, então situacionistas, podem propor uma CPI para investigar o governo Lula. Com que fato? Ora, e quem precisaria disso? Então o presidente da hora autorizaria dois ministérios a escarafunchar a gestão petista para fornecer dados à comissão.
O mundo viria abaixo.
O que se tem aí é um escárnio. Que as ratazanas, mascates e tocadores de tuba endossem o procedimento, vá lá. Estão fazendo as vontades de quem lhes paga o salário e lhes garante o emprego. Mas e os outros?
O PT desarrumou mesmo os critérios e a ética do jornalismo. Muita gente se perdeu.E pensar que há bobalhões preocupados, como é mesmo?, com o “colunismo de direita”. Ainda que existisse, mereceria pau se estivesse endossando práticas típicas de estado policial ou ameaças à liberdade de imprensa. Gente idiota e frívola, abraçada apenas ao próprio rancor!
Dossiê, sim. Um dossiê contra a democracia e o estado de direito.

Fraude com Notas Fiscais no Planalto

Da Folha de São Paulo:


Ministério Público apura fraude fiscal em notas do Planalto

Entre os problemas estão as "notas calçadas", em que o valor da nota na prestação de contas difere do que está no talonário do fornecedor

De Marta Salomon:

O Ministério Público Federal apura irregularidades de natureza fiscal nos comprovantes de despesas com o cartão corporativo da Presidência da República, como suposto crime de sonegação de impostos. Em auditoria preliminar, que deu origem à investigação em curso, o TCU (Tribunal de Contas da União) identificou irregularidades em 35% das notas fiscais analisadas, mantidas em sigilo por regra definida no início da administração Lula.

O trabalho dos procuradores apura ainda se houve pagamentos indevidos em viagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou na segurança de seus familiares. O TCU alegou que não dispunha de instrumentos de fiscalização suficientes para eventualmente responsabilizar também a administração pública pelas irregularidades encontradas nas notas fiscais.

domingo, 23 de março de 2008

O Incra e o MST na devastação da floresta amazônica

A revista Veja desta Semana - Edicão 2053 - traz uma série de matérias em reportagem especial sobre a situação da floresta amazônica. Este tema, que é quase um tabu sobre o qual repousam uma série de idéias pré-concebidas, é material de propaganda extensamente utilizado pela estratégia revolucionária. A revista procurou confrontar conceitos do senso comum sobre o assunto com a visão da realidade e, em um dos temas abrodados, derrubou a falácia governamental sobre as causas do desmatamento e mostrou que o Incra e o MST estão entre os seus principais protagonistas.

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Especial
5. A ameaça do homem

O SENSO COMUM: a devastação e os conflitos na região são causados pela ganância dos fazendeiros.

A VERDADE: vários fatores contribuem para o caos, mas muito do estrago é causado pelo próprio governo.


O diagnóstico é do ambientalista Paulo Adário, coordenador internacional do Greenpeace na Amazônia: "Há uma grande esquizofrenia na ação do governo. Enquanto o Ibama e o Serviço Florestal Brasileiro criam regras e normas elogiáveis, melhoram o sistema de monitoramento para empresas e comunidades, outro órgão do mesmo governo, o Incra, promove assentamentos de sem-terra no meio da floresta. Sem conseguirem sobreviver com a lida da terra, os assentados acabam por desmatar tudo". Apesar de freqüentemente esquecida na questão amazônica, a ação do Incra e de seus parceiros, os sem-terra, responde sozinha por 20% de todo o desmatamento registrado na região. Seis de cada dez famílias que o governo assentou entre 1995 e 2006 foram levadas para a Amazônia. Hoje, elas somam 1,3 milhão de famílias. Cada uma recebeu um lote médio de 100 hectares e a autorização para desmatar apenas 3 hectares por ano. Apesar de esse limite não ser respeitado, as áreas estão a salvo da fiscalização do Ibama por decisão do governo federal. Com a impunidade assegurada, assentados e grupos de sem-terra são atualmente os maiores fornecedores de madeira retirada da floresta sem autorização dos órgãos ambientais.

Em razão de um ranço ideológico dos anos 60, o Incra persegue os agricultores que deixam a floresta em pé. É a ultrapassada idéia de que, se não prepararam a área para o cultivo, é porque estão especulando com a terra. Os fiscais consideram a reserva florestal como terra improdutiva e acabam por designar a fazenda como de interesse para a reforma agrária. Com medo de serem desapropriados, os agricultores vêem a reserva florestal como uma área que precisa ser derrubada quanto antes. Na Amazônia há uma profusão de grupos oportunistas, criados para invadir terras. Esses sem-terra são, na realidade, gente pobre que vive e tem casa nas cidades do entorno, mas aproveita a infra-estrutura oferecida pelo Incra para tentar descolar um pedaço de terra. Para alegarem que a gleba é improdutiva, os invasores atacam as áreas de mata e reserva legal. Para justificarem que estão tornando o lugar produtivo, jogam a floresta no chão para plantar roçados e montar acampamentos. Em todos esses casos, os invasores contam com a ajuda do Incra. Basta o envio de um cadastro das famílias para o governo mandar cestas básicas mensalmente. Além do conhecido MST, entraram em ação movimentos obscuros como a Liga dos Camponeses Pobres, a Federação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar e a belicosa Liga Operária e Camponesa. O resultado é o caos na floresta. Dos 761 conflitos pela terra registrados no Brasil em 2006, quase metade ocorreu na Amazônia.

Sem-terra, mas com madeira da reserva

Há oito meses, a maranhense Chislene Souza, de 31 anos, apenas dorme em sua casa de tijolos em Santana do Araguaia, no sul do Pará. Ela passa o dia numa barraca de lona às margens da BR-158. Como ela, outras oitenta famílias que invadiram a fazenda Ouro Verde sob a chancela da Federação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) esperam ganhar parte da propriedade e 18 000 reais do Incra para começar as roças. "Por ora, a gente só ganha cesta básica", choraminga. Enquanto esperam, Chislene e os companheiros roem a reserva florestal da fazenda para vender a madeira.

sábado, 22 de março de 2008

De fachada, como sempre

Do blog Alerta Total, de 21/3/2008

Empresa de fachada

O Tribunal de Contas da União investiga por que a Presidência da República, em três anos, pagou R$ 7,4 milhões à Victory Rent a Car.

O TCU quer saber por que, no endereço onde deveria ser sede da locadora, funciona uma clínica de estética.

Também quer saber porque as duas proprietárias da empresa de locação (um negócio altamente lucrativo) vivem na miséria.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Los socios Lula y Chávez sellaron una ambiciosa alianza estratégica

Página/12
Por Clodovaldo Hernández* - Desde Caracas

Petróleo, gas, tecnología militar, agroindustria, ganadería, telecomunicaciones: el espectro de la alianza estratégica sellada ayer por los presidentes Luiz Inácio Lula da Silva y Hugo Chávez es amplio y ambicioso y, de concretarse en negocios reales, podría convertir la sociedad de Brasil y Venezuela en una de las más dinámicas de América del Sur. Ambos gobernantes expresaron su convencimiento de que la alianza depende de la participación de los empresarios. Chávez, que ha tenido seis años de relaciones tensas con el sector privado, afirmó que “sin la participación de los empresarios de Brasil y de Venezuela, no funcionará esta alianza”. “Asóciense, hagan negocios, generen ingresos y puestos de trabajo. El éxito individual de ustedes también será el éxito de todos nosotros. Porque, como ha dicho el presidente Chávez, unidos alcanzaremos niveles superiores de libertad”, expresó Lula. Este y Chávez instalaron un Encuentro Empresarial Venezolano-Brasileño, que sesionó en el Palacio de Miraflores, sede del gobierno venezolano, de manera simultánea con la cumbre de los dos mandatarios. Lula señaló que el acercamiento de relaciones entre Venezuela y Brasil acelerará el proceso de integración sudamericana y elevará el intercambio comercial que –dijo– se incrementó de 880 millones de dólares en 2003 a 1600 millones en 2004 y prevé cerrar en 3 mil millones este año.
En el salón, en una escena totalmente atípica, se encontraban importantes figuras del sector privado venezolano, como Lorenzo Mendoza, capitán de poderoso Grupo Polar, el más grande del país en los campos agroindustrial y de la cerveza. Los empresarios venezolanos creen que la alianza debe apuntar no sólo a un mayor volumen de negocios, sino también a equilibrar la balanza bilateral, pues de los mil seiscientos millones de dólares del intercambio, apenas 200 son de exportaciones venezolanas, según lo explicó Nelson Quijada, presidente de la Cámara Venezolano-Brasileña de Industria y Comercio. Adicionalmente, la mayor parte de esos 200 millones de dólares ha corrido por cuenta de corporaciones estatales como Petróleos de Venezuela –Pdvsa–, por lo que puede afirmarse que la participación de los privados venezolanos ha sido realmente marginal. Todo parece indicar, sin embargo, que el Estado seguirá siendo el motor fundamental de esta relación bilateral, pues el eje de los acuerdos firmados es un joint venture de las dos corporaciones petroleras estatales, Pdvsa y Petrobras, que en principio tiene el objetivo de emprender la explotación de gas natural en Brasil, con la tecnología y experiencia de la industria venezolana. Entre los proyectos concretos en el campo petrolero está la construcción en territorio brasileño de una refinería para petróleo venezolano. Asimismo hay planes para utilizar de manera óptima los recursos de transporte y distribución de crudos y productos refinados. La alianza tiene una marcada impronta energética, pues 14 de los 20 acuerdos suscritos tienen que ver con petróleo, electricidad y fuentes alternativas, como una planta de etanol que será instalada en los llanos venezolanos. Asimismo, tendrá especial importancia el convenio para la compra de aviones de combate Tucano por la Fuerza Aérea venezolana. Estas adquisiciones fueron anunciadas por el presidente Chávez en su programa de radio y televisión del domingo, tras haber denunciado que Estados Unidos está poniendo obstáculos al suministro de repuestos de los caza-bombarderos F-16 que posee Venezuela desde los años ’80. Además, se contemplan ejercicios militares conjuntos en la Amazonia venezolano-brasileña. Los presidentes, que tienen conocidas coincidencias ideológicas, destacaron que el entendimiento económico es la expresión del propósito de integración política. Como una demostración de ello, celebraron ayer una especie de Consejo de Ministros conjunto, un hecho sin precedentes en las relaciones bilaterales. “Lo que estamos haciendo aquí es concretando una aspiración de aquellos que lucharon por la libertad de Venezuela y Brasil, que soñaron con dos naciones soberanas, libres y autónomas y con la autodeterminación de sus pueblos. Estamos concretando una alianza estratégica profunda que resalta las potencialidades de ambos países”, señaló el mandatario brasileño.

* De El País de Madrid. Especial para Página/12.

quarta-feira, 19 de março de 2008

segunda-feira, 17 de março de 2008

Economista defende moeda única para a AL

Embora o assunto pareça puramente econômico, e dentro da linha de unificação econômica sugerida pelo Mercosul e implementada na União Européia, existem certos temas abordados de maneira viesada no texto, que levam a crer em uma integração latinoametricana dentro dos moldes imaginados pelo Foro de São Paulo...

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Da Agência Estadual de Notícias

O economista e escritor César Benjamin reiterou ,nesta segunda-feira (17), em Foz do Iguaçu, a proposta de integração da América Latina com base na constituição de uma moeda contábil única, a amplitude da matriz energética e um plano de desenvolvimento para a Amazônia. Benjamim participou da abertura do ciclo de palestras e debates Diálogos da Fronteira, organizada pela Fundação Parque Tecnológico Itaipu.

Segundo Benjamim, as propostas sustentam a idéia central de unificar a economia, a cultura e o que chamou de “conjunto sociológico” regional. Assim, o processo de federalização para formar-se o mega-estado ou bloco independente deve iniciar com a criação do Banco Central da América Latina.

A instituição se implantada, conforme o economista, assumirá responsabilidade na emissão de uma única moeda contábil, independente do dólar ou de outros bens monetários. A proposta segue o mesmo modelo implantado na última década pela Europa com a difusão do Euro entre nações que compõem o bloco econômico europeu. “Uma moeda única nos daria geometria ao sistema, autonomia e força nas relações comerciais com outros blocos”, disse.

Matriz Energética - Na outra ponta do projeto de integração da América Latina, aparece a ampliação da matriz energética do continente. Nesse contexto, César Benjamim considera Brasil, Bolívia e Venezuela países estratégicos para o sucesso do programa. A região tem espaço geográfico apropriado para a expansão de projetos na área energética, recursos naturais em abundância e excelentes condições climáticas.

Benjamim citou a Venezuela como exemplo de potencial energético. O país tem a segunda maior reserva de petróleo do mundo, perdendo apenas para a Rússia, gás em excesso e um grande potencial hidrelétrico. “Dois fundamentos pressupõem o sucesso de qualquer projeto: alimento e energia. A América do Sul, para nossa felicidade, apresenta superávit nesses dois pontos”, afirmou.

Considerado a maior fronteira aberta agrícola do mundo, com imensas áreas de terra, o Brasil oferece potencial hidrelétrico, autonomia de reservas de petróleo e capacidade para expansão de outras matrizes energéticas, como o biodiesel. “Somos uma grande casa de força que pode sustentar-se sozinha, sem a interferência de nenhuma outra nação”, frisou.

Já a Bolívia, além da capacidade de produção de energia, é apontada como protagonista de um papel muito mais simbólico em todo o processo. Isso porque o país mantém as origens culturais ao conservar, em parte, a identidade da América Latina, com os povos indígenas, juntamente com o avanço tecnológico. “Acho que a idéia de integração passa, inicialmente, por essas três nações que representam a verdadeira face do continente”.

Amazônia - O terceiro pilar para a o movimento de unificação da região refere-se à implantação de um projeto ousado e inovador para o desenvolvimento sócio-ambiental da Amazônia. O plano deve estar amparado pela tecnologia através de programas relacionados à biotecnologia, exploração adequada das jazidas de minérios da floresta e pelo gerenciamento das reservas de água, que hoje concentram cerca de 60% da água doce do mundo.

Hoje, no entanto, acontece o sentido reverso do progresso. A exploração da Amazônia tem sido feita de maneira errada através do plantio de sementes em grandes áreas de terras, abertas no meio da floresta, cultivo de gado e pela venda ilegal de madeira. “A tecnologia que se usa atualmente é a mesma que se aplicava há 10 mil anos, quando o homem cortava as árvores e cuidava de rebanhos”, afirmou César Benjamim.

Segundo o pesquisador, a Amazônia tem recursos estratégicos que podem situar o Brasil na vanguarda da alta tecnologia do século 21. Para isso, precisa-se de investimentos expressivos em pesquisas científicas, além da criação de um plano estratégico para o desenvolvimento econômico, social e ambiental da região. “Precisamos criar uma espécie de Petrobras na Amazônia, que provoque o desenvolvimento tecnológico da região, através de pesquisas em sinergia com os interesses nacionais”.

sábado, 15 de março de 2008

POR QUE NÃO SE CALA: ENVIE SOLDADOS OU CALE A BOCA, DIZ CORREA A BUSH

Na Folha de São Paulo - desnecessário comentar a estupidez da afirmação... embora talvez Bush realmente não tenha entendido ainda o que está acontecendo na AL, ou seja, uma tentativa de ressurreição do comunismo radical praticado na URSS: a criação da URSAL!!

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O presidente do Equador, Rafael Correa, cobrou que o presidente dos EUA, George W. Bush, mande tropas à fronteira norte do país para atuar no conflito colombiano ou "cale a boca" sobre a crise na região. "Traga, sr. Bush, seus soldados, que sejam seus soldados que morram na fronteira sul colombiana! [...] Se não, cale a boca e entenda o que está acontencendo na América Latina", disse. O Equador ainda não reatou as relações diplomáticas com a Colômbia, a quem acusa de orquestrar campanha midiática. Bogotá e Caracas fizeram as pazes e os respectivos presidentes renovaram compromisso de "colaboração" contra grupos violentos.

Jobim venderá tese do Foro de São Paulo nos EUA

Matéria na Folha de São Paulo - o assunto foi abordado por Reinaldo Azevedo em seu blog no post das 15h51min de 14 de março. Ele mesmo comenta: "A tese de um Conselho de Defesa ou de uma “OEA do B” é do Foro. Objetivo? Digamos que seria eliminar a “influência” americana no Continente. A Colômbia democrática, vocês sabem, sem a cooperação dos EUA no combate ao terrorismo, estaria mergulhada no caos. O caos que Jobim vai vender aos americanos."

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Jobim "venderá" conselho de defesa nos EUA

Ministro chega na terça a Washington para promover projeto do presidente Lula de orgão coordenado sul-americanoEle se reúne com colega da Defesa e com Rice; estratégia é ter simpatia de Washington à proposta e participação de Caracas

SÉRGIO DÁVILA - DE WASHINGTON

O ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, chega a Washington na terça para uma visita de quatro dias. Um dos objetivos é reforçar junto ao governo Bush a necessidade da criação de um conselho de segurança da América do Sul e obter apoio à iniciativa. O brasileiro será recebido por seu colega norte-americano, o secretário da Defesa Robert Gates, e pela secretária de Estado, Condoleezza Rice.Em 14 de abril, Jobim deve visitar Caracas, onde fará o mesmo com o venezuelano Hugo Chávez. Ambas as viagens acontecem como parte do plano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de criação do Conselho Regional de Defesa, proposto por ele no dia 4 de março último, após a crise gerada pela operação militar colombiana no Equador.
Agora, Jobim testará as águas no Pentágono -os EUA não fariam parte do conselho, mas o fato de não oferecerem oposição a ele ajudaria o Brasil a ganhar a simpatia de aliados do país, como a Colômbia. Para tanto, o ministro da Defesa falará não só com Gates e Rice, mas também fará palestras à comunidade de defesa local.Então, fará o mesmo com Hugo Chávez. Com o apoio dos dois principais antagonistas do continente, o Itamaraty crê que a aceitação da idéia pelos demais países será mais fácil.
Jobim afirmou ontem, no Rio de Janeiro, já ter conversado preliminarmente com os ministros da Argentina e do Chile sobre o conselho. Rejeitou o rótulo de "Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) do Sul": "Queremos a formação de um grande plano de defesa coincidente, para o continente".Sobre as declarações de Rice de que os países devem cuidar de suas fronteiras de modo a evitar que escondam terroristas, Jobim disse que o Brasil "não tem problemas de fronteira". "Nossa grande fronteira é a Amazônia, que está toda monitorada", afirmou.
Sondagem com Rice
Lula tocou no tema em reunião com Rice na quinta-feira, em Brasília. Para ele, o Brasil poderia ser o representante de tal mecanismo junto ao Conselho de Segurança da ONU.
Se a criação da nova entidade contou com a simpatia da chefe da diplomacia americana, a representação na ONU não teve a mesma receptividade. À imprensa ela diria que não vê problemas na criação do conselho e que estava contando com a liderança brasileira.
Mas defendeu a Organização dos Estados Americanos (OEA) como um fórum natural para esse tipo de discussões. "Obviamente, a OEA é um meio hemisférico de coordenação", disse, referindo-se ao organismo regional com forte influência dos EUA. O país banca cerca de 60% do orçamento da entidade, com sede em Washington.O Brasil joga com o temor nos EUA do que o país chama de corrida armamentista venezuelana na América do Sul. A preocupação foi o assunto principal do depoimento do comandante-em-chefe do Comando Sul (Southcom, na sigla em inglês) ao comitê das Forças Armadas da Câmara dos Representantes, na quinta-feira.
Depois de afirmar que a resolução pacífica do conflito entre Colômbia e Equador foi "encorajadora", o responsável do Pentágono pela região diria ter "dificuldade em entender" por que o atual nível de armamento é necessário para a Venezuela. "Porque, como vimos, essa é uma região não-inclinada a ir à guerra, mas com capacidade de resolver pacificamente seus problemas", disse o almirante James Stavridis.

Terror premiado



Alexandre Oltramari - Veja edição 2052


Robson Fernandjes/AE

Lovecchio Filho perdeu a perna com a explosão: "Só quero justiça"


O Brasil continua vivendo o paradoxo de premiar quem deveria ser punido e punir quem deveria ser premiado. Em 1968, Orlando Lovecchio Filho, então com 22 anos, foi vítima de um ato terrorista. Uma bomba detonada por militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), um grupo terrorista de esquerda, dilacerou uma de suas pernas, que teve de ser amputada. A ação tinha como alvo o consulado americano em São Paulo. Mutilado, Lovecchio, a vítima, teve de abandonar o sonho de se tornar piloto comercial e, há quatro anos, passou a receber do INSS uma pensão por invalidez no valor de 571 reais. Na semana passada, o colunista Elio Gaspari, dos jornais O Globo e Folha de S.Paulo, revelou que o destino, ou melhor, o estado brasileiro foi bem mais generoso com um outro personagem da história. Diógenes Carvalho Oliveira, o autor do atentado, recebeu do governo federal a confirmação de sua aposentadoria como vítima da repressão durante o governo militar. Além de uma pensão vitalícia de 1 627 reais, Diógenes vai embolsar 400 000 reais referentes a pagamentos atrasados. Um prêmio, sem dúvida, ao absurdo.
Depois do atentado, Diógenes ainda participou de cursos de treinamento em explosivos em Cuba, atacou quartéis do Exército e esteve envolvido na execução de um americano considerado suspeito. Preso, ele foi torturado pelos agentes do governo e, depois, libertado em troca do cônsul do Japão em São Paulo, que havia sido seqüestrado pela guerrilha. O terrorista fugiu para o México, viveu na Europa e passou três anos na África. De volta ao Brasil, foi filiado ao PT até sua voz aparecer em uma gravação na qual pedia ao chefe da polícia do Rio Grande do Sul que aliviasse a repressão aos bicheiros gaúchos. Desde 2002, existe uma lei que garante aos anistiados políticos uma reparação financeira por eventuais danos ou abusos cometidos pela ditadura militar. Por mais absurdo que isso possa parecer, portanto, a indenização paga pelo governo a Diógenes Oliveira, o terrorista que matou e mutilou um inocente, é perfeitamente legal, embora possa ser considerada injusta.

Zero Hora

Diógenes Oliveira, autor do atentado terrorista: a lei nem sempre é justa
Lovecchio Filho, a vítima que foi mutilada, teve de abandonar o curso de piloto, estudou administração, montou uma empresa e faliu quando Fernando Collor confiscou a poupança. Hoje, separado e pai de um filho, trabalha como corretor de imóveis no litoral paulista. Ao saber do prêmio dado ao terrorista, ele apenas lamentou e disse que já escreveu três cartas ao presidente Lula para pedir que seja criada uma lei que garanta os mesmos benefícios às vítimas da guerrilha. "Não quero vantagem nenhuma. Só igualdade e justiça", diz ele. As cartas nunca foram respondidas.

sexta-feira, 14 de março de 2008

ESTADO DE ANOMIA

Marcel Domingos Solimeo
Diretor do Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo

Resumo: Grupos que agridem o direito de propriedade e, muitas vezes, até a integridade física de outros, são considerados "movimentos sociais " e suas agressões tratadas como "reivindicações de excluídos".
© 2008 MidiaSemMascara.org

Algum tempo atrás, um amigo, economista de um organismo internacional dizia que não acreditava que o Brasil pudesse se tornar uma nação desenvolvida porque não havia aqui o respeito às instituições. Exemplificava ele que "no mundo inteiro o direito de propriedade é defendido pelo proprietário e pela polícia. No Brasil, esse direito depende do Poder Judiciário. Nos países desenvolvidos, qualquer agressão ao direito de propriedade é punida. No Brasil, nada acontece com os agressores". Na verdade, o que ocorre no Brasil em relação às invasões e agressões ao direito de propriedade pelo MST e seus aliados, é o que Ralf Dahrendorf chama de "estado de anomia", que se caracteriza por "uma condição social em que as normas reguladoras do comportamento das pessoas perderam validade". Para Dahrendorf, "se as violações das normas não são punidas, ou não são punidas de forma sistemática, elas tornam-se em si, sistemáticas... A impunidade, ou a desistência sistemática de punições, liga o crime e o exercício da autoridade. Ela nos informa sobre a legitimidade de uma ordem." No Brasil, o que vem ocorrendo em relação ao MST e a seus parceiros é que, além de não haver punições, existe não apenas a omissão como o estímulo do governo para suas ações, na medida em que parte importante dos recursos dessa organização são de origem governamental (outra parte vem do exterior, principalmente de países concorrentes ou cujos produtores são afetados pelo agronegócio brasileiro). E, agora, para desmentir o ditado de que "o crime não compensa ", o INSS vai assegurar aposentadoria a uma nova categoria de beneficiário, a dos invasores de terra. Isso explica a atuação cada vez mais agressiva desses grupos, atingindo rodovias, a ferrovia da Vale do Rio Doce, plantações, laboratórios, órgãos públicos, etc. A passividade com que a sociedade brasileira vem aceitando essas agressões, resulta, em grande parte, do processo gradativo de anestesias, na linha pregada por Gramsci, através da mudança do sentido das palavras, com a ditadura do "politicamente correto" que, ao mudar o sentido das palavras, faz com que elas passem a indicar quase o seu contrário. Assim, invasão de propriedades, crime configurado no Código Penal, passa a ser tratado como "ocupação ". Invasores, são chamados de "sem-terra ", como a sugerir que eles têm um direito à terra, que lhes foi retirado, embora grande parte deles seja de origem urbana e uma parcela cada vez maior da população brasileira seja "sem-terra" na medida em que o país se urbaniza. Grupos que agridem o direito de propriedade e, muitas vezes, até a integridade física de outros, são considerados "movimentos sociais " e suas agressões tratadas como "reivindicações de excluídos". Parece que precisamos começar a chamar as coisas novamente por seus verdadeiros nomes, como fez o diretor de Assuntos Corporativos da Vale que afirmou que "discordamos desses atos de banditismos e não negociamos com bandidos". Esse talvez seja o primeiro passo para se discutir seriamente os riscos que esses atos de violência podem acarretar para o País: crime é crime, não importa quem ou por que o cometa. Considerar que a "violência contra as coisas" pode ser aceitável quando praticada por determinados grupos é, segundo Dahrendorf, um equívoco. Primeiro porque ela pode descambar para a "violência contra as pessoas", como tem ocorrido em vários episódios das agressões praticadas pelo MST, resultando, inclusive, em mortes. Segundo, e mais importante, porque representa uma "violência contra as instituições ", que são as bases sobre as quais se assenta a convivência social e a economia de mercado. Talvez os últimos acontecimentos, mostrando que o MST e seus parceiros não estão preocupados com "reforma agrária", mas, sim, em impedir o progresso tecnológico do agronegócio, incluindo a energia renovável, no qual o Brasil é extremamente competitivo no mercado internacional, possa despertar a atenção dos empresários dos demais setores, para que se posicionem e exijam do governo o cumprimento da Lei e a manutenção da Ordem.

Publicado pelo Diário do Comércio em 12/03/2008

Engenharia da confusão

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio (editorial), 14 de março de 2008

O psicólogo russo Ivan Pavlov ( 1849 - 1936 ) demonstrou que a estimulação contraditória é a maneira mais rápida e eficiente de quebrar as defesas psicológicas de um indivíduo (ou de um punhado deles), reduzindo-o a um estado de credulidade devota no qual ele aceitará como naturais e certos os comandos mais absurdos, as opiniões mais incongruentes.
Isso funciona de maneira quase infalível, mesmo que os estímulos sejam de ordem puramente cognitiva e sem grande alarde emocional (frases contraditórias ditas numa seqüência camuflada, de modo a criar uma confusão subconsciente). Mas é claro que funciona muito mais se o sujeito for submetido ao impacto de emoções contraditórias fortes o bastante para criar rapidamente um estado de desconforto psicológico intolerável. Esse mesmo desconforto serve de camuflagem, pois a vítima não tem tempo de averiguar que a contradição vem da fonte, e não do seu próprio interior, de modo que ao estado de aflição vêm somar-se a culpa e a vergonha. A reação automática que se segue é a busca desesperada de um novo padrão de equilíbrio, isto é, de um sentimento mais abrangente que pareça comportar em si, numa síntese dialética, as duas emoções inicialmente vivenciadas como contraditórias, e que ao mesmo tempo possa aliviar o sentimento de vergonha que o indivíduo sente perante a fonte estimuladora, que a esta altura ele toma como seu observador crítico e seu juiz.
Se o leitor examinar com certa atenção o discurso esquerdista, verá que ele procura inspirar no público, ao mesmo tempo, o medo e a compaixão. Esta dupla de sentimentos não é contraditória em si, quando cada um deles se coloca num plano distinto, como acontece na tragédia grega, onde os espectadores sentem compaixão pelo herói e medo da engrenagem cósmica que o oprime. Mas, se o objeto de temor e de compaixão é o mesmo, você simplesmente não sabe como reagir e entra num estado de “dissonância cognitiva” (termo do psicólogo Leon Festinger), a um passo da atonia mental que predispõe à subserviência passiva.
Digo medo e compaixão, mas nunca de trata de emoções simples e unívocas, e sim de duas tramas emocionais complexas que prendem a vítima ao mesmo tempo, tornando-a incapaz de expressar verbalmente a situação e sufocando-a numa atmosfera turva de confusão e impotência.
Na política revolucionária, a estimulação contraditória toma a forma de ataques terroristas destinados a intimidar a população, acompanhados, simultaneamente, de intensas campanhas de sensibilização que mostram os sofrimentos dos revolucionários e da população pobre que eles nominalmente representam. As destruições de fazendas pelo MST são um exemplo nítido: a classe atacada fica paralisada entre dois blocos de sentimentos contraditórios – de um lado, o medo, a raiva, o impulso de reagir, de fugir ou de buscar proteção; de outro, a compaixão extorquida, a culpa, o impulso de pedir perdão ao agressor.
Não é coincidência que a primeira descrição científica desse mecanismo tenha sido obra de um eminente psicólogo russo: o emprego da estimulação contraditória já era uma tradição no movimento revolucionário quando Ivan Pavlov começou a investigar o assunto justamente nos anos em que se preparava a Revolução Russa. Seus estudos foram imediatamente absorvidos pela liderança comunista, que passou a utilizá-los para elevar a manipulação revolucionária da psique às alturas de uma técnica de engenharia social muito precisa e eficiente, capacitada para operações de grande porte com notável controle de resultados.
Nas últimas quatro décadas, com a passagem do movimento revolucionário da antiga estrutura hierárquica para a organização flexível em “redes” informais com imenso suporte financeiro, o uso da estimulação contraditória deixou de ser uma exclusividade dos partidos comunistas e se disseminou por toda sorte de organizações auxiliares – ONGs, empresas de mídia, organismos internacionais, entidades culturais -- cuja índole revolucionária não é declarada ex professo , o que torna o rastreamento da estratrégia unificada por trás de tudo um problema muito complexo, transcendendo o horizonte de consciência das lideranças empresariais e políticas usuais e requerendo o concurso de estudiosos especializados. Em geral, os liberais e conservadores estão formidavelmente desaparelhados para enfrentar a situação: esforçam-se para conquistar o público mediante argumentos lógicos em favor da democracia e da economia de mercado, quando o verdadeiro campo de batalha está situado muito abaixo disso, numa zona obscura de paixões irracionais administradas pelo adversário com todos os requintes da racionalidade e da ciência.
Em artigos vindouros ilustrarei o emprego da estimulação contraditória por vários “movimentos sociais”: feminista, gayzista, abortista, ateísta, ecológico, etc.