Gasto do governo cresce o dobro do PIB

Na Veja On Line em 31 de Janeiro de 2008 08:04-->

Num ano em que a economia cresceu estimados 5% – o de 2007 – o governo federal conseguiu a proeza de aumentar os seus gastos com funcionários públicos e encargos sociais em mais de 10%. É o que revela um balanço das despesas do Tesouro Nacional apresentado nesta quarta-feira em Brasília. Para ser mais preciso, o aumento nos gastos públicos foi de 10,3%. Além de terem subido mais que o dobro do Produto Interno Bruto (PIB), ficaram também acima da inflação do ano passado. O mesmo ocorreu com as despesas para manter a máquina governamental funcionando, os chamados gastos de custeio.
Se o governo chegou ao final de 2006 gastando pouco mais de 100 bilhões de reais com servidores e encargos, em 2007 essa despesa superou os 116 bilhões de reais, segundo os números do Tesouro. Em todo o governo Lula (desde 2003), já houve um aumento real, ou seja, acima da inflação, de 19% neste tipo de gasto público. Em meados do ano passado, o número de funcionários públicos ultrapassou 1 milhão – apenas no Executivo.
Considerando que há perto de 100.000 trabalhadores no Judiciário e aproximadamente 27.000 no Legislativo federal, a conta sobe. Somando-se a estes os cerca de 1 milhão de aposentados e pensionistas sustentados pelo Tesouro, têm se uma idéia melhor do inchaço da máquina: mais de 2 milhões de pessoas vivem hoje às custas do governo federal.
Limite – No início do ano passado, foi enviado ao Congresso um projeto de lei complementar para limitar a folha de pagamentos de todo o setor público. Pelo texto, o crescimento da despesa com o funcionalismo estaria fixado em 1,5% acima da inflação. Não só a proposta não foi apreciada pelos parlamentares, como o próprio governo federal, que havia colocado o tema em discussão, desistiu da idéia.
Todo esse aumento das despesas só foi possível porque as receitas totais do Tesouro – provenientes principalmente de impostos – subiram 58,7 bilhões de reais em 2007. Incluída a Previdência Social, a arrecadação total aumentou 75,4 bilhões, totalizando 618,87 bilhões de reais. O valor equivale a um quarto do PIB. Com tudo isso, o governo ainda começou 2008 anunciando um aumento nos tributos, para compensar os 40 bilhões de reais por ano que perdeu com o fim da CPMF – uma ninharia comparada à arrecadação do Tesouro.