Recordar é viver - Quem cantou a pedra do dossiê
Trechos de nota aqui publicada em 14 de abril último:
"Quem disse: “Ninguém colocará o governo nas cordas. Vamos abrir o suprimento de fundos desde lá atrás"? Foi o ministro Franklins Martins, da Comunicação Social.
Quem disse: “Na hora que começarmos a mexer em contas do tipo B, eu sei, ou melhor prevejo, que vamos encontrar coisas muito piores”? Foi Paulo Bernardo, ministro do Planejamento.
E quem disse: “Como a CPI do Cartão se propõe a investigar suprimentos de fundos desde 1998, vamos ser instados a prestar informações sobre exercícios passados. É possível que encontremos algo muito além da tapioca, que se tornou algo jocoso”? Foi o ministro Jorge Hage, da Controladoria Geral da União.
De fato, não teve pedra mais cantada do que essa do dossiê – e é espantosa a desfaçatez com que o governo nega que tenha alguma coisa a ver com ela.
Espantosa, não. Afinal, apenas com despesas consideradas de “interesse da segurança do Estado”, o governo federal gastou R$ 98,7 milhões entre 2004 e 2007. Os gastos foram de R$ 16,9 milhões em 2004 e de cerca de R$ 25 milhões em 2006.
No ano passado deram um salto de 42,8%, passando para R$ 35,7 milhões. Que tal?
Que tal é que, além de chantagear a oposição, o governo só fez mentir desde a revelação da existência de um dossiê sobre gastos sigilosos bancados pelo governo anterior.
Mentiu ao proclamar que não havia dossiê. Mentiu ao dizer que levantara as informações a pedido do Tribunal de Contas da União. Mentiu ao atribuir à CPI do Cartão a encomenda do levantamento. Mentiu ao insinuar que o dossiê possa ter sido montado por um espião do PSDB infiltrado no Palácio do Planalto.
E novamente mentiu ao alimentar a suspeita de que os computadores da Casa Civil possam ter sido invadidos por alguém de fora.
Lembra do mensalão – o suborno de deputados para que votassem conforme a orientação do governo? O Procurador Geral da República concluiu que o mensalão existiu. E que serviu ao objetivo de “uma sofisticada organização criminosa” interessada em dominar o aparelho do Estado.
Até hoje Lula e sua turma insistem em dizer que o mensalão não passou de Caixa 2, crime praticado por todos os partidos. Nada demais, pois, que prefiram chamar dossiê de “banco de dados”. E que aleguem que dossiês são instrumentos legítimos da disputa política.
A encrenca ficará de bom tamanho se o delegado da Polícia Federal encarregado do caso descobrir quem vazou o dossiê.
Não parece razoável que ele queira saber em seguida quem fez o dossiê? E quem mandou fazê-lo? (Oi, Erenice Guerra, braço-direito da ministra Dilma Rousseff! Oi, Dilma! Oi, Lula! Esse sempre poderá escapar jurando que não sabia e que foi traído.)
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