Quem somos

Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brazil
Olá! Somos um grupo de amigos preocupados com os rumos tomados pela nossa insólita Nação que, após anos de alienação intelectual e política que tolheu de muitos a visão do perigo, caminha a passos largos rumo a um socialismo rastaquera, nos moldes da ilha caribenha de Fidel, ou ainda pior. Deus nos ajude e ilumine nesta singela tentativa de, através deste espaço, divulgar a verdade e alertar os que estão a dormir sem sequer sonhar com o perigo que os rodeia. Sejam bem vindos! Amigos da Verdade

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Monstros

Olavo de Carvalho
Jornal do Brasil, 28 de fevereiro de 2008

Para os comunistas e seus bajuladores, a morte de uns 400 terroristas, durante o regime militar brasileiro, foi algo de incomparavelmente mais grave, mais revoltante, mais intolerável do que a matança de 75 milhões de civis chineses pela ditadura de Mao Dzedong, de 20 milhões de russos pelo governo soviético ou de 3 milhões de cambojanos pela quadrilha de Pol-Pot. Claro, os comunistas são diferentes de nós. Segundo Che Guevara, são "o primeiro escalão da espécie humana". Se você mata um deles, mesmo em defesa própria, é crime hediondo. Se ele mata 100 mil de nós, desarmados e amarrados, torna-se um herói, que é como o senhor Mino Carta define Fidel Castro.

Protestando contra a comparação quantitativa entre a ditadura brasileira e a cubana, que o colunista Reinaldo Azevedo faz na última Veja, Gerald Thomas vocifera seu sacrossanto horror à contagem de cadáveres e em seguida se põe a contá-los por sua vez, acusando os militares brasileiros pela "perda da vida de milhares, digo, milhares de vidas inocentes". Primeiro, não eram inocentes: eram guerrilheiros armados, que só começaram a morrer depois de estourar com bombas dezenas de civis (estes sim, inocentes). Segundo: não foram milhares, foram quatro centenas na mais hiperbólica das hipóteses, jamais submetida a revisão crítica. Para Gerald Thomas, números são um expediente retórico desonesto quando verdadeiros: só os falsos são argumentos honrados.

Sinceramente, já estou velho demais para continuar fingindo que indivíduos capazes de julgar seus semelhantes com um critério tão desproporcional, tão disforme, tão manifestamente iníquo, sejam pessoas normais e decentes com quem eu não tenha senão divergências filosóficas. Esses sujeitos são doentes, são sociopatas perigosos, incapazes de olhar para os discordantes sem antever, com sádica alegria, o cadáver do "inimigo de classe" girando no espeto como um frango no forno da História.

Eis alguns - só alguns - dos objetivos proclamados abertamente pelos líderes e mentores comunistas:

1. Karl Marx: extermínio de classes sociais inteiras e de uns quantos "povos inferiores" (sic).

2. V. I. Lênin: terrorismo sistemático como fórmula de governo.

3. Leon Trotsky: militarização completa do trabalho industrial e agrícola. Supressão da liberdade de escolher emprego.

4. Stálin: "Morte aos pequenos proprietários rurais. Ódio e desprezo aos que os defendem" (sic).

5. Che Guevara: Treinar os militantes para que se tornem "eficientes e frias máquinas de matar" (sic).

Notem bem: não são crueldades impremeditadas, sobrevindas no calor da batalha. São intenções declaradas.

Como é possível que alguém em seu juízo perfeito considere o comunismo um belo ideal humanitário, que um acaso infeliz desviou de seus altos propósitos?

Foi só por um desejo insano de enganar-se retroativamente a si próprios que muitos comunistas, depois da morte de Stálin, começaram a espremer seus cérebros para explicar como o regime dos seus sonhos pudera "degenerar" em tanta violência e maldade. Não era degenerescência: era a execução racional e bem sucedida de planos traçados com muita antecedência - desde Marx - e levados à prática com a frieza metódica de uma obra de engenharia.

Fidel Castro, Guevara, Pol-Pot, Lênin, Stálin, Trótski, Marx - quem quer que escreva uma só palavra em favor desses monstros é seu semelhante, distinguindo-se deles em tamanho apenas, não em qualidade. Ainda que por covardia ou falta de ocasião não venha a realizar pessoalmente seus desígnios macabros, não esconde sua admiração por quem os realiza. E depois ainda se faz de horrorizado ante quem cometeu crimes incomparavelmente menores, se é que é crime apelar à violência para deter um genocídio anunciado e já em fase avançada de execução.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Se não pode vencê-los...

Pronto... era só o que faltava... o mineiro Aécio Neves acaba de corroborar a teoria petista de que "todos os políticos são iguais, se a gente rouba, eles roubaram antes, sempre foi assim..." e por aí adiante.

Vejam as declarações do governador mineiro conforme constam no site da Veja on-line:

"Nós, que já temos identidade em tantas questões, em especial nas econômicas, quem sabe não podemos estar juntos na construção de um grande projeto futuro".

"(PT e PSDB) não precisam ser inimigos declarados por toda a vida".

"Há figuras do PT com as quais tenho identidade. O Brasil precisa viver uma fase mais madura. Precisamos buscar alianças onde existe identidade. Acho que esse possível entendimento, algo em curso na terceira capital do país, onde eventualmente o PSDB e o PT poderão estar juntos em torno de um projeto para as cidades, pode ser uma sinalização".

O que causa espanto é a cara de pau com que estes dois partidos, que foram protagonistas das maiores rivalidades eleitorais desde a abertura democrática, tenham a coragem de cogitar uma aliança, haja visto tudo o que um já falou, denunciou e arquitetou contra o outro. Ou ainda a desfaçatez de Aécio em contrariar alguns caciques do PSDB, que são notoriamente contra essa aproximação, em defesa de um projeto pessoal de poder que visa única e exclusivamente capacitá-lo a galgar a presidência da república através do apoio direto do presidente molusco. Será que Aécio esqueceu a responsabilidade petista sobre o escândalo do dossiê, o movimento "fora FHC", as acusações de "heraça maldita" e outros pontos que favorecem o "entendimento" de maneira tão civilizada? É, tá difícil de acreditar nesse papo de afinidades...

Bem, temos que admitir, na sua origem socialista os dois partidos estão realmente unidos como gêmeos siameses. Os ideólogos do partido dos trabalhadores e o sociólogo FHC foram igualmente mandados "ver a vaca" no exterior, onde puderam refinar suas teorias social-marxistas com os requintes gramscianos que possibilitaram implantar a revolução cultural na Amércia Latina com sucesso indubitável. Por isso talvez, ou inconscientemente como é a característica dos inocentes úteis da revolução gramsciana, Aécio admita que exista "identidade" com figuras do partido da estrela vermelha.

A dar substância a estas especulações, estão as declarações do mineiro de que uma aliança favoreceria a "construção de um grande projeto futuro" pois, como é sabido, o ideal revolucionário (que é a essência do socialismo, do comunismo e de todos os regimes autocráticos que advogaram a reconstrução da sociedade) está sempre baseado numa promessa de futuro paradisíaco que nunca se realiza. Justamente pelo fato de ser impossível a obtenção deste futuro ideal, o partido que segue a cartilha gramsciana sub-roga a si mesmo o monopólio das soluções e do conhecimento que pode levar o povo ao seu destino profético. O povo, anestesiado pela ação sub-reptícia dos agentes gramscianos (representantes da "cultura", artistas e intelectuais politicamente corretos, ongeiros e ambientalistas fanáticos, etc.) acredita na promessa paradisíaca e mansamente deposita seu futuro nas mãos desta súcia. Assim, através de instrumentos democráticos, Gramsci ensinou à esquerda a receita para reverter os erros das revoluções armadas e violentas que "queimaram o filme" dos comunistas ao redor do mundo, mas mantém uma aura de pureza em torno do socialismo dito democrático.

Se Aécio faz parte conscientemente desta armação petista ou se está sendo apenas mais um inocente útil, movido pela ganância pessoal de um projeto de poder, o futuro dirá. Todavia, os passos que ele dá em direção ao abismo político certamente conduzirão não somente sua carreira ao despenhadeiro, mas todo um país seguirá na carona.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Mais idiotices socialistas - uma ode à falácia

Se Stanislaw Ponte Preta - codinome do grande escritor brasileiro Sérgio Porto - fosse vivo, certamente se apavoraria com a extensão que o seu FEBEAPA (festival de besteiras que assola o país) atingiu desde seu desaparecimento em setembro de 68.

Independentemente de cores partidárias, nosso Brasil é pródigo na criação e proliferação de todo o tipo de mentiras, estultices, canalhices, sacanagens e libertinagens em geral. O compromisso com a verdade e com a realidade parece ter sido alijado de vez destas paragens. No entanto, ao desfilarem suas atrocidades no campo ideológico, os acólitos da esquerda conseguem merecido destaque no quesito "falácia", nota dez no quesito "mentira" e sua comissão de frente mostra toda sua desenvoltura nas evoluções pela avenida da dissimulação.

O fato gerador deste comentário inicial foi um artigo publicado no jornal Gazeta de Caxias, de autoria do Deputado Federal pelo PT gaúcho, ex-prefeito de Caxias do Sul, Gilberto "Pepe" Spier Vargas (acho pitoresco a necessidade que os esquerdistas têm de apôr uma alcunha ao seu nome de batismo... será algum cacoete herdado dos "companheiros" de guerrilha?). O título desta absurdidade política é, nada mais, nada menos que: "O Déficit Democrático dos Estados Unidos".

A mim soa quase que uma infantilidade acusar a maior nação democrática do planeta, onde os princípios básicos da democracia representativa estão gravados a fogo na consciência popular e na própria constituição (por mérito de seus fundadores e "pais da pátria", e não por resultado de uma assembléia constituinte impregnada de revanchismos corporativistas) de falta de democracia. Porém devo lembrar que, segundo o grande molusco chefe desta caterva que hoje desgoverna o país, a Venezula padece de um "excesso de democracia", então, nesta lógica torta, o artigo do Sr. Pepe adquire o sentido que ele quis lhe dar.

Não tenho a intenção aqui de fazer uma defesa do sistema americano, até porque não o conheço a ponto de me rogar apto a lhe fazer qualquer tipo de análise. O que me espanta é verificar que, em meio a tantos outros exemplos de falhas democráticas e até mesmo de total inexistência de democracia, o Sr. Pepe se tenha detido a "desconstruir" a democracia americana, da qual não chegamos ainda nem à sombra. Basta lembrar que no Brasil, por exemplo, a democaracia amarga as falhas de um sistema político apodrecido até a medula, que padece de partidos com conteúdo programático definido e não possui o menor vestígio de fidelidade partidária. Além disso, o legislativo é um balcão de negócios do executivo, os eleitores são obrigados a votar (têm um dever e não um direito, como costuma ser alardeado em tempo de campanha), e estes mesmos eleitores em boa parte sequer têm idéia de que diabos pensa, fez ou fará seu candidato, além de talvez lhe doar uma cesta básica, um empreguinho público ou alguns litros de gasolina para rodar com seu carro adesivado durante a campanha eleitoral.

Além disso, o Sr. Pepe parece querer que ignoremos o fato de que seu partido, e todo o componente ideológico que ele carrega em sua formação, são apoiadores incondicionais de regimes autocráticos e despóticos como o da múmia insepulta caribenha (que agora decidiu vestir o pijama e deixar para o mano caçula o trono erigido sobre mais de 90 mil mortos e desaparecidos); o de Josef Stálin, um dos maiores assassinos que o mundo já conheceu, cujos métodos de aniquilação de inimigos e dissidentes chegaram a causar inveja a Hitler; ou ainda Mao Dzedong, que matava os chineses de fome enquanto deleitava-se com virgens no palácio, entre tantos outros. E, se querem ainda um exemplo mais recente a quem o Sr. Pepe poderia criticar, eu certamente citaria o sistema eleitoral Venezuelano, sobre o qual pesam as mais sinistras suspeitas de utilização da votação eletrônica para vigilância ostensiva da população, fornecendo dados das urnas para uma base de dados de "inimigos do regime". Quem vota contra Chávez teria seu nome incluído numa lista negra, não conseguirira mais empregos nas estatais venezuelanas, além de sofrer todo o tipo de represálias.

Todas estas "imperfeições" das ditas democracias admiradas pelos esquerdistas brasileiros, dentre eles acredito que se inclua o nobre Deputado, jamais renderam uma linha de crítica por parte da inteligentsia que domina a quase totalidade da política nacional. Seria necessário um mínimo de vergonha na cara para assumir os erros graves e os crimes cometidos por seus "heróis" antes de procurar defeitos na democracia americana. Porém, este atributo sabe-se que em Brasília anda bastante escasso.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Dever ou não dever... eis a questão!!!

Hahahaha... a trupe do presidente molusco realmente não se entende e fala bobagens a rodo... as manchetes do dia de hoje exaltavam o fato de o Brasil ter passado de eterno devedor a credor internacional - mas não se viu nem uma linha sobre os antigos ideais petistas de moratória, calote, fora FMI e outras traquinagens do gênero. Pois bem, vamos começar por analisar (ai meu Deus, que desânimo...) o discurso mentecapto do ministro Mantega. Ele disse textualmente:

"Mudamos de clube. Não somos mais da equipe dos devedores. Agora somos credores."

E, não bastando a tirada futebolística à imagem e semelhança do Grande Timoneiro, emendou essa pérola:

"O Brasil sempre deveu dinheiro desde o ano de 1500. Essa é uma longa história de dívida. Na década de 70, quando os Estados Unidos elevaram os juros, o Brasil quase quebrou para pagar a dívida externa. Hoje o País é protagonista do mercado internacional."

Alguém me tire o tubo, por favor... devedor desde 1500?? Os nossos silvícolas teriam abusado do crédito fácil no comércio de arcos e flechas? Ou Cabral teria cometido "erros administrativos"no uso de seu cartão corporativo, ficando endividado perante a Coroa portuguesa? Sei não, acho que o ministro anda freqüentando muito os churrasquinhos do Torto, se é que me entendem hehehe...

Pois bem, vamos aos números da dívida. O Tesouro informou nesta mesma quinta-feira - para desgaraça do ministro - que a dívida mobiliária interna do governo federal é de R$ 1,204 TRILHÃO. Houve uma melhora no perfil desta dívida, com redução do estoque em 1,71%, porém com um pequeno aumento na participação de títulos indexados pela Selic e por índices de inflação (hummm... o que será que isto está querendo nos dizer?).

Ora vejamos, se bem eu entendi, dívida interna não é dívida para o glorioso ministro... façamos o seguinte então: vamos pegar o saldo das reservas internacionais líquidas (já descontada a dívida externa) que é de US$ 4 bilhões, e converter em reais a um câmbio de, vá lá, R$ 1,80/US$ 1, para dar uma forcinha: isto nos daria a soma de R$ 7,2 bilhões, suficiente para amortizar aproximadamente 0,598% do total da dívida mobiliária. E o cara tem a desfaçatez de dizer que o país é "credor"... o Brasil é um dos países com maior relação dívida pública/PIB do planeta, mas isso não fica bem nas manchetes, não é mesmo?

Então, no final do dia, ouço no Jornal Nacional a declaração do Timoneiro lá em Buenos Aires, que derrubou do cavalo todos os áulicos do Brasil varonil credor internacional:

“Precisamos aproveitar agora, uma situação, se não privilegiada, mas melhor, temos que começar a nos endividar, não para gastar dinheiro à toa, mas para gastar em infra-estrutura, para facilitar o desenvolvimento da América do Sul”

Dizer o quê? Um show de contradições... mal um dá uma declaração festejando o fato de não dever mais (mesmo sabendo que deve), vem o outro e diz que tem que se endividar mais. Resta saber se ele vai querer pagar a dívida depois ou vai voltar com a bravataria de moratória e outros que tais... afinal, o "homi" é uma "metarrmofose" ambulante...

CPI para quê? Ninguém ainda entendeu o que se passa por aqui?

por Christina Fontenelle
O caro leitor estaria preocupado em comparar o que houve de errado e de desvio de dinheiro público nos governos de FHC com o que vem acontecendo no nos dois governos do sr. Lula? Eu acho que, para variar, os rumos que o governo pretende impor à CPI dos Cartões Corporativos são, mais uma vez, para promover um espetáculo de sordidez que será o cumprimento de mais uma etapa para desacreditar e igualar, no há de pior, todos os políticos. Isso sem falar no absurdo de mais uma blindagem da presidência da república nas investigações.
Não tem que ser assim. Se é para comparar, comparem-se os gastos do governo Lula, por exemplo, com os dos governos anteriores ao de FHC – este que aliás atravessou crises internacionais que nem se coparam ao céu de brigadeiro em que Lula governou. Entretanto, seria perda de tempo, pois nada se compara ao aparelhamento do Estado, ao uso indevido (eufemismo para roubo) dos cartões de crédito corporativos, às reformas nas residências oficiais do governo e no Palácio do Planalto, ao aumento exagerado do número empregados em função da família real e da presidência, ao uso e abuso das vantagens a que teoricamente tem um presidente durante seu mandato. Já falei nesta matéria algumas vezes, mas, vale a pena ler LULA - OPERÁRIO PADRÃO, que escrevi ANTES DAS ELEIÇÕES DE 2006 E QUANDO O TCU JÁ INVESTIGAVA TAIS DESPESAS EXAGERADAS!
Por que o eleitor não ficou sabendo? A quem interessava a reeleição de Lula? Podemos não saber todas as respostas, mas temos algumas boas pistas: 1) aos poderosos transnacionalistas ingleses (com belos aliados no continente norte-americano), 2) à própria oposição – o que ficou evidente durante a campanha eleitoral, especialmente durante os debates ao vivo entre Lula e Alckmin, e também, é claro, porque aqueles que ajudaram a colocar FHC na presidência são os mesmos que sustentaram a eleição de Lula e, finalmente, 3) aos integrantes do Foro de São Paulo. Não é o caso de nossos leitores, é claro, mas, acreditem se quiserem, há milhões de brasileiros em cargos estratégicos, tanto de segurança como de inteligência, que JAMAIS OUVIRAM FALAR NO FORO DE SÃO PAULO (Aqui entre nós, é o caso de 80%, se não mais, dos membros da Polícia Federal, da Abin e da Forças Armadas).
É verdade que não se sabe o que pode vir a ser revelado durante uma CPI. Mas, depois de tudo que já foi revelado sobre este governo durante as mais de não sei quantas CPIs – todas, invariavelmente, com resultados que não significaram punição real (aquela em que roubo dá cadeia) à praticamente ninguém que fizesse parte de qualquer um dos esquemas em que o governo estivesse envolvido – quem é que pode acreditar que essa dos Cartões Corporativos, já toda aparelhada e blindando o Alvorada, o Planalto e a Família da Silva Real, vai servir para alguma coisa além de esclarecer a população e, apesar de deixá-la indignada, levá-la a responder, inexplicavelmente, em todas as pesquisas e, pior, nas urnas (verdadeiras caixas pretas) que continua a aprovar Lula e seus indicados para assumir, a presidência da república, governos de estado, direção de prefeituras e cargos de deputado e de senadores por todo o país?
Para quê esta CPI da enganação? CPI com Estado aparelhado? Conta outra, vai... CPI dá despesa para os cofres públicos? Então vamos economizar – basta juntar tudo o que já foi publicado nos jornais, na internet e visto e ouvido nas rádios e TVs do país, nos últimos – sei lá... – 7 anos? Sim, porque são 5 de governo, mas já tem coisa podre de bem antes desse período.
Também não se pode esquecer de ressaltar que, certo e errado, ético e não-ético, entre outras coisas, para "companheiros comunistopatas" são coisas completamente diferentes do que para quem não faz parte desse grupo de indivíduos sociopatas. Para eles, tudo o que tiver que ser feito, sem exceções de nenhuma espécie, para chegar ao poder e por lá permanecer "ad eternun", será considerado perfeitamente como sendo ético e correto. Não há discurso, lei e muito menos apuração de CPI que os faça mudar de ponto de vista. Ponto final. Portanto, se for para acabar em "palhaçada de me engana que eu gosto", é melhor apenas que se republique tudo o que já veio a público e os interessados em fazer alguma coisa, ou pelo menos em tomar conhecimento do assunto, que estejam à vontade para se informar.
Não há como negar que os maiores escândalos por causa do uso indevido do cartão de crédito corporativo sairiam (e muitos já foram revelados) de dentro da Presidência e dos gabinetes ministeriais. Mas, o acordo é para que essa parte da investigação seja deixada de lado. De modo que saem coisas, por exemplo, como a que colocou o Exército na lista de quem usou indevidamente o cartão corporativo por causa de R$ 4,00 (não foi erro de digitação não, são quatro reais mesmo). Tenham a santa paciência... Tudo bem, dona Matilde, do ministério da divisão dos brasileiros entre negros e brancos, teve que pedir pra sair. Mas, ficará a senhora ao Deus dará? Devolverá tudo aos cofres nacionais? Só se for a primeira, porque, até hoje, todos os petistas e amigos do Planalto que tiveram que pedir pra sair por causa de reportagens que revelavam escândalos políticos, financeiros e até criminais jamais passaram necessidades ou foram abandonados pelos companheiros.
Enquanto isso, só até antes das eleições presidenciais de 2006, a presidência já tinha feito gastos inimagináveis – todos sigilosos, é claro. De Janeiro de 2003 a maio do ano das eleições, o Gabinete da Presidência gastara 4 bilhões e 900 mil reais, segundo o professor Ricardo Bergamini. Em 2002, ainda no governo de FHC, ano de estréia da nova forma de pagamento de despesas imediatas, as faturas e os saques com cartões da Presidência da República somaram R$ 1,3 milhão. No ano seguinte - primeiro de Lula -, os gastos foram MULTIPLICADOS POR SETE. Desde o início do governo petista até meados de 2006, as despesas com os cartões, sem prestação de contas, já somavam R$ 18,7 milhões.
Quando foram lançados, os cartões tinham cada um o limite de R$ 400 mil. Mas, o Presidente Lula ultrapassou este limite, logo nos dois primeiros meses de uso. A administradora, então, alterou os limites dos cartões para R$ 1 milhão cada. Saques de grandes quantias em dinheiro feitos com os cartões de crédito corporativos do governo federal - usados para pagar despesas do Gabinete da Presidência da República, da Granja do Torto e dos ministros que assessoram o presidente - vinham sendo investigados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), desde bem antes da reeleição. Já havia indícios de notas fiscais frias e as faturas dos cartões usados pelo Palácio do Planalto somavam R$ 10,2 milhões, apenas do início de 2066 até o ao meio do ano, dos quais R$ 6,8 milhões teriam sido sacados em dinheiro vivo. Segundo números do Siafi, destes R$ 10,2 milhões, cerca de R$ 5,6 milhões foram gastos pelo gabinete do presidente. Em 2004, 53 funcionários do governo, os chamados de ''ecônomos'', usaram os cartões. Em 2005, foram 48 funcionários. Entre eles, C.P.F. (mais de R$ 1 milhão e R$ 226,9 mil em saques em dinheiro) e M.E.M.E. (R$ 441,5 mil, com saques no valor de R$ 198,1 mil), que costumam acompanhar Lula e a primeira-dama, Marisa Letícia. O pedido de devassa nas contas foi feito no dia 14 de julho de 2005, pelo procurador Marinus Marsico, representante do Ministério Público no TCU. E ELAS DE FATO COMEÇARAM ANTES DAS ELEIÇÕES DE 2006.
Isto tudo sem falar nas tais das ONGs de parentes e de amigos do presidente Lula e no fato de que o relatório do ministro Ubiratan Aguiar sobre o exercício financeiro de 2006 do governo federal aponta falhas na fiscalização de repasses feitos por meio de convênios. De acordo com o texto, hoje existem cerca de R$ 12,5 bilhões nestes convênios, cuja aplicação o governo desconhece os resultados. A média de atraso para a prestação de contas desses repasses chega a quase quatro anos, e os que são entregues podem levar mais de cinco anos para serem efetivamente analisados. Ou seja: funde uma ONG qualquer que empregue gente do PT e intelectuais à serviço do transnacionalismo anglo-americano e seja feliz, caro leitor... afinal, parte do dinheiro que paga por todas as atrocidades cometidas acima é seu - dos milhares de impostos que paga, todos os dias de sua vida, direta ou indiretamente.
Enquanto as pessoas não entenderem que já não vivemos mais nem mesmo naquele ensaio de democracia e de capitalismo em que íamos lutando para crescer e que o que se passa em nosso país é a constatação de uma crise de transição desse sistema de governo e de comércio para um sonhado pelas esquerdas mundiais casamento perfeito entre capitalismo e comunismo disfarçado de democracia, de nada adiantarão CPIs. Querem falar sério? Abram uma CPI para investigar o que vêm fazendo neste país e em toda a América-Latina os membros do Foro de São Paulo. Essa já estaria boa para começar...

Comentários ao Texto da Revista Veja

É meus amigos, não é fácil falar do Brasil, principalmente se o tema for educação. A revista Veja desta semana publicou uma reportagem bastante interessante sobre o sistema educacional da Finlândia, que é simplesmente maravilhoso por diversos aspectos. O que mais chama a atenção é justamente o fato de serem medidas absurdamente simples. Ações que não exigem investimentos altos por parte do governo colocaram o pequeno país no topo do ranking da educação mundial.
Nossos eternos críticos de plantão dirão com certeza....ahhhhh mas aquele é um país pequeno, fácil de administrar, não podemos nos comparar com eles, afinal somos um país continental. É realmente somos “continental”, como aquele cigarro que existia antigamente lembram? Pois é... ele também saiu de linha. Mas o país, assim como o cigarro, tem que levar vantagem em tudo, “cerrrto”?
O texto da Veja que publicamos abaixo, mostra como é simples ser objetivo; como é simples ter uma educação de qualidade sem necessariamente fazer grandes investimentos em parafernálias tecnológicas, computadores, quadros digitais, etc.
Lendo a reportagem fiz uma pequena e rápida análise comparativa e, infelizmente, não foi muito animadora:

Enquanto na Finlândia o governo distribui educação de qualidade, no Brasil o governo distribui bananas ao povo... é sim... bananas... como aquelas que jogamos na jaula do macaco no zoológico. Sim meus amigos, antes que perguntem, nós comemos as bananas e ficamos ali, subindo nas grades e aguardando pela próxima frutinha.

Os finlandeses podem se orgulhar e dizer: “Nós temos a melhor educação do mundo”. E em três idiomas, pois eles aprendem além do currículo normal, pelo menos dois idiomas estrangeiros na escola.


Nós, os alegres Brasileiros podemos também nos vangloriar dizendo: ...."O melhor do Brasil é o Brasileiro".

Melhor em quê mesmo?

Por: Panacéia Política

A melhor escola do mundo

Como a Finlândia criou, com medidas simples e focadas
no professor, o mais invejado sistema educacional


Thomaz Favaro, de Helsinque

Revista Veja.

Quem entra numa escola na Finlândia se espanta com a simplicidade das instalações. Era de esperar que o sistema educacional considerado o melhor do mundo surpreendesse também pela exuberância do equipamento didático. Na verdade, na escola Meilahden Yläaste, em Helsinque, igual a centenas de outras do país, as salas de aula são convencionais, com quadro-negro e, às vezes, um par de computadores. Apesar do despojamento, as escolas finlandesas lideram o ranking do Pisa, a mais abrangente avaliação internacional de educação, feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O último teste, em 2006, foi aplicado em 400 000 alunos de 57 países. O Brasil disputa as últimas posições com países como Tunísia e Indonésia. O segredo da boa educação finlandesa realmente não está na parafernália tecnológica, mas numa aposta nas duas bases de qualquer sistema educacional. A primeira é o currículo amplo, que inclui o ensino de música, arte e pelo menos duas línguas estrangeiras. A segunda é a formação de professores. O título de mestrado é exigido até para os educadores do ensino básico.



Dar ênfase à qualidade dos professores foi um dos primeiros passos da reforma educacional que o país implementou a partir dos anos 70, e é nesse quesito que a Finlândia mais tem a ensinar ao Brasil. Quarenta anos atrás, metade da população finlandesa vivia na zona rural. A economia era dependente das flutuações do preço da madeira, já que 55% das exportações vinham da indústria florestal. Além dos bosques que cobrem 75% do território, o país só tinha a oferecer sua mão-de-obra barata. Os finlandeses emigravam em massa para vizinhos ricos, como a Suécia, em busca de melhores condições de vida. Preocupados com a má qualidade das escolas públicas, os pais estavam transferindo os filhos para instituições privadas de ensino. Em alguns desses aspectos, a Finlândia se parecia com o Brasil. A reforma educacional colocou a qualificação dos professores a cargo das universidades, com duração de cinco anos. Hoje, a profissão é disputadíssima (só 10% dos candidatos são aprovados) e usufrui grande prestígio social (é a carreira mais desejada pelos estudantes do ensino médio).

O segundo passo da reforma, em 1985, foi descentralizar o sistema de ensino. Por esse conceito, o professor é o principal responsável pelo desempenho de seus alunos: é ele quem avalia os estudantes, identifica os problemas, busca soluções e analisa os resultados. O Ministério da Educação dá apenas as linhas gerais do conteúdo a ser lecionado. "Isso só é possível porque os professores recebem um treinamento prático específico para saber lidar com tanta independência", disse a VEJA Hannele Niemi, vice-reitora da Universidade de Helsinque, que trabalha com a formação de professores há três décadas. O currículo escolar também é flexível, decidido em conjunto entre professores, administradores, pais e representantes dos alunos. A cada três anos, as metas da escola são negociadas com o Conselho Nacional de Educação, órgão responsável por aplicar as políticas do ministério. "Queremos que os professores e os diretores, que conhecem o dia-a-dia da escola, sejam responsáveis pela educação", diz Reijo Laukkanen, um dos membros mais antigos do Conselho Nacional de Educação.

O governo finlandês faz anualmente um teste com todas as escolas do país e o resultado é entregue ao diretor da instituição, comparando o desempenho de seus alunos com a média nacional. Cabe aos diretores e aos professores decidir como resolver seus fracassos. Esse sistema tem o mérito de fazer com que os professores se sintam motivados para trabalhar. A reforma educacional finlandesa levou três décadas para se consolidar. Pouco a pouco, as crianças voltaram a ser matriculadas nas escolas públicas e as instituições privadas foram incorporadas ao sistema do estado. Hoje, 99% das escolas são públicas e o aluno conta com material escolar, refeições e transporte gratuitos. Cerca de 20% dos estudantes recebem algum tipo de reforço escolar, índice acima da média internacional, de 6%. "Quando um aluno repete, perde toda sua motivação, torna-se amargo e pode até apresentar resultados piores que na primeira tentativa", diz Eeva Penttilä, do departamento de educação da cidade de Helsinque.

O sucesso da educação finlandesa é, em parte, fruto das características únicas do país. A população, de 5,2 milhões de habitantes, é relativamente pequena e homogênea. "Com uma população 35 vezes maior e disparidades regionais e sociais mais acentuadas, o Brasil não conseguiria ter o mesmo padrão de igualdade entre as escolas, como existe na Finlândia", diz João Batista de Oliveira, ex-secretário executivo do Ministério da Educação. O preço do sistema de bem-estar social que assiste o cidadão do berço ao túmulo é uma carga tributária de 43% do PIB, uma das maiores do mundo, mas apenas seis pontos acima da brasileira. Ou seja, trata-se de um estado paquidérmico, mas eficiente. A Finlândia é o país menos corrupto, segundo a Transparência Internacional.

Há quase treze anos na Finlândia, a brasileira Andrea Brandão conhece bem as diferenças entre as duas sociedades. "No Brasil, muita gente acha que algumas profissões, como porteiro, não necessitam de um ensino básico de qualidade", diz. "Na Finlândia, existe um consenso de que todo mundo precisa ter uma educação mínima para ser um cidadão." Andrea é professora de inglês em uma das poucas escolas particulares do país, voltada para a população de fala sueca, que é minoria na Finlândia. Particular, nos "moldes finlandeses", significa que os alunos pagam uma anuidade opcional de 100 euros, pouco mais de 250 reais. A estudante Eeva-Maria Puska, de 16 anos, passa seis horas e meia por dia na escola Meilahden Yläaste, em Helsinque. Além das disciplinas obrigatórias, ela freqüenta aulas de música, artes e francês, opcionais para os alunos da 9ª série. Mesmo com tantas matérias, Eeva não reclama da carga horária nem, menos ainda, do ambiente: "Gosto dos meus professores, tanto como profissionais quanto como pessoas", afirma. Na sua escola, professores e alunos conversam amigavelmente nos corredores espaçosos e bem iluminados.

A educação de qualidade foi essencial para uma virada na economia finlandesa. A mão-de-obra qualificada permitiu que a eletrônica substituísse a madeira e o papel como principais produtos de exportação. A Finlândia tem hoje o terceiro maior investimento em pesquisa e desenvolvimento do planeta, grande parte feita por empresas privadas. Uma antiga fábrica de papéis e de botas de borracha do interior do país foi o símbolo dessa transformação. A empresa, Nokia, hoje é a maior fabricante mundial de celulares, com 40% do mercado internacional. Juntos, ela e o sistema educacional são os dois maiores orgulhos dos finlandeses.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Quando o futuro começa?

Amigos,

Não posso, à luz da "renúncia do Coma Andante, deixar de fazer uma reflexão; a questão é: quando o futuro começa?

Bem, creio que a resposta é: "quando o passado termina".

Estamos vivendo e testemunhando um grande momento, o de uma "clivagem" da História!

O passado, ainda que se arrastando, lentamente termina.

Agora é tarde da noite. Mas amanhã, antes do almoço, vou tomar uma Cuba Libre, para dar boas-vindas ao futuro...

Fidel, o coma andante

Fidel - parece que nem o Demo lhe quer por companhia, embora as controvérsias - abdicou!

De tudo? Ra, ra, ra....por que não abdicou de seu cargo de Secretário Geral do Partido Comunista Cubano? Porque, explico, aí reside o verdadeiro poder em Cuba!

Ademais, como costuma ser nestas "democracias" é partido único, e o povo pode livremente, portanto, escolher entre ele ou ele.

Vai daí que Fidel renuncia e assume quem? Quem? Ora pois, seu irmão Raul, democraticamente eleito pelo feliz povo cubano. Ora pois...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Brasil...sil...sil...(ou seria zil...zil...zil...?)

Amigos: o material que segue é uma tentativa de resumir/transcrever um texto que, sugere-se, deve ser lido por todo brasileiro que deseja entender este país. Por razões de ordem ética e de lisura intelectual, declara-se que o texto foi lido e interpretado com um viés, digamos, “conservador”.

Seria de “direita”, se Paulo Maluf – como se sabe originário de tradicional família de “esquerda” – e José Sarney, um esquerdista desde criancinha, não fizessem parte da base de apoio do passageiro governo de esquerda que nos governa.

O autor da pesquisa, abaixo identificado, aparentemente propõe uma abordagem isenta, a menos da sua visão de educador, ou seja, é parcial – e admito-o correto! – quando ensina que, maior o nível de educação, menos arcaico se tornará nosso país.

Anotem:


A Cabeça do Brasileiro

Alberto Carlos Almeida

Editora Record, 2007

ISBN 978-85-01-07901-5

O autor é professor da Universidade Federal Fluminense.

e-mail do autor: alberto.almeida@ipsos.com.br

  1. “O país[Ele está falando do Brasil, claro] não é um bloco monolítico, mas uma sociedade profundamente dividida”. Começa aqui, ao inicio da Introdução, a constatação de uma reflexão cujo autor me esqueço (Luiz Gonzaga Beluzzo?) de que somos um misto de Bélgica e Índia – a Belindia. Agora está documentada e quantificada esta afirmativa.

  1. “No entanto, como a maior parte da população brasileira tem escolaridade baixa, pode-se afirmar que o Brasil é arcaico. Assim, a mentalidade de grande parte da sua população obedecerá às seguintes características:

- apóia o “jeitinho brasileiro”

- é hierárquico

- é patrimonialista

- é fatalista

- não confia nos amigos

- não tem espírito público

- defende a “Lei de Talião”

- é contra o liberalismo sexual

- é a favor de maior intervenção do Estado na economia

- é a favor da censura”

Muito bem amigos: que país se pode esperar de um povo que tem esta média de característica?

  1. Para a população de baixa escolaridade (portanto a maioria, óbvio...), não somente há uma detestável tolerância com a corrupção como – ainda mais importante! – para estas pessoas não há “esquecimento” da corrupção; a corrupção simplesmente não existe!!!

  1. “Ao contrário da moralidade norte-americana, a brasileira admite um meio-termo entre o certo e o errado”

  1. “Ao perguntar se o jeitinho é certo ou errado, a PESB (Pesquisa Social Brasileira) obteve resultados impressionantes. A questão divide a opinião dos brasileiros: exatamente metade da população acha correto, ao passo que a outra metade considera errado. Ou seja, vivemos em um país moralmente dividido e ambíguo.”

  1. Agora anotem esta; é desapontadoramente simples: “ Nós, brasileiros, queremos o Estado, independentemente de seu desempenho ou do desempenho da iniciativa privada” Encantador, não acham?
  1. “Nada surpreendente, porem, se analisarmos o que pensa o brasileiro médio sobre a censura: ele a apóia."

  1. “70% consideram que se deve manter o controle de preços de todos os produtos vendidos no Brasil”

Caros amigos da verdade: como podem ver – comprem o livro, comprem – vivemos em um país que ainda tem um longo, longo caminho a percorrer, até que valores modernos, aceito pela maioria das nações ditas “desenvolvidas”, sejam admitidos e validados pela média da população brasileira. O nome do jogo é educação! Simples assim...

Perdendo a guerra cultural

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 18 de fevereiro de 2008

“Cultura é o novo nome da propaganda”, explicava o crítico literário português Fernando Alves Cristóvão. Bem, quando ele disse isso, o nome não era tão novo assim. Fazia quase setenta anos que os comunistas haviam reduzido a cultura a instrumento de propaganda e manipulação, rejeitando todos os seus demais usos e significados como superfetações burguesas puníveis, eventualmente, com pena de prisão. A novidade, nos anos 90, era que esse conceito havia se universalizado, tornando-se regra usual em círculos que antes o teriam desprezado como mero sintoma da barbárie comunista. A expressão mais visível desse fenômeno é a mudança drástica do sentido do título de “intelectual”, hoje conferido automaticamente a qualquer um que engrosse por escrito alguma campanha de propaganda político-ideológica, mesmo que o faça em termos intelectualmente desprezíveis e numa linguagem de ginasiano relapso.
O plano de colocar o sr. Lula na Academia Brasileira de Letras, lançado anos atrás pelo falecido cientista político Raymundo Faoro, não foi levado adiante, mas já era um sinal visível de que a acepção elasticamente gramsciana do termo “intelectual” se tornara moeda corrente fora dos meios comunistas estritos. Mais ou menos na mesma ocasião, o sr. William Lima da Silva, líder do Comando Vermelho, por ter escrito um livro de memórias onde alegava que bandidos eram os outros, recebia tratamento de autor respeitável em plena Associação Brasileira de Imprensa, enquanto na Folha de São Paulo a jornalista Marilene Felinto dava estatuto de filósofo ao estuprador e assassino Marcinho VP, que salvo engano tinha também olhos verdes. O silogismo aí subentendido fundia Herbert Marcuse e Antonio Gramsci. O primeiro dizia que os bandidos eram revolucionários. O segundo, que os revolucionários eram intelectuais. Logo, os bandidos eram intelectuais. A ABI e a Folha não eram instituições formalmente comunistas. Apenas tinham-se deixado dominar pela mentalidade comunista ao ponto de obedecer os seus mandamentos sem ter de aderir conscientemente à sua proposta política.
Mas o pior veio uns anos depois, quando a redução da cultura à propaganda começou a parecer natural e desejável aos olhos dos conservadores -- ou “liberais”, como são chamados usualmente no Brasil (mais uma curiosa inversão numa república onde tudo cresce de cabeça para baixo, como as bananas). Aconteceu que o conservadorismo brasileiro foi, em essência, uma criação de pequenos empresários. Essas pobres criaturas, acossadas pelo fisco, pelas leis trabalhistas, pela concorrência das multinacionais e pela crença estatal de que os capitalistas só não comem criancinhas porque preferem vendê-las sob a forma de salsichas, estavam tão preocupadas com a sua sobrevivência imediata que mal tinham tempo de pensar em outra coisa. Seu conservadorismo – ou liberalismo – foi assim reduzido à sua expressão mais frugal, ascética e descarnada: a defesa pura e simples do livre mercado, tomado como se fosse uma realidade em si e separado das condições civilizacionais e culturais que o tornam possível.
O primado do econômico, adotado inicialmente por mera urgência prática, acabou adquirindo, por força do hábito, o estatuto de uma verdade axiomática, da qual se deduziam as conclusões mais estapafúrdias e perigosas. Talvez a pior delas fosse a de que o progresso econômico é a melhor vacina contra as revoluções sociais. O fato de que jamais tivesse acontecido uma revolução social em país de economia declinante não abalava em nada o otimismo progressista daqueles risonhos empreendedores, que julgavam o estado geral da nação pelo balancete de suas respectivas empresas e se julgavam tremendamente realistas por isso. Nem os demovia da sua crença a obviedade histórica, já reconhecida pelos próprios marxistas, de que a classe revolucionária não se forma entre os proletários ou camponeses, muito menos entre os miseráveis e desempregados, mas entre as massas afluentes de classe média alimentadas de doutrina comunista nas universidades.
De outro lado, aconteceu que os liberais, ao mesmo tempo que se inchavam de entusiasmo ante a modesta recuperação econômica do país, eram cada vez mais excluídos da representação política. As eleições presidenciais de 2002 ofereceram à escolha do eleitorado quatro candidatos esquerdistas, dos quais nenhum, ao longo de toda a campanha, disse uma só palavra em favor da livre empresa. Nos anos subseqüentes, o partido nominalmente liberal – PFL – adaptou-se às circunstâncias aceitando sua condição de mero coadjuvante da esquerda light , mudou de nome para ficar parecido com o Partido Democrata americano (o partido preferido de Hugo Chávez e Fidel Castro) e nem mesmo resmungou quando foi declarado, pelo presidente petista reeleito, “um partido sem perspectiva de poder”.
Condenados à marginalidade política, mas ao mesmo tempo anestesiados pelos sinais crescentes de recuperação da economia capitalista no país, os liberais apegaram-se mais ainda ao seu economicismo, desistindo do combate nos demais fronts , quando não aderindo ao programa esquerdista em todos os pontos sem relevância econômica imediata, como o gayzismo, o abortismo, as quotas raciais e o anticristianismo militante, na esperança louca de concorrer com a esquerda no seu próprio campo, sem perceber que com isso concediam ao adversário o monopólio da propaganda ideológica e se transformavam em dóceis instrumentos da “revolução cultural” gramsciana.
É compreensível que, nessas condições, toda a atividade mental da “direita” brasileira acabasse se reduzindo às análises econômicas e à propaganda de um produto único – o livre mercado --, perdendo toda relevância no debate cultural e rebaixando-se ao ponto de passar a aceitar como “intelectual representativo” qualquer moleque idiota capaz de dizer duas ou três palavrinhas contra a intervenção estatal no mercado.
Ironicamente, a esquerda, no mesmo período, decaiu intelectualmente ao ponto de raiar a barbárie pura e simples, mas, como os liberais não se interessavam pela luta cultural, continuou desfrutando do prestígio inalterado de suprema autoridade intelectual no país, sem sofrer nenhum abalo mais forte desde a publicação do meu livro “O Imbecil Coletivo” (1996).
Nunca, como ao longo das últimas décadas, o esquerdismo esteve tão fraco intelectualmente: um ataque maciço a esse flanco teria quebrado a máquina de doutrinação esquerdista nas universidades e na mídia, destruindo no berço a militância em formação e mudando o curso das eleições subseqüentes. Mil vezes tentei mostrar isso aos liberais, mas eles só davam ouvidos a quem falasse em PNB e investimentos. Trancaram-se na sua torre-de-marfim economicista e lá se encontram até hoje, perdendo mais terreno para os esquerdistas a cada dia que passa e conformando-se com sua condição de forças auxiliares, destinadas fatalmente a tornar-se cada vez mais desnecessárias à medida que a esquerda não-petista acumule vitórias contra o partido governante.
Fora dos círculos do liberalismo oficial, noto com satisfação algumas iniciativas novas destinadas a formar uma intelectualidade conservadora e liberal apta a oferecer uma resistência séria à “revolução cultural”. Essas iniciativas partem de estudantes, de intelectuais isolados, e não têm nenhum apoio nem dos partidos “de direita”, nem muito menos do empresariado. Mas é delas que dependerá o futuro do país, se algum houver.

Quem são os facistas

José Nivaldo Cordeiro Economista e mestre em Administração de Empresas na FGV-SP

Li de um fôlego o livro de Jonah Goldberg LIBERAL FASCIM – The Secret History of the American Left, From Mussolini to the Politics Meaning, que ainda não chegou em tradução brasileira. O livro não por acaso está na lista dos mais vendidos da www.amazon.com . Escrito em estilo panfletário, linguagem em torrente de fogo, Goldberg mostra documentalmente a verdade mais óbvia: que a esquerda política dos EUA é que é fascista de crença, ela que rotineiramente acusa os conservadores de sê-lo. A farta documentação é sublinhada por uma narrativa poderosa das personalidades históricas. Os sucessivos presidentes, desde Wilson, têm seus governos esmiuçados. Fabuloso.
Alguém poderia argüir que é um livro norte-americano para um público local. Errado. O que Goldberg revela é também a nossa imagem e semelhança. Veja você, caro leitor, que a nossa esquerda acusa o regime militar de “fascista” todo tempo e, no entanto, quem tem agigantado o Estado, regulado a vida privada e mesmo destruído o modo de vida tradicional, incluindo a criação de um racismo institucional que nunca houve em nossa história republicana é a esquerda, ela mesma que se apossou do Estado em 1985 para não mais largá-lo. Quem são os fascistas?Goldberg traça paralelos incríveis entre a história da Alemanha e da Itália com a história dos EUA do mesmo período e mesmo de momentos mais recentes. Mostra que a raiz da ação política e da ação governamental, desde Wilson, tem sido basicamente a mesma que deu fundação ao nazismo e ao fascismo italiano. Mostra mais, a cumplicidade entre os mesmos grupos políticos, as mesmas crenças, as mesmas motivações. A inspiração na Prússia de Bismark. Eugenia, abortismo, gaysismo, ambientalismo, regulação da vida prática, destruição dos laços familiares, absorção da formação infantil pelo Estado: todo o projeto totalitário foi posto em prática na terra de Tio Sam. Até o nome Terceira Via foi tomado dos fascistas. Os verdadeiros fascistas dos EUA, aqueles doutrinários, estão no Partido Democrata. Criaram o que ele chamou de “mommy state”, o Estado que esmaga o indivíduo pelo excesso de cuidados que chamou para si. Mãe terrível que devora seus próprios filhos.
Uma das práticas típicas do fascismo é o ativismo, especialmente o de caráter bélico. E o ativismo pacifista também. Então tivemos a curiosa situação de ter naquele país um governo esquerdista fascista que fazia a guerra e que mobilizava seus militantes para fazer passeata contra a mesma. Uma completa loucura cuja lógica só pode ser captada quando se olha a coisa na sua dinâmica política, à luz de sua gênese e da filosofia inspiradora.
E o fato é que o resultado desse processo foi o vertiginoso crescimento do Estado, cuja arrecadação já supera 30% do PIB. E crescendo a cada período, não obstante espasmódicos momentos de redução dos impostos, feitos por presidente republicanos. Mas estes também passaram a defender a causa fascista do Estado grande, na crença de que assim se legitimam e podem se manter no poder. Elegem-se para deixar tudo como está, até porque não teriam força no Congresso para fazer o que precisaria ser feito. A verdadeira batalha política que se trava no campo eleitoral é saber quem será mais populista e mais “mommy” para os eleitores. Lá como cá. Quem dá mais bolsa-família?
Goldberg destaca a aliança entre o big business e os fascistas, embora estes digam que são os conservadores os representantes das grandes corporações. O que desse conluio resulta é a criação de barreiras à entrada artificiais nos mercados e a cartelização de tudo. Quando uma nova empresa se destaca, como a Microsoft, é questão de tempo que os burocratas ponham as mãos sobre ela. O caso da empresa de Bill Gates demonstrou isso. Não há como alguém escapar de pagar os lobbies e os elevados gastos com políticos e advogados. Acertadamente o autor tributa a Nietzsche a grande responsabilidade filosófica de inspirar essa virada nos valores e de ser o patrono dos totalitários. Mas, infelizmente, sua análise pára aí. É verdade que Goldberg gostaria de restaurar uma ordem conservadora e que ele é um franco lutador da causa do livre mercado. Mas Nietzsche sozinho não explica o século XX e a emergência do Estado Total (ou fascista, como ele chama, o que é a mesma coisa). Para compreendê-lo ele teria que voltar ao Renascimento, a Maquiavel, a Hobbes e a Locke, pelo menos. E bem sabemos como esses autores são os queridinhos dos que defendem o liberalismo clássico de forma acrítica. Foi a arrogância da razão defendida por esses filósofos que destruiu a ordem estabelecida pelos valores judaico-cristãos e sem entender o verdadeiro significado que tomou o Direito Natural com os modernos não se compreenderá o que está se passando. Goldberg falhou clamorasamente aqui.O autor sublinha a semelhança das políticas dos presidentes conservadores com a agenda dos fascistas do Partido Democrata. Esse ponto é muito importante. Firmemente creio que, lá com cá, a alternância de poder entre os partidos não consegue recolocar as coisas no trilho, não tem como reduzir o tamanho do Estado Total. Muito ao contrário. Então o que vemos é que, qualquer que seja o eleito, lá como cá já sabemos que nada vai mudar, ou melhor, que teremos, o povo, que pagar mais impostos e agüentar mais regulação da vida privada. A pergunta é: qual é o limite desse processo? Onde vai parar? Na Europa já há Estado arrecadando cerca de 50% do PIB. Toda a gente passou a depender, direta ou indiretamente, do Estado. Na prática as liberdades cessaram.
Na América e aqui também. O que vejo é a criação de um enorme Estado policial, que regula tudo e, ao fazê-lo, cria mais e mais cargos de inspetores estatais para garantir que as leis malucas criadas sejam cumpridas. Uma rosca sem fim. Um exemplo claro são as leis de trânsito, sempre cheias de boas intenções e que, na prática, estão destruindo a liberdade de ir e vir. Mas a coisa também vai para áreas de indiscutíveis questões morais, como o aborto e o casamento gay. Ver essas questões pela ótica de saúde pública ou suposta igualdade de direito é desfocá-las: nem aborto é questão de saúde e nem casamento gay é questão de igualdade. Na prática o que se vê é a destruição daquilo que sempre se considerou mais sagrado, tendo-se em troca a institucionalização de crimes e de vícios milenarmente abominados.
Os mesmos ativistas que fazem campanha contra o tabaco são aqueles que pelejam pela liberação das drogas ilícitas. A coerência é total, contrariando as aparências: ambas as ações servem para abolir a liberdade individual, sujeitando-se as pessoas ao coletivo anônimo impessoal da burocracia do Estado. Além disso, mantêm a agenda febril do ativismo. O mesmo vale para as questões envolvendo alimentação, obesidade, doenças em geral. A obsessão com a saúde era uma das coisas mais caras a Hitler e Mussolini. Antes como agora.
Evidente que estamos vivendo uma forma de culto pagão ao Estado, um renascer de Baal. Essa gente progressista não esconde que cultua o paganismo, ao tempo em que rejeita como anátema as coisas da tradição judaico-cristã. Ambientalismo, Nova Era, Mãe-terra, Orientalismo: todas essas coisas são maneiras de negar as verdades bíblicas tão cultivadas no passado. E aqui Goldberg chama Hollywood de a maior agência de propaganda da história, por produzir filmes em série em defesa da ideologia fascista. É certo que alguns dos filmes comentados não caberiam nessa estética fascista, como os do Clint Eastwood e os dos Irmãos Wachowski. A metralhadora giratória de Goldberg, todavia, não poupou ninguém. Tomei como uma hipérbole.
Ler o livro é útil também para acompanhar as eleições que estão em processo nos EUA. O discurso e o papel de cada um dos pré-candidatos fica mais claro para estrangeiros. E podemos ter uma certeza: nesse jogo político insano que é jogado nos EUA todos perdem, o mundo todo perde, pois a verdade da alma está perdida: a religião do Estado Total escolherá seu sumo sacerdote e as coisas continuarão como sempre foram. Mais guerras virão, mais direitos também e, claro, mais impostos. Onde irá parar? Receio que se não houver um renascimento vigoroso dos valores tradicionais, inclusive por parte das igrejas, isso não vai parar. A esquerdização das igrejas no EUA foi a mesma que vemos por aqui. No começo os fascistas infantilizaram os eleitores, toda a gente. Mas depois eles mesmos foram infantilizados, passaram a acreditar nas suas próprias propagandas fajutas, de sorte que se perdeu o discernimento. Toda a classe dirigente enlouqueceu, perdeu o descortino da realidade. Vive-se num sonho gnóstico muito perigoso. Nunca devemos esquecer que essa gente tem o poder de comando sobre os gatilhos atômicos e já deram prova real de que não hesitarão em apertá-los de novo. Lamentavelmente Goldberg não leva às últimas conseqüências o seu raciocínio. A derrocada dos fascistas históricos – Hiltler e Mussolini – tem a nos dizer que esse é o caminho da destruição: acabará tudo na mais insana empreitada, morrendo todos no final de uma maneira violenta.
Quem viver verá.
www.nivaldocordeiro.net

Uma doçura chamada Fidel

O Coma Andante 1 - Não há ambigüidade: Fidel é um dos maiores assassinos da história


Tenho um pouco de vergonha da minha profissão. Com as exceções de sempre e de praxe, afirmo de modo categórico: está tomada por pusilânimes, por idiotas, por cretinos incapazes de escolher entre o bem e o mal, entre a democracia e a ditadura, entre a vida e a morte. Li, quero crer, tudo o que a imprensa relevante publicou, no Brasil e no mundo, a respeito da renúncia de Fidel Castro, que deixou formalmente a presidência de Cuba, depois de uma ditadura de 49 anos. Não fiz uma contabilidade, mas creio que 90% dos textos apelam a uma covardia formidável: seu legado seria ambíguo; Fidel nem é o herói de que falam as esquerdas nem o facínora apontado pela direita. Até parece que ele é apenas um objeto ideológico sujeito a interpretações. Não por acaso, esquece-se de abordar, então, o seu legado segundo o ponto de vista da democracia.

A mais estúpida de todas as leituras é aquela que poderia ser assim sintetizada: “Fidel liderou uma ditadura, mas melhorou os índices sociais”. Isso que parece ingênuo, de uma objetividade crua e descarnada de qualquer ideologia, é, de fato, uma impostura formidável; aí está a fonte justificadora do mais assassino de todos os regimes políticos jamais inventados pela humanidade. A ditadura comunista viria, assim, embalada pelo mito da reparação social: "Não se tem liberdade, mas, ao menos, há saúde e educação para todos". Pergunto: uma ditadura de direita, então, se justificaria segundo esses mesmos termos?

Mas atenção! Não se trata apenas de criticar esse postulado indecente que aceita trocar liberdade por conquistas sociais. O milagre social da revolução cubana foi criado em cima de mentiras objetivas. Em 1952, Cuba tinha o terceiro PIB per capita da América Latina. Em 1982, estava em 15º lugar, à frente apenas de Nicarágua, El Salvador, Bolívia e Haiti. A fonte? La Lune et le Caudillo, de Jeannine Verdes-Leroux. O livro, de 1989, tem o sugestivo subtítulo de “O sonho dos intelectuais e o regime cubano”. Estuda como se implantou e consolidou o regime comunista no país entre 1957 (a revolução é de 1959) e 1971. Não foi só essa mentira. Ao chegar ao poder, Fidel afirmou que 50% da população da ilha era analfabeta. Mentira! Em 1958, a taxa era de 22%, contra 44% da população mundial.

Um ano depois da revolução, já não havia mais no governo nenhum dos liberais e democratas que também haviam combatido a ditadura de Fulgêncio Batista. Tinham renunciado ao poder, estavam exilados ou mortos. Logo nos primeiros dias da revolução, antes mesmo que se explicitasse a opção pelo comunismo, Fidel e sua turma executaram nada menos de 600 pessoas. Em 1960, pelo menos 50 mil pessoas oriundas da classe média, que haviam apoiado a revolução, já haviam deixado Cuba. Três anos depois, 250 mil. A Confederação dos Trabalhadores Cubanos, peça-chave na deposição do regime anterior, foi tomada pelos comunistas. Em 1962, imaginem, a CTC cobra de Fidel a “supressão do direito de greve”!!! O principal líder operário anti-Batista, que ajudou a fazer a revolução, David Salvador, foi encarcerado naquele ano.

Só nos anos 60, o regime de Fidel fuzilou entre 7 mil e 10 mil pessoas. Caracterizá-lo como um assassino não é uma questão de gosto, mas de fato; não se trata de tomar essa característica como parte de seu legado supostamente ambíguo. Não há nada de ambíguo em fuzilar 10 mil. É coisa de facínora. Como é incontroverso que ele e seu amiguinho, o Porco Fedorento Che Guevara, criaram campos de concentração na ilha, os da UMAP (Unidade Militar de Apoio à Produção), formados por prisioneiros políticos, que chegaram a 30 mil!!! Ali estavam religiosos, prostitutas, homossexuais, opositores do regime, criminosos comuns... Os movimentos gays, que costumam ser simpáticos à esquerda, deveriam saber que a Universidade Havana passou por uma depuração anti-homossexual. Isso mesmo. Em sessões públicas, os gays eram obrigados a reconhecer seus “vícios” e a renunciar a eles. As alternativas eram demissão e cana (em sentido literal e metafórico).

Segundo O Livro Negro do Comunismo, desde 1959, estima-se em 100 mil o número de pessoas que passaram pela cadeia ou pelos “campos” de reeducação no país. Os fuzilamentos são estimados entre 15 mil e 17 mil pessoas.

Quando Fidel fez 80 anos, escrevi neste blog o seguinte:

Em 1961, estima-se que Cuba tivesse 6,5 milhões de habitantes. Nada menos de 50 mil já tinham fugido da ditadura para o exílio. Ou seja: 0,77% da população. Isso não impediu, é claro, que José Dirceu fosse buscar abrigo na ilha quando veio o golpe militar. Ali ganhou uma nova cara e consta que treinou guerrilha — há quem diga que nunca deu um tiro. Em 1964, o Brasil tinha 80 milhões. Se os militares tivessem feito aqui o que o ditador cubano fez lá, nada menos de 616 mil brasileiros teriam ido embora. Cuba tem hoje 11 milhões de habitantes. Desde 1959, foram executadas na ilha 17 mil pessoas — não se sabe quantas morreram nas masmorras. Só os reconhecidamente executados são 0,154% da população. Postos os números em termos brasileiros, dada uma população atual de 180 milhões, os mortos seriam 277.200. Só nos primeiros cinco meses da revolução, foram sumariamente executadas 600 pessoas (0,0092% da população). É pouco? No Brasil de 1964, isso significaria 7.360 mortes logo de cara.
Os 21 anos de ditadura militar brasileira mataram, em números superestimados, 424 pessoas, incluindo os guerrilheiros do Araguaia. Desse total, por razões comprovadamente políticas, foram 293 pessoas. Os números sobre o Brasil estão no livro Dos Filhos Deste Solo, do petista e ex-ministro de Lula Nilmário Miranda. Em Cuba, de 1959 para cá, passaram por prisões políticas 100 mil pessoas (0,9% da população atual). Em Banânia, isso representaria 1.620.000 pessoas. Essa é a democracia que um grupo de petistas estava — ou está — se preparando para saudar no próximo dia 13 de agosto, quando Fidel faz (ou faria) 80 anos, 47 dos quais à frente de uma das ditaduras mais fechadas e sanguinárias no planeta. Mais detalhes no texto A América Latina e a Experiência Comunista, de Pascal Fontaine, que integra O Livro Negro do Comunismo – Crimes, Terror e Repressão (Editora Bertrand Brasil), recebido com um silêncio covarde e cúmplice por aqui. E também em Loué Soient nos Seigneurs, de Régis Debray (Editora Gallimard), que conheceu de perto, em Che Guevara, parceiro de Fidel, “o ódio eficaz que faz do homem uma eficaz, violenta, seletiva e fria máquina de matar”.
Nota: ainda hoje, as prisões cubanas são um exemplo acabado da degradação humana. A totalidade dos presos de Fidel preferiria, sem sombra de dúvidas, dividir celas com os terroristas de Guantánamo. Mas o mundo, claro, acha Bush um bandido e pára quando discursa o ditador de opereta."

Então...
Viram só? Por que os nossos ditadores, que não passam de soldadinhos de chumbo perto da máquina de matar que foi Fidel Castro, também não têm reconhecida a sua herança ambígua, não é mesmo? Já imaginaram. “Há quem diga que o general Emílio Médici foi um ditador, mas, para alguns, foi um verdadeiro herói...” Não! Isso os nossos jornalistas isentos jamais dirão.

Lembram-se daquela reação canalha à matéria de VEJA que evidenciava, com fatos, que o porco fedorento Che Guevara era um assassino? Pois é. Até hoje, há vagabundo que ainda a cita como exemplo de “falta de equilíbrio e de isenção”.

Cobram de nós a isenção diante de um dos maiores assassinos da história.

PS: No alto deste texto, vocês vêem um quadro, publicado pela VEJA em 20 de dezembro de 2006, com os mortos por 100 mil de algumas ditaduras. Os números de Cuba, do Arquivo Cuba, estao subestimados. Outras apurações independentes (leiam acima) apontam que o número de mortos está entre 15 mil e 17 mil. Mesmo assim, vejam lá, a ilha do Coma Andante é líder absoluta no campeonato na morte.

Fonte: http://veja.abril.uol.com.br/blogs/reinaldo



A arte de mentir oficialmente

Documento oficial do Ministério da Justiça enviado ao Senado, em setembro de 2005, assegurava que não havia, na época, nenhum cartão de crédito corporativo sendo usado por qualquer funcionário do órgão.

Só que no mesmo período em que o ministério declara não haver cartões, o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal registrou despesas com 110 cartões atribuídos a servidores da pasta da Justiça, que totalizaram gastos de R$ 350 mil.

A informação oficial mentirosa foi encaminhada com a assinatura do então ministro, Márcio Thomaz Bastos, e colide frontalmente com os dados contidos no Siafi em relação àquele ano.

Fonte: http://alertatotal.com

Esmiuçando...

Bueno, para entender do que se trata este post, deve-se antes ler o post abaixo "Divergência de pontos de vista ou... fica a dúvida no ar ". O que pretendo aqui é compartilhar com vocês uma série de questionamentos que surgiram em minha mente quando li o artigo do Joelmir hoje de manhã.

Em primeiro lugar, gostaria de convida-los a analisar a frase "O Brasil está em 15º lugar entre os casos de maior sucesso no desempenho do sistema político. Na América Latina, é indicado como uma das democracias mais avançadas e com economia de mercado bem desenvolvida." Me parece que brasileiro nenhum negaria, a princípio, que uma 15a colocação no tal ranking é mui honrosa para nosso país, acostumado a habitar as últimas posições em quase todas as pesquisas que participa (desde que a ordem seja proporcional ao mérito, heheh...). Mas quem de nós ousaria chamar nosso sistema político de "caso de sucesso"? Sabedores que somos da necessidade urgente de uma reforma política para acabar com os desvios que caracterizam a administração pública nacional e formam o quadro de horror que é o Congresso Nacional e o Planalto, assim como o são em escala reduzida todos as assembléias estaduais, câmara de vereadores, prefeituras e tutti quanti... E nossa economia de mercado pode ser chamada de "bem desenvolvida"? Nosso mercado de capitais ainda engatinha, com umas 400 empresas listadas, sendo que no cálculo do seu principal índice - o Ibovespa - entram apenas as mais negociadas (em torno de umas 60 para o período de jan/abr de 2008), e que Petrobrás e Vale do Rio Doce influenciam quase 30% do desempenho do índice? Economia de mercado com carga tributária de país comunista, onde o Estado tunga na fonte 37% de tudo o que se produz? Comparem a leitura de Beting do relatório do Bertelsmann com a leitura de Albuquerque no DW e tirem suas próprias conclusões: "Dos 49 países com maior crescimento econômico, nos últimos dois anos, somente 34 são considerados democracias. Pelo índice, Brasil e Argentina são consideradas democracias com defeitos; Colômbia e Venezuela, democracias com muitos defeitos; Chile e Uruguai, democracias."

Bem, vamos em frente. Beting conseguiu anda ler no relatório que "O estudo considera especialmente positivos, no caso do Brasil, a participação dos cidadãos na sua vida política e a estabilidade relativamente forte de suas instituições políticas." Participação dos cidadãos onde? Como? Os únicos brasileiros que participam de alguma atividade política sem ser profissionais do meio são os ongueiros sustentados a verbas públicas e os baderneiros e criminosos dos MST e correlatos. A esquerda tem o monopólio da manifestação política. Quando a classe média tentou esboçar um movimento de reação - o "Cansei" - foi imeidatamente rotulada de elitista, reacionária, golpista e outros "ismos" que povoam o vocabulário ideologicamente correto. E quanto à estabilidade das instituições políticas, nem acredito que seja possível esta colocação depois dos escândalos do mensalão e do renangate... Para mim bastou ler no original: "The level of democratic consolidation has not changed significantly. Further progress toward consolidation would require political reforms in order to reduce corruption, limit the number of parliamentary parties, reduce the number of legislators who switch parties for personal convenience, and create more transparent and solid political alliances. As in years past, there were virtually no successes of note in these respects. During the period under review, the level of satisfaction with democracy, democratic convictions and interpersonal trust within Brazilian society improved slightly, but still remains very low."

Por fim, o viés socialista transparece na colocação "falta ao Brasil, adverte o estudo, eliminar ou reduzir os déficits sociais e econômicos, para que a economia possa ser ainda mais competitiva, e, principalmente, reduzir as tensões sociais. Para que o desenvolvimento seja positivo, urge resolver o problema a desigualdade social, que continua gritante e não teve melhoras consideráveis." Faltou avisar que redução de déficits sociais através de assistencialismo barato, uma tentativa tupiniquim de repetir o welfare state que afundou a europa em problemas trabalhistas e previdenciários, não combina com uma economia ainda mais competitiva. Quanto a reduzir as tensões sociais, as recentes invasões promovidas pelo MST mostram que o velho ditado que preconiza "a gente dá um dedo, eles querem o braço" ainda é válido.

Par fim, a apoteose vem com os conselhos diretos à administração Lula e aos partidos políticos de esquerda nacionais (alguém conhece algum de direita? Me apresentem que me filio a ele hoje mesmo heheh): "...tornar o sistema político mais transparente e reconquistar a confiança da população na classe política. Deve fixar como prioridade preparar o caminho para uma política econômica mais justa e mais centrada em aspectos sociais, evitando o avanço da polarização entre brasileiros ricos e pobres. Todos os partidos políticos do País devem entender isto como assunto programático e elaborar os respectivos conceitos partidários..." A questão da transparência nem precisa ser mais comentada, depois dessa dos cartões corporativos. Lula logo botou o Gen Félix para defender os seus gastos particulares com a frase mononeurônica "para nós, quanto menos transparência, melhor"... sem falar na CPI chapa-branca que está preparando o forno para mais uma rodada de pizzas à moda da Granja do Torto. E aos partidos não restaria opção de sobrevivência política a não ser incluir todo o lixo ideológico socialista em seus conteúdos programáticos. Afinal, o próprio Lula já condenou ao limbo o DEM, o partido menos à esquerda em nosso espectro político, sentenciando que este "não tem perspectiva de voltar ao poder".

Enfim, ou estes dois cidadãos não leram o mesmo texto, ou o enfoque dado por um deles está viesado; e me parece que já escolhi meu lado neste campo de batalha. A simples confrontação de nossa dura realidade com as duas interpretações do documento me parece não deixar sombra de dúvida. E, para concluir, Albuquerque ainda levanta o tema que mais preocupa a América Latina de hoje, tratado pelo Bertelsmann e solenemente "esquecido" por Beting: o recrudescimento dos regimes autocráticos: "A era em que o capitalismo se aproveitava da democracia parece chegar ao fim. Em recente artigo no Los Angeles Times, Madeleine Albright, ex-secretária de Estado norte-americana, declarou: "Por certo tempo, a democracia parecia inevitável. Isto acabou. O mundo se encontra perante uma nova divisão ideológica, não entre comunismo e capitalismo, mas entre democracia e autocracia".

Divergência de pontos de vista ou... fica a dúvida no ar

Durante muito tempo acompanhei diariamente a newsletter de Joelmir Beting. Foi um bom referencial para observar a economia por uma ótica técnica e ao mesmo tempo crítica. De uns tempos para cá tenho "desgostado" da maneira como suas opiniões têm sido demasiado suaves para com a onda socialista que sufoca a América Latina. Têm se limitado a engrossar o coro dos que circunscrevem os crimes da administração petista no Brasil e de seus comparsas bolivarianos a erros administrativos, corrupção e desrespeito aos contratos e às regras de funcionamento livre do mercado. Hoje uma publicação em sua newsletter me fez pensar mais profundamente sobre o que levou a este "amaciamento" de opinião (que já não eram das mais rudes, mas possivelmente motivaram o final de sua coluna no Grupo RBS - onde publicava seus artigos na Zero Hora e no Pioneiro). Leiam vocês mesmos o texto dele, disponível em http://www.joelmirbeting.com.br/noticias.asp?IdNews=30193&IdGnews=6 :

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BRASIL, BELA FIGURA

Saiu o Índice de Transformação 2008, estudo da Fundação Bertelsmann, divulgado em Berlim nesta segunda-feira, 18, comparando quadros econômicos e políticos de 125 países em desenvolvimento e os novos países industrializados. O Brasil está em 15º lugar entre os casos de maior sucesso no desempenho do sistema político. Na América Latina, é indicado como uma das democracias mais avançadas e com economia de mercado bem desenvolvida. Está em 20° lugar em termos de avanços da democracia - e na América Latina, fica atrás apenas do Chile, da Costa Rica e do Uruguai. O estudo considera especialmente positivos, no caso do Brasil, a participação dos cidadãos na sua vida política e a estabilidade relativamente forte de suas instituições políticas. E muito positivos. O aspecto profissional da cooperação internacional do governo, a criação de um consenso nacional quanto aos objetivos das reformas, e a formulação inequívoca dos objetivos políticos. Foi mencionada, também participação de representantes da sociedade civil na formulação política. No cenário econômico, mereceram destaques positivos a estabilidade dos preços, as regulamentações em relação aos mercados e à concorrência, assim como o respeito à propriedade privada. Isso torna, segundo o relatório da Bertelsmann, o Brasil um parceiro fidedigno e confiável. É dos poucos, América Latina, capaz de fazer bom uso das oportunidades que se oferecem em termos de relações internacionais de comércio. Mas falta ao Brasil, adverte o estudo, eliminar ou reduzir os déficits sociais e econômicos, para que a economia possa ser ainda mais competitiva, e, principalmente, reduzir as tensões sociais. Para que o desenvolvimento seja positivo, urge resolver o problema a desigualdade social, que continua gritante e não teve melhoras consideráveis. Deve-se obter redução contínua do número de desempregados ou da pobreza. Especificamente para o governo Lula, o relatório - que menciona a série de escândalos de corrupção - recomenda tornar o sistema político mais transparente e reconquistar a confiança da população na classe política. Deve fixar como prioridade preparar o caminho para uma política econômica mais justa e mais centrada em aspectos sociais, evitando o avanço da polarização entre brasileiros ricos e pobres. Todos os partidos políticos do País devem entender isto como assunto programático e elaborar os respectivos conceitos partidários, conclui. O relatório completo referente ao Brasil encontra-se na internet no site http://www.bertelsmann-transformation-index.de/110.0.html?&L=1

AMÉRICA LATINA

Sobre a América Latina e Caribe, o Índice de Transformação Bertelsmann destaca a tendência de relativa estabilidade democrática e de dinâmica de crescimento econômico, mas alerta contra o que chama de fortes correntes de populismo de esquerda que contrariam essa tendência, ocasionando um descompasso político na América Latina. Ao contrário das quatro democracias relativamente estáveis - Costa Rica, Chile, Jamaica e Uruguai -, quatro países andinos apresentaram nítidos retrocessos em termos de sistema político, o que provocou um enfraquecimento das instituições democráticas. Problema em expansão nos últimos anos, a erosão do monopólio do poder, causado em especial pela expansão da produção e do tráfico de drogas, intrinsecamente ligados ao crime organizado e à corrupção. A Fundação Bertelsmann, fundada em 1977 pelo empresário do setor de mídia Reinhard Mohn, se apresenta como uma entidade independente das empresas do grupo e das instituições partidárias alemãs, neutra em termos de política partidária.

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Que tal? Parece demasiado ufanista assim, à primeira leitura? Bueno... pretendo aprofundar um pouco mais a discussão trazendo uma outra opinião, a de Carlos Albuquerque , publicada no jornal DW-WORLD.DE - Deutsche Welle, disponível nesse link: http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3136056,00.html :

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Estudo vê disparidade entre progresso econômico e democracia

Segundo o Índice de Transformação da Fundação Bertelsmann de 2008, divulgado no último domingo (17/02) em Berlim, 4 bilhões de habitantes do planeta vivem em democracias. Autocracias e ditaduras englobam 2,5 bilhões de pessoas.
O índice pesquisou 125 países com mais de 2 milhões de habitantes que ainda não atingiram o completo status de democracias baseadas em economia de mercado. O Índice de Transformação (BTI) é divido em dois: um que aponta o desenvolvimento democrático destes países, outro que mede sua transformação gerencial.
Dos 49 países com maior crescimento econômico, nos últimos dois anos, somente 34 são considerados democracias. Pelo índice, Brasil e Argentina são consideradas democracias com defeitos; Colômbia e Venezuela, democracias com muitos defeitos; Chile e Uruguai, democracias.
O BTI de 2008 mostra que 14 países se consolidaram como democracias avançadas. Entre eles, três latino-americanos: Chile, Uruguai e Costa Rica. Por outro lado, o índice aponta Venezuela e Bolívia entre os países que mais desceram no ranking de transformação gerencial.


Democracia praticamente indestrutível

Segundo o estudo, uma série de países do mundo se desenvolve na direção de ditaduras e autocracias. Embora 75 dos 125 países em transformação pesquisados sejam considerados, oficialmente, democracias.
Destes, 52 são democracias defeituosas ou muito defeituosas. Entre estas nações, encontram-se Rússia e Venezuela. A China, por sua vez, é classificada como autocrática.
"Por que a democracia floresce em algumas nações, mas morre em outros?", pergunta o professor de História da Universidade de Harvard, Niall Ferguson, em artigo publicado no jornal Die Welt. As respostas mais fáceis, explica ele, se encontram na Economia.
Num país com renda per capita anual abaixo dos mil dólares, um governo democrático não permanece uma década, explica o professor em alusão às teorias do cientista político Adam Przeworki. Se a renda média anual atinge os 6 mil dólares, a democracia é praticamente indestrutível.

Rússia ultrapassou o Brasil

No entanto, o recente desenvolvimento econômico mundial tem posto esta teoria em questão. A democracia, segundo Ferguson, pouco lucrou do imenso boom que a economia mundial experimentou nos últimos sete anos. Enquanto a autocrática China aumentou em 2,5% sua participação no Produto Interno Bruto mundial, entre 2001 e 2007, a democrática Índia conseguiu elevá-la somente em 0,6%.
Na mesma proporção, a Rússia ultrapassou o Brasil, explica. Ferguson afirma que a discrepância econômica entre democracia e autocracia só tende a aumentar. Segundo o grupo de investimentos Goldman Sachs, até 2050, a participação da China no PIB mundial aumentará de 4% para 15%, enquanto a dos países do G7 diminuirá de 57% para 20%.
A era em que o capitalismo se aproveitava da democracia parece chegar ao fim. Em recente artigo no Los Angeles Times, Madeleine Albright, ex-secretária de Estado norte-americana, declarou: "Por certo tempo, a democracia parecia inevitável. Isto acabou. O mundo se encontra perante uma nova divisão ideológica, não entre comunismo e capitalismo, mas entre democracia e autocracia".


China, Rússia e Venezuela

Abordando o tema, o jornal econômico Financial Times Deutschland (FTD) publicou, na semana passada, editorial intitulado Os impérios contra-atracam. O jornal afirma que a crença de que o sucesso econômico sem liberdade política não é duradouro é colocada em questão não somente por Albright.
A China se gaba de seu crescimento econômico e, teimosa, continua com seu sistema de partido único. Nadando em divisas oriundas dos altos preços mundiais de petróleo e gás natural, a Rússia criou o princípio da "democracia dirigida", o que significaria "nenhuma democracia", explica o FTD.
O mesmo acontece com a Venezuela, que também nada em petrodólares. Segundo a avaliação da ONG americana Human Rights Wacht, o país ainda não é uma ditadura, ainda existiria uma acirrada disputa política, mas "há tendências negativas".


Nova ordem mundial

Os programas sociais de Chávez são apoiados pela petrolífera estatal PDVSA. Os 40 bilhões de dólares pagos pela empresa em impostos e taxas, em 2006, são responsáveis por metade de orçamento do Estado, comenta o FTD.
Isto implica, no entanto, que a empresa não disponha de meios para investir em novas prospecções. Segundo a Opep, há anos que as exportações da PDVSA são decrescentes. O aumento da receita proveio, somente, do acréscimo no preço mundial dos combustíveis.
Perante tais constatações, o mundo ocidental não escapará da pergunta de quanto tempo durará o sucesso econômico de países com tendências autocratas, como também qual será sua influência na nova ordem mundial. Citando o conselheiro presidencial russo Andrei Illarionov, o FTD afirma que "a estabilidade de um sistema se apresenta durante a crise. E, algum dia, ela virá ".

domingo, 17 de fevereiro de 2008

União das Repúblicas Socialistas da América Latina - Teoria da Conspiração?

Matéria publicada pela jornalista Rebecca Santoro no site www.parlata.com.br

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Entre o final de novembro até meados do mês dezembro, eu estive "passeando" pelo Congresso Nacional para assistir palestras, observar manifestações de populares, bem como as atividades, em geral, das pessoas que por lá trabalham. Não há como negar que se trate de uma casa parlamentar com trânsito bastante acessível aos cidadãos comuns, desde que as mais claras intenções do visitante não venham a ser as de realizar manifestações que possam provocar algazarra e confusão na Casa – muito menos ainda se o ato for contrário ao partido que está atualmente no governo, ressalvando-se as exceções de praxe: MST, MLST e cia. Ltda.
Numa dessas visitas eu me deparei com um debate aberto sobre o Parlamento do Mercosul e resolvi assistir. Não foi preciso mais do que alguns minutos para perceber que não se tratava exatamente de um debate, já que o mesmo, em tese, acontece quando há pontos de vistas vários sobre uma mesma questão e que vão sendo expostos, teoricamente, com a finalidade de levar à reflexão os participantes e os ouvintes, e até mesmo com o objetivo de que se chegue a alguma conclusão. Definitivamente, não era o caso ali. Tratava-se mais de uma reunião entre amigos, sem que houvesse por lá absolutamente ninguém com opiniões em contrário ou com espírito crítico em relação ao que os palestrantes iam expondo.Linha das palestras? A mesma de sempre: o imperialismo danoso e atentatório do "monstro capitalista" – os EUA; a necessária "integração solidária" latino-americana, com um parlamento aos moldes do da União Européia; o Rei Juan Carlos da Espanha não tinha o direito de mandar que Chavez (Venezuela) calasse a boca; e por aí vai... São as maiores atrocidades proferidas cínica e candidamente que, como disse o grande filósofo brasileiro, Olavo de Carvalho, em recente artigo, é como se o tom com que são ditas as coisas prevalecesse, aos ouvidos e ao cérebro, sobre o conteúdo do que está sendo dito e ainda como se fosse impositivo aos que se dissessem democratas ter que ouvir as maiores mentiras e ofensas, sem poder reagir – tudo em nome da liberdade democrática, mesmo que o agressor os esteja, claramente, ameaçando de morte. É como se o mundo tivesse que ter complacência com homens como Hitler ou Stalin se eles porventura tivessem vindo a justificar e a descrever os bárbaros crimes que cometeram com cândida oratória...
A tergiversação sobre os ideais democráticos pelos nazi-comunistas nunca teve limites. É preciso resgatar o conceito sobre o que vem a ser democracia – ou, então, que se invente outro nome para fazer referência ao verdadeiro significado do termo, uma vez que este foi apropriado indebitamente e incorporado à oratória comunista. Quando um democrata fala de democracia, ele está se referindo ao respeito às leis, ao respeito aos homens, ao respeito a valores determinados socialmente e a eleições limpas, livres e que resguardam a maior justiça possível em termos de proporcionalidade. Quando um comunista fantasiado de democrata fala em democracia, ele está se referindo a controle de imprensa e de informações, a controle das massas empobrecidas, para garantir, nas urnas (ou pela força, mesmo), a ditadura do voto popular desinformado e/ou comprado. Traduzindo: para comunista, democracia é o regime que forma duas classes – a elite (a cúpula do partido comunista) e o resto da população, igualizado na miséria-média, e pela qual eles se acham no direito de decidir o que ser, o que ter, o que comer, o que saber e por aí vai...Aqui na América Latina, precisamente no Estado de São Paulo e com sede na capital, já tínhamos (e ainda temos) o Parlamento Latino-Americano (Parlatino), que foi constituído em dezembro de 1964, na cidade de Lima (Peru) – uma instituição que pretendia ser democrática, de caráter permanente, representativa de todas as tendências políticas existentes nos corpos legislativos dos diversos países membros e que, entre outras coisas, estaria encarregada de promover o movimento em direção à integração (muito mais virtualmentente e no sentido diplomático – nada que derrubasse fronteiras). Mas, foi somente depois de 1987, que o Parlatino tomou força, após a assinatura do Tratado de Institucionalização, em novembro daquele ano, também em Lima, e a partir do qual ficou decidido que aquele parlamento seria uma organização de caráter regional, permanente e unicameral, integrada pelos Parlamentos Nacionais da América Latina, eleitos democraticamente, mediante sufrágio popular, e cujos países o tivessem subscrito, ou o viessem a fazer ao longo do tempo.Integram o Parlatino os Congressos e Assembléias Legislativas das Antilhas Holandesas, da Argentina, de Aruba, da Bolívia, do Brasil, do Chile, da Colômbia, da Costa Rica, de Cuba, do Equador, de El Salvador, da Guatemala, de Honduras, do México, da Nicarágua, do Panamá, do Paraguai, do Peru, da República Dominicana, do Suriname, do Uruguai e da Venezuela. São idiomas oficiais do Parlatino o espanhol e o português.
A revista Veja, de 28 de fevereiro de 2007, trazia uma nota dizendo que o governador de São Paulo, José Serra, havia feito as contas do Parlamento Latino-Americano e verificado que a entidade custava ao estado quase dois milhões de Euros – consumidos, em grande parte, com viagens internacionais (o famoso turismo político!)
Observem, no quadro ao lado, os princípios e os objetivos do Parlatino. Entre eles estão dois destaques:1. Opor-se à ação imperialista na América Latina, recomendando a adequada legislação normativa e programática que permita aos povos latino-americanos o pleno exercício da sua soberania sobre seu sistema econômico e seus recursos naturais;2. Promover o estudo e o desenvolvimento do processo de integração da América Latina visando a constituição da Comunidade Latino-Americana de Nações; e Promover, em conseqüência, o sistema de sufrágio universal direto e secreto, como forma de eleger os representantes que integrem, por cada país, o Parlamento Latino-Americano.Isto, desde 1987! Ou seja, época a partir da qual ficou decidido por poderosos grupos de influência transnacional, como o Grupo de Bildelberg, por exemplo, que o planeta deveria ser divido em blocos continentais – cada um com função sócio-político-econômica específica dentro do quadro mundial. Mesmo assim, apesar de todo o sucesso que vem sendo conseguido ao longo dos anos para que se cumpra essa meta, surge a estranha imposição (como se o Parlatino já não fosse um apêndice alienígena grande o suficiente) do Parlamento do Mercosul, sobre o qual, observando-se o Estatuto (quadro ao lado), podemos verificar que se trata quase que de uma cópia do que já estabelece o Parlatino. Seria uma questão de viabilizar um segundo viés mais à esquerda?Senão, vejamos. Mais adiantado do que possa julgar a vã filosofia do "não vejo, não escuto e não falo" que prepondera nos nossos veículos de comunicação de massa, no nosso Congresso e nas nossas mais antigas e tradicionais Instituições, o Parlamento do Mercosul articula-se e se instala muito mais, definitiva e irreversivelmente, no sentido de fundar a União das Repúblicas Socialistas da América Latina (URSAL) - ou seja lá qual for o nome com que pretendam batizar a grande nação -, à revelia da vontade dos povos que compõem as nações que fazem parte do bloco, do que no sentido de meramente fazer frente à recomposição mercadológica do mundo globalizado.Não deixa nenhuma dúvida a esse respeito a clareza com que o Deputado Federal Florisvaldo Fier, o Dr. Rosinha (PT/PR), que é o presidente pelo Brasil da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul. Entre outras coisas, em seu site (clique na figura ao lado), Dr. Rosinha esclarece que: "Mais do que um bloco, o Mercosul pretende iniciar um processo inédito de integração cultural e política. Com novas adesões (Venezuela e Bolívia), pode resultar, num futuro próximo, na Comunidade Sul Americana de Nações. A integração do terceiro mundo é a melhor forma de enfrentamento ao imperialismo norte-americano e ao capital internacional".
Alguma dúvida do que se pretende sob a regência do recém inaugurado Palrlamento?Em julho de 2003, quando o deputado João Paulo Cunha era o presidente da Câmara dos Deputados, ele esteve com o presidente Lula em Buenos Aires (Argentina), entre outras coisas, para um encontro de trabalho organizado pelo Grupo Brasil, integrado por empresas brasileiras com negócios naquele país. Na ocasião, o Jornal Gazeta Mercantil publicou matéria ("Brasil quer a "integração absoluta" dos países-sócios" - 21.07.2003) na qual Cunha citava Lula: "Ele me disse que sua preocupação é chegar a uma integração absoluta" no Mercosul. Na época, o bloco era composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, tendo Bolívia e Chile como sócios comerciais.Alguma dúvida sobre o que nosso presidente disse?Mas, nossos empresários – figuras tão proeminentes, de sucesso financeiro –, parecem não ter muita aptidão para a interpretação de textos que não falem de números, já que, segundo o então presidente do Grupo Brasil, Eloi Rodrigues de Almeida, os legisladores deveriam atuar "com sabedoria, profissionalismo e eficiência para construir as instituições supranacionais exigidas pelo Mercosul".
Será que o empresário realmente tinha condições de acreditar no que estava dizendo? Supranacionais? Que supranacionais, que nada; serão nacionais mesmo – só que nacionais de outra nação... Da grande nação Latino-Americana... E socialista, ainda por cima... Talvez ele ache que se o "dim dim" dele estiver garantido, estará tudo bem... Santa inocência, maldita conveniência...
Em dezembro de 2003, uma semana antes da reunião de Cúpula de Presidentes do Mercosul, que se realizou em Montevidéu (Uruguai), e onde foram anunciadas as metas até 2006, já se pensava em dar início ao funcionamento do Tribunal de Resolução de Controvérsias, no Paraguai e no estabelecimento de metas econômicas e sociais para o bloco, incluindo a entrada em vigência de uma moeda comum, à semelhança do Euro, utilizado pelos países que fazem parte da União Européia. Na ocasião, e isso não seria de se estranhar pela obviedade daquilo que o governo mundial planeja para o mundo futuro, além dos parceiros habituais, estiveram na reunião o comissário de Comércio da União Européia, o presidente de Angola e o chanceler da Rússia. Naquela época, o Peru assinava acordo de livre comércio com os países do Mercosul e se pretendia fazer o mesmo com a Colômbia, com a Venezuela e com o Equador.Em 2005, começou a ficar mais evidente a intenção transnacionalista (com viés muito mais sócio-político do que econômico-comercial) dos governantes de esquerda dos países membros do Mercosul. Em outubro daquele ano, o então presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, o Deputado Federal Aldo Rebelo, afirmou que seria necessário "uma dose de confiança e de generosidade dos países membros do Mercosul para que as negociações fossem bem sucedidas". Era a senha para abrir caminho para o enorme sacrifício de generosidade que o atual governo, hoje, impõe aos brasileiros, usando o dinheiro de seus impostos para financiar, solidariamente, não somente a constituição do Parlamento do Mercosul, como também o desenvolvimento de países como o Paraguai e a Bolívia (vide a benevolência com que nosso vizinho, comandado pelo cocaleiro Evo Morales, tem sido tratado, mesmo depois de ter se apropriado de duas refinarias da Petrobrás na Bolívia).No caso da Bolívia, o espanto de brasileiros com a submissão do Brasil em relação ao comportamento aparentemente irresponsável e autoritário de nosso vizinho acontece simplesmente pela falta de orientação sobre o ponto de vista sob o qual a questão deva ser olhada. Não se tratam de problemas entre Brasil e Bolívia, mas de entendimentos entre companheiros socialistas do Foro de São Paulo – entre Lula e Evo Morales -, para os quais os ideais socialistas estão muito acima de quaisquer interesses nacionais e para os quais as fronteiras entre as nações não são físicas, mas ideológicas. Essas pessoas não governam para seus países, e sim para o socialismo.
Enfim, sob o risco de virar mais um daqueles sorvedores de recursos públicos e mais uma estrutura empregatícia do aparelhamento socialista, o Mercosul ganhou um parlamento com sede em Montevidéu, em 7 de maio de 2007. Antes de funcionar plenamente com representantes eleitos em cada país, passará por duas etapas de transição até assumir características definitivas - previstas para 2014. Na primeira fase, cada país indicou 18 deputados de seus respectivos congressos para representar seus países nas reuniões plenárias que acontecem a cada mês. Essa estrutura vai funcionar até 2010. A representação não será, portanto, proporcional e (dizem) os membros não receberão complementos salariais do Mercosul para exercerem essa função. Na segunda fase, a representação por país terá certa proporcionalidade e o Brasil terá 16 parlamentares, a Argentina 31 e Paraguai e Uruguai 18 cada. Continuaremos, portanto, apesar de sermos infinitamente maiores e melhores em quase todos os quesitos que se possa pensar, com menor representatividade. As eleições vão obedecer o calendário eleitoral de cada país. A partir de 2014, porém, os parlamentares terão de ser eleitos todos no mesmo dia e não poderão ser também congressistas em seus países.Somos maiores e mais importantes, mas temos menor representatividade, como ficou claro acima. Entretanto, já desde 2003, com a criação e a aprovação do Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul (Focem), que os recursos para este fundo são constituídos por contribuições anuais dos países integrantes do Mercosul, efetuadas da seguinte maneira: com o valor anual do fundo, que gira em torno de U$ 100 milhões, o Brasil contribui com nada mais nada menos que com 70% desse valor, a Argentina com 27%, o Uruguai com 2%, e o Paraguai com 1%. Esses percentuais foram definidos com base na média histórica do Produto Interno Bruto (PIB) do Mercosul. Como se não bastasse, o Focem destinará 80% de seus recursos para as duas menores economias do bloco, ou seja, para o Uruguai e para o Paraguai.Portanto, são dois pesos e duas medidas: para a representatividade, ficamos com a menor porque somos os maiores, já para as contribuições financeiras, ficamos com a maior, justamente por sermos os maiores. Ora, não há o menor compromisso com a vontade popular brasileira e nem com justiça. Estão usando o dinheiro, fruto do trabalho e da produção dos brasileiros, para financiar um sonho socialisto-imperialista de meia dúzia de gente que se acha no direito de impor sua maneira de ver o mundo a uma maioria que eles julgam ser incapaz de saber o que é melhor para si. Ou melhor, para uma maioria que eles resolveram se achar no direito de escravizar.
Quando ainda era o presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, afirmou que a generosidade dos países mais ricos com os menos desenvolvidos seria fundamental para a consolidação do bloco econômico e que isso não significaria favor nenhum por parte de nações como Brasil e como a Argentina, que são os integrantes mais prósperos desse mercado: "Não faremos nenhum favor ao Uruguai e ao Paraguai, porque disso nunca precisaram. Precisam de solidariedade". Na opinião de Aldo Rebelo, as nações mais ricas do bloco precisam entender que qualquer diferença em suas balanças comerciais, que resulte de uma atitude generosa para com esses países, não significará perda, mas sim força, porque "tornará a comunidade maior, mais solidária e portanto mais forte".Esmola com o chapéu dos outros...
Na oportunidade em que foram abertos, no Brasil, os trabalhos do Parlamento do Mercosul, em dezembro de 2006 – ainda sem sede, que viria a ser inaugurada em maio de 2007 -, o Presidente da Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul, o argentino Carlos "Chacho" Álvarez afirmou que o desafio do Mercosul seria realizar políticas públicas contra a pobreza e contra a desigualdade - tudo em prol do crescimento sustentável dos países da América do Sul. Na ocasião o presidente Lula declarou que o Brasil deveria ter políticas generosas para com os países menores e menos desenvolvidos da região: "Queria que houvesse compreensão de que a integração é um momento extraordinário e que nós não nos cansemos de debater nossas divergências e convergências".Na mesma ocasião, o ministro Celso Amorim afirmou que o fato marcava uma nova fase do bloco regional: "O Mercosul não é exclusivamente do mercado e do comércio, mas dos povos". Amorim afirmou ainda que "o principal problema do Mercosul não está nas assimetrias econômicas entre os países-membros, mas nas "resistências mentais" dos chamados "mercocéticos""... "Mas, talvez, as maiores sejam as resistências mentais". Para o ministro, "os mercocéticos" são aqueles que "não conseguem se libertar de padrões intelectuais desenvolvidos numa realidade histórica já superada". Ao falar em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o chanceler brasileiro destacou a importância do Mercosul como motor da integração na região: "Estamos buscando um crescimento integrado, compartilhado, em prol do desenvolvimento e da justiça social", afirmou.Por sua vez, o secretário-administrativo da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, o uruguaio Oscar Casal, dizia que: "A criação do Parlamento é uma possibilidade de integração diferente daquela vivida nos anos 90, quando havia um paradigma neoliberal, centrado no comércio"... "Está claro que não pode haver integração sem comércio, mas o formato mudou. Temos que criar um novo modelo para o século 21, com maior integração política, social e produtiva".
Há, também, parceiros de fora do bloco nessa empreitada. O presidente de Taiwan, por exemplo, em sua passagem por Assunção (Paraguai), em meados do mês de maio deste ano, anunciou a criação de um fundo de US$ 250 milhões para investidores chineses no Paraguai, nas áreas de microprocessadores, de softwares e de plásticos. A União Européia (UE), que já tem um convênio com o Mercosul, só no primeiro semestre de 2006, doou US$ 1,13 milhão para ajudar na criação do Parlamento. A Rússia é outra que mantém grande interesse em obras de infra-estrutura na América-Latina, sobretudo nas construções de gasodutos e de ferrovias – há a possibilidade, inclusive, de a estatal russa Gazprom participar do mercado de gás da América do Sul.Aliás, nossas relações com o eixo pseudo-neo-capitalista e pró-Islã andam de vento em popa. Em 2007, como se sabe, o ministro Celso Amorim, afirmou que pretendia ver o comércio Brasil-Rússia saltar para US$ 10 bilhões até 2010. O Brasil se destaca nessa aproximação com a Rússia de Putin, já que, em acordo bilateral entre os dois países, prevê-se até a utilização de combustíveis líquidos russos pelo Veículo Lançador de Satélite (VLS) brasileiro, instalado na Base de Alcântara, no Maranhão, e ainda existe também a possibilidade de que haja uma atuação conjunta do Brasil com a Rússia nas discussões sobre 'modernas ameaças', entre as quais a instalação de armas no espaço sideral.Em dezembro de 2006, o secretário-geral da Comissão Parlamentar Conjunta Mista do Mercosul, deputado Dr. Rosinha (PT-PR), afirmava em entrevista à Agência Estado, que o Parlamento do Mercosul teria mais de um significado: "Primeiro, um significado político. Mostra que a integração não está se dando somente em nível comercial e empresarial, mas na política também. O segundo é institucional. Mais uma instituição dentro do bloco, o que dá mais segurança jurídica para quem quer fazer investimentos no Mercosul. É também um parlamento onde se debatem os temas relativos ao bloco e isso dá uma característica de cidadania. Qualquer pessoa que tenha alguma queixa ou que reclame, hoje, não tem a quem recorrer, e o Parlamento será o lugar para onde a população deverá se dirigir. Assim, entra-se num processo de construção da cidadania do Mercosul".Nessa mesma entrevista , Dr. Rosinha fez questão de realçar o compromisso com a "democracia" dizendo que "mesmo com as dificuldades políticas que têm atravessado, (os países do bloco) não se transformaram em ditaduras militares". Naturalmente, para o nobre deputado – é claro e todos nós sabemos exatamente o por quê – Evo Morales, na Bolívia, e Hugo Chavez na Venezuela são muito democratas. Visão, aliás, compartilhada pelo presidente Lula.
Para Dr. Rosinha, o parlamentar do Mercosul não estará lá para defender o Estado e sim para defender os interesses do bloco: "Um ou outro país pode ter interesse, circunstancialmente, em se contrapor ou bloquear a integração e nós teremos de nos contrapor a essa ação. Hoje, o Paraguai e o Uruguai têm ameaçado constantemente assinar um acordo bilateral com os Estados Unidos. No Parlamento, eu tenho de condenar isso e acredito que haverá parlamentares desses países que também estarão condenando. Nós não estaremos lá para defender políticas nacionais ou políticas de soberania nacional. Vamos defender políticas do bloco e soberania do bloco".
O deputado acha, por exemplo, que o fato de alguns países tanto do Mercosul como da América-Latina em geral serem atraídos por outros blocos não se deve por decisão dos governos, mas sim por pressão e até por chantagem de empresários que usam seu poder econômico para pressionar ou chantagear os estados do Mercosul. A criação de organismos e de leis comuns na América-Latina seria uma necessidade – previdência comum a todos, sistema de ensino unificado (vide Universidade do Mercosul, com cerca de 16 campus, nos quatro países que compõe o Mercosul)Então presidente do Congresso brasileiro, o senador Renan Calheiros, disse, à época da que a abertura dos trabalhos do parlamento, em dezembro de 2006, era um momento histórico e que vinha a ser a concretização de um sonho antigo (dele e dos socialistas, é claro). Finalmente, na instalação do Parlamento do Mercosul, em Montevidéu, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) comemorou, em Plenário, pelo que destacou ser "o acolhimento de diversas nacionalidades e etnias naquela instituição". O senador lembrou da "bravura de homens e de mulheres da América Latina que, no século 20, enfrentaram corajosamente as violentas e sanguinárias ditaduras, a soldo do império americano, que praticamente impôs ditaduras em mais da metade do continente".
Pediu para Sair... Estando eu diante do Dr. Rosinha, deputado federal (PT-PR) e parlamentar também do Mercosul, não poderia deixar passar a chance de fazer uma pequena entrevista:

Rebecca: O senhor não acha que toda a dificuldade em se formatar o regimento interno e definir uma independência de ação do parlamentar do Mercosul seja porque não é um organismo surgido da necessidade dos povos da região e sim uma imposição de cima para baixo e de fora para dentro, uma tendência imposta pela ONU?

Dr. Rosinha: Se formos esperar qualquer movimento popular no sentido de obter uma instância com características de parlamento não vamos obter. Até porque, o interesse das grandes corporações é o de que não exista nenhum tipo de formação desse tipo. O Parlamento do Mercosul surge da necessidade daqueles homens e mulheres que militando pela integração, ao constatarem que há um déficit democrático, têm que cobrir esse déficit democrático. Agora, muitos parlamentares não constatavam esse déficit, porque estava muito cômodo para eles manter essa posição.Rebecca: Mas, o senhor realmente acha que o Brasil, o povo brasileiro, quer essa união com os demais países sul-americanos?

Dr. Rosinha: Se essa pergunta for feita para qualquer cidadão a nível mundial, ele vai ter dúvida na resposta. Não há mais possibilidade de um país viver nesse mundo de modo solitário, só dentro das suas fronteiras. Aliás, essa possibilidade nunca existiu. Vamos lembrar aqui que a Rússia de Stálin tentou viver isoladamente, dentro do estado nacional russo e ela foi incapaz – desmoronou tudo em 1989... O bloqueio que está sendo feito a Cuba tem destruído aquele país. Por que ela esta viva? Porque um ou outro país fura este bloqueio. Se não há a possibilidade de se viver sozinho, tem-se que buscar a integração. E a integração se faz com negociação. E essa negociação tem que sair do campo econômico e ir também para o campo político, pro campo humano, pro campo da solidariedade, pro campo da integração das pessoas.

Rebecca: Por que essa integração, então, não pode se dar em termos de combinações ideológicas de propósitos políticos e econômicos comuns que efetivamente já existam entre as nações e não necessariamente tenha que se dar em termos geográficos regionais, já que parece ser a política da ONU realmente estabelecer a formação de blocos regionais que venham a desempenhar funções políticas e econômicas rigidamente definidas (e imutáveis), cabendo nesta divisão ao bloco latino-americano desempenhar a função de exportador de alimentos não processados e de matérias primas em geral, onde viverá uma população com baixo nível de produção científico-intelectual, dominada por uma nova elite socialista – uma nomenklatura rica e exploradora?

Dr. Rosinha: Eu acho que ideal seria uma união com os países que realmente tivessem uma identidade política, ideológica, cultural; mas os interesses a nível mundial impedem esse tipo de aliança – os interesses são muito mais econômicos. Então, se busca, geralmente, a integração econômica. O Mercosul começou assim. A União Européia começou em torno do aço e do carvão. É assim que conseguem enfrentar o poder.

Dr. Rosinha: Me dê licença porque preciso falar ali com um amigo...Pois é, pediu pra sair....